Cuidado, amigos plutocratas, as forquilhas estão a chegar
-
0:01 - 0:04Vocês provavelmente não me conhecem,
-
0:04 - 0:07mas eu faço parte daqueles 1%
-
0:08 - 0:10de quem tanto ouvem falar,
-
0:10 - 0:13e sou um plutocrata
por qualquer definição razoável . -
0:13 - 0:16Hoje, gostaria de falar diretamente
-
0:16 - 0:19para os outros plutocratas,
para a minha gente, -
0:19 - 0:21porque sinto que está na hora
-
0:21 - 0:24de termos todos uma pequena conversa.
-
0:24 - 0:25Como a maioria dos plutocratas,
-
0:25 - 0:28também sou um orgulhoso
capitalista sem remorsos. -
0:28 - 0:32Eu fundei, cofundei e financiei
-
0:32 - 0:35mais de 30 empresas
em vários setores de atividade. -
0:35 - 0:39Fui o primeiro investidor empresarial
na Amazon.com. -
0:39 - 0:42Cofundei uma empresa chamada aQuantive
-
0:42 - 0:45que vendemos à Microsoft
por 6400 milhões de dólares. -
0:46 - 0:48Os meus amigos e eu
somos donos de um banco. -
0:48 - 0:50Estou a dizer isto...
-
0:50 - 0:51(Risos)
-
0:51 - 0:52Incrível, não é?
-
0:52 - 0:55Estou a dizer isto para vos mostrar
-
0:55 - 0:58que a minha vida é como
a da maioria dos plutocratas. -
0:58 - 1:03Tenho uma visão ampla
do capitalismo e dos negócios, -
1:03 - 1:07e tenho sido extremamente
bem recompensado por isso -
1:07 - 1:11com uma vida que muitos de vocês
nem conseguem imaginar: -
1:12 - 1:14múltiplas casas, um iate, avião privado,
-
1:14 - 1:17etc., etc., etc.,
-
1:18 - 1:22Mas sejamos honestos: eu não sou
a pessoa mais inteligente do mundo. -
1:22 - 1:24Nem tão pouco sou o mais trabalhador.
-
1:24 - 1:26Fui um estudante medíocre.
-
1:26 - 1:27Não sou um técnico.
-
1:27 - 1:30Não consigo escrever uma linha de código.
-
1:30 - 1:32Na verdade, o meu sucesso
-
1:32 - 1:35é a consequência de uma incrível sorte,
-
1:35 - 1:39de nascença, de circunstância
e de oportunidade. -
1:40 - 1:44Mas sou bastante bom nalgumas coisas.
-
1:45 - 1:49Tenho uma tolerância ao risco
muito elevada, -
1:49 - 1:52e tenho alguma sensatez,
-
1:52 - 1:54uma boa intuição sobre o que
irá acontecer no futuro, -
1:54 - 1:58e creio que essa intuição sobre o futuro
-
1:58 - 2:01é a essência do bom empreendedorismo.
-
2:01 - 2:04Então o que é que eu antevejo
para o futuro? -
2:04 - 2:06— perguntam vocês.
-
2:06 - 2:08Vejo forquilhas,
-
2:08 - 2:12multidões enfurecidas com forquilhas,
-
2:12 - 2:17porque, enquanto pessoas
como nós plutocratas -
2:17 - 2:21estão a viver para além
dos sonhos e da avareza -
2:21 - 2:24os outros 99% dos nossos concidadãos
-
2:24 - 2:26estão a ficar cada vez mais para trás.
-
2:27 - 2:29Em 1980, os 1% dos americanos no topo
-
2:29 - 2:32partilhavam cerca de 8%
do rendimento nacional, -
2:32 - 2:34enquanto os 50% dos americanos na base
-
2:34 - 2:37partilhavam 18%.
-
2:37 - 2:40Hoje, trinta anos depois, os 1% no topo
-
2:40 - 2:44partilham mais de 20%
do rendimento nacional, -
2:44 - 2:46enquanto os 50% dos americanos na base
-
2:46 - 2:49partilham 12% ou 13%.
-
2:49 - 2:51Se a tendência continuar,
-
2:51 - 2:55os 1% no topo vão partilhar
mais de 30% do rendimento nacional -
2:55 - 2:57nos próximos 30 anos,
-
2:57 - 2:59enquanto os 50% dos americanos na base
-
2:59 - 3:01vão partilhar apenas 6%.
