Não merecemos todos uma oportunidade para uma boa vida?
-
0:01 - 0:02Eu quero partilhar com vocês
-
0:02 - 0:05o que tenho vivido nos últimos cinco anos
-
0:06 - 0:07tendo o privilégio de viajar
-
0:07 - 0:10para muitos dos países
mais pobres do mundo. -
0:10 - 0:13Este cenário é um que vejo
constantemente, por toda a parte. -
0:14 - 0:17Estas crianças estão a olhar
para um Smartphone. -
0:17 - 0:21O Smartphone tem um enorme impacto
mesmo nos países mais pobres. -
0:21 - 0:23Eu disse à minha equipa:
-
0:23 - 0:26"O que eu vejo é um aumento
nas aspirações em todo o mundo". -
0:27 - 0:30De facto, parece-me que há
uma convergência de aspirações -
0:31 - 0:34e pedi a uma equipa de economistas
para analisar isto. -
0:34 - 0:36Será verdade?
-
0:36 - 0:39Estão as aspirações
a convergir em todo o mundo? -
0:39 - 0:43Eles analisaram inquéritos da Gallup
sobre a satisfação com a vida -
0:43 - 0:47e concluíram que,
se tiverem acesso à Internet, -
0:47 - 0:49a vossa satisfação aumenta.
-
0:49 - 0:52Mas acontece outra coisa muito importante:
-
0:52 - 0:54o vosso ordenado de referência,
-
0:54 - 0:57aquele que comparam com o vosso,
-
0:57 - 0:58também aumenta.
-
0:58 - 1:02No entanto, se o ordenado
de referência nacional, por exemplo, -
1:02 - 1:03aumentar em 10%,
-
1:03 - 1:06ao compararem esse ordenado
com o exterior, -
1:06 - 1:08em média,
-
1:08 - 1:11o ordenado dessas pessoas
tem que aumentar pelo menos 5% -
1:11 - 1:13para manter o mesmo nível de satisfação.
-
1:13 - 1:17Mas quando observamos os percentis
de ordenados mais baixos, -
1:17 - 1:19esses têm que aumentar muito mais.
-
1:20 - 1:22Se o ordenado de referência aumentar 10%,
-
1:22 - 1:24ele tem que aumentar cerca de 20%.
-
1:24 - 1:26Com este aumento das aspirações,
-
1:26 - 1:28a questão fundamental é:
-
1:28 - 1:29Será que vamos ter uma situação
-
1:29 - 1:32em que as aspirações
estão ligadas às oportunidades -
1:32 - 1:35e ganhamos dinamismo
e crescimento económico -
1:35 - 1:39como o que aconteceu
no país onde nasci, a Coreia? -
1:39 - 1:43Ou será que as aspirações
vão resultar em frustração? -
1:44 - 1:48Esta é uma preocupação real,
visto que, entre 2012 e 2015, -
1:48 - 1:52os incidentes terroristas
aumentaram em 74%. -
1:52 - 1:55O número de mortes resultantes
de terrorismo aumentou em 150%. -
1:56 - 1:58Neste momento,
dois mil milhões de pessoas -
1:58 - 2:00vivem em situações de fragilidade,
conflito e violência, -
2:01 - 2:06e até 2030, mais de 60%
da população pobre no mundo -
2:06 - 2:09irá viver nas mesmas situações
de fragilidade, conflito e violência. -
2:10 - 2:13Portanto, o que fazer
para satisfazer estas aspirações? -
2:13 - 2:14Haverá novas maneiras de pensar
-
2:14 - 2:17para conseguir satisfazer
essas aspirações? -
2:17 - 2:21Porque, se não conseguirmos,
eu ficarei extremamente preocupado. -
2:21 - 2:25As aspirações estão a aumentar mais
do que nunca, devido ao acesso à internet. -
2:25 - 2:27Toda a gente sabe como toda a gente vive.
-
2:27 - 2:30Será que a nossa capacidade
de satisfazer essas aspirações -
2:30 - 2:32também aumentará?
-
2:32 - 2:33Para entrar em pormenores,
-
2:34 - 2:36quero partilhar a minha história pessoal.
