A telecinesia é real? - Emma Bryce

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Telecinesia, a capacidade de manipular matéria usando apenas a mente, é uma habilidade possuída por alguns dos mais icônicos personagens de ficção, incluindo Neo, Yoda, e, claro, Carrie. Mas será que esse controle mental é possível na vida real? Emma Bryce submete a telecinesia ao método científico.

Aula de Emma Bryce, animação de Delphine Burrus

Quando a infame personagem de ficção,

Carrie White, deixou o salão
de formatura da escola em chamas

e levou o terror à sua cidade,

ela se valeu do seu poder de telecinesia,

a capacidade de manipular objetos físicos
usando apenas o poder da mente.

Mas mesmo Carrie sendo apenas um filme
de ficção baseado em um livro de ficção,

a crença na telecinesia
não é ficcional de forma alguma.

Por séculos, humanos declaram
que realmente têm realmente o poder

de controlar o movimento de objetos
usando apenas suas mentes.

A levitação, a abertura de portas,
e o entortamento de colheres

são todos exemplos intrigantes.

Isso acontece em Matrix quando Neo
congela projéteis em pleno ar,

e é uma habilidade que
Yoda levou à perfeição.

Será que a telecinesia existe

ou é apenas uma ficção como
Carrie, Yoda e Neo?

Para investigar, precisamos avaliar
as alegações da telecinesia

através de lentes científicas,
usando o método científico.

A telecinesia é parte da disciplina
chamada parapsicologia,

na qual os pesquisadores estudam
fenômenos psíquicos.

Os parapsicólogos consideram
ser ciência o que fazem,

mas outros cientistas discordam.

Comecemos com algumas observações básicas.

Observação nº 1:

Embora existam muitos relatos sobre
telecinesia,

não há qualquer prova científica
de que ela exista;

nenhum estudo feito de acordo
com o método científico

e repetido em condições de laboratório
que possam demonstrar que ela exista.

Na década de 1930, o chamado pai
da parapsicologia, Joseph Banks Rhine,

testou no laboratório se as pessoas
podiam usar a telecinesia

para fazer com que dados dessem os números
que elas queriam.

Mas os cientistas não conseguiram
reproduzir esses resultados,

e já que a reprodução é chave
para se provar uma ideia,

isso foi um problema.

Fora os cientistas,

há também incontáveis
telecinéticos autoproclamados,

mas todos foram desmascarados
como vigaristas,

ou não puderam atuar sob condições
das quais não tinham o controle total,

sugerindo que eles manipulavam a situação
para obter os resultados que desejavam.

Hoje, há um grande prêmio em dinheiro
oferecido por muitas organizações

para quem conseguir provar que

capacidades psíquicas,
como a telecinesia, são reais.

Mas essas fortunas
ainda não foram reclamadas.

Observação nº 2:

Quando se investiga a telecinesia,

não há um consenso sobre
o que exatamente está sendo medido.

Serão ondas cerebrais poderosas,
como as do Yoda?

Como ninguém chega a um acordo, é difícil
aplicar um padrão de pesquisa,

algo necessário em
todos os outros tipos de ciência

para testar a validade de ideias.

Observação nº 3:

O objetivo da ciência é
descobrir o desconhecido,

e na história da investigação científica,

seguramente aconteceu

que novas descobertas
iam contra a ciência estabelecida,

e até subvertiam
ramos inteiros da ciência.

Essas descobertas devem ser
provadas com um cuidado extra

para enfrentar o ceticismo.

No caso da telecinesia,

a ideia vai contra a ciência estabelecida,

mas falta-lhe a poderosa
evidência a seu favor.

O universo é controlado e explicado
pelas leis da física,

e uma dessas leis nos diz que as ondas
cerebrais não podem controlar objetos

porque elas não tem força
nem alcance suficientes

para influenciar algo que esteja
fora do nosso crânio.

Os físicos também nos contam
que as únicas forças

que podem afetar objetos distantes

são as magnéticas e as gravitacionais.

Provavelmente a coisa mais próxima
da telecinesia que a ciência pode explicar

é o uso de pensamentos
para controlar um braço robótico.

No cérebro de pacientes com AVC
que não podem se mover,

os pesquisadores podem implantar
pequenos fios

na região que controla o movimento,
e depois treinam o paciente

para se concentrar em mover
um braço robótico,

que age como uma extensão
de sua própria mente; e funciona.

É notável, mas não é telecinesia.

Os pensamentos do paciente não são
coisas vagas e indetectáveis.

Eles são sinais mentais mensuráveis,

traduzidos pelos fios para um robô.

A ciência pode medir, testar
e explicar o movimento,

e é assim que foi demonstrado que
essa tipo de controle mental é real.

A ciência é um processo lento de acumular

a evidência que apoia
ou se opõe a uma ideia.

Quando empilhamos evidências,

podemos ver qual das torres
fica mais alta.

No caso da telecinesia a torre mais alta
não é a que mostra a sua existência.

Alguns afirmam que esse fenômeno místico
não se encaixa nos limites da ciência,

e não há problemas nisso.

Mas então a telecinesia torna-se puramente
uma questão de convicção pessoal.

Se algo não pode ser
abordado cientificamente,

então ele não pode ser descrito
como sendo científico.

Os resultados da nossa investigação

revelam que, por mais que
desejemos acreditar

que a força está de fato dentro de nós,

as evidências a favor da telecinesia
continuam fracas.

Desculpem Neo, Carrie e Yoda.

Suas habilidades são alucinantes,
mas, por enquanto, são coisas de cinema.