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Cuidado, amigos plutocratas, as forquilhas estão a chegar

  • 0:01 - 0:04
    Vocês provavelmente não me conhecem,
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    mas eu faço parte daqueles 1%
  • 0:08 - 0:10
    de quem tanto ouvem falar,
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    e sou um plutocrata
    por qualquer definição razoável .
  • 0:13 - 0:16
    Hoje, gostaria de falar diretamente
  • 0:16 - 0:19
    para os outros plutocratas,
    para a minha gente,
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    porque sinto que está na hora
  • 0:21 - 0:24
    de termos todos uma pequena conversa.
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    Como a maioria dos plutocratas,
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    também sou um orgulhoso
    capitalista sem remorsos.
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    Eu fundei, cofundei e financiei
  • 0:32 - 0:35
    mais de 30 empresas
    em vários setores de atividade.
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    Fui o primeiro investidor empresarial
    na Amazon.com.
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    Cofundei uma empresa chamada aQuantive
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    que vendemos à Microsoft
    por 6400 milhões de dólares.
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    Os meus amigos e eu
    somos donos de um banco.
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    Estou a dizer isto...
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    (Risos)
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    Incrível, não é?
  • 0:52 - 0:55
    Estou a dizer isto para vos mostrar
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    que a minha vida é como
    a da maioria dos plutocratas.
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    Tenho uma visão ampla
    do capitalismo e dos negócios,
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    e tenho sido extremamente
    bem recompensado por isso
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    com uma vida que muitos de vocês
    nem conseguem imaginar:
  • 1:12 - 1:14
    múltiplas casas, um iate, avião privado,
  • 1:14 - 1:17
    etc., etc., etc.,
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    Mas sejamos honestos: eu não sou
    a pessoa mais inteligente do mundo.
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    Nem tão pouco sou o mais trabalhador.
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    Fui um estudante medíocre.
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    Não sou um técnico.
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    Não consigo escrever uma linha de código.
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    Na verdade, o meu sucesso
  • 1:32 - 1:35
    é a consequência de uma incrível sorte,
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    de nascença, de circunstância
    e de oportunidade.
  • 1:40 - 1:44
    Mas sou bastante bom nalgumas coisas.
  • 1:45 - 1:49
    Tenho uma tolerância ao risco
    muito elevada,
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    e tenho alguma sensatez,
  • 1:52 - 1:54
    uma boa intuição sobre o que
    irá acontecer no futuro,
  • 1:54 - 1:58
    e creio que essa intuição sobre o futuro
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    é a essência do bom empreendedorismo.
  • 2:01 - 2:04
    Então o que é que eu antevejo
    para o futuro?
  • 2:04 - 2:06
    — perguntam vocês.
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    Vejo forquilhas,
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    multidões enfurecidas com forquilhas,
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    porque, enquanto pessoas
    como nós plutocratas
  • 2:17 - 2:21
    estão a viver para além
    dos sonhos e da avareza
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    os outros 99% dos nossos concidadãos
  • 2:24 - 2:26
    estão a ficar cada vez mais para trás.
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    Em 1980, os 1% dos americanos no topo
  • 2:29 - 2:32
    partilhavam cerca de 8%
    do rendimento nacional,
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    enquanto os 50% dos americanos na base
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    partilhavam 18%.
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    Hoje, trinta anos depois, os 1% no topo
  • 2:40 - 2:44
    partilham mais de 20%
    do rendimento nacional,
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    enquanto os 50% dos americanos na base
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    partilham 12% ou 13%.
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    Se a tendência continuar,
  • 2:51 - 2:55
    os 1% no topo vão partilhar
    mais de 30% do rendimento nacional
  • 2:55 - 2:57
    nos próximos 30 anos,
  • 2:57 - 2:59
    enquanto os 50% dos americanos na base
  • 2:59 - 3:01
    vão partilhar apenas 6%.
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    Sabem, o problema
    não é existir alguma desigualdade.
  • 3:05 - 3:07
    Alguma desigualdade é necessária
  • 3:07 - 3:10
    para uma democracia capitalista funcional.