-
3:01 - 3:04Sabem, o problema
não é existir alguma desigualdade. -
3:05 - 3:07Alguma desigualdade é necessária
-
3:07 - 3:10para uma democracia capitalista funcional.
-
3:11 - 3:12O problema é que a desigualdade
-
3:12 - 3:16está hoje em máximos históricos
-
3:16 - 3:19e a piorar a cada dia que passa.
-
3:19 - 3:22E se a riqueza, poder e rendimento
-
3:22 - 3:25se continuarem a concentrar no topo,
-
3:26 - 3:28a nossa sociedade vai passar
-
3:28 - 3:30de uma democracia capitalista
-
3:30 - 3:33para uma sociedade rentista e neo-feudal
-
3:33 - 3:35como a França do século XVIII.
-
3:36 - 3:40Era assim a França
antes da revolução -
3:40 - 3:42e das multidões com as forquilhas.
-
3:42 - 3:45Tenho uma mensagem
para os meus amigos plutocratas -
3:45 - 3:46e multimilionários
-
3:46 - 3:50e para todos os que vivem
dentro de uma bolha fechada: -
3:50 - 3:51Acordem.
-
3:52 - 3:55Acordem. Isto não vai durar.
-
3:55 - 3:58Porque, se não fizermos nada
-
3:58 - 4:02para resolver as evidentes
desigualdades na nossa sociedade, -
4:02 - 4:04as forquilhas vão virar-se contra nós,
-
4:04 - 4:07pois nenhuma sociedade
aberta e livre -
4:07 - 4:11pode aguentar este tipo de crescimento
nas desigualdades económicas. -
4:11 - 4:14Isso nunca aconteceu.
Não existem exemplos. -
4:14 - 4:16Mostrem-me uma sociedade
altamente desigual -
4:16 - 4:19e eu vou mostrar-vos
um estado policial ou uma revolta. -
4:19 - 4:21As forquilhas vão virar-se contra nós
-
4:21 - 4:24se não resolvermos esta questão.
-
4:24 - 4:27Não é uma questão de se, mas de quando.
-
4:27 - 4:32E vai ser terrível para todos,
quando elas chegarem, -
4:32 - 4:37mas particularmente para pessoas
como nós plutocratas. -
4:37 - 4:40Eu sei que devo soar
como um liberal qualquer. -
4:41 - 4:42Mas não sou.
-
4:42 - 4:46Não estou a argumentar
que a desigualdade económica está errada. -
4:46 - 4:51Estou apenas a argumentar que
o crescimento da desigualdade económica -
4:51 - 4:54é estúpido e, em última análise,
autodestrutivo. -
4:54 - 4:56O crescimento da desigualdade
-
4:56 - 4:59não só aumenta os riscos das forquilhas,
-
4:59 - 5:03mas é também terrível para as empresas.
-
5:04 - 5:07Por isso o modelo para nós, ricos,
deverá ser Henry Ford -
5:07 - 5:11Quando Ford estabeleceu o salário
em 5 dólares diários, -
5:11 - 5:14—o que era o dobro dos salários
existentes na altura — -
5:14 - 5:18não só aumentou a produtividade
das suas fábricas, -
5:19 - 5:22como converteu trabalhadores
explorados e na pobreza -
5:22 - 5:24numa classe média próspera
-
5:24 - 5:27que passou a poder comprar
os produtos que faziam. -
5:28 - 5:32Ford previu o que agora
sabemos ser a verdade, -
5:32 - 5:36que uma economia é melhor
compreendida como um ecossistema -
5:36 - 5:38e caracterizada pelo mesmo tipo
de circuito de retorno -
5:38 - 5:42que se encontram num ecossistema natural,
-
5:42 - 5:46um circuito de retorno
entre consumidores e empresas. -
5:46 - 5:49Salários mais altos aumentam a procura,
-
5:49 - 5:51o que aumenta a contratação,
-
5:51 - 5:53que, por sua vez, aumenta os salários,
-
5:53 - 5:56a procura e os lucros,
-
5:56 - 6:01e esse ciclo virtuoso
de crescimento da prosperidade -
6:01 - 6:03é precisamente o que está a faltar
-
6:03 - 6:07na recuperação da economia atual.