-
2:36 - 2:38Esta não é a minha mãe
-
2:38 - 2:40mas, durante a Guerra da Coreia,
-
2:40 - 2:42a minha mãe levou a sua irmã,
-
2:42 - 2:44a sua irmã mais nova, às costas,
-
2:44 - 2:47e caminhou pelo menos parte do caminho
-
2:47 - 2:50para fugir de Seoul
durante a Guerra da Coreia. -
2:50 - 2:53Graças a uma série de milagres,
-
2:53 - 2:58ambos os meus pais receberam bolsas
para irem para Nova Iorque. -
2:58 - 3:02Conheceram-se em Nova Iorque
e casaram-se em Nova Iorque. -
3:02 - 3:04O meu pai também era refugiado.
-
3:04 - 3:09Aos 19 anos de idade, deixou
a família que vivia no norte do país, -
3:09 - 3:10escapou pela fronteira
-
3:10 - 3:12e nunca mais viu a família.
-
3:13 - 3:16Depois de casados,
viviam em Nova Iorque, -
3:16 - 3:19o meu pai era empregado
no restaurante Patricia Murphy's. -
3:19 - 3:21As aspirações deles aumentaram.
-
3:21 - 3:25Aperceberam-se o que era viver
num sítio como Nova Iorque -
3:25 - 3:26nos anos 50.
-
3:27 - 3:31Entretanto o meu irmão nasceu
e eles voltaram para Coreia. -
3:31 - 3:35Nós tínhamos uma vida ideal,
na minha memória, -
3:35 - 3:37mas a Coreia naquela altura
-
3:37 - 3:41era um dos países mais pobres do mundo
-
3:41 - 3:42e havia perturbações políticas.
-
3:42 - 3:45Na altura, havia manifestações
constantemente na minha rua, -
3:45 - 3:50estudantes protestavam
contra o governo militar. -
3:51 - 3:52E na época,
-
3:53 - 3:56as aspirações do Grupo do Banco Mundial,
a organização que lidero agora, -
3:56 - 3:59eram extremamente baixas para a Coreia.
-
3:59 - 4:03A ideia deles era que a Coreia iria ter
dificuldade, sem ajuda estrangeira, -
4:03 - 4:07de dar ao seu povo mais
do que as condições básicas de vida. -
4:08 - 4:11A situação na Coreia
era uma situação difícil. -
4:11 - 4:14Os meus pais tinham visto
como era a vida nos EUA. -
4:14 - 4:16Tinham-se casado lá.
O meu irmão nascera lá. -
4:16 - 4:20Eles sentiram que,
para nos darem a oportunidade -
4:20 - 4:22de satisfazer as aspirações
que eles tinham para nós, -
4:22 - 4:25tínhamos que voltar para os EUA.
-
4:26 - 4:27E voltámos.
-
4:27 - 4:28Primeiro fomos para Dallas.
-
4:28 - 4:31O meu pai fez de novo o curso
de medicina dentária. -
4:31 - 4:34E acabámos por nos mudar para o Iowa.
-
4:34 - 4:36Crescemos no Iowa
-
4:36 - 4:39e no Iowa fizemos a escola toda.
-
4:39 - 4:41Eu fiz o ensino secundário
e a universidade. -
4:41 - 4:46Um dia, algo que nunca vou esquecer,
-
4:46 - 4:51o meu pai foi-me buscar à universidade
após o meu segundo ano -
4:51 - 4:52e, enquanto conduzia, disse:
-
4:52 - 4:54"Jim, quais são as tuas aspirações?
-
4:54 - 4:57"O que queres estudar?
O que queres fazer?" -
4:57 - 4:58E eu respondi: "Pai".
-
4:58 - 5:01A minha mãe era filósofa
e tinha-nos enchido de ideias -
5:01 - 5:04sobre protestos e justiça social,
e eu disse: -
5:04 - 5:07"Pai, eu vou estudar
ciência política e filosofia, -
5:07 - 5:10"e vou fazer parte
de um movimento politico." -
5:10 - 5:12O meu pai, o dentista coreano,
-
5:12 - 5:15encosta o carro lentamente
na berma da estrada... -
5:15 - 5:16(Risos)
-
5:16 - 5:18... olha para mim e diz:
-
5:18 - 5:21"Jim, quando tiveres um diploma
em medicina, estudas o que quiseres." -
5:21 - 5:23(Risos)
-
5:24 - 5:28Eu já contei esta história a uma audiência
maioritariamente asiática. -
5:28 - 5:30Ninguém se ri. Apenas abanam a cabeça.
-
5:30 - 5:31Claro.
-
5:31 - 5:33(Risos)
-
5:33 - 5:35(Aplausos)
-
5:36 - 5:40Tragicamente, o meu pai morreu
muito jovem, -
5:40 - 5:43há 30 anos, com 57 anos,
-
5:43 - 5:45o que coincide com a minha idade agora.