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    O problema é que a desigualdade
  • 3:12 - 3:16
    está hoje em máximos históricos
  • 3:16 - 3:19
    e a piorar a cada dia que passa.
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    E se a riqueza, poder e rendimento
  • 3:22 - 3:25
    se continuarem a concentrar no topo,
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    a nossa sociedade vai passar
  • 3:28 - 3:30
    de uma democracia capitalista
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    para uma sociedade rentista e neo-feudal
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    como a França do século XVIII.
  • 3:36 - 3:40
    Era assim a França
    antes da revolução
  • 3:40 - 3:42
    e das multidões com as forquilhas.
  • 3:42 - 3:45
    Tenho uma mensagem
    para os meus amigos plutocratas
  • 3:45 - 3:46
    e multimilionários
  • 3:46 - 3:50
    e para todos os que vivem
    dentro de uma bolha fechada:
  • 3:50 - 3:51
    Acordem.
  • 3:52 - 3:55
    Acordem. Isto não vai durar.
  • 3:55 - 3:58
    Porque, se não fizermos nada
  • 3:58 - 4:02
    para resolver as evidentes
    desigualdades na nossa sociedade,
  • 4:02 - 4:04
    as forquilhas vão virar-se contra nós,
  • 4:04 - 4:07
    pois nenhuma sociedade
    aberta e livre
  • 4:07 - 4:11
    pode aguentar este tipo de crescimento
    nas desigualdades económicas.
  • 4:11 - 4:14
    Isso nunca aconteceu.
    Não existem exemplos.
  • 4:14 - 4:16
    Mostrem-me uma sociedade
    altamente desigual
  • 4:16 - 4:19
    e eu vou mostrar-vos
    um estado policial ou uma revolta.
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    As forquilhas vão virar-se contra nós
  • 4:21 - 4:24
    se não resolvermos esta questão.
  • 4:24 - 4:27
    Não é uma questão de se, mas de quando.
  • 4:27 - 4:32
    E vai ser terrível para todos,
    quando elas chegarem,
  • 4:32 - 4:37
    mas particularmente para pessoas
    como nós plutocratas.
  • 4:37 - 4:40
    Eu sei que devo soar
    como um liberal qualquer.
  • 4:41 - 4:42
    Mas não sou.
  • 4:42 - 4:46
    Não estou a argumentar
    que a desigualdade económica está errada.
  • 4:46 - 4:51
    Estou apenas a argumentar que
    o crescimento da desigualdade económica
  • 4:51 - 4:54
    é estúpido e, em última análise,
    autodestrutivo.
  • 4:54 - 4:56
    O crescimento da desigualdade
  • 4:56 - 4:59
    não só aumenta os riscos das forquilhas,
  • 4:59 - 5:03
    mas é também terrível para as empresas.
  • 5:04 - 5:07
    Por isso o modelo para nós, ricos,
    deverá ser Henry Ford
  • 5:07 - 5:11
    Quando Ford estabeleceu o salário
    em 5 dólares diários,
  • 5:11 - 5:14
    —o que era o dobro dos salários
    existentes na altura —
  • 5:14 - 5:18
    não só aumentou a produtividade
    das suas fábricas,
  • 5:19 - 5:22
    como converteu trabalhadores
    explorados e na pobreza
  • 5:22 - 5:24
    numa classe média próspera
  • 5:24 - 5:27
    que passou a poder comprar
    os produtos que faziam.
  • 5:28 - 5:32
    Ford previu o que agora
    sabemos ser a verdade,
  • 5:32 - 5:36
    que uma economia é melhor
    compreendida como um ecossistema
  • 5:36 - 5:38
    e caracterizada pelo mesmo tipo
    de circuito de retorno
  • 5:38 - 5:42
    que se encontram num ecossistema natural,
  • 5:42 - 5:46
    um circuito de retorno
    entre consumidores e empresas.
