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Duas das minhas pessoas preferidas da história.
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Meu pai fica chateado porque eles não ensinam ciência mais nas escolas públicas,
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e isso se dá principalmente porque a direita conservadora não suporta a ideia da evolução.
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Minha mãe fica chateada porque eles não ensinam mais história
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e minha irmã lamenta muito porque não se estuda mais arte no sistema escolar.
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Mas eu, eu fico tipo, "eles simplesmente não ensinam mais revolução nessas escolas públicas."
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[risos] Tenho razão, certo?
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Então, essa é a educação política básica que, na verdade, nós todos deveríamos ter tido, mas nenhum de nós realmente teve.
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E eu vou começar aqui com os liberais e os radicais porque eu acho que essa é a divisão principal.
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Eu acho que isso é importante porque muitas vezes nas nossas amizades, nas nossas redes ativistas e até mesmo nos nossos grupos,
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e em movimentos mais amplos, existem essas tensões que podem ser realmente dolorosas e profundas
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e muitas vezes elas se resumem à diferença entre liberais e radicais.
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Eu, no final das contas, não me importo com qual lado você vai decidir ficar.
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Você precisa descobrir qual visão de mundo descreve o mundo como você o conhece
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(e isso depende de você, de verdade).
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Mas isso de fato ajuda a entender de onde essas diferentes perspectivas estão vindo, porque aí quando você estiver tendo estes conflitos, de repente
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você pensa "certo, isto é liberal e eu sou radical, e é por isso que nunca vamos chegar a um consenso", porque essas são diferenças profundas, politicamente.
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Não significa que não possamos trabalhar juntos, muitas coligações precisam acontecer.
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Quero dizer, não estou tentando demonizar ninguém aqui, mas estas são diferentes posições que pessoas podem ter através do espectro.
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Eu poderia dizer que a divisão principal entre liberais e radicais é o individualismo.
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Liberais acreditam que a sociedade é feita de indivíduos. Essa é a unidade social básica.
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Na verdade, o individualismo é tão sagrado que, nessa visão, ser identificado como um membro de um grupo é visto como uma afronta. Esse é o insulto.
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Totalmente diferente para os radicais, do outro lado da tabela.
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A sociedade não é feita de indivíduos, é feita de grupos de pessoas.
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Na versão original de Marx, isso era a classe, era a classe econômica. Essa é a dívida que todos os radicais devem ao Karl Marx. Não importa se você é marxista ou não.
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Ele descobriu isso. São grupos de pessoas, e alguns grupos possuem poder sobre outros grupos. É disso que a sociedade é feita.
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No entendimento dos radicais, ser membro de um grupo não é um insulto. Na verdade, é o passo primário que você precisa dar:
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Chegar a uma consciência radical e, em seguida, ter uma ação política efetiva. Você precisa se identificar como membro deste grupo.
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Você precisa de uma causa comum com as pessoas que compartilham da sua condição. É assim que uma mudança política acontece.
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Essa é uma abordagem tão ativa quanto crítica da identidade deste grupo.
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Nós, radicais, somos acusados o tempo inteiro de criar essa "identidade vitimista", mas não é bem isso.
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Nós somos mais do que eles fizeram com a gente, e nós temos poder de ação.
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Mas nós temos que reconhecer que há poder no mundo e que nós somos afetados.
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A outra grande divisão está entre a natureza da realidade social. O liberalismo é o que se chama de "idealista".
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A realidade social, para eles, é feita de atitudes, de ideias. É uma fenômeno mental.
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E, portanto, mudanças sociais acontecem através da educação. Através da mudança no pensamento das pessoas.
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O materialismo, em oposição, no lado radical: a sociedade é organizada por sistemas concretos de poder, não por pensamentos ou ideias. Por instituições materiais.
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E a solução para a opressão é derrubar esses sistemas tijolo por tijolo.
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Então, os liberais vão dizer "nós temos que educar, educar, educar", e os radicais vão dizer "na verdade, nós temos que pará-los".
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Movimentos políticos precisam de educação. Este é um evento educacional, e aqui nós estamos.
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E você precisa de proselitismo ativo, e os opressores precisam de mecanismos para entender a opressão política, de conscientização.
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Isso tudo é profundamente importante.
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Mas para os radicais apenas, isso não muda a realidade social. Porque o mundo não é um estado interno. Não é um estado mental.
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O ponto da educação é construir um movimento que possa derrubar essas estruturas opressivas e trazer algum tipo de justiça.
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Se você remover o poder da equação, a opressão parece tão natural quanto voluntária.
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Se você não enxergar que essas pessoas são formadas por essas condições sociais, como você vai explicar a subordinação?
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Bom, ou essas pessoas não são humanas, então são naturalmente diferente de nós – por isso não são subordinadas,
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ou elas estão se voluntariando de alguma forma a ser subordinadas. Essas são as opções que te restam.
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Por exemplo, raça e gênero são vistos como biológicos. Esses deveriam ser fisicamente reais. Bom eles não são. Eles são politicamente reais, OK?
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É a subordinação brutal e viciosa que cria essas coisas. Mas é ideológico, e é a ideologia dos poderosos que diz que é biológico.
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Eles fazem essa afirmação de que isso é biológico, porque como você vai lutar contra deus ou contra a natureza ou contra 4 milhões de anos de evolução? Você não vai, certo?
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Então, sim, existem diferenças físicas entre pessoas que são do nordeste da Europa e pessoas que vivem no equador, assim como existem diferenças entre machos e fêmeas.
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Mas essas diferenças apenas existem porque o poder precisa que elas existam. É o poder que cria a ideologia, e é uma combinação brutal e corrupta de poder.
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Estes são os sistemas injustos que nós vamos ter que desmantelar, e essas são as categorias sociais que nós vamos ter que destruir.
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Assim como o naturalismo opera a serviço do poder, o voluntarismo também.
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Se você não vai seguir a rota biológica, tudo o que nos resta é o voluntarismo como conceito.
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Isso é algo que os liberais não entendem. Com o poder removido da equação, se parecer voluntário, você vai apagar o fato de que é subordinação social.
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Então aqui está Florynce Kennedy, "Não tem como haver sistema de opressão penetrante sem o consentimento dos oprimidos".
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90% de qualquer opressão é consensual. É assim que funciona. Não significa que seja sua culpa, não significa que nós sejamos responsáveis,
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não significa que ela vai se desmoronar de algum jeito se nós retirarmos nosso consentimento.
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Significa que os poderosos – os capitalistas, os supremacistas brancos, os masculinistas, quem for – não podem se estender contra um vasto número de pessoas com armas 24h por dia.
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Felizmente para eles, lamentavelmente para nós, eles não precisam.