-
5:45 - 5:48Quando ele morreu,
a meio dos meus estudos de medicina, -
5:48 - 5:52eu conseguira dar-lhe a volta
estudando medicina e antropologia. -
5:52 - 5:56Estudei as duas coisas na universidade.
-
5:57 - 6:00Mas nessa mesma altura,
eu conheci duas pessoas, -
6:00 - 6:02Ophelia Dahl e Paul Farmer.
-
6:02 - 6:04O Paul e eu estávamos no mesmo curso.
-
6:04 - 6:06Ambos estudávamos medicina
-
6:06 - 6:09e ao mesmo tempo fazíamos
o doutoramento em antropologia. -
6:09 - 6:11Começámos a pensar nalgumas
questões fundamentais. -
6:11 - 6:16Para as pessoas que têm o privilégio
de estudar medicina e antropologia -
6:16 - 6:18— os meus pais eram refugiados.
-
6:18 - 6:23O Paul crescera literalmente
num autocarro num pântano na Flórida. -
6:23 - 6:25Ele gostava de se intitular "lixo branco".
-
6:25 - 6:29Nós tínhamos esta oportunidade
e dissemos: -
6:30 - 6:31"O que é que precisamos de fazer?
-
6:31 - 6:34"Dada a nossa educação
ridiculamente elaborada, -
6:34 - 6:37"qual é a natureza da nossa
responsabilidade para com o mundo?" -
6:37 - 6:40Decidimos que precisávamos
de fundar uma organização. -
6:40 - 6:42Chama-se Partners in Health.
-
6:42 - 6:44A propósito, há um filme sobre ela.
-
6:44 - 6:47(Aplausos)
-
6:47 - 6:49Há um filme brilhante
-
6:49 - 6:51que fizeram sobre ela
chamado "Bending the Arc". -
6:51 - 6:54Estreou-se no Sundance em janeiro passado.
-
6:54 - 6:55Jeff Skoll está aqui.
-
6:55 - 6:58O Jeff é uma das pessoas
que tornou isto possível. -
6:59 - 7:03Começámos a pensar
no que seria necessário -
7:03 - 7:06para que as nossas aspirações
alcançassem o nível -
7:06 - 7:09de algumas das comunidades
mais pobres do mundo. -
7:09 - 7:12Esta foi a minha primeira visita
ao Haiti em 1988. -
7:12 - 7:17Em 1988, elaborámos o nosso objetivo,
-
7:17 - 7:21que era criar uma opção
preferencial para os pobres -
7:21 - 7:23na saúde.
-
7:23 - 7:26Levámos muito tempo, e éramos
licenciados em antropologia. -
7:26 - 7:28Estávamos a estudar Marx.
-
7:28 - 7:31Habermas, Fernand Braudel.
-
7:31 - 7:33Líamos de tudo
-
7:33 - 7:37e tínhamos que chegar a uma conclusão
sobre como estruturar o nosso trabalho. -
7:37 - 7:39Então, chamámos-lhe "O para P"
[OtoP = Utopia] -
7:39 - 7:41uma opção preferencial para os pobres.
-
7:42 - 7:45A coisa mais importante de uma
opção preferencial para os pobres -
7:45 - 7:46é aquilo que ela não é.
-
7:46 - 7:50Não é uma opção preferencial
para o nosso heroísmo. -
7:51 - 7:52Não é uma opção preferencial
-
7:52 - 7:56para a nossa ideia de como tirar
os pobres da pobreza. -
7:56 - 7:59Não é uma opção preferencial
para a nossa organização. -
7:59 - 8:01E a mais difícil de todas,
-
8:01 - 8:04não é uma opção preferencial
para os vossos pobres. -
8:04 - 8:06É uma opção preferencial para os pobres.
-
8:06 - 8:08Então o que fazer?
-
8:09 - 8:12Em Haiti, começámos a construir.
-
8:12 - 8:14Toda a gente nos dizia
que a solução mais viável -
8:14 - 8:17era focarmo-nos em vacinação
e talvez num programa alimentar. -
8:17 - 8:21Mas o que os haitianos queriam
era um hospital. -
8:21 - 8:22Eles queriam escolas.