  • 5:46 - 5:49
    Salários mais altos aumentam a procura,
  • 5:49 - 5:51
    o que aumenta a contratação,
  • 5:51 - 5:53
    que, por sua vez, aumenta os salários,
  • 5:53 - 5:56
    a procura e os lucros,
  • 5:56 - 6:01
    e esse ciclo virtuoso
    de crescimento da prosperidade
  • 6:01 - 6:03
    é precisamente o que está a faltar
  • 6:03 - 6:07
    na recuperação da economia atual.
  • 6:08 - 6:13
    É por isso que precisamos
    de deixar para trás
  • 6:13 - 6:15
    o tipo de políticas "conta-gotas"
  • 6:15 - 6:18
    que dominam ambos os partidos políticos
  • 6:18 - 6:22
    e adotar algo a que chamo
    economia "de classe média".
  • 6:22 - 6:24
    A economia "de classe média" rejeita
  • 6:24 - 6:27
    as ideias da economia neoclássica
  • 6:27 - 6:31
    de que as economias são eficientes,
    lineares, mecanistas,
  • 6:31 - 6:34
    que tendem para o equilíbrio
    e para a justiça,
  • 6:34 - 6:37
    e, em vez disso, adota a ideia do séc. XXI
  • 6:37 - 6:41
    de que as economias
    são complexas, adaptativas,
  • 6:41 - 6:43
    ecossistémicas,
  • 6:43 - 6:46
    que tendem para o desequilíbrio
    e para a desigualdade,
  • 6:46 - 6:48
    que não são de todo eficientes
  • 6:48 - 6:51
    mas que são eficazes se forem bem geridas.
  • 6:52 - 6:55
    Esta perspetiva do século XXI
  • 6:55 - 6:56
    permite ver claramente
  • 6:56 - 7:01
    que o capitalismo não funciona
    através da distribuição eficiente
  • 7:01 - 7:03
    dos recursos existentes.
  • 7:03 - 7:09
    Funciona com a criação eficiente
    de novas soluções
  • 7:09 - 7:10
    para os problemas humanos.
  • 7:10 - 7:12
    A genialidade do capitalismo
  • 7:12 - 7:17
    é ser um sistema evolutivo
    para encontrar soluções.
  • 7:17 - 7:23
    Recompensa as pessoas por resolverem
    os problemas de outras pessoas.
  • 7:23 - 7:28
    A diferença entre uma sociedade pobre
    e uma sociedade rica,
  • 7:28 - 7:31
    obviamente, é o número de soluções
  • 7:31 - 7:33
    que essa sociedade gerou
  • 7:33 - 7:36
    na forma de produtos
    para os seus cidadãos.
  • 7:36 - 7:38
    A soma das soluções
  • 7:38 - 7:40
    que temos na nossa sociedade
  • 7:40 - 7:42
    é o espelho da nossa prosperidade,
  • 7:42 - 7:45
    e isso explica porque é que empresas
    como a Google e a Amazon,
  • 7:45 - 7:47
    a Microsoft e a Apple,
  • 7:47 - 7:50
    e os empresários
    que criaram essas empresas
  • 7:50 - 7:53
    tiveram um contributo tão significativo
  • 7:54 - 7:56
    para a prosperidade da nossa nação.
  • 7:56 - 7:59
    Esta perspetiva do século XXI
  • 7:59 - 8:02
    também torna claro
  • 8:02 - 8:04
    que o que pensamos ser
    o crescimento económico
  • 8:04 - 8:06
    é melhor compreendido como o ritmo
  • 8:06 - 8:09
    a que nós resolvemos problemas.
  • 8:09 - 8:12
    Mas este ritmo está totalmente dependente
  • 8:12 - 8:16
    de quantos solucionadores de problemas
  • 8:16 - 8:18
    — diversos e capazes — nós temos,
  • 8:18 - 8:21
    e, assim, quantos dos nossos concidadãos
  • 8:21 - 8:23
    participam ativamente,
  • 8:23 - 8:27
    como empresários
    que oferecem soluções,
  • 8:27 - 8:30
    e como consumidores que os consomem.
  • 8:30 - 8:34
    Mas esta maximização da participação
  • 8:34 - 8:36
    não acontece por acaso.