-
6:08 - 6:13É por isso que precisamos
de deixar para trás -
6:13 - 6:15o tipo de políticas "conta-gotas"
-
6:15 - 6:18que dominam ambos os partidos políticos
-
6:18 - 6:22e adotar algo a que chamo
economia "de classe média". -
6:22 - 6:24A economia "de classe média" rejeita
-
6:24 - 6:27as ideias da economia neoclássica
-
6:27 - 6:31de que as economias são eficientes,
lineares, mecanistas, -
6:31 - 6:34que tendem para o equilíbrio
e para a justiça, -
6:34 - 6:37e, em vez disso, adota a ideia do séc. XXI
-
6:37 - 6:41de que as economias
são complexas, adaptativas, -
6:41 - 6:43ecossistémicas,
-
6:43 - 6:46que tendem para o desequilíbrio
e para a desigualdade, -
6:46 - 6:48que não são de todo eficientes
-
6:48 - 6:51mas que são eficazes se forem bem geridas.
-
6:52 - 6:55Esta perspetiva do século XXI
-
6:55 - 6:56permite ver claramente
-
6:56 - 7:01que o capitalismo não funciona
através da distribuição eficiente -
7:01 - 7:03dos recursos existentes.
-
7:03 - 7:09Funciona com a criação eficiente
de novas soluções -
7:09 - 7:10para os problemas humanos.
-
7:10 - 7:12A genialidade do capitalismo
-
7:12 - 7:17é ser um sistema evolutivo
para encontrar soluções. -
7:17 - 7:23Recompensa as pessoas por resolverem
os problemas de outras pessoas. -
7:23 - 7:28A diferença entre uma sociedade pobre
e uma sociedade rica, -
7:28 - 7:31obviamente, é o número de soluções
-
7:31 - 7:33que essa sociedade gerou
-
7:33 - 7:36na forma de produtos
para os seus cidadãos. -
7:36 - 7:38A soma das soluções
-
7:38 - 7:40que temos na nossa sociedade
-
7:40 - 7:42é o espelho da nossa prosperidade,
-
7:42 - 7:45e isso explica porque é que empresas
como a Google e a Amazon, -
7:45 - 7:47a Microsoft e a Apple,
-
7:47 - 7:50e os empresários
que criaram essas empresas -
7:50 - 7:53tiveram um contributo tão significativo
-
7:54 - 7:56para a prosperidade da nossa nação.
-
7:56 - 7:59Esta perspetiva do século XXI
-
7:59 - 8:02também torna claro
-
8:02 - 8:04que o que pensamos ser
o crescimento económico -
8:04 - 8:06é melhor compreendido como o ritmo
-
8:06 - 8:09a que nós resolvemos problemas.
-
8:09 - 8:12Mas este ritmo está totalmente dependente
-
8:12 - 8:16de quantos solucionadores de problemas
-
8:16 - 8:18— diversos e capazes — nós temos,
-
8:18 - 8:21e, assim, quantos dos nossos concidadãos
-
8:21 - 8:23participam ativamente,
-
8:23 - 8:27como empresários
que oferecem soluções, -
8:27 - 8:30e como consumidores que os consomem.
-
8:30 - 8:34Mas esta maximização da participação
-
8:34 - 8:36não acontece por acaso.
-
8:36 - 8:38Não acontece por si só.
-
8:38 - 8:41Requer esforço e investimento,
-
8:42 - 8:47e é por isso que todas as democracias
capitalistas mais prósperas -
8:47 - 8:50são caracterizadas
por grandes investimentos -
8:50 - 8:53na classe média e nas infraestruturas
-
8:53 - 8:55das quais esta depende.
-
8:55 - 8:58Nós, plutocratas, precisamos
de colocar atrás das costas -
8:58 - 9:01este conceito de economia "a conta-gotas",
-
9:01 - 9:03esta ideia de que,
quanto melhor nós estivermos, -
9:03 - 9:05melhor os outros estarão também.
-
9:05 - 9:09Isso não é verdade.
Como poderia ser? -
9:09 - 9:13Eu ganho mil vezes o salário médio,
-
9:13 - 9:16mas não compro mil vezes mais coisas,
-
9:16 - 9:17pois não?
