Ciclos de Feedback: Como a natureza adquire seus ritmos - Anje-Margriet Neutel

Veja a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/feedback-loops-how-nature-gets-its-rhythms-anje-margriet-neutel

Enquanto os ciclos de feedback são uma chatice em um ensaio de banda, eles são essenciais na natureza. Como é o feedback da natureza, e como ele constrói a resiliência do nosso mundo? Anje-Margriet Neutel descreve alguns ciclos de feedback negativos e positivos comuns, examinando como muitos ciclos de um ecossistema se unem para fazer seu som singular.

Aula de Anje-Margriet Neutel, animação de Brad Purnell.

Testando, testando, um, dois, três.

Quando sua banda tenta se apresentar,
o feedback é um obstáculo irritante,

mas na grande orquestra da natureza,
o feedback é não só benéfico;

é o que faz tudo funcionar.

O que exatamente é feedback?

O elemento chave, seja no som,
meio ambiente ou ciência social,

é um fenômeno chamado
interação causal mútua,

em que x afeta y, y afeta x,
e assim por diante,

criando um processo contínuo chamado
ciclo do feedback.

E o mundo natural está cheio
destes mecanismos

formados pelas conexões entre coisas
vivas e não vivas,

que constroem resiliência governando
a forma que as populações

e cadeias alimentares reagem aos eventos.

Quando as plantas morrem, o material morto
enriquece o solo com húmus,

uma massa estável de matéria orgânica,
fornecendo umidade e nutrientes

para que outras plantas cresçam.

Quanto mais as plantas crescem e morrem,
mais húmus é produzido,

permitindo o nascimento de mais plantas,
e assim por diante.

Este é um exemplo de feedback positivo,

uma força essencial
na construção de ecossistemas.

Mas não se chama feedback positivo
porque é benéfico.

Na verdade, é positivo porque amplifica
um efeito ou mudança particular

de condições anteriores.

Este ciclo positivo, ou amplificador,
também pode ser prejudicial,

já que remover uma floresta
a deixa vulnerável à erosão,

retirando matéria orgânica
e nutrientes da terra,

deixando menos plantas para firmar o solo,
e levando a mais erosão.

Em contraste, o feedback negativo diminui

ou contrabalanceia mudanças
em um ecossistema

para manter um equilíbrio mais estável.

Considere predadores e sua presa.

Quando o lince come a lebre,
ele reduz a população desta,

mas a escassez de alimento do lince irá
logo causar o declínio de sua população,

reduzindo a taxa de predação e permitindo
que a população de lebres aumente de novo.

O ciclo contínuo cria um padrão
em forma de onda que sobe e desce,

mantendo um equilíbrio de longo prazo,

fazendo a cadeia alimentar persistir
com o passar do tempo.

Processos de feedback podem parecer
contraintuitivos porque muitos de nós

estamos acostumados com um cenário linear
mais previsível de causa e efeito.

Por exemplo, parece bem simples

que aplicar pesticidas ajudaria as plantas
a crescerem por matar os insetos,

mas isso pode gerar
outras reações inesperadas.

Por exemplo, se o spray diminui
a população de insetos,

seus predadores terão menos comida.

Conforme sua população declina,

a predação reduzida faria
a população de insetos crescer,

contrabalanceando
os efeitos dos pesticidas.

Perceba que cada feedback
é o produto das conexões no ciclo.

E uma conexão negativa irá
reverter a força do feedback por inteiro,

e uma conexão fraca irá reduzir

o efeito do feedback inteiro,
consideravelmente.

Perca uma conexão,
e todo o ciclo é quebrado.

Mas isto é só um simples exemplo,

já que comunidades naturais não consistem
em cadeias alimentares separadas,

mas em redes de interações.

Ciclos de feedback
são frequentemente indiretos,

ocorrendo através de cadeias mais longas.

Uma rede alimentar com vinte populações
pode gerar milhares de ciclos

com o tamanho de até vinte conexões.

Mas, ao invés de formar
uma cacofonia desordenada,

os ciclos de feedback
em sistemas ecológicos tocam juntos,

criando padrões regulares
como instrumentos múltiplos,

unindo-se para criar uma música
complexa, mas harmoniosa.

Feedbacks negativos amplos
mantêm os feedbacks positivos em xeque,

como tambores mantendo um ritmo.

Considere como um certo ecossistema
funciona dentro do seu habitat único

como representando seu som característico.

Ambientes de oceano dominados
por interações predador-presa

e fortes ciclos negativos e positivos,

estabilizados por feedback
de autoamortecimento,

são poderosos e altos,
com muitas oscilações.

Ecossistemas de desertos, onde
a transmissão de biomassa é lenta

e os ciclos de feedback fracos,

através de matéria morta,
mais parecem um zumbido constante.

E a floresta tropical,
com sua grande diversidade de espécies,

altas trocas de nutrientes,
e feedbacks fortes

entre seres viventes e matéria morta,

é como um exuberante conjunto de sons.

Apesar de efeitos estabilizadores,

muitos destes habitats e seus ecossistemas
se desenvolvem e mudam com o tempo,

como o fazem as harmonias que eles criam.

O desmatamento pode transformar

trópicos exuberantes em áreas estéreis,

como um conjunto
bem-sucedido que se desfaz

depois de perder seus artistas principais.

Mas um trecho abandonado de fazenda

também pode se tornar
uma floresta com o tempo,

como uma banda de garagem que cresce
até formar uma orquestra magnífica.