Rãs que desaparecem - Kerry M. Kriger

Veja a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/disappearing-frogs-kerry-m-kriger

As rãs (e anfíbios em geral) estão em perigo. Em todo o mundo, quase um terço das espécies de anfíbios do mundo correm risco de extinção. No entanto, as rãs contribuem para o nosso bem estar de diversas importantes maneiras. Kerry M. Kriger explica por que as rãs estão em perigo e como podemos ajudar a salvá-las.

Lição de Kerry M. Kriger, animação de Simon Ampel.

Você já ouviu o som de rãs

coaxando à noite?

Durante centenas de milhões de anos,

essa cantiga das rãs
preencheu o ar noturno.

Mas estudos recentes sugerem

que essas rãs correm o risco

de cantar sua última nota.

Ao longo das últimas décadas,

as populações de anfíbios têm desaparecido
rapidamente em todo o mundo.

Quase um terço das espécies
de anfíbios do mundo

corre risco de extinção,

e mais de 100 espécies já desapareceram.

Mas não se preocupe, ainda há esperança.

Antes que entremos na questão
de como salvar as rãs,

vamos começar verificando

por que elas estão desaparecendo

e por que é importante
que elas sejam salvas.

O problema número um
é a destruição do habitat

das populações de rãs
em todo o mundo.

Há sete bilhões de seres
humanos no planeta,

e nós competimos
por habitat com as rãs.

Construímos cidades,
subúrbios e fazendas

sobre os habitats das rãs,

derrubamos florestas

e drenamos pântanos

que servem de lar

para diversas populações de anfíbios.

As mudanças climáticas alteram
os níveis de precipitação,

secando lagoas, riachos
e florestas nebulares.

Conforme a população
humana continua a crescer,

as ameaças que os anfíbios
têm de enfrentar também crescem.

Há diversos outros fatores

que contribuem para o declínio
das populações de rãs.

Colheitas excessivas para
o comércio de animais e de comida

resultam em milhões de rãs

sendo retiradas do meio
selvagem a cada ano.

Espécies invasoras,

como a truta não-nativa e o lagostim,

alimentam-se das rãs nativas.

Os seres humanos
estão facilitando a propagação

de doenças infecciosas,

ao despachar mais
de 100 milhões de anfíbios

ao redor do mundo a cada ano,

para servirem de alimento,
animais de estimação, iscas,

e em laboratórios e zoológicos,

com poucos regulamentos e quarentena.

Uma dessas doenças,

a quitridiomicose,

levou populações de anfíbios
que vivem em riachos

à extinção

na África,

Austrália,

Europa

e Américas do Norte, Central e do Sul.

Além de todos esses problemas,

lançamos centenas de milhões
de quilogramas de pesticidas

em nossos ecossistemas a cada ano.

E essas substâncias químicas
são facilmente absorvidas

pela pele permeável dos anfíbios,

causando imunossupressão,

ou enfraquecimento
do sistema imunológico,

e desenvolvendo deformidades.

Certo. Então por que vale
a pena preservar

essas criaturinhas verdes?

As rãs são importantes
por uma imensidão de razões.

São parte integrante
da cadeia alimentar,

comendo moscas, carrapatos, mosquitos

e outros vetores de doenças,

dessa forma,
protegendo-nos contra a malária,

a dengue

e outras doenças.

Os girinos mantêm
os cursos d'água limpos,

por se alimentarem de algas,

reduzindo a carga

sobre nossos sistemas
de filtragem comunitários

e mantendo baixo
o preço da nossa água.

As rãs servem como
fonte de alimento

para pássaros, peixes, cobras,
libélulas e até macacos.

Quando as rãs desaparecem,

a cadeia alimentar fica comprometida,

e outros animais também
podem desaparecer.

Os anfíbios também
são extremamente importantes

na medicina humana.

Mais de 10% dos prêmios Nobel

em Fisiologia e Medicina

foram concedidos a pesquisadores

cujos trabalhos se basearam
nos anfíbios.

Alguns dos peptídeos antimicrobianos

existentes na pela das rãs
podem matar o HIV,

alguns agem como analgésicos

e outros servem como repelentes
naturais contra mosquitos.

Muitas descobertas dependem

de que salvemos as rãs,

mas, quando uma espécie
de rã desaparece,

também desaparece qualquer
chance que ela detenha

de melhorar a saúde humana.

Felizmente, há diversas
maneiras de ajudar,

e a melhor forma de começar

é reduzindo os danos
que você causa ao ambiente

e melhorando suas atitudes
no cotidiano.

Da próxima que você ouvir
essa cantiga noturna,

não pense que é apenas
um barulho qualquer.

Ouça-a como um pedido de ajuda,

num coaxar perfeito e harmônico.