  • 8:36 - 8:38
    Não acontece por si só.
  • 8:38 - 8:41
    Requer esforço e investimento,
  • 8:42 - 8:47
    e é por isso que todas as democracias
    capitalistas mais prósperas
  • 8:47 - 8:50
    são caracterizadas
    por grandes investimentos
  • 8:50 - 8:53
    na classe média e nas infraestruturas
  • 8:53 - 8:55
    das quais esta depende.
  • 8:55 - 8:58
    Nós, plutocratas, precisamos
    de colocar atrás das costas
  • 8:58 - 9:01
    este conceito de economia "a conta-gotas",
  • 9:01 - 9:03
    esta ideia de que,
    quanto melhor nós estivermos,
  • 9:03 - 9:05
    melhor os outros estarão também.
  • 9:05 - 9:09
    Isso não é verdade.
    Como poderia ser?
  • 9:09 - 9:13
    Eu ganho mil vezes o salário médio,
  • 9:13 - 9:16
    mas não compro mil vezes mais coisas,
  • 9:16 - 9:17
    pois não?
  • 9:17 - 9:20
    Por acaso comprei
    dois pares destas calças,
  • 9:20 - 9:22
    a que o meu sócio Mike chama
  • 9:22 - 9:24
    "calças de administrador".
  • 9:24 - 9:27
    Podia ter comprado 2000 pares,
  • 9:27 - 9:28
    mas o que é que ia fazer com elas?
  • 9:28 - 9:30
    (Risos)
  • 9:30 - 9:33
    Quantos cortes de cabelo posso fazer?
  • 9:33 - 9:36
    Com que frequência posso ir jantar fora?
  • 9:37 - 9:41
    Não importa quão ricos
    alguns plutocratas ficam,
  • 9:41 - 9:44
    nunca poderemos impulsionar
    uma grande economia nacional.
  • 9:44 - 9:48
    Só uma classe média próspera o pode fazer.
  • 9:50 - 9:51
    "Não há nada a fazer",
  • 9:52 - 9:54
    poderão afirmar os meus
    amigos plutocratas.
  • 9:56 - 9:58
    "Henry Ford viveu numa época diferente".
  • 9:59 - 10:01
    Talvez não possamos fazer algumas coisas.
  • 10:01 - 10:04
    Talvez possamos fazer outras.
  • 10:05 - 10:08
    Em 19 de Junho de 2013,
  • 10:08 - 10:11
    Bloomberg publicou um artigo
    escrito por mim, intitulado
  • 10:11 - 10:15
    "A Defesa de um Capitalista
    para um Salário Mínimo de 15 dólares."
  • 10:16 - 10:19
    A boa gente da revista Forbes,
  • 10:19 - 10:21
    entre os meus maiores admiradores,
  • 10:21 - 10:26
    chamaram-lhe
    "A proposta quase-louca de Nick Hanauer."
  • 10:26 - 10:29
    No entanto, apenas 350 dias
  • 10:29 - 10:32
    depois da publicação do artigo,
  • 10:32 - 10:35
    o presidente da câmara de Seattle
    assinou uma lei,
  • 10:35 - 10:39
    um decreto que aumentava
    o salário mínimo em Seattle
  • 10:39 - 10:40
    para 15 dólares por hora,
  • 10:40 - 10:43
    mais do dobro do salário de 7,25 dólares
  • 10:43 - 10:45
    que prevalece a nível federal.
  • 10:46 - 10:48
    Como é que isto aconteceu?
  • 10:48 - 10:50
    — podem perguntar as pessoas razoáveis.
  • 10:50 - 10:53
    Aconteceu porque um grupo de nós
    relembrou à classe média
  • 10:53 - 10:57
    que eles são a fonte
    do crescimento e prosperidade
  • 10:57 - 10:59
    das economias capitalistas.
  • 10:59 - 11:02
    Relembrámos-lhe que, quando
    os trabalhadores têm mais dinheiro,
  • 11:02 - 11:04
    as empresas têm mais clientes,
  • 11:04 - 11:06
    e precisam de mais funcionários.