-
8:22 - 8:24Eles queriam dar aos seus filhos
-
8:24 - 8:27as oportunidades
de que tinham ouvido falar -
8:27 - 8:31a outros parentes
que tinham ido para os EUA. -
8:31 - 8:36Eles queriam as mesmas oportunidades
que os meus pais queriam. -
8:36 - 8:38Eu reconheci-as.
-
8:38 - 8:40Então foi isso que fizemos,
construímos hospitais. -
8:40 - 8:42Proporcionámos-lhes educação.
-
8:42 - 8:46Fizemos tudo ao nosso alcance
para lhes dar oportunidades. -
8:46 - 8:49A minha experiência
tornou-se muito intensa -
8:49 - 8:52na Partners in Health
nesta comunidade, Carabayllo, -
8:52 - 8:56nas favelas a norte de Lima, no Peru.
-
8:56 - 8:58Nesta comunidade,
-
8:58 - 9:01começámos por ir a casa das pessoas
e falar com elas, -
9:01 - 9:06e descobrimos uma epidemia de tuberculose
resistente a medicamentos. -
9:06 - 9:08Este é o Melquíades.
-
9:08 - 9:12O Melquíades era um doente na altura,
tinha à volta de 18 anos, -
9:12 - 9:17e tinha uma estirpe de tuberculose
muito resistente a medicamentos. -
9:17 - 9:20Todos os gurus do mundo,
gurus da saúde mundial, -
9:20 - 9:25diziam que não era eficaz tratar
a tuberculose resistente a medicamentos. -
9:25 - 9:27"É muito complicado. É muito caro.
-
9:27 - 9:30"Simplesmente não podem fazê-lo.
É impossível." -
9:30 - 9:33Além disso, eles começavam
a ficar irritados connosco -
9:33 - 9:34porque a implicação era
-
9:35 - 9:37que, se pudesse ser feito,
nós fá-lo-íamos. -
9:37 - 9:39"Quem é que pensam que são?"
-
9:39 - 9:42Nós lutávamos contra
a Organização Mundial de Saúde -
9:42 - 9:45e, provavelmente, a organização
com quem mais lutámos -
9:45 - 9:47foi o Grupo do Banco Mundial.
-
9:47 - 9:51Nós fizemos tudo o que podíamos
-
9:51 - 9:54para convencer o Melquíades
a tomar os medicamentos, -
9:54 - 9:55porque era muito difícil.
-
9:55 - 9:59Nem uma só vez durante o tratamento
a família do Melquíades disse: -
9:59 - 10:02"Sabem, o Melquíades não é
economicamente viável. -
10:02 - 10:04"Porque é que não vão
tratar outra pessoa?" -
10:04 - 10:06(Risos)
-
10:06 - 10:08Eu já não via o Melquíades há 10 anos
-
10:08 - 10:11e quando tivemos as nossas reuniões
anuais em Lima, no Peru -
10:11 - 10:12aqui há dois anos,
-
10:13 - 10:15os cineastas encontraram-no
-
10:15 - 10:17e aqui estamos nós juntos.
-
10:17 - 10:20(Aplausos)
-
10:24 - 10:26Ele tornou-se numa espécie
de estrela dos "media" -
10:26 - 10:29porque vai às estreias dos filmes
e sabe trabalhar a audiência. -
10:30 - 10:31(Risos)
-
10:31 - 10:33Mas assim que ganhámos...
-
10:34 - 10:35Nós ganhámos. Ganhámos a discussão.
-
10:35 - 10:39Tínhamos que tratar a tuberculose
resistente a medicamentos. -
10:39 - 10:42Ouvimos os mesmos argumentos
no inicio dos anos 2000 sobre o VIH. -
10:42 - 10:45Todos os líderes da saúde mundial
tinham dito: -
10:45 - 10:48"É impossível tratar o VIH
nos países pobres. -
10:48 - 10:51"Demasiado caro, demasiado complicado,
não é possível." -
10:51 - 10:53Em comparação com a tuberculose
resistente a medicamentos, -
10:53 - 10:55o tratamento é mais fácil.
-
10:55 - 10:57Nós víamos doentes como este.
-
10:58 - 10:59Joseph Jeune.
