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O que é invisível? Mais do que pensam — John Lloyd

  • 0:14 - 0:16
    [Música]
  • 0:21 - 0:23
    [Feira Popular do Ted e do Ed
  • 0:23 - 0:24
    [aberta todos os dias]
  • 0:24 - 0:27
    ["O Inventário do Invisível",
    de John Lloyd]
  • 0:39 - 0:41
    [Adaptado a partir
    de uma palestra TED]
  • 0:41 - 0:43
    O próximo orador
    tem passado toda a carreira
  • 0:43 - 0:45
    a suscitar uma sensação de espanto.
  • 0:45 - 0:46
    Por favor, recebam o John Lloyd.
  • 0:46 - 0:48
    (Aplausos)
  • 0:48 - 0:50
    [Sala dos Espelhos]
  • 0:51 - 0:53
    A questão é: o que é invisível?
  • 0:53 - 0:55
    Há mais do que julgam, na verdade.
  • 0:56 - 0:59
    Tudo, diria eu — tudo o que é importante —
  • 0:59 - 1:02
    exceto todas as coisas e exceto a matéria.
  • 1:03 - 1:04
    Podemos ver a matéria,
  • 1:04 - 1:07
    mas não podemos ver o que é a matéria.
  • 1:07 - 1:12
    Vemos as estrelas e os planetas,
    mas não vemos o que os mantém afastados
  • 1:12 - 1:14
    ou o que os mantém juntos.
  • 1:14 - 1:18
    Com a matéria, tal como com as pessoas,
    só vemos a superfície das coisas,
  • 1:18 - 1:21
    não vemos a casa das máquinas,
    não vemos o que motiva as pessoas,
  • 1:21 - 1:22
    pelo menos, não sem dificuldade
  • 1:22 - 1:25
    e, quanto mais de perto
    olhamos para alguma coisa,
  • 1:25 - 1:26
    mais ela desaparece.
  • 1:26 - 1:28
    De facto, se olharmos
    de perto para as coisas,
  • 1:28 - 1:32
    se olharmos para a infraestrutura básica
    da matéria, não há lá nada.
  • 1:32 - 1:35
    Os eletrões desaparecem,
    numa espécie de penugem, e só há energia.
  • 1:35 - 1:37
    Uma das coisas interessantes
    da invisibilidade
  • 1:37 - 1:41
    é que aquilo que não conseguimos ver
    também não conseguimos compreender.
  • 1:41 - 1:45
    A gravidade é uma coisa que não
    conseguimos ver e que não compreendemos.
  • 1:45 - 1:48
    É a menos compreendida de todas as
    quatro forças fundamentais e a mais fraca.
  • 1:48 - 1:51
    e ninguém sabe verdadeiramente
    o que é ou porque é que existe.
  • 1:51 - 1:55
    Para que conste, Sir Isaac Newton,
    o maior cientista que já viveu,
  • 1:55 - 1:57
    pensava que Jesus viera
    à Terra especificamente
  • 1:57 - 1:59
    para manobrar as alavancas da gravidade.
  • 1:59 - 2:01
    Pensava que ele tinha vindo cá fazer.
  • 2:01 - 2:05
    Um tipo brilhante, talvez esteja enganado
    a esse respeito, não sei.
  • 2:05 - 2:09
    A consciência. Vejo os vossos rostos
    mas não tenho ideia do que estão a pensar.
  • 2:10 - 2:13
    Não é espantoso? É incrível que
    não consigamos ler a mente uns dos outros,
  • 2:13 - 2:15
    quando nos podemos
    tocar, saborear talvez,
  • 2:15 - 2:19
    se nos aproximarmos, mas não podemos
    ler a mente uns dos outros.
  • 2:19 - 2:21
    Eu acho isso muito surpreendente.
