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Como tornar os desertos verdes e inverter a alteração climática

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    A mais maciça
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    e perfeita tempestade de tsunami
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    está sobre nós.
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    Esta tempestade perfeita
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    está a construir uma realidade cruel,
    uma realidade crescentemente cruel,
  • 0:22 - 0:27
    e somos confrontados com esta realidade
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    agarrados à crença
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    de que podemos resolver os problemas
    através da tecnologia.
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    Isso é muito compreensível.
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    Esta tempestade perfeita que enfrentamos
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    resulta do contínuo aumento populacional,
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    que ascende para as 10 mil milhões de pessoas.
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    A terra está a transformar-se em deserto,
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    e, claro está, a alteração climática.
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    Agora, não há dúvidas:
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    só solucionaremos o problema
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    de substituir os combustíveis fósseis
    com a tecnologia.
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    Mas os combustíveis fósseis, o carbono
    — o carvão e o gás —
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    não são de modo algum a única coisa
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    que causa a alteração climática.
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    "Desertificação"
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    é um eufemismo para designar
    terra que se transforma em deserto,
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    e isso somente ocorre
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    quando criamos demasiada terra nua.
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    Não há outra causa.
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    Eu pretendo chamar a atenção
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    que a maioria das terras do mundo
    se estão a transformar em deserto.
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    Mas para vocês,
    tenho uma mensagem muito simples
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    que oferece mais esperança
    do que podem imaginar.
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    Existem ambientes
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    em que a humidade é garantida
    durante todo o ano.
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    Nesses, é quase impossível
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    criar grandes áreas vastas de terra nua.
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    Não importa o que se faça,
    a natureza vai cobri-la rapidamente.
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    E existem ambientes
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    onde se têm meses de humidade
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    e depois meses de aridez,
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    e é aí que ocorre a desertificação.
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    Felizmente, com a atual
    tecnologia espacial,
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    podemos observar o mundo
    a partir do espaço,
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    e quando o fazemos, podemos ver
    as proporções relativamente bem.
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    Geralmente, o que se vê em verde
    não está a desertificar
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    e o que aparece castanho, está.
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    Estas são de longe
    as maiores áreas da Terra.
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    Aproximadamente dois terços da Terra
    está a desertificar, diria eu.
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    Tirei esta foto no deserto Tihama
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    enquanto caíam 25 mm de chuva.
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    Pensem em termos de barris de água,
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    cada um contendo 200 litros.
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    Mais de 1000 barris de água
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    caíram sobre cada hectare
    de terra nesse dia.
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    No dia seguinte, a terra estava assim.
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    Para onde foi a água?
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    Uma parte foi levada por escorrência
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    mas a maior parte da água que se infiltrou
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    simplesmente evaporou-se,
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    exatamente como acontece no nosso jardim
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    se deixarmos a terra descoberta.
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    Agora, como o destino da água e o carbono
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    está ligado à matéria orgânica do solo,
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    quando danificamos os solos,
    liberta-se carbono.
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    O carbono regressa à atmosfera.
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    Dizem-nos uma e outra vez, repetidamente,
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    que a desertificação só está a ocorrer
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    nas zonas áridas e semi-áridas do mundo,
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    e que nas pradarias
    de ervas altas como esta,
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    com muita chuva, não é importante.
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    Mas se não olharmos para as ervas,
    mas pelo que está por baixo delas,
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    descobrimos que a maior parte
    do solo das pradarias
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    que acabaram de ver está árida
    e coberta com uma crosta de algas,
  • 3:45 - 3:49
    que provoca mais escorrência
    da água e evaporação.
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    Este é o cancro da desertificação
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    que só reconhecemos
    na sua forma final.
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    Sabemos que a desertificação
    é causada pela pecuária,
  • 4:03 - 4:05
    sobretudo as vacas, ovelhas e cabras,
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    que pastam demasiado as plantas,
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    deixando a terra nua e emitindo metano.
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    Quase todos o sabem,
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    dos Prémios Nobel aos "caddies" de golfe,
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    ou foi ensinado assim, como eu fui.