-
10:59 - 11:02Joseph Jeune também nunca mencionou
que não era economicamente viável. -
11:02 - 11:05Alguns meses de medicação
e este era o aspeto dele. -
11:05 - 11:07(Aplausos)
-
11:08 - 11:10Nós chamamos-lhe o "efeito de Lázaro"
do tratamento do VIH. -
11:10 - 11:13Joseline veio ter connosco
com este aspeto. -
11:13 - 11:15Este era o aspeto dela
passados alguns meses. -
11:15 - 11:17(Aplausos)
-
11:18 - 11:21Nós achámos que o nosso argumento,
a nossa batalha, -
11:21 - 11:25era com as organizações que insistiam
que não era economicamente viável. -
11:25 - 11:27Nós dizíamos que não,
-
11:27 - 11:31que a opção preferencial para os pobres
requer que elevemos as nossas aspirações -
11:31 - 11:33para ir ao encontro
às aspirações dos pobres. -
11:33 - 11:36Eles disseram: "Isso é simpático,
mas não é viável." -
11:36 - 11:43Então, da mesma maneira
que dirigimos a Partners in Health, -
11:43 - 11:45escrevemos um livro
contra o Banco Mundial. -
11:45 - 11:48Diz que o Banco Mundial
-
11:48 - 11:51se focou muito apenas
no crescimento económico -
11:52 - 11:56e que os governos têm que
encolher os seus orçamentos -
11:56 - 11:59e reduzir os gastos em saúde,
educação e bem-estar social. -
11:59 - 12:02Nós considerámos isso
fundamentalmente errado. -
12:02 - 12:04E discutimos com o Banco Mundial.
-
12:04 - 12:06Depois aconteceu algo extraordinário.
-
12:06 - 12:09O Presidente Obama nomeou-me
Presidente do Banco Mundial. -
12:10 - 12:13(Aplausos)
-
12:15 - 12:20Quando entrei no processo de validação
com a equipa do Presidente Obama, -
12:20 - 12:21eles tinham uma cópia
-
12:21 - 12:23do "Dying For Growth"
e tinham-no lido todo. -
12:23 - 12:25E eu disse: "Acabou-se, não é?
-
12:25 - 12:27"Vocês não vão aceitar-me."
-
12:27 - 12:29Ao que ele diz:
"Oh não, não, está tudo bem." -
12:29 - 12:31E fui nomeado.
-
12:31 - 12:35Entrei pela porta do Grupo
do Banco Mundial em julho de 2012, -
12:35 - 12:38que tem a frase na parede: "O nosso sonho
é um mundo sem pobreza." -
12:39 - 12:41Alguns meses depois,
tornou-se num objetivo: -
12:42 - 12:44acabar com pobreza extrema até 2030
-
12:44 - 12:46e aumentar a prosperidade partilhada.
-
12:46 - 12:48É o que fazemos agora
no Grupo do Banco Mundial. -
12:49 - 12:52Eu sinto que trouxe a opção preferencial
para os pobres -
12:52 - 12:53para o Grupo do Banco Mundial.
-
12:54 - 12:57(Aplausos)
-
12:58 - 13:00Mas isto é o TED
-
13:00 - 13:03e, portanto, quero partilhar convosco
algumas preocupações, -
13:03 - 13:05e depois fazer uma proposta.
-
13:05 - 13:07A quarta Revolução Industrial
-
13:07 - 13:09— vocês sabem isso melhor do que eu —
-
13:09 - 13:10mas aqui está o que me preocupa.
-
13:10 - 13:13Ouvimos falar do desemprego,
já todos ouviram. -
13:13 - 13:16Os nossos dados sugerem
que dois terços de todos os empregos -
13:16 - 13:18atualmente existentes
nos países desenvolvidos -
13:18 - 13:20desaparecerão devido à automação.
-
13:20 - 13:22Esses empregos têm que ser compensados.
-
13:22 - 13:24Uma forma de aumentar
esses postos de trabalho -
13:24 - 13:28é tornar os trabalhadores de saúde
comunitários numa força de trabalho formal. -
13:28 - 13:30É isto que queremos fazer.
-
13:30 - 13:31(Aplausos)
-
13:31 - 13:33Achamos que os números vão funcionar,
-
13:33 - 13:37que com melhores resultados em saúde
e pessoas com empregos formais, -
13:37 - 13:41teremos capacidade de os formar
com capacidades adicionais -
13:41 - 13:44para se tornarem trabalhadores
que terão um enorme impacto, -
13:44 - 13:48e essa pode ser a área
com maior crescimento. -
13:48 - 13:50Mas há outra coisa que me incomoda.
-
13:50 - 13:54Atualmente parece-me muito claro
que os empregos do futuro -
13:54 - 13:56serão digitalmente mais exigentes,
-
13:56 - 14:00e há uma crise
de desenvolvimento infantil. -
14:00 - 14:04Estas são fotografias
que Charles Nelson partilhou connosco -
14:04 - 14:05da Escola de Medicina de Harvard.