-
9:17 - 9:20Por acaso comprei
dois pares destas calças, -
9:20 - 9:22a que o meu sócio Mike chama
-
9:22 - 9:24"calças de administrador".
-
9:24 - 9:27Podia ter comprado 2000 pares,
-
9:27 - 9:28mas o que é que ia fazer com elas?
-
9:28 - 9:30(Risos)
-
9:30 - 9:33Quantos cortes de cabelo posso fazer?
-
9:33 - 9:36Com que frequência posso ir jantar fora?
-
9:37 - 9:41Não importa quão ricos
alguns plutocratas ficam, -
9:41 - 9:44nunca poderemos impulsionar
uma grande economia nacional. -
9:44 - 9:48Só uma classe média próspera o pode fazer.
-
9:50 - 9:51"Não há nada a fazer",
-
9:52 - 9:54poderão afirmar os meus
amigos plutocratas. -
9:56 - 9:58"Henry Ford viveu numa época diferente".
-
9:59 - 10:01Talvez não possamos fazer algumas coisas.
-
10:01 - 10:04Talvez possamos fazer outras.
-
10:05 - 10:08Em 19 de Junho de 2013,
-
10:08 - 10:11Bloomberg publicou um artigo
escrito por mim, intitulado -
10:11 - 10:15"A Defesa de um Capitalista
para um Salário Mínimo de 15 dólares." -
10:16 - 10:19A boa gente da revista Forbes,
-
10:19 - 10:21entre os meus maiores admiradores,
-
10:21 - 10:26chamaram-lhe
"A proposta quase-louca de Nick Hanauer." -
10:26 - 10:29No entanto, apenas 350 dias
-
10:29 - 10:32depois da publicação do artigo,
-
10:32 - 10:35o presidente da câmara de Seattle
assinou uma lei, -
10:35 - 10:39um decreto que aumentava
o salário mínimo em Seattle -
10:39 - 10:40para 15 dólares por hora,
-
10:40 - 10:43mais do dobro do salário de 7,25 dólares
-
10:43 - 10:45que prevalece a nível federal.
-
10:46 - 10:48Como é que isto aconteceu?
-
10:48 - 10:50— podem perguntar as pessoas razoáveis.
-
10:50 - 10:53Aconteceu porque um grupo de nós
relembrou à classe média -
10:53 - 10:57que eles são a fonte
do crescimento e prosperidade -
10:57 - 10:59das economias capitalistas.
-
10:59 - 11:02Relembrámos-lhe que, quando
os trabalhadores têm mais dinheiro, -
11:02 - 11:04as empresas têm mais clientes,
-
11:04 - 11:06e precisam de mais funcionários.
-
11:07 - 11:09Relembrámos à classe média
-
11:09 - 11:11que, quando as empresas
pagam um salário digno, -
11:11 - 11:13os contribuintes são aliviados do fardo
-
11:13 - 11:15de financiar programas de pobreza,
-
11:15 - 11:18como vales de refeição
e assistência médica -
11:18 - 11:20e subsídios à habitação
-
11:20 - 11:22de que esses trabalhadores necessitam.
-
11:22 - 11:25Relembrámos-lhe que
trabalhadores com baixos salários -
11:25 - 11:27são péssimos contribuintes,
-
11:27 - 11:29e que, quando aumentamos
o salário mínimo -
11:29 - 11:31para todas as empresas,
-
11:31 - 11:33todas as empresas beneficiam
-
11:33 - 11:35e todas podem competir.
-
11:36 - 11:38Mas a reação ortodoxa, claro,
-
11:38 - 11:41é que aumentar o salário mínimo
diminui os empregos. -
11:41 - 11:44Os nossos políticos estão sempre a falar
-
11:44 - 11:47desta ideia "conta-gotas"
dizendo coisas como: -
11:47 - 11:49"Bem, se aumentarmos
o preço do emprego, -
11:49 - 11:52"adivinhem o que acontece?
Vamos ter menos empregos." -
11:52 - 11:54Têm a certeza?
-
11:54 - 11:57Porque existem
algumas provas em contrário. -
11:58 - 12:03Desde 1980, os salários
dos diretores, no nosso país, -
12:03 - 12:05passaram de 30 vezes
o salário médio -
12:05 - 12:07para 500 vezes mais.