  • 11:07 - 11:09
    Relembrámos à classe média
  • 11:09 - 11:11
    que, quando as empresas
    pagam um salário digno,
  • 11:11 - 11:13
    os contribuintes são aliviados do fardo
  • 11:13 - 11:15
    de financiar programas de pobreza,
  • 11:15 - 11:18
    como vales de refeição
    e assistência médica
  • 11:18 - 11:20
    e subsídios à habitação
  • 11:20 - 11:22
    de que esses trabalhadores necessitam.
  • 11:22 - 11:25
    Relembrámos-lhe que
    trabalhadores com baixos salários
  • 11:25 - 11:27
    são péssimos contribuintes,
  • 11:27 - 11:29
    e que, quando aumentamos
    o salário mínimo
  • 11:29 - 11:31
    para todas as empresas,
  • 11:31 - 11:33
    todas as empresas beneficiam
  • 11:33 - 11:35
    e todas podem competir.
  • 11:36 - 11:38
    Mas a reação ortodoxa, claro,
  • 11:38 - 11:41
    é que aumentar o salário mínimo
    diminui os empregos.
  • 11:41 - 11:44
    Os nossos políticos estão sempre a falar
  • 11:44 - 11:47
    desta ideia "conta-gotas"
    dizendo coisas como:
  • 11:47 - 11:49
    "Bem, se aumentarmos
    o preço do emprego,
  • 11:49 - 11:52
    "adivinhem o que acontece?
    Vamos ter menos empregos."
  • 11:52 - 11:54
    Têm a certeza?
  • 11:54 - 11:57
    Porque existem
    algumas provas em contrário.
  • 11:58 - 12:03
    Desde 1980, os salários
    dos diretores, no nosso país,
  • 12:03 - 12:05
    passaram de 30 vezes
    o salário médio
  • 12:05 - 12:07
    para 500 vezes mais.
  • 12:07 - 12:10
    Isso é um aumento
    do preço da contratação.
  • 12:11 - 12:13
    No entanto, que eu tenha conhecimento,
  • 12:13 - 12:15
    eu nunca vi nenhuma empresa
  • 12:16 - 12:18
    entregar a terceiros
    o trabalho de um diretor,
  • 12:18 - 12:20
    nem automatizar o seu trabalho
  • 12:20 - 12:22
    ou exportar o trabalho dele para a China.
  • 12:22 - 12:24
    De facto, parece que estamos a empregar
  • 12:24 - 12:27
    mais diretores e gestores séniores
    do que antes.
  • 12:27 - 12:30
    O mesmo se aplica aos trabalhadores
    na área da tecnologia
  • 12:31 - 12:33
    e na área dos serviços financeiros,
  • 12:33 - 12:35
    que ganham múltiplas vezes o salário médio
  • 12:35 - 12:38
    e, mesmo assim, empregamos cada vez mais,
  • 12:38 - 12:42
    por isso podemos claramente aumentar
    o preço da contratação
  • 12:42 - 12:44
    e tirar mais partido dela.
  • 12:44 - 12:47
    Eu sei que a maioria das pessoas
  • 12:47 - 12:49
    pensa que um salário mínimo de 15 dólares
  • 12:49 - 12:52
    é uma experiência económica
    arriscada e insana.
  • 12:52 - 12:54
    Nós não concordamos.
  • 12:55 - 12:57
    Nós acreditamos
    que o salário mínimo de 15 dólares,
  • 12:57 - 12:58
    em Seattle,
  • 12:58 - 13:00
    é, na verdade, a continuação
  • 13:00 - 13:03
    de uma política económica coerente.
  • 13:03 - 13:05
    Está a permitir à nossa cidade
  • 13:05 - 13:07
    superar todas as outras.
  • 13:07 - 13:10
    Isto porque o estado de Washington
  • 13:10 - 13:12
    já tem o salário mínimo mais alto
  • 13:12 - 13:14
    de qualquer outro estado na nação.