-
14:05 - 14:10Estas imagens mostram,
do lado esquerdo, -
14:10 - 14:14uma criança de três meses
com atraso no desenvolvimento, -
14:14 - 14:17sem nutrição adequada,
sem estimulação adequada. -
14:17 - 14:20Do outro lado temos
uma criança normal. -
14:20 - 14:22A criança normal tem todas
estas conexões neuronais. -
14:22 - 14:25As conexões neuronais são importantes,
-
14:25 - 14:28porque são a definição do capital humano.
-
14:29 - 14:32Nós sabemos que conseguimos
reduzir estas taxas. -
14:32 - 14:35Conseguimos reduzir rapidamente
estas taxas de crescimento retardado, -
14:35 - 14:38mas se não o fizermos,
na Índia, por exemplo, -
14:38 - 14:40onde há 38% de crianças em atraso,
-
14:40 - 14:43como poderão elas competir
na economia do futuro -
14:43 - 14:49se 40% dos seus futuros trabalhadores
não tiverem sucesso educativo? -
14:49 - 14:52Claro que nos preocupamos
com o sucesso económico -
14:52 - 14:56de uma maneira que ajude
o país inteiro a crescer. -
14:56 - 14:58O que faremos então?
-
14:59 - 15:02A economia mundial
representa 78 biliões de dólares -
15:02 - 15:06e 8,55 biliões de dólares estão em
taxas de juros negativas. -
15:06 - 15:11Isso significa que pomos o nosso dinheiro
no Banco central alemão -
15:11 - 15:13e depois pagamos-lhe para
guardarem o nosso dinheiro. -
15:13 - 15:15Isso é uma taxa de juro negativa.
-
15:15 - 15:1924,4 biliões de dólares em poupanças
governamentais de baixo-lucro -
15:19 - 15:23e 8 biliões literalmente
nas mãos dos ricos -
15:24 - 15:26debaixo dos seus enormes colchões.
-
15:26 - 15:30Estamos a tentar usar
as nossas próprias ferramentas -
15:30 - 15:32e pensar por instantes:
-
15:32 - 15:35Estamos a falar de instrumentos
de alto risco de dívida, -
15:35 - 15:37de diminuir o risco,
de financiamentos combinados, -
15:37 - 15:39de um seguro de risco político,
-
15:40 - 15:41de aprimoramento de crédito,
-
15:41 - 15:44de todas essas coisas que aprendi
no Grupo do Banco Mundial -
15:44 - 15:48que os ricos usam todos os dias
para se tornarem mais ricos, -
15:48 - 15:51mas que não usamos suficientemente
em nome dos pobres -
15:51 - 15:54para atrair o capital.
-
15:54 - 15:56(Aplausos)
-
16:00 - 16:03Isto funciona?
-
16:03 - 16:07Conseguimos realmente atrair
grupos do setor privado para um país -
16:07 - 16:09e fazer com que tudo funcione?
-
16:09 - 16:11Bom, já o fizemos algumas vezes.
-
16:11 - 16:13Isto é a Zâmbia, Scaling Solar.
-
16:13 - 16:15É uma solução integrada
do Banco Mundial, -
16:15 - 16:18em que nós intervimos
e fazemos tudo o que é preciso -
16:18 - 16:20para atrair investidores do setor privado.
-
16:20 - 16:24Neste caso, a Zâmbia começou
por ter um custo de eletricidade -
16:24 - 16:26de 25 cêntimos por kilowatt-hora,
-
16:26 - 16:30e fazendo apenas coisas simples,
fazendo um leilão, -
16:30 - 16:32alterando algumas políticas,
-
16:32 - 16:35conseguimos reduzir o custo.
-
16:35 - 16:36A oferta mais baixa,
-
16:36 - 16:3825 cêntimos por kilowatt-hora
para a Zâmbia? -
16:38 - 16:43A oferta mais baixa foi 4,7 cêntimos
por kilowatt-hora. É possível. -
16:43 - 16:45(Aplausos)
-
16:45 - 16:47Mas esta é a minha proposta.
-
16:47 - 16:49Isto é um grupo chamado Zipline,
-
16:49 - 16:52uma companhia porreira,
são cientistas de foguetões. -
16:52 - 16:54Eles descobriram como usar
drones no Ruanda. -
16:54 - 16:56Isto sou eu a lançar um drone no Ruanda
-
16:56 - 16:59que entrega sangue
em qualquer parte do país -
16:59 - 17:01em menos de uma hora.
