Como utilizar a retórica para obter o que queremos — Camille A. Langston
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0:07 - 0:10Como obter o que queremos
usando apenas as nossas palavras? -
0:11 - 0:16Aristóteles tratou de responder exatamente
a esta pergunta há mais de dois mil anos, -
0:16 - 0:18com o Tratado sobre Retórica.
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0:18 - 0:20A Retórica, segundo Aristóteles,
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0:20 - 0:24é a arte de ver os meios
de persuasão à nossa disposição. -
0:24 - 0:27Hoje, aplicamo-la
a qualquer forma de comunicação. -
0:27 - 0:30Mas Aristóteles concentrava-se
na oratória -
0:30 - 0:33e descreveu três tipos
de discurso persuasivo. -
0:34 - 0:36A retórica forense, ou judicial,
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0:36 - 0:38estabelece factos e juízos
sobre o passado, -
0:39 - 0:41semelhantes aos detetives
no local de um crime. -
0:41 - 0:44A retórica epidíctica, ou demonstrativa,
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0:44 - 0:46faz uma proclamação
sobre a situação presente, -
0:46 - 0:48como nos discursos de casamento.
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0:48 - 0:52Mas a forma de conseguir uma mudança
é através da retórica deliberativa, -
0:52 - 0:54ou symbouleutikon.
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0:54 - 0:56Em vez do passado ou do presente,
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0:56 - 0:59a retórica deliberativa
concentra-se no futuro. -
0:59 - 1:01É a retórica dos políticos
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1:01 - 1:04ao debater uma nova lei
imaginando os efeitos que ela pode ter, -
1:05 - 1:08como quando Ronald Reagan avisava
que a introdução do Medicare -
1:08 - 1:12levaria a um futuro socialista
em que se contaria aos filhos e aos netos -
1:12 - 1:16como era outrora a América
quando os homens eram livres. -
1:16 - 1:20Mas é também a retórica dos ativistas
exigindo uma mudança, -
1:20 - 1:22como o sonho de Martin Luther King Jr.
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1:22 - 1:24de que os seus filhos vivessem
um dia numa nação -
1:24 - 1:27em que não seriam avaliados
pela cor da sua pele, -
1:27 - 1:29mas pelo seu carácter.
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1:29 - 1:33Em ambos os casos, o orador
apresenta à audiência um futuro possível -
1:33 - 1:37e tenta obter a sua ajuda
para o evitar ou para o alcançar. -
1:37 - 1:40Mas o que é que contribui
para uma boa retórica deliberativa -
1:40 - 1:42para além do tempo futuro?
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1:42 - 1:45Segundo Aristóteles,
há três apelos persuasivos: -
1:45 - 1:46o ethos,
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1:46 - 1:47o logos,
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1:47 - 1:48e o pathos.
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1:49 - 1:52O ethos é como convencer
uma audiência da nossa credibilidade. -
1:52 - 1:57Winston Churchill começou o seu discurso
em 1941, ao Congresso dos EUA, declarando: -
1:57 - 2:01"Toda a vida, estive em total harmonia
com as marés que fluíram -
2:01 - 2:05"de ambos os lados do Atlântico
contra os privilégios e o monopólio", -
2:06 - 2:10sublinhando assim a sua virtude
como alguém empenhado na democracia. -
2:10 - 2:13Muito antes, na sua defesa
do poeta Archia, -
2:13 - 2:16Cícero, o cônsul de Roma,
apelou à sua sabedoria prática -
2:16 - 2:19e à sua experiência enquanto político:
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2:19 - 2:22"Aprendi com o meu estudo
das ciências liberais -
2:22 - 2:24"e com a cuidadosa formação
a que me dedico, -
2:24 - 2:27"que nunca na minha vida
me senti relutante" -
2:27 - 2:31Por fim, podemos demonstrar
desinteresse -
2:31 - 2:33ou que não somos motivados
por ganhos pessoais. -
2:34 - 2:37O logos é o uso da lógica e da razão.
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2:37 - 2:41Este método pode empregar
artifícios retóricos, como analogias, -
2:41 - 2:42exemplos,
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2:42 - 2:45e citações de investigação ou estatística.
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2:45 - 2:47Mas não são só factos e números.
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2:48 - 2:51É também a estrutura e o conteúdo
do próprio discurso. -
2:51 - 2:55A questão é usar o conhecimento dos factos
para convencer a audiência, -
2:55 - 2:58como a defesa de Sojourner Truth
pelos direitos das mulheres: -
2:59 - 3:03"Tenho tantos músculos como os homens
e posso trabalhar tanto como os homens. -
3:03 - 3:07"Já lavrei, já ceifei, já desfolhei,
já aparei, já cortei; -
3:07 - 3:10"haverá algum homem
que possa fazer mais do que isso?" -
3:10 - 3:14Infelizmente, os oradores podem manipular
as pessoas com informações falsas, -
3:14 - 3:17que a audiência julga que são verdades,
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3:17 - 3:20como a afirmação já desmentida
mas ainda acreditada -
3:20 - 3:22de que as vacinas provocam o autismo.
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3:22 - 3:25Finalmente, o pathos apela à emoção,
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3:26 - 3:29e na nossa era dos meios de comunicação
é frequentemente o modo mais eficaz. -
3:30 - 3:32O pathos não é intrinsecamente
bom nem mau. -
3:32 - 3:35mas pode ser irracional
e imprevisível. -
3:35 - 3:38Pode congregar as pessoas para a paz
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3:38 - 3:40tão facilmente
como incitá-las para a guerra. -
3:40 - 3:42A maior parte da publicidade
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3:42 - 3:46desde os produtos de beleza
que prometem dar-nos mais confiança em nós -
3:46 - 3:48até aos carros que nos fazem
sentir poderosos, -
3:48 - 3:50assenta no pathos.
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3:50 - 3:54Os apelos retóricos de Aristóteles
ainda se mantêm poderosos hoje, -
3:55 - 3:57mas decidir quais os que devemos usar
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3:57 - 4:00é uma questão de conhecer
a nossa audiência e o objetivo, -
4:00 - 4:02assim como o local e o tempo certos.
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4:02 - 4:05Talvez o que seja importante
é conseguir detetar -
4:05 - 4:08quando estes métodos de persuasão
estão a ser usados em nós.
- Title:
- Como utilizar a retórica para obter o que queremos — Camille A. Langston
- Speaker:
- Camille Langston
- Description:
-
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Como obter o que queremos, usando apenas as nossas palavras? Aristóteles tratou de responder exatamente a esta questão há mais de dois mil anos, com o Tratado sobre a Retórica. Camille A. Langston descreve os fundamentos da retórica deliberativa e dá-nos algumas pistas para apelar ao ethos, ao logos e ao pathos do público no nosso próximo discurso.
Lição de Camille A. Langston, animação de TOGETHER.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
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- 04:30
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