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    Os ambientes como este que vemos aqui,
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    ambientes poeirentos da África onde cresci,
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    e eu amava a vida selvagem,
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    pelo que cresci a odiar a pecuária
  • 4:32 - 4:35
    pelos danos que estava a causar.
  • 4:35 - 4:38
    Depois, a minha educação universitária
    como ecologista
  • 4:38 - 4:41
    reforçou mais as minhas crenças.
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    Bom, eu tenho notícias para vocês.
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    Já tivemos a certeza
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    de que o mundo foi plano.
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    Estávamos errados então,
    e estamos errados novamente.
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    Quero convidar-vos agora
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    para virem comigo na minha viagem
    de reeducação e descoberta.
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    Quando eu era jovem,
  • 5:07 - 5:10
    um jovem biólogo em África,
  • 5:10 - 5:14
    eu estava envolvido em escolher
    áreas maravilhosas
  • 5:14 - 5:17
    como futuros parques nacionais.
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    Nesse momento — estávamos em 1950 —
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    e não antes, proibimos a caça
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    e os tocadores de tambor,
    para proteger os animais,
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    e então a terra começou a degradar-se,
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    como vemos neste parque que criámos.
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    Não havia intervenção de gado,
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    mas suspeitando que tínhamos
    demasiados elefantes,
  • 5:39 - 5:43
    pesquisei e provei que
    tínhamos efetivamente demasiados,
  • 5:43 - 5:47
    e recomendei que diminuíssemos
    o seu número
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    a um nível sustentável para o solo.
  • 5:51 - 5:54
    Foi uma decisão terrível para mim
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    e, francamente,
    foi politicamente explosiva.
  • 5:57 - 6:00
    O nosso governo formou
    uma equipa de especialistas
  • 6:00 - 6:03
    para avaliar a minha pesquisa.
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    Fizeram-no. Concordaram comigo.
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    Ao longo dos anos seguintes,
  • 6:07 - 6:13
    matámos 40 000 elefantes,
    tentando parar com os seus danos.
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    Mas ficou tudo pior, não melhor.
  • 6:17 - 6:20
    Sendo um amante de elefantes como eu sou,
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    este foi o maior e mais triste erro
    da minha vida,
  • 6:23 - 6:25
    e vou carregar com ele até à morte.
  • 6:26 - 6:28
    Mas uma coisa boa saiu de tudo isto.
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    Tornou-me absolutamente determinado
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    a dedicar a minha vida a encontrar soluções.
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    Quando vim aos EUA, fiquei chocado,
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    ao encontrar parques nacionais como este
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    a sofrer desertificação
    tão grave como em África.
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    Não existia gado nesta terra
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    há mais de 70 anos.
  • 6:52 - 6:55
    Descobri que os cientistas americanos
  • 6:55 - 6:57
    não tinham explicação para isto
  • 6:57 - 7:00
    exceto que a terra estava árida e natural.
  • 7:01 - 7:04
    Então comecei à procura
  • 7:04 - 7:07
    de todas as bases de pesquisa
    que pude encontrar
  • 7:07 - 7:10
    por todo o oeste dos EUA
  • 7:10 - 7:12
    onde tivesse havido remoção de gado
  • 7:12 - 7:15
    para provar que isso
    travava a desertificação,
  • 7:15 - 7:17
    mas encontrei exatamente o contrário,
  • 7:17 - 7:20
    como observamos nesta estação de pesquisa,
  • 7:20 - 7:23
    onde estas pradarias
    estavam verdes em 1961,
  • 7:23 - 7:28
    mas que em 2002
    se tinham alterado para isto.
  • 7:28 - 7:33
    Os autores do artigo sobre
    a posição relativa à alteração climática
  • 7:33 - 7:35
    de quem obtive estas imagens
  • 7:35 - 7:40
    atribuem esta mudança
    a "processos desconhecidos".
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    Claramente, nunca entendemos
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    o que está a causar a desertificação,
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    que destruiu muitas civilizações
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    e agora nos ameaça globalmente.
  • 7:54 - 7:56
    Nunca o compreendemos.