-
17:01 - 17:02Assim, salvamos vidas.
-
17:02 - 17:04Este programa salva vidas.
-
17:04 - 17:07Este programa ganhou dinheiro
para a Zipline, -
17:07 - 17:11este programa poupou
montes de dinheiro no Ruanda. -
17:11 - 17:14É disto que precisamos,
e precisamos que todos vocês o façam. -
17:14 - 17:17Estou a pedir-vos que arranjem
um pouquinho de tempo -
17:17 - 17:20para pensar na tecnologia
em que trabalham, -
17:20 - 17:22nas companhias que fundam,
no design que fazem. -
17:22 - 17:25Pensem um bocadinho
e trabalhem connosco -
17:25 - 17:29para ver se conseguimos
soluções extraordinárias. -
17:30 - 17:32Vou deixar-vos com uma história final.
-
17:33 - 17:35Eu estava na Tanzânia,
numa sala de aula. -
17:35 - 17:39Isto sou eu numa de turma
de crianças de 11 anos. -
17:39 - 17:41Perguntei-lhes, como sempre faço:
-
17:41 - 17:43"O que querem ser quando forem grandes?"
-
17:43 - 17:45Dois levantaram as mãos e disseram:
-
17:45 - 17:47"Eu quero ser
o presidente do Banco Mundial." -
17:47 - 17:49(Risos)
-
17:49 - 17:52Tal como vocês, a minha equipa
e os professores riram-se. -
17:52 - 17:54Mas eu pedi que parassem e disse:
-
17:54 - 17:57"Quero contar-vos uma história.
-
17:57 - 18:01"Quando eu nasci na Coreia do Sul,
eu era assim. -
18:01 - 18:03"Isto é de onde eu vim.
-
18:03 - 18:06"Quando eu tinta três anos,
-
18:06 - 18:08"na escola pré-primária,
-
18:08 - 18:12"acho que o George David Woods,
o presidente do Banco Mundial, -
18:12 - 18:15"se tivesse visitado a Coreia na altura
e tivesse ido à minha aula, -
18:16 - 18:18"não teria pensado que o futuro
presidente do Banco Mundial -
18:19 - 18:20"estaria sentado naquela aula.
-
18:20 - 18:23"Nunca deixem ninguém dizer-vos
-
18:23 - 18:25"que não podem ser o presidente
do Banco Mundial." -
18:25 - 18:27Agora, obrigado.
-
18:27 - 18:28(Aplausos)
-
18:28 - 18:30Vou deixar-vos com um pensamento.
-
18:30 - 18:33Eu vim de um dos países
mais pobres do mundo. -
18:33 - 18:35Sou o presidente do Banco Mundial.
-
18:35 - 18:38Não posso nem vou fechar
a porta atrás de mim. -
18:38 - 18:39Isto é urgente.
-
18:39 - 18:41As aspirações estão a aumentar.
-
18:41 - 18:43Em todo o lado as aspirações
estão a aumentar. -
18:43 - 18:46Vocês nesta sala, trabalhem connosco.
-
18:46 - 18:50Sabemos que conseguimos encontrar
soluções como a da Zipline -
18:50 - 18:53e ajudar os pobres a dar o salto
para um mundo melhor, -
18:53 - 18:56mas isto só vai acontecer
se trabalharmos juntos. -
18:56 - 18:59O vosso futuro "eu"
— especialmente para os vossos filhos — -
18:59 - 19:01o vosso futuro eu
-
19:01 - 19:04vai depender da nossa preocupação
e compaixão -
19:04 - 19:08para assegurar que o futuro "nós"
assegure igualdade de oportunidades -
19:08 - 19:10a todas as crianças do mundo.
-
19:10 - 19:11Muito obrigado.
-
19:11 - 19:13(Aplausos)
-
19:13 - 19:16Obrigado. Obrigado. Obrigado.
-
19:16 - 19:18(Aplausos)
-
19:21 - 19:23Chris Anderson: Seria de pensar
-
19:23 - 19:26que as pessoas ficassem surpreendidas
ao ouvir uma palestra assim -
19:26 - 19:28do presidente do Banco Mundial,
é porreiro. -
19:28 - 19:31Eu pedir-te-ia para ser um pouco
mais específico na tua proposta. -
19:31 - 19:35Há muitos investidores
e empresários nesta sala. -
19:35 - 19:38Como é que fariam uma parceria?