  • 13:14 - 13:17
    Nós pagamos a todos
    os trabalhadores 9,32 dólares,
  • 13:17 - 13:18
    o que é quase mais 30%
  • 13:18 - 13:21
    que o salário mínimo federal de 7,25,
  • 13:21 - 13:25
    mas, crucialmente, 427% mais
  • 13:25 - 13:29
    que o mínimo federal de 2,13,
    para trabalhadores que recebem gorjetas
  • 13:29 - 13:31
    Se os pensadores "a conta-gotas"
    tivessem razão,
  • 13:31 - 13:34
    então o estado de Washington
    deveria ter um desemprego maciço.
  • 13:34 - 13:37
    Seattle deveria estar
    a deslizar para o abismo.
  • 13:37 - 13:40
    No entanto, Seattle
  • 13:40 - 13:43
    é a grande cidade com maior
    crescimento do país.
  • 13:44 - 13:48
    O estado de Washington está a gerar
    empregos em pequenas empresas
  • 13:48 - 13:52
    a uma taxa maior do que qualquer
    outro grande estado na nação.
  • 13:52 - 13:55
    O setor da restauração em Seattle?
    Floresce.
  • 13:56 - 14:00
    Porquê? Porque a lei fundamental
    do capitalismo é:
  • 14:00 - 14:02
    quando os trabalhadores
    têm mais dinheiro,
  • 14:02 - 14:04
    as empresas têm mais clientes
  • 14:04 - 14:06
    e precisam de mais trabalhadores.
  • 14:06 - 14:09
    Quando os restaurantes pagam
    o suficiente aos seus trabalhadores
  • 14:09 - 14:13
    para que até estes tenham dinheiro
    para ir comer aos restaurantes,
  • 14:13 - 14:15
    isso não é mau para
    o negócio da restauração.
  • 14:15 - 14:17
    É bom,
  • 14:17 - 14:21
    apesar do que alguns restaurantes
    possam afirmar.
  • 14:21 - 14:23
    Será mais complicado do que faço parecer?
  • 14:24 - 14:25
    É claro que sim.
  • 14:25 - 14:27
    Há muitas dinâmicas em jogo.
  • 14:27 - 14:29
    Mas, por favor, podemos parar de insistir
  • 14:29 - 14:31
    que, se os salários mais baixos aumentarem
  • 14:31 - 14:33
    o desemprego vai crescer
  • 14:33 - 14:35
    e a economia vai colapsar?
  • 14:35 - 14:36
    Não há provas disso.
  • 14:37 - 14:38
    A coisa mais insidiosa
  • 14:38 - 14:40
    sobre a economia "a conta-gotas"
  • 14:40 - 14:42
    não é a ideia de que.
    se os ricos ficarem mais ricos,
  • 14:42 - 14:44
    todos ficamos melhor.
  • 14:44 - 14:47
    É a afirmação feita
    por aqueles que se opõem
  • 14:47 - 14:49
    a qualquer aumento do salário mínimo
  • 14:49 - 14:51
    dizendo que, se os pobres ficarem ricos,
  • 14:51 - 14:53
    isso vai ser mau para a economia.
  • 14:53 - 14:55
    É um disparate.
  • 14:55 - 14:59
    Assim, por favor, podemos
    parar com essa retórica
  • 14:59 - 15:01
    que diz que foram as pessoas ricas como eu
  • 15:01 - 15:04
    e os meus amigos plutocratas
  • 15:04 - 15:06
    que fizeram o nosso país?
  • 15:07 - 15:08
    Nós, plutocratas, sabemos
  • 15:08 - 15:10
    — mesmo que não gostemos de admitir —
  • 15:10 - 15:13
    que, se tivéssemos nascido noutro lugar,
  • 15:13 - 15:15
    que não aqui nos EUA,
  • 15:15 - 15:18
    estaríamos certamente como
    qualquer outro indivíduo de pé descalço
  • 15:18 - 15:20
    a vender fruta na estrada.
  • 15:21 - 15:23
    Não é que não existam bons
    empresários noutros lugares,
  • 15:23 - 15:25
    mesmo em locais muito pobres,
  • 15:25 - 15:27
    mas o facto de isso ser tudo
  • 15:28 - 15:31
    o que os clientes desses
    empresários podem comprar.