  • 7:56 - 7:58
    Se usarmos um metro quadrado de terra
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    e a tornarmos nua
    como este está aqui em baixo,
  • 8:01 - 8:04
    garanto, ela estará mais fresca
    ao nascer do dia
  • 8:04 - 8:07
    e mais quente ao meio-dia
  • 8:07 - 8:10
    do que se a mesma terra
    estivesse coberta de lixo,
  • 8:10 - 8:12
    lixo orgânico vegetal.
  • 8:12 - 8:15
    Alterámos o microclima.
  • 8:15 - 8:17
    Agora, enquanto fazemos isso,
  • 8:17 - 8:23
    aumentando bastante
    a percentagem de terra nua,
  • 8:23 - 8:27
    em mais de metade das terras do mundo,
  • 8:27 - 8:30
    estaremos a mudar o macroclima.
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    Mas simplesmente não compreendemos
  • 8:33 - 8:37
    porque é que isto começou a acontecer
    há 10 000 anos.
  • 8:37 - 8:39
    Porque é que acelerou recentemente?
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    Não compreendíamos isso.
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    O que nos faltava entender
  • 8:45 - 8:49
    era que nestes ambientes mundiais
    de humidade sazonal,
  • 8:49 - 8:52
    o solo e a vegetação
  • 8:52 - 8:57
    desenvolveram-se juntamente com
    grande número de animais de pasto,
  • 8:57 - 9:00
    e estes herbívoros
  • 9:00 - 9:05
    desenvolveram-se com ferozes
    predadores de rebanhos.
  • 9:06 - 9:09
    Ora bem, a maior defesa
    contra estes predadores de rebanhos
  • 9:09 - 9:11
    é formar manadas.
  • 9:11 - 9:15
    Quanto maior a manada,
    mais a salvo estará cada indivíduo.
  • 9:15 - 9:20
    Então, as grandes manadas defecavam
    e urinavam sobre a sua comida,
  • 9:20 - 9:23
    pelo que tinham
    de continuar a mover-se.
  • 9:23 - 9:25
    Era esse movimento
  • 9:25 - 9:28
    que evitava o pastoreio
    excessivo das plantas,
  • 9:28 - 9:30
    enquanto que o pisoteio periódico
  • 9:30 - 9:33
    assegura uma boa cobertura do solo,
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    como vemos onde passou uma manada.
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    Esta imagem é de uma típica
    pradaria sazonal.
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    Acabou de passar
    por quatro meses de chuva,
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    e vai agora passar
    por oito meses de estação seca.
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    Observem as mudanças por que passa
    ao entrar nesta estação seca.
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    Ora, toda a erva observada acima do solo
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    tem de se decompor biologicamente
  • 9:59 - 10:02
    antes da próxima estação de crescimento.
  • 10:02 - 10:07
    Se tal não acontecer, a pradaria
    e o solo começam a morrer.
  • 10:07 - 10:10
    Se não se decompuser biologicamente,
  • 10:10 - 10:15
    passa à oxidação,
    que é um processo muito lento.
  • 10:15 - 10:18
    Isso sufoca e mata as ervas,
  • 10:18 - 10:21
    levando a uma alteração
    para vegetação lenhosa
  • 10:21 - 10:25
    e solo nu, libertando carbono.
  • 10:25 - 10:29
    Para impedir isso, temos usado
    tradicionalmente o fogo.
  • 10:30 - 10:35
    Mas o fogo também deixa o solo nu,
    libertando carbono
  • 10:35 - 10:38
    e, pior que isso,
  • 10:38 - 10:41
    a queima de um hectare de pradaria
  • 10:41 - 10:44
    liberta mais poluentes, e mais perigosos,
  • 10:44 - 10:46
    do que 6 000 carros.
  • 10:47 - 10:52
    Temos queimado em África, todos os anos,
  • 10:52 - 10:56
    mais de mil milhões
    de hectares de pradaria,
  • 10:56 - 10:59
    e quase ninguém tem falado nisso.
  • 11:00 - 11:04
    Justificamos a queima,
    enquanto cientistas,
  • 11:04 - 11:07
    porque é assim que removemos
    o material morto da terra,
  • 11:07 - 11:10
    permitindo o desenvolvimento
    de novas plantas.