-
12:07 - 12:10Isso é um aumento
do preço da contratação. -
12:11 - 12:13No entanto, que eu tenha conhecimento,
-
12:13 - 12:15eu nunca vi nenhuma empresa
-
12:16 - 12:18entregar a terceiros
o trabalho de um diretor, -
12:18 - 12:20nem automatizar o seu trabalho
-
12:20 - 12:22ou exportar o trabalho dele para a China.
-
12:22 - 12:24De facto, parece que estamos a empregar
-
12:24 - 12:27mais diretores e gestores séniores
do que antes. -
12:27 - 12:30O mesmo se aplica aos trabalhadores
na área da tecnologia -
12:31 - 12:33e na área dos serviços financeiros,
-
12:33 - 12:35que ganham múltiplas vezes o salário médio
-
12:35 - 12:38e, mesmo assim, empregamos cada vez mais,
-
12:38 - 12:42por isso podemos claramente aumentar
o preço da contratação -
12:42 - 12:44e tirar mais partido dela.
-
12:44 - 12:47Eu sei que a maioria das pessoas
-
12:47 - 12:49pensa que um salário mínimo de 15 dólares
-
12:49 - 12:52é uma experiência económica
arriscada e insana. -
12:52 - 12:54Nós não concordamos.
-
12:55 - 12:57Nós acreditamos
que o salário mínimo de 15 dólares, -
12:57 - 12:58em Seattle,
-
12:58 - 13:00é, na verdade, a continuação
-
13:00 - 13:03de uma política económica coerente.
-
13:03 - 13:05Está a permitir à nossa cidade
-
13:05 - 13:07superar todas as outras.
-
13:07 - 13:10Isto porque o estado de Washington
-
13:10 - 13:12já tem o salário mínimo mais alto
-
13:12 - 13:14de qualquer outro estado na nação.
-
13:14 - 13:17Nós pagamos a todos
os trabalhadores 9,32 dólares, -
13:17 - 13:18o que é quase mais 30%
-
13:18 - 13:21que o salário mínimo federal de 7,25,
-
13:21 - 13:25mas, crucialmente, 427% mais
-
13:25 - 13:29que o mínimo federal de 2,13,
para trabalhadores que recebem gorjetas -
13:29 - 13:31Se os pensadores "a conta-gotas"
tivessem razão, -
13:31 - 13:34então o estado de Washington
deveria ter um desemprego maciço. -
13:34 - 13:37Seattle deveria estar
a deslizar para o abismo. -
13:37 - 13:40No entanto, Seattle
-
13:40 - 13:43é a grande cidade com maior
crescimento do país. -
13:44 - 13:48O estado de Washington está a gerar
empregos em pequenas empresas -
13:48 - 13:52a uma taxa maior do que qualquer
outro grande estado na nação. -
13:52 - 13:55O setor da restauração em Seattle?
Floresce. -
13:56 - 14:00Porquê? Porque a lei fundamental
do capitalismo é: -
14:00 - 14:02quando os trabalhadores
têm mais dinheiro, -
14:02 - 14:04as empresas têm mais clientes
-
14:04 - 14:06e precisam de mais trabalhadores.
-
14:06 - 14:09Quando os restaurantes pagam
o suficiente aos seus trabalhadores -
14:09 - 14:13para que até estes tenham dinheiro
para ir comer aos restaurantes, -
14:13 - 14:15isso não é mau para
o negócio da restauração. -
14:15 - 14:17É bom,
-
14:17 - 14:21apesar do que alguns restaurantes
possam afirmar. -
14:21 - 14:23Será mais complicado do que faço parecer?
-
14:24 - 14:25É claro que sim.
-
14:25 - 14:27Há muitas dinâmicas em jogo.
-
14:27 - 14:29Mas, por favor, podemos parar de insistir
-
14:29 - 14:31que, se os salários mais baixos aumentarem
-
14:31 - 14:33o desemprego vai crescer
-
14:33 - 14:35e a economia vai colapsar?
-
14:35 - 14:36Não há provas disso.
-
14:37 - 14:38A coisa mais insidiosa
-
14:38 - 14:40sobre a economia "a conta-gotas"
-
14:40 - 14:42não é a ideia de que.
se os ricos ficarem mais ricos, -
14:42 - 14:44todos ficamos melhor.