  • 15:32 - 15:36
    Por isso, aqui fica uma ideia
    para um novo tipo de economia,
  • 15:36 - 15:38
    um novo tipo de política
  • 15:38 - 15:40
    a que eu chamo "novo capitalismo".
  • 15:41 - 15:43
    Vamos reconhecer que o capitalismo
  • 15:43 - 15:45
    é melhor que as alternativas
  • 15:45 - 15:49
    mas também que, quanto mais
    pessoas incluirmos,
  • 15:49 - 15:52
    tanto empresários como clientes,
  • 15:52 - 15:54
    melhor o sistema funciona.
  • 15:55 - 15:58
    Vamos, por todos os meios,
    diminuir o tamanho do governo,
  • 15:58 - 16:01
    não através da eliminação
    de programas de pobreza,
  • 16:01 - 16:03
    mas garantindo que os trabalhadores
    ganhem o suficiente
  • 16:03 - 16:06
    para não necessitarem desses programas.
  • 16:07 - 16:09
    Vamos investir o suficiente
    na classe média
  • 16:09 - 16:13
    para tornar a nossa economia
    mais justa e inclusiva,
  • 16:13 - 16:16
    e com uma competitividade
    mais justa, mais leal
  • 16:16 - 16:18
    e com uma competitividade mais leal,
  • 16:18 - 16:21
    mais capaz de gerar as soluções
  • 16:21 - 16:23
    para os problemas humanos
  • 16:23 - 16:27
    que são os verdadeiros condutores
    do crescimento e da prosperidade.
  • 16:28 - 16:31
    O capitalismo é a maior tecnologia social
  • 16:31 - 16:33
    jamais inventada
  • 16:33 - 16:36
    para a criação de prosperidade
    nas sociedades humanas,
  • 16:36 - 16:37
    se for bem gerido,
  • 16:37 - 16:42
    mas o capitalismo, devido às dinâmicas
    fundamentais e multiplicativas
  • 16:42 - 16:44
    de sistemas complexos,
  • 16:44 - 16:47
    tende inevitavelmente para a desigualdade,
  • 16:47 - 16:49
    para a concentração e para o colapso.
  • 16:51 - 16:54
    A função das democracias
  • 16:54 - 16:58
    é maximizar a inclusão de todos
  • 16:58 - 17:00
    por forma a criar prosperidade,
  • 17:01 - 17:05
    não permitir a uns poucos
    acumular dinheiro.
  • 17:05 - 17:08
    O governo pode criar
    prosperidade e crescimento,
  • 17:08 - 17:10
    estabelecendo as condições
  • 17:10 - 17:15
    que permitem aos empresários
    e aos seus clientes prosperarem.
  • 17:16 - 17:19
    Equilibrar o poder de capitalistas como eu
  • 17:19 - 17:22
    e dos trabalhadores
    não é mau para o capitalismo.
  • 17:22 - 17:24
    É essencial.
  • 17:24 - 17:27
    Programas como salários mínimos razoáveis,
  • 17:27 - 17:29
    cuidados de saúde acessíveis,
  • 17:29 - 17:31
    baixa por doença, remunerada,
  • 17:31 - 17:33
    e uma tributação progressiva
  • 17:33 - 17:36
    necessária para pagar
    as infraestruturas importantes,
  • 17:36 - 17:40
    para a classe média,
    como a educação, I & D,
  • 17:40 - 17:42
    são ferramentas indispensáveis
  • 17:42 - 17:45
    que os capitalistas astutos
    deveriam adotar
  • 17:45 - 17:49
    para impulsionar o crescimento,
    porque ninguém beneficia disso
  • 17:49 - 17:50
    como nós.
  • 17:50 - 17:53
    Muitos economistas querem fazer crer
  • 17:53 - 17:56
    que a sua área de atuação
    é uma ciência objetiva.