  • 11:10 - 11:13
    Observando esta nossa pradaria
    que secou,
  • 11:13 - 11:16
    o que poderemos fazer
    para a tornar saudável?
  • 11:16 - 11:19
    Tenham em mente que falo de
    quase toda a terra do planeta atualmente.
  • 11:20 - 11:24
    Não podemos reduzir o número de animais
    para permitir maior repouso
  • 11:24 - 11:27
    sem causar desertificação
    e mudança climática.
  • 11:27 - 11:30
    Não podemos queimá-la sem causar
  • 11:30 - 11:33
    desertificação e alteração climática.
  • 11:33 - 11:35
    O que vamos nós fazer?
  • 11:39 - 11:41
    Temos apenas uma opção.
  • 11:41 - 11:44
    Eu repito, apenas uma opção
  • 11:44 - 11:47
    disponível para os climatologistas
    e cientistas,
  • 11:47 - 11:50
    ou seja, fazer o impensável.
  • 11:50 - 11:52
    Usar o gado,
  • 11:52 - 11:55
    agrupado e em movimento,
  • 11:55 - 11:58
    como uma representação
    das antigas manadas e predadores,
  • 11:58 - 12:00
    e simular a Natureza.
  • 12:00 - 12:04
    Não resta outra alternativa à Humanidade.
  • 12:05 - 12:07
    Então façamo-lo.
  • 12:07 - 12:11
    Neste pedaço de pradaria, iremos fazê-lo,
    mas apenas em primeiro plano.
  • 12:11 - 12:14
    Vamos pisoteá-la fortemente com gado
    para simular a Natureza.
  • 12:14 - 12:17
    Fizemo-lo e observem.
  • 12:17 - 12:20
    Toda aquela erva está agora a cobrir o solo
  • 12:20 - 12:24
    como estrume, urina
    e lixo orgânico ou folhas,
  • 12:24 - 12:28
    como qualquer jardineiro compreenderá.
  • 12:28 - 12:32
    Esse solo está pronto
    a absorver e reter a chuva,
  • 12:32 - 12:36
    armazenar carbono e decompor o metano.
  • 12:37 - 12:39
    E fizemo-lo,
  • 12:39 - 12:42
    sem usar o fogo danificador do solo,
  • 12:42 - 12:44
    e as plantas estavam livres para crescer.
  • 12:45 - 12:47
    Quando eu percebi
  • 12:47 - 12:50
    que não tínhamos opção como cientistas
  • 12:50 - 12:52
    a não ser usar o maldito gado
  • 12:52 - 12:57
    para responder à mudança climática
    e à desertificação,
  • 12:57 - 13:00
    enfrentei um grande dilema.
  • 13:00 - 13:02
    Como iríamos fazê-lo?
  • 13:02 - 13:06
    Tínhamos tido 10 000 anos de pastores
    extremamente conhecedores
  • 13:06 - 13:08
    agrupando e movendo os seus animais,
  • 13:08 - 13:12
    mas foram eles que criaram
    os grandes desertos do mundo.
  • 13:12 - 13:16
    Depois tivemos 100 anos
    de moderna ciência das chuvas,
  • 13:16 - 13:19
    e isso acelerou a desertificação,
  • 13:19 - 13:21
    como descobrimos primeiro em África
  • 13:21 - 13:24
    e confirmámos depois nos EUA,
  • 13:24 - 13:26
    como observam nesta imagem
  • 13:26 - 13:29
    de terra controlada pelo governo federal.
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    Claramente era necessário mais
  • 13:31 - 13:33
    do que agrupar e mover os animais,
  • 13:33 - 13:37
    e os seres humanos,
    ao longo de milhares de anos,
  • 13:37 - 13:41
    nunca foram capazes de lidar
    com a complexidade da Natureza.
  • 13:41 - 13:43
    Mas nós, biólogos e ecologistas,
  • 13:43 - 13:47
    nunca resolvemos um problema
    tão complexo como este.
  • 13:47 - 13:49
    Em vez de reinventar a roda,
  • 13:49 - 13:53
    comecei a estudar outras profissões
    para ver se alguém já o tinha feito.
  • 13:53 - 13:56
    E descobri que havia
    técnicas de planeamento
  • 13:56 - 13:59
    que podia adaptar
    às nossas necessidades biológicas.