  • 2:21 - 2:24
    Na fé Sufi, essa grande religião
    do Médio Oriente
  • 2:24 - 2:27
    que alguns dizem ser
    a origem de todas as religiões,
  • 2:27 - 2:31
    os mestres Sufi são todos telepatas,
    é o que eles dizem,
  • 2:31 - 2:33
    mas o seu principal
    exercício de telepatia
  • 2:33 - 2:37
    é enviar-nos sinais poderosos
    de que ela não existe.
  • 2:38 - 2:40
    É por isso que achamos
    que ela não existe;
  • 2:40 - 2:42
    são os mestres Sufi a trabalhar sobre nós.
  • 2:42 - 2:45
    Na questão da consciência
    e da inteligência artificial
  • 2:45 - 2:48
    a inteligência artificial,
    tal como o estudo da consciência,
  • 2:48 - 2:52
    não chegou a lado algum, não fazemos
    ideia de como funciona a consciência.
  • 2:52 - 2:54
    Não só não criámos
    a inteligência artificial,
  • 2:54 - 2:56
    como ainda não criámos
    a estupidez artificial.
  • 2:57 - 2:58
    (Risos)
  • 2:58 - 3:02
    As leis da física: invisíveis, eternas,
    omnipresentes, todo-poderosas.
  • 3:02 - 3:04
    Recordam-vos de alguém?
  • 3:04 - 3:08
    Interessante. Eu não sou um materialista,
    sou um imaterialista.
  • 3:09 - 3:12
    E encontrei uma nova palavra muito útil --
    ignóstico. Ok?
  • 3:12 - 3:13
    Sou um ignóstico,
  • 3:13 - 3:16
    Recuso-me a ser arrastado
    para a questão sobre se Deus existe
  • 3:16 - 3:18
    até que alguém defina
    adequadamente os termos.
  • 3:18 - 3:21
    Outra coisa que não conseguimos
    ver é o genoma humano.
  • 3:21 - 3:26
    Isto é cada vez mais estranho,
    porque há cerca de 20 anos,
  • 3:26 - 3:29
    quando começaram a pesquisar o genoma,
  • 3:29 - 3:31
    pensaram que, provavelmente,
    continha uns 100 mil genes.
  • 3:32 - 3:35
    Todos os anos, desde então,
    tem sido revisto para baixo.
  • 3:35 - 3:38
    Pensamos agora que é provável
    que existam pouco mais de 20 mil genes
  • 3:38 - 3:40
    no genoma humano.
  • 3:40 - 3:42
    Isto é extraordinário, porque o arroz
    — ouçam isto —
  • 3:43 - 3:46
    sabe-se que o arroz tem 38 mil genes.
  • 3:46 - 3:50
    As batatas têm 48 cromossomas,
    mais dois do que as pessoas
  • 3:51 - 3:53
    e os mesmos que um gorila.
  • 3:53 - 3:55
    (Risos)
  • 3:55 - 3:58
    Não conseguimos ver estas coisas,
    mas elas são muito estranhas.
  • 3:58 - 4:01
    As estrelas de dia, acho
    sempre isso fascinante.
  • 4:01 - 4:05
    O universo desaparece.
    Quanto mais luz há, menos conseguimos ver.
  • 4:06 - 4:08
    O tempo. Ninguém consegue ver o tempo.
  • 4:08 - 4:13
    Não sei se sabem isto. Os físicos modernos
    — há um grande movimento na física moderna
  • 4:13 - 4:14
    para decidir que o tempo não existe,
  • 4:14 - 4:17
    porque é demasiado inconveniente
    para os números.
  • 4:17 - 4:19
    É muito mais fácil
    se ele não existir realmente.
  • 4:19 - 4:21
    Não podemos ver o futuro, obviamente
  • 4:21 - 4:24
    e não conseguimos ver o passado,
    exceto na nossa memória.
  • 4:24 - 4:28
    Uma das coisas interessantes
    sobre o passado é não o podermos ver.
  • 4:28 - 4:30
    O meu filho perguntou-me
    isto no outro dia:
  • 4:30 - 4:32
    Pai, lembras-te como eu era
    quando tinha dois anos?