  • 17:56 - 17:58
    Eu discordo, e penso que é igualmente
  • 17:58 - 18:01
    uma ferramenta que os seres humanos usam
  • 18:01 - 18:03
    para reforçar e codificar
  • 18:03 - 18:06
    as nossas preferências
    e preconceitos sociais e morais
  • 18:06 - 18:09
    sobre estatuto e poder.
  • 18:10 - 18:12
    É por isso que plutocratas como eu
  • 18:12 - 18:16
    precisam sempre de encontrar
    histórias persuasivas
  • 18:16 - 18:18
    para dizer a todos os outros
  • 18:18 - 18:22
    o porquê de as nossas posições relativas
  • 18:22 - 18:25
    serem corretas moralmente
    e positivas para todos:
  • 18:26 - 18:30
    Tal como: nós somos indispensáveis,
    os criadores de empregos,
  • 18:30 - 18:32
    e vocês não são;
  • 18:33 - 18:36
    tal como: menos impostos para nós
    criam crescimento,
  • 18:36 - 18:38
    mas os investimentos em vocês
  • 18:38 - 18:40
    fazem subir a nossa dívida
  • 18:40 - 18:42
    e levam à falência o nosso grande país;
  • 18:42 - 18:44
    nós somos importantes
  • 18:44 - 18:46
    e vocês não.
  • 18:46 - 18:49
    Durante milhares de anos,
    estas histórias chamavam-se
  • 18:49 - 18:51
    "direitos divinos".
  • 18:51 - 18:54
    Hoje, temos a economia "a conta-gotas".
  • 18:55 - 19:00
    Tudo isto é óbvia
    e transparentemente egoísta
  • 19:00 - 19:03
    Nós, plutocratas, precisamos de ver
  • 19:03 - 19:06
    que foram os Estados Unidos da América
    que nos fizeram,
  • 19:06 - 19:07
    e não o contrário;
  • 19:07 - 19:09
    que uma classe média próspera
  • 19:09 - 19:12
    é a fonte das economias capitalistas
    mais prósperas,
  • 19:12 - 19:14
    e não uma consequência disso.
  • 19:15 - 19:18
    E nunca nos devemos esquecer
  • 19:18 - 19:21
    que até os melhores de nós,
    nas piores circunstâncias,
  • 19:21 - 19:25
    podemos ficamr descalços
    e a vender fruta à beira da estrada.
  • 19:27 - 19:30
    Caros plutocratas, penso que chegou a hora
  • 19:30 - 19:32
    de nos comprometermos com o nosso país,
  • 19:32 - 19:35
    e de nos dedicarmos
    a uma nova forma de capitalismo
  • 19:35 - 19:38
    que seja mais inclusiva e mais eficaz,
  • 19:39 - 19:41
    um capitalismo que garanta
  • 19:41 - 19:44
    que a economia americana permanece
  • 19:44 - 19:47
    como a mais dinâmica e próspera do mundo.
  • 19:47 - 19:50
    Vamos garantir o futuro para nós mesmos,
  • 19:50 - 19:52
    para os nossos filhos e os filhos deles.
  • 19:52 - 19:55
    Ou, como alternativa,
    podemos não fazer nada,
  • 19:55 - 19:57
    podemo-nos esconder
    nos nossos condomínios
  • 19:57 - 20:00
    e escolas privadas,
  • 20:00 - 20:02
    desfrutar dos aviões e iates
  • 20:02 - 20:04
    — eles são divertidos —
  • 20:04 - 20:06
    e esperar pelas forquilhas.
  • 20:06 - 20:08
    Obrigado.
  • 20:08 - 20:09
    (Aplausos)
Title:
Cuidado, amigos plutocratas, as forquilhas estão a chegar
Speaker:
Nick Hanauer
Description:

Nick Hanauer é um homem rico, um capitalista impenitente e tem algo a dizer aos colegas plutocratas: Acordem! A crescente desigualdade está prestes a empurrar as nossas sociedades para condições semelhantes à França pré-revolucionária. Ouçam o seu argumento sobre como um grande aumento no salário mínimo poderia fazer crescer a classe média, entregar prosperidade económica ... e evitar uma revolução.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
20:26

Portuguese subtitles

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