A matemática da história
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0:01 - 0:04Ao que parece a matemática é uma
linguagem muito poderosa. -
0:04 - 0:06Já levou a um entendimento
significativo da física, -
0:06 - 0:08da biologia e da economia,
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0:08 - 0:11mas não tanto nas humanidades
e na história. -
0:11 - 0:13Acho que há uma crença
de que é impossível, -
0:13 - 0:16de que não se podem quantificar
os feitos da humanidade, -
0:16 - 0:19de que não se pode medir a história.
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0:19 - 0:20Mas eu não acho que seja correto.
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0:20 - 0:22Vou dar-vos alguns exemplos.
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0:22 - 0:25O meu colaborador Erez e eu
considerámos o seguinte facto: -
0:25 - 0:28Dois reis separados por séculos
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0:28 - 0:30vão falar línguas muito diferentes.
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0:30 - 0:32Isso é uma força histórica muito forte.
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0:32 - 0:34O rei de Inglaterra, Alfredo, o Grande,
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0:34 - 0:36terá usado vocabulário e gramática
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0:36 - 0:39muito distintos dos que são usados pelo
rei do hip hop, Jay-Z. -
0:39 - 0:40(Risos)
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0:41 - 0:43É assim mesmo.
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0:43 - 0:45A linguagem muda com o tempo e
isso é uma força poderosa. -
0:45 - 0:47O Erez e eu queríamos saber mais sobre isto.
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0:47 - 0:51Então analisámos uma determinada
regra gramatical, o pretérito perfeito. -
0:51 - 0:54Acrescentamos a terminação "-ava"
a um verbo para significar passado. -
0:54 - 0:56"Hoje ando. Ontem andava."
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0:56 - 0:58Mas alguns verbos são irregulares.
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0:58 - 0:59"Ontem havia".
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0:59 - 1:01O que é interessante
é que os verbos irregulares -
1:01 - 1:04entre o rei Alfredo e Jay-Z
tornaram-se mais regulares. -
1:04 - 1:07Como o verbo "casar" que veem aqui
e se tornou regular. -
1:07 - 1:11Assim, o Erez e eu seguimos o percurso
de mais de 100 verbos irregulares -
1:11 - 1:13através de 12 séculos de língua inglesa,
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1:13 - 1:16e constatámos que há um padrão matemático
muito simples -
1:16 - 1:19que acompanha esta complexa
mudança histórica, -
1:19 - 1:22nomeadamente, se um verbo é 100 vezes
mais frequente que outro, -
1:22 - 1:25é 10 vezes mais lento a tornar-se regular.
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1:25 - 1:29É uma parte da história,
mas vem embrulhada em matemática. -
1:29 - 1:32Nalguns casos, a matemática
pode ajudar a explicar -
1:32 - 1:35ou propor explicações
para forças históricas. -
1:36 - 1:37Aqui, o Steve Pinker e eu
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1:37 - 1:41considerámos a magnitude das guerras
durante os últimos dois séculos. -
1:41 - 1:43Estas têm uma regularidade bem conhecida,
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1:43 - 1:47em que o número de guerras
que são 100 vezes mais mortais, -
1:47 - 1:49é 10 vezes menor.
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1:49 - 1:53Assim, há 30 guerras que são tão fatais
quanto a Guerra dos Seis Dias, -
1:53 - 1:55mas temos apenas quatro guerras
que são 100 vezes mais mortais, -
1:55 - 1:57como é o caso da I Guerra Mundial.
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1:57 - 2:00Que tipo de mecanismo histórico
produz isto? -
2:00 - 2:02Qual a origem disto?
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2:02 - 2:05O Steve e eu, através
de análise matemática, -
2:05 - 2:08sugerimos que existe um fenómeno
muito simples na raiz desta questão -
2:08 - 2:10que reside no nosso cérebro.
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2:10 - 2:12É uma característica muito conhecida
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2:12 - 2:15pela qual entendemos
as quantidades de modo relativo, -
2:15 - 2:19quantidades como a intensidade da luz
ou o volume de um som. -
2:19 - 2:23Por exemplo, alocar 10 000 soldados
à próxima batalha parece muito. -
2:23 - 2:25Em termos relativos, o número é enorme
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2:25 - 2:28se já tivermos alocado 1000 soldados
anteriormente. -
2:28 - 2:30Mas não parece tanto,
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2:30 - 2:33em termos relativos, não é suficiente,
não fará diferença -
2:33 - 2:35se já tivermos alocado 100 000
soldados previamente. -
2:36 - 2:39Devido à forma como percecionamos
as quantidades, -
2:39 - 2:41com o desenrolar da guerra,
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2:41 - 2:44o número de soldados
alocados à guerra e as baixas -
2:44 - 2:46irão aumentar, não linearmente,
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2:46 - 2:48tipo 10 000, 11 000, 12 000,
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2:48 - 2:52mas exponencialmente, 10 000,
mais tarde 20 000, mais tarde 40 000. -
2:52 - 2:55Isto explica o padrão que observámos.
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2:55 - 3:00Aqui, a matemática consegue ligar uma
conhecida característica da mente humana -
3:00 - 3:03a um padrão histórico antigo
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3:03 - 3:06que se desenrola ao longo de séculos
e atravessa continentes. -
3:07 - 3:10Hoje em dia temos poucos, exemplos destes,
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3:10 - 3:13mas acredito que na próxima
década serão comuns. -
3:13 - 3:15O motivo para isso
é que o registo histórico -
3:15 - 3:18está a ser digitalizado
a um ritmo acelerado. -
3:18 - 3:21Há cerca de 130 milhões de livros
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3:21 - 3:23escritos desde o início dos tempos.
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3:23 - 3:25Empresas como a Google
digitalizaram muitos, -
3:25 - 3:27para cima de 20 milhões.
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3:27 - 3:31Quando os acontecimentos históricos
estão disponíveis em formato digital, -
3:31 - 3:33torna-se possível uma análise matemática
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3:33 - 3:35para rever de forma rápida e adequada
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3:35 - 3:38as tendências na nossa história e cultura.
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3:38 - 3:41Penso que, na próxima década,
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3:41 - 3:44as ciências e as humanidades
se aproximarão -
3:44 - 3:47para responder a perguntas importantes
sobre a humanidade. -
3:47 - 3:51Acredito que a matemática será
uma linguagem muito poderosa nessa área. -
3:51 - 3:54Será possível revelar novas tendências
na nossa história, -
3:54 - 3:56por vezes explicá-las,
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3:56 - 3:59e talvez até no futuro prever
o que vai acontecer. -
3:59 - 4:00Muito obrigado.
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4:01 - 4:04(Aplausos)
- Title:
- A matemática da história
- Speaker:
- Jean-Baptiste Michel
- Description:
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Que pode a matemática dizer sobre a história? Bastante, segundo Jean-Baptiste Michel, TED Fellow. Desde mudanças na língua a guerras sangrentas, ele mostra como a história digitalizada começa agora a revelar profundos padrões subjacentes.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 04:26
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The mathematics of history | ||
Miguel Cabral de Pinho approved Portuguese subtitles for The mathematics of history | ||
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Ilona Bastos accepted Portuguese subtitles for The mathematics of history | ||
Ilona Bastos edited Portuguese subtitles for The mathematics of history | ||
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