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A matemática da história

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    Ao que parece a matemática é uma
    linguagem muito poderosa.
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    Já levou a um entendimento
    significativo da física,
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    da biologia e da economia,
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    mas não tanto nas humanidades
    e na história.
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    Acho que há uma crença
    de que é impossível,
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    de que não se podem quantificar
    os feitos da humanidade,
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    de que não se pode medir a história.
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    Mas eu não acho que seja correto.
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    Vou dar-vos alguns exemplos.
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    O meu colaborador Erez e eu
    considerámos o seguinte facto:
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    Dois reis separados por séculos
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    vão falar línguas muito diferentes.
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    Isso é uma força histórica muito forte.
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    O rei de Inglaterra, Alfredo, o Grande,
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    terá usado vocabulário e gramática
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    muito distintos dos que são usados pelo
    rei do hip hop, Jay-Z.
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    (Risos)
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    É assim mesmo.
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    A linguagem muda com o tempo e
    isso é uma força poderosa.
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    O Erez e eu queríamos saber mais sobre isto.
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    Então analisámos uma determinada
    regra gramatical, o pretérito perfeito.
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    Acrescentamos a terminação "-ava"
    a um verbo para significar passado.
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    "Hoje ando. Ontem andava."
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    Mas alguns verbos são irregulares.
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    "Ontem havia".
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    O que é interessante
    é que os verbos irregulares
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    entre o rei Alfredo e Jay-Z
    tornaram-se mais regulares.
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    Como o verbo "casar" que veem aqui
    e se tornou regular.
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    Assim, o Erez e eu seguimos o percurso
    de mais de 100 verbos irregulares
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    através de 12 séculos de língua inglesa,
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    e constatámos que há um padrão matemático
    muito simples
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    que acompanha esta complexa
    mudança histórica,
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    nomeadamente, se um verbo é 100 vezes
    mais frequente que outro,
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    é 10 vezes mais lento a tornar-se regular.
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    É uma parte da história,
    mas vem embrulhada em matemática.
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    Nalguns casos, a matemática
    pode ajudar a explicar
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    ou propor explicações
    para forças históricas.
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    Aqui, o Steve Pinker e eu
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    considerámos a magnitude das guerras
    durante os últimos dois séculos.
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    Estas têm uma regularidade bem conhecida,
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    em que o número de guerras
    que são 100 vezes mais mortais,
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    é 10 vezes menor.
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    Assim, há 30 guerras que são tão fatais
    quanto a Guerra dos Seis Dias,
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    mas temos apenas quatro guerras
    que são 100 vezes mais mortais,
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    como é o caso da I Guerra Mundial.
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    Que tipo de mecanismo histórico
    produz isto?
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    Qual a origem disto?
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    O Steve e eu, através
    de análise matemática,
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    sugerimos que existe um fenómeno
    muito simples na raiz desta questão
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    que reside no nosso cérebro.
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    É uma característica muito conhecida
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    pela qual entendemos
    as quantidades de modo relativo,
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    quantidades como a intensidade da luz
    ou o volume de um som.
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    Por exemplo, alocar 10 000 soldados
    à próxima batalha parece muito.
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    Em termos relativos, o número é enorme
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    se já tivermos alocado 1000 soldados
    anteriormente.
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    Mas não parece tanto,
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    em termos relativos, não é suficiente,
    não fará diferença
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    se já tivermos alocado 100 000
    soldados previamente.
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    Devido à forma como percecionamos
    as quantidades,
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    com o desenrolar da guerra,
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    o número de soldados
    alocados à guerra e as baixas
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    irão aumentar, não linearmente,
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    tipo 10 000, 11 000, 12 000,
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    mas exponencialmente, 10 000,
    mais tarde 20 000, mais tarde 40 000.
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    Isto explica o padrão que observámos.
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    Aqui, a matemática consegue ligar uma
    conhecida característica da mente humana
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    a um padrão histórico antigo
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    que se desenrola ao longo de séculos
    e atravessa continentes.
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    Hoje em dia temos poucos, exemplos destes,
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    mas acredito que na próxima
    década serão comuns.
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    O motivo para isso
    é que o registo histórico
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    está a ser digitalizado
    a um ritmo acelerado.
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    Há cerca de 130 milhões de livros
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    escritos desde o início dos tempos.
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    Empresas como a Google
    digitalizaram muitos,
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    para cima de 20 milhões.
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    Quando os acontecimentos históricos
    estão disponíveis em formato digital,
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    torna-se possível uma análise matemática
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    para rever de forma rápida e adequada
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    as tendências na nossa história e cultura.
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    Penso que, na próxima década,
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    as ciências e as humanidades
    se aproximarão
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    para responder a perguntas importantes
    sobre a humanidade.
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    Acredito que a matemática será
    uma linguagem muito poderosa nessa área.
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    Será possível revelar novas tendências
    na nossa história,
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    por vezes explicá-las,
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    e talvez até no futuro prever
    o que vai acontecer.
  • 3:59 - 4:00
    Muito obrigado.
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    (Aplausos)
Title:
A matemática da história
Speaker:
Jean-Baptiste Michel
Description:

Que pode a matemática dizer sobre a história? Bastante, segundo Jean-Baptiste Michel, TED Fellow. Desde mudanças na língua a guerras sangrentas, ele mostra como a história digitalizada começa agora a revelar profundos padrões subjacentes.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
04:26
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The mathematics of history
Miguel Cabral de Pinho approved Portuguese subtitles for The mathematics of history
Miguel Cabral de Pinho edited Portuguese subtitles for The mathematics of history
Miguel Cabral de Pinho edited Portuguese subtitles for The mathematics of history
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