-
14:44 - 14:47É a afirmação feita
por aqueles que se opõem -
14:47 - 14:49a qualquer aumento do salário mínimo
-
14:49 - 14:51dizendo que, se os pobres ficarem ricos,
-
14:51 - 14:53isso vai ser mau para a economia.
-
14:53 - 14:55É um disparate.
-
14:55 - 14:59Assim, por favor, podemos
parar com essa retórica -
14:59 - 15:01que diz que foram as pessoas ricas como eu
-
15:01 - 15:04e os meus amigos plutocratas
-
15:04 - 15:06que fizeram o nosso país?
-
15:07 - 15:08Nós, plutocratas, sabemos
-
15:08 - 15:10— mesmo que não gostemos de admitir —
-
15:10 - 15:13que, se tivéssemos nascido noutro lugar,
-
15:13 - 15:15que não aqui nos EUA,
-
15:15 - 15:18estaríamos certamente como
qualquer outro indivíduo de pé descalço -
15:18 - 15:20a vender fruta na estrada.
-
15:21 - 15:23Não é que não existam bons
empresários noutros lugares, -
15:23 - 15:25mesmo em locais muito pobres,
-
15:25 - 15:27mas o facto de isso ser tudo
-
15:28 - 15:31o que os clientes desses
empresários podem comprar. -
15:32 - 15:36Por isso, aqui fica uma ideia
para um novo tipo de economia, -
15:36 - 15:38um novo tipo de política
-
15:38 - 15:40a que eu chamo "novo capitalismo".
-
15:41 - 15:43Vamos reconhecer que o capitalismo
-
15:43 - 15:45é melhor que as alternativas
-
15:45 - 15:49mas também que, quanto mais
pessoas incluirmos, -
15:49 - 15:52tanto empresários como clientes,
-
15:52 - 15:54melhor o sistema funciona.
-
15:55 - 15:58Vamos, por todos os meios,
diminuir o tamanho do governo, -
15:58 - 16:01não através da eliminação
de programas de pobreza, -
16:01 - 16:03mas garantindo que os trabalhadores
ganhem o suficiente -
16:03 - 16:06para não necessitarem desses programas.
-
16:07 - 16:09Vamos investir o suficiente
na classe média -
16:09 - 16:13para tornar a nossa economia
mais justa e inclusiva, -
16:13 - 16:16e com uma competitividade
mais justa, mais leal -
16:16 - 16:18e com uma competitividade mais leal,
-
16:18 - 16:21mais capaz de gerar as soluções
-
16:21 - 16:23para os problemas humanos
-
16:23 - 16:27que são os verdadeiros condutores
do crescimento e da prosperidade. -
16:28 - 16:31O capitalismo é a maior tecnologia social
-
16:31 - 16:33jamais inventada
-
16:33 - 16:36para a criação de prosperidade
nas sociedades humanas, -
16:36 - 16:37se for bem gerido,
-
16:37 - 16:42mas o capitalismo, devido às dinâmicas
fundamentais e multiplicativas -
16:42 - 16:44de sistemas complexos,
-
16:44 - 16:47tende inevitavelmente para a desigualdade,
-
16:47 - 16:49para a concentração e para o colapso.
-
16:51 - 16:54A função das democracias
-
16:54 - 16:58é maximizar a inclusão de todos
-
16:58 - 17:00por forma a criar prosperidade,
-
17:01 - 17:05não permitir a uns poucos
acumular dinheiro. -
17:05 - 17:08O governo pode criar
prosperidade e crescimento, -
17:08 - 17:10estabelecendo as condições
-
17:10 - 17:15que permitem aos empresários
e aos seus clientes prosperarem. -
17:16 - 17:19Equilibrar o poder de capitalistas como eu
-
17:19 - 17:22e dos trabalhadores
não é mau para o capitalismo. -
17:22 - 17:24É essencial.
-
17:24 - 17:27Programas como salários mínimos razoáveis,
-
17:27 - 17:29cuidados de saúde acessíveis,
-
17:29 - 17:31baixa por doença, remunerada,
-
17:31 - 17:33e uma tributação progressiva
-
17:33 - 17:36necessária para pagar
as infraestruturas importantes, -
17:36 - 17:40para a classe média,
como a educação, I & D, -
17:40 - 17:42são ferramentas indispensáveis
-
17:42 - 17:45que os capitalistas astutos
deveriam adotar -
17:45 - 17:49para impulsionar o crescimento,
porque ninguém beneficia disso -
17:49 - 17:50como nós.