  • 4:32 - 4:35
    Eu disse que sim. E ele:
    Porque é que eu não consigo?
  • 4:35 - 4:36
    Não é extraordinário?
  • 4:36 - 4:39
    Não nos lembramos do nada
    antes dos dois ou três anos.
  • 4:39 - 4:43
    O que é ótimo para os psicanalistas,
    pois, de contrário, ficariam sem emprego.
  • 4:43 - 4:45
    Porque é quando tudo acontece...
  • 4:45 - 4:47
    (Risos)
  • 4:48 - 4:50
    ...e que faz de vocês aquilo que são.
  • 4:51 - 4:54
    Outra coisa que não vemos
    é a grelha em que estamos pendurados.
  • 4:54 - 4:58
    Isto é fascinante. Vocês devem saber
    que as células renovam-se continuamente.
  • 4:58 - 5:02
    A pele descama, o cabelo cresce,
    as unhas, esse tipo de coisas,
  • 5:02 - 5:05
    mas cada célula no nosso corpo
    acaba por ser substituída.
  • 5:05 - 5:07
    As papilas gustativas, de 10 em 10 dias,
    mais ou menos.
  • 5:08 - 5:10
    O fígado e os órgãos internos
    demoram um pouco mais.
  • 5:10 - 5:12
    A coluna leva vários anos.
  • 5:12 - 5:15
    Mas ao fim de sete anos, não resta
    uma única célula do nosso corpo
  • 5:15 - 5:18
    que existia há sete anos antes.
  • 5:18 - 5:21
    A questão é: Quem somos nós, então?
    O que somos?
  • 5:21 - 5:23
    O que é esta coisa a que nos agarramos?
  • 5:23 - 5:25
    que, de facto, somos nós.
  • 5:25 - 5:28
    Não conseguimos ver os átomos.
    Ninguém nunca conseguirá.
  • 5:28 - 5:31
    São mais pequenos do que
    o comprimento de onda da luz.
  • 5:31 - 5:34
    Não vemos o gás. Interessante,
    alguém falou em 1600, recentemente.
  • 5:34 - 5:38
    O gás foi inventado em 1600, por um
    químico holandês chamado Van Helmont.
  • 5:38 - 5:42
    Diz-se ser a invenção de uma palavra
    mais bem conseguida de sempre
  • 5:42 - 5:44
    por um indivíduo conhecido.
  • 5:44 - 5:49
    Muito bom. Também inventou uma palavra
    chamada blas, para radiação astral.
  • 5:49 - 5:51
    Infelizmente, não pegou.
  • 5:51 - 5:52
    (Risos)
  • 5:53 - 5:54
    Mas parabéns para ele.
  • 5:54 - 5:56
    A luz -- não se consegue ver a luz.
  • 5:56 - 5:57
    Quando está escuro, num vácuo,
  • 5:57 - 6:01
    se uma pessoa vos lançar um raio de luz
    mesmo nos olhos, não o verão.
  • 6:01 - 6:04
    Algo técnico.
    Alguns físicos discordarão disto.
  • 6:04 - 6:06
    Mas é estranho não podermos
    ver o raio de luz,
  • 6:06 - 6:08
    só podermos ver onde é que ele incide.
  • 6:08 - 6:10
    Não conseguimos ver a eletricidade.
  • 6:10 - 6:13
    Se alguém vos disser que percebe
    a eletricidade, não acreditem.
  • 6:13 - 6:14
    Ninguém sabe o que é.
  • 6:14 - 6:18
    Provavelmente pensam, num fio elétrico,
    os eletrões deslizam instantaneamente,
  • 6:18 - 6:21
    pelo fio abaixo, à velocidade da luz,
    quando vocês acendem a luz.
  • 6:21 - 6:24
    Não deslizam. Dizem que os eletrões
    descem aos tropeções pelo fio,
  • 6:24 - 6:27
    mais ou menos à velocidade
    com que o mel se espalha.