  • 13:59 - 14:02
    A partir delas, desenvolvi o que chamamos
  • 14:02 - 14:06
    controlo holístico
    e pastoreio planificado,
  • 14:06 - 14:08
    um processo de planificação.
  • 14:08 - 14:11
    Isso visa toda a complexidade da Natureza
  • 14:11 - 14:16
    e a nossa complexidade social,
    ambiental e económica.
  • 14:16 - 14:19
    Temos hoje jovens como esta
  • 14:19 - 14:21
    a ensinar em aldeias em África
  • 14:21 - 14:24
    como colocar os animais
    em manadas maiores,
  • 14:24 - 14:27
    planear o pastoreio
    para simular a Natureza,
  • 14:27 - 14:31
    e onde guardar os animais à noite
  • 14:31 - 14:33
    — conduzimo-los num modo sem predadores,
  • 14:33 - 14:35
    porque temos muitas terras,
    e assim por diante —
  • 14:35 - 14:38
    e onde aplicam isto
    e os mantêm durante a noite
  • 14:38 - 14:40
    para preparar os campos de cultivo.
  • 14:40 - 14:43
    Estamos a obter também
    um grande aumento da produção agrícola.
  • 14:44 - 14:45
    Vejamos alguns resultados.
  • 14:45 - 14:49
    Este é um local adjacente
    às nossas terras no Zimbabué.
  • 14:50 - 14:53
    Passou agora por quatro meses
    de boas chuvas
  • 14:53 - 14:56
    e vai começar a época seca.
  • 14:56 - 15:00
    Mas como podem ver,
    quase toda aquela chuva,
  • 15:00 - 15:02
    evaporou-se da superfície do solo.
  • 15:03 - 15:06
    O rio está seco, mesmo
    tendo caído tanta chuva,
  • 15:06 - 15:10
    e temos aqui 150 000 pessoas
  • 15:10 - 15:13
    em ajuda alimentar quase permanente.
  • 15:14 - 15:18
    Vejamos a nossa terra
    ao lado, no mesmo dia,
  • 15:18 - 15:21
    com a mesma chuva, e observemos.
  • 15:21 - 15:24
    O nosso rio está transbordante,
    saudável e limpo.
  • 15:24 - 15:26
    Está ótimo.
  • 15:26 - 15:32
    A produção de ervas, arbustos,
    árvores, vida selvagem,
  • 15:32 - 15:34
    tudo está agora mais produtivo.
  • 15:34 - 15:38
    Não temos praticamente
    qualquer medo de anos de seca.
  • 15:39 - 15:44
    E conseguimo-lo aumentando
    o gado e as cabras
  • 15:44 - 15:46
    em 400 por cento,
  • 15:46 - 15:49
    planificando o pastoreio
    para simular a Natureza
  • 15:49 - 15:52
    e integrando-os com todos
    os elefantes, búfalos,
  • 15:52 - 15:55
    girafas e outros animais que temos.
  • 15:55 - 15:58
    Mas antes de começarmos,
    a nossa terra estava assim.
  • 16:01 - 16:06
    Este local estava nu
    e em erosão há mais de 30 anos,
  • 16:06 - 16:09
    caísse a chuva que caísse.
  • 16:09 - 16:12
    Observem a árvore marcada
    e vejam a diferença
  • 16:12 - 16:16
    ao usarmos o gado para simular a Natureza.
  • 16:16 - 16:18
    Este é outro local
  • 16:18 - 16:20
    que tinha ficado nu e sujeito a erosão.
  • 16:20 - 16:23
    Na base daquela pequena árvore marcada,
  • 16:23 - 16:26
    tínhamos perdido mais de 30 cm de solo.
  • 16:27 - 16:28
    Observem novamente a mudança
  • 16:28 - 16:32
    apenas usando gado a simular a Natureza.
  • 16:32 - 16:34
    Agora há lá árvores caídas,
  • 16:34 - 16:38
    porque a terra está melhor
    e atrai agora elefantes, etc.
  • 16:39 - 16:42
    Esta terra no México estava
    em condições terríveis.