-
17:50 - 17:53Muitos economistas querem fazer crer
-
17:53 - 17:56que a sua área de atuação
é uma ciência objetiva. -
17:56 - 17:58Eu discordo, e penso que é igualmente
-
17:58 - 18:01uma ferramenta que os seres humanos usam
-
18:01 - 18:03para reforçar e codificar
-
18:03 - 18:06as nossas preferências
e preconceitos sociais e morais -
18:06 - 18:09sobre estatuto e poder.
-
18:10 - 18:12É por isso que plutocratas como eu
-
18:12 - 18:16precisam sempre de encontrar
histórias persuasivas -
18:16 - 18:18para dizer a todos os outros
-
18:18 - 18:22o porquê de as nossas posições relativas
-
18:22 - 18:25serem corretas moralmente
e positivas para todos: -
18:26 - 18:30Tal como: nós somos indispensáveis,
os criadores de empregos, -
18:30 - 18:32e vocês não são;
-
18:33 - 18:36tal como: menos impostos para nós
criam crescimento, -
18:36 - 18:38mas os investimentos em vocês
-
18:38 - 18:40fazem subir a nossa dívida
-
18:40 - 18:42e levam à falência o nosso grande país;
-
18:42 - 18:44nós somos importantes
-
18:44 - 18:46e vocês não.
-
18:46 - 18:49Durante milhares de anos,
estas histórias chamavam-se -
18:49 - 18:51"direitos divinos".
-
18:51 - 18:54Hoje, temos a economia "a conta-gotas".
-
18:55 - 19:00Tudo isto é óbvia
e transparentemente egoísta -
19:00 - 19:03Nós, plutocratas, precisamos de ver
-
19:03 - 19:06que foram os Estados Unidos da América
que nos fizeram, -
19:06 - 19:07e não o contrário;
-
19:07 - 19:09que uma classe média próspera
-
19:09 - 19:12é a fonte das economias capitalistas
mais prósperas, -
19:12 - 19:14e não uma consequência disso.
-
19:15 - 19:18E nunca nos devemos esquecer
-
19:18 - 19:21que até os melhores de nós,
nas piores circunstâncias, -
19:21 - 19:25podemos ficamr descalços
e a vender fruta à beira da estrada. -
19:27 - 19:30Caros plutocratas, penso que chegou a hora
-
19:30 - 19:32de nos comprometermos com o nosso país,
-
19:32 - 19:35e de nos dedicarmos
a uma nova forma de capitalismo -
19:35 - 19:38que seja mais inclusiva e mais eficaz,
-
19:39 - 19:41um capitalismo que garanta
-
19:41 - 19:44que a economia americana permanece
-
19:44 - 19:47como a mais dinâmica e próspera do mundo.
-
19:47 - 19:50Vamos garantir o futuro para nós mesmos,
-
19:50 - 19:52para os nossos filhos e os filhos deles.
-
19:52 - 19:55Ou, como alternativa,
podemos não fazer nada, -
19:55 - 19:57podemo-nos esconder
nos nossos condomínios -
19:57 - 20:00e escolas privadas,
-
20:00 - 20:02desfrutar dos aviões e iates
-
20:02 - 20:04— eles são divertidos —
-
20:04 - 20:06e esperar pelas forquilhas.
-
20:06 - 20:08Obrigado.
-
20:08 - 20:09(Aplausos)
- Title:
- Cuidado, amigos plutocratas, as forquilhas estão a chegar
- Speaker:
- Nick Hanauer
- Description:
-
Nick Hanauer é um homem rico, um capitalista impenitente e tem algo a dizer aos colegas plutocratas: Acordem! A crescente desigualdade está prestes a empurrar as nossas sociedades para condições semelhantes à França pré-revolucionária. Ouçam o seu argumento sobre como um grande aumento no salário mínimo poderia fazer crescer a classe média, entregar prosperidade económica ... e evitar uma revolução.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 20:26
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Catarina Mendes edited Portuguese subtitles for Beware, fellow plutocrats, the pitchforks are coming |