  • 6:27 - 6:31
    As galáxias -- cem mil milhões delas,
    estimadas no universo.
  • 6:31 - 6:33
    Quantas conseguimos ver? Cinco.
  • 6:33 - 6:36
    Cinco, a olho nu, entre
    os cem mil milhões de galáxias.
  • 6:36 - 6:40
    E uma delas é bastante difícil de se ver,
    a menos que tenham uma visão muito boa.
  • 6:40 - 6:42
    As ondas de rádio. Cá está outra coisa.
  • 6:42 - 6:45
    Heinrich Hertz quando descobriu
    as ondas de rádio, em 1887,
  • 6:45 - 6:47
    chamou-lhes "ondas de rádio",
    porque elas irradiavam.
  • 6:47 - 6:49
    Alguém lhe disse:
    "Para que servem, Heinrich?
  • 6:49 - 6:52
    "Qual é o objetivo destas ondas de rádio
    que descobriste?"
  • 6:52 - 6:56
    E ele disse: "Não faço ideia, mas acho
    que alguém lhes dará uso, um dia".
  • 6:56 - 7:00
    A maior coisa que é invisível
    para nós é aquilo que não sabemos.
  • 7:00 - 7:03
    É incrível o quão pouco sabemos.
  • 7:03 - 7:04
    Thomas Edison disse um ia:
  • 7:04 - 7:08
    "Não sabemos 1% de
    um milionésimo de nada".
  • 7:09 - 7:12
    E eu cheguei à conclusão — porque vocês
    perguntaram:
  • 7:12 - 7:15
    "Qual é a outra coisa
    que não conseguimos ver?"
  • 7:15 - 7:17
    O ponto, a maioria de nós. Qual é o ponto?
  • 7:17 - 7:22
    O ponto a que cheguei, é que só há
    duas perguntas que merecem ser feitas:
  • 7:22 - 7:25
    Porque é que estamos aqui e o que devemos
    fazer, enquanto aqui estamos?
  • 7:25 - 7:29
    Para vos ajudar, deixo-vos duas coisas
    de dois grandes filósofos,
  • 7:29 - 7:32
    talvez dois dos maiores filósofos
    pensadores do século XX.
  • 7:32 - 7:35
    Um, um matemático e engenheiro
    e o outro, um poeta.
  • 7:36 - 7:39
    O primeiro é Ludwig Wittgenstein,
    que disse:
  • 7:39 - 7:41
    "Não sei porque é que estamos aqui,
  • 7:41 - 7:45
    "mas tenho a certeza
    de que não é para nos divertirmos".
  • 7:45 - 7:47
    Ele era um filho da mãe
    divertido, não era?
  • 7:47 - 7:48
    (Risos)
  • 7:49 - 7:52
    E, em segundo lugar
    e por último, W.H. Auden,
  • 7:52 - 7:54
    um dos meus poetas preferidos:
  • 7:54 - 7:58
    "Estamos aqui na Terra
    para ajudar os outros.
  • 7:59 - 8:02
    "Não faço ideia porque é
    que os outros estão aqui".
  • 8:02 - 8:04
    (Risos)
  • 8:04 - 8:06
    (Aplausos)
  • 8:07 - 8:09
    [Tire aqui a sua foto de recordação!
  • 8:09 - 8:11
    [Continue a sua viagem ao desconhecido!]
Title:
O que é invisível? Mais do que pensam — John Lloyd
Speaker:
John Lloyd
Description:

Vejam a lição completa em ed.ted.com http://ed.ted.com/lessons/what-s-invisible-more-than-you-think-john-lloyd

A gravidade. As estrelas, de dia. Os pensamentos. O genoma humano. O tempo. Os átomos. Muito do que é verdadeiramente importante no mundo é impossível ver. Uma animação deslumbrante da clássica palestra TED de 2009, de John Lloyd, que vos fará questionar aquilo que conhecem, de facto.

Lição de John Lloyd, animação de Cognitive Media.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
08:48

Portuguese subtitles

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