  • 16:42 - 16:44
    Tive de marcar o monte
  • 16:44 - 16:48
    porque a mudança é muito profunda.
  • 16:49 - 16:52
    (Aplausos)
  • 16:56 - 17:01
    Comecei a ajudar uma família
    no Deserto de Karoo, nos anos 70,
  • 17:01 - 17:04
    a tornar o deserto que veem aqui à direita
  • 17:04 - 17:06
    de novo em pradaria.
  • 17:06 - 17:09
    Felizmente os seus netos
    vivem nestas terras
  • 17:09 - 17:11
    com esperança no futuro.
  • 17:11 - 17:14
    Vejam ainda a surpreendente
    mudança nesta aqui
  • 17:14 - 17:17
    onde aquele ribeiro
    recuperou completamente
  • 17:17 - 17:21
    usando nada mais que gado
    simulando a Natureza.
  • 17:21 - 17:25
    De novo, temos a terceira
    geração daquela família
  • 17:25 - 17:29
    naquelas terras com a bandeira hasteada.
  • 17:29 - 17:31
    As vastas pradarias da Patagónia
  • 17:31 - 17:33
    estão a desertificar, como observam aqui.
  • 17:33 - 17:37
    O homem no meio
    é um investigador argentino,
  • 17:37 - 17:40
    que documentou o declínio constante
    daquelas terras,
  • 17:40 - 17:43
    ao longo dos anos, enquanto
    reduziam o número de ovelhas.
  • 17:44 - 17:49
    Puseram 25 000 ovelhas num rebanho,
  • 17:49 - 17:53
    simulando realmente a Natureza
    com pastoreio planeado,
  • 17:53 - 17:57
    e documentaram um aumento de 50%
  • 17:57 - 18:00
    na produção da terra no primeiro ano.
  • 18:00 - 18:03
    Vemos agora os violentos pastores
    do Corno de África
  • 18:03 - 18:07
    planificando os pastoreios
    para simular a Natureza
  • 18:07 - 18:10
    e dizendo abertamente
    ser a sua única esperança
  • 18:10 - 18:13
    de salvar as suas famílias
    e a sua cultura.
  • 18:13 - 18:15
    Noventa e cinco por cento daquela terra
  • 18:15 - 18:19
    apenas alimenta os seres humanos
    através dos animais.
  • 18:19 - 18:21
    Lembro-vos que falo
  • 18:21 - 18:25
    da maioria das terras do mundo
    que controlam o nosso destino,
  • 18:25 - 18:28
    incluindo a mais violenta região do mundo,
  • 18:28 - 18:32
    onde apenas os animais
    servem de alimento aos seres humanos
  • 18:32 - 18:35
    de cerca de 95% da terra.
  • 18:35 - 18:40
    Penso que, globalmente, estamos
    a causar a alteração climática,
  • 18:40 - 18:43
    tanto como os combustíveis fósseis,
  • 18:43 - 18:47
    e talvez mais que os combustíveis fósseis.
  • 18:47 - 18:51
    Mas pior ainda,
    estamos a causar fome, pobreza,
  • 18:51 - 18:54
    violência, colapso social e guerra.
  • 18:54 - 18:56
    E enquanto estou aqui a falar convosco,
  • 18:56 - 18:59
    milhões de homens, mulheres e crianças
  • 18:59 - 19:01
    estão a sofrer e morrer.
  • 19:02 - 19:05
    Se isto continuar,
  • 19:05 - 19:08
    é improvável que sejamos capazes
    de travar a alteração climática
  • 19:08 - 19:12
    mesmo depois de eliminarmos
    o consumo de combustíveis fósseis.
  • 19:13 - 19:17
    Acredito que vos mostrei como podemos
    trabalhar com a Natureza
  • 19:17 - 19:20
    a muito baixo custo
  • 19:20 - 19:22
    para inverter tudo isto.
  • 19:22 - 19:25
    Estamos já a fazê-lo
  • 19:25 - 19:29
    em cerca de 15 milhões de hectares
  • 19:29 - 19:31
    em cinco continentes.
  • 19:31 - 19:33
    As pessoas que compreendem
  • 19:33 - 19:36
    muito mais de carbono do que eu
  • 19:36 - 19:38
    calculam que, para efeitos ilustrativos,
  • 19:38 - 19:41
    se fizermos o que aqui mostrei,
  • 19:41 - 19:45
    podemos retirar suficiente
    carbono da atmosfera
  • 19:45 - 19:48
    e restaurá-lo seguramente
    ao solo das pradarias
  • 19:48 - 19:50
    durante milhares de anos.
  • 19:50 - 19:55
    Se o fizermos em apenas metade
    das pradarias do mundo
  • 19:55 - 19:57
    como vos mostrei,
  • 19:57 - 20:00
    podemos chegar a níveis pré-industriais,
  • 20:00 - 20:02
    enquanto alimentamos as pessoas.
  • 20:02 - 20:05
    Não consigo pensar em mais nada
  • 20:05 - 20:08
    que ofereça mais esperança
    ao nosso planeta,
  • 20:08 - 20:10
    às nossas crianças,
  • 20:10 - 20:13
    e às crianças de toda a Humanidade.
  • 20:13 - 20:14
    Obrigado.
  • 20:15 - 20:18
    (Aplausos)
  • 20:38 - 20:40
    Obrigado, Chris.
  • 20:40 - 20:42
    Chris Anderson: Obrigado.
  • 20:42 - 20:45
    De certeza que todos temos
  • 20:45 - 20:48
    a) cem perguntas,
    b) vontade de abraçar-te.
  • 20:49 - 20:51
    Farei apenas uma pergunta rápida.
  • 20:51 - 20:54
    Quando começas isto e reúnes
    um rebanho de animais, é num deserto.
  • 20:54 - 20:58
    O que comem? Como funciona essa parte?
    Como começas?
  • 20:58 - 21:00
    Allan Savory: Fazemos isto há algum tempo,
  • 21:00 - 21:03
    e a única vez que tivemos
    de fornecer qualquer alimento
  • 21:03 - 21:06
    foi na reabilitação de minas,
  • 21:06 - 21:08
    onde está 100% nu.
  • 21:08 - 21:12
    Mas há muitos anos, pegámos
    na pior terra do Zimbabué,
  • 21:12 - 21:15
    e eu oferecia uma nota de 5 libras.
  • 21:15 - 21:17
    ao longo de 100 milhas.
  • 21:17 - 21:20
    a alguém que encontrasse uma erva
  • 21:20 - 21:22
    ao longo de 100 milhas.
  • 21:22 - 21:24
    Aí, triplicámos a taxa de ocupação,
  • 21:24 - 21:28
    o número de animais, no primeiro ano,
    sem fornecer qualquer alimento,
  • 21:28 - 21:31
    apenas pelo seu movimento,
    simulando a Natureza,
  • 21:31 - 21:35
    e usando uma curva sigmoide,
    é esse o princípio.
  • 21:35 - 21:38
    É um pouco técnico para explicar aqui.
  • 21:38 - 21:41
    CA: É uma ideia interessante e importante.
  • 21:41 - 21:44
    As melhores pessoas do nosso blogue
    virão falar contigo.
  • 21:44 - 21:46
    Quero saber mais sobre isto
  • 21:46 - 21:49
    que poderíamos partilhar
    mais desta conversa.
  • 21:49 - 21:52
    Foi uma palestra espantosa,
    realmente espantosa.
  • 21:52 - 21:55
    Penso que ouviste que te apoiamos
    no teu caminho.
  • 21:55 - 21:58
    Muito obrigado.
    AS: Obrigado, Chris.
  • 21:58 - 21:59
    (Aplausos)
Title:
Como tornar os desertos verdes e inverter a alteração climática
Speaker:
Allan Savory
Description:

“Desertificação é um eufemismo para designar terra que se transforma em deserto", começa Allan Savory na sua conversa, poderosamente pausada. Assustadoramente, ocorre em dois terços das pradarias, acelerando a alteração climática e provocando o caos social nas sociedades pastorícias tradicionais. Savory dedicou a vida a travá-la. Ele acredita — e o seu trabalho mostra-o — que um fator surpreendente pode proteger as pradarias e reclamar terras degradadas desérticas.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
22:19

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