Qual é a tua proposta? -
19:38 - 19:40Jim Yong Kim: Posso ser um bocadinho
"nerd" por instantes? -
19:40 - 19:42CA: Absolutamente.
-
19:42 - 19:44Por exemplo, as seguradoras nunca investem
-
19:44 - 19:46em infraestruturas de países
em desenvolvimento, -
19:46 - 19:48porque não podem correr o risco.
-
19:48 - 19:51Reservam o dinheiro para as
pessoas que pagam seguros. -
19:51 - 19:54A Associação Internacional
Sueca de Desenvolvimento -
19:54 - 19:56deu-nos algum dinheiro.
-
19:56 - 19:58Nós angariámos um pouco mais,
uns cem milhões -
19:58 - 20:01e assumimos a primeira perda,
ou seja, se corresse mal, -
20:01 - 20:0410% da perda ficaria por nossa conta
-
20:04 - 20:06e o restante ficaria a salvo.
-
20:06 - 20:09Isso criou uma fatia de 90%,
-
20:09 - 20:13um investimento de três B,
por isso as seguradoras investiram. -
20:13 - 20:17Assim, pegamos em dinheiro público
-
20:17 - 20:21e usamo-lo para reduzir o risco
de instrumentos específicos -
20:21 - 20:23para atrair pessoas do exterior.
-
20:23 - 20:26Assim, todos vocês que estão sentados
em cima de biliões de dólares -
20:26 - 20:27venham ter connosco, ok?
-
20:27 - 20:28(Risos)
-
20:28 - 20:31CA: Estás à procura, especificamente,
de propostas de investimento -
20:31 - 20:33que criam empregos
no mundo em desenvolvimento. -
20:33 - 20:35JYK: Absolutamente.
-
20:35 - 20:39Estes serão, por exemplo, em
infraestruturas de transporte de energia, -
20:39 - 20:41construção de estradas, pontes, portos,
-
20:41 - 20:44o tipo de coisas que são necessárias
para criar empregos. -
20:44 - 20:46Mas também estamos a dizer
-
20:46 - 20:49que vocês podem pensar
que a tecnologia em que trabalham -
20:49 - 20:51ou o negócio em que trabalham
-
20:51 - 20:53pode não ter utilidade
no mundo em desenvolvimento, -
20:54 - 20:55mas olhem para a Zipline.
-
20:55 - 20:57O que aconteceu com a Zipline
-
20:57 - 20:59não foi só por causa
da qualidade da tecnologia. -
20:59 - 21:03Foi porque eles comprometeram-se
de início com a população do Ruanda -
21:03 - 21:04e usaram a inteligência artificial
-
21:04 - 21:07— o Ruanda tem uma ótima banda larga —
-
21:07 - 21:10mas estas coisas acontecem sozinhas.
-
21:10 - 21:13Por isso, vamos ajudar-vos.
Nós faremos as apresentações. -
21:13 - 21:16Nós até forneceremos financiamento.
Nós vamos ajudar-vos com isso. -
21:16 - 21:19CA: Quanto capital está o Banco Mundial
disposto a investir -
21:19 - 21:20para cobrir esses esforços?
-
21:20 - 21:23JYK: Chris, estás sempre a tentar
que eu faça algo assim. -
21:23 - 21:26CA: Estou a tentar arranjar-te problemas.
JYK: Então isto é o que vamos fazer. -
21:26 - 21:31Temos 25 mil milhões por ano
para investir nos países pobres, -
21:31 - 21:33nos países mais pobres.
-
21:33 - 21:35Enquanto investimos
25 mil milhões por ano, -
21:35 - 21:36ao longo dos próximos três anos,
-
21:36 - 21:38temos que pensar convosco
-
21:38 - 21:40em como usar esse dinheiro
mais eficazmente. -
21:40 - 21:44Não posso dar um número específico.
Depende da qualidade das ideias. -
21:44 - 21:46Portanto tragam-nos as vossas ideias,
-
21:46 - 21:51e eu acho que o financiamento
não será um problema. -
21:51 - 21:54CA: Ok, ouviram-no da boca dele.
-
21:54 - 21:56Jim, muito obrigado.
JYK: Obrigado. Obrigado. -
21:56 - 21:59(Aplausos)
- Title:
- Não merecemos todos uma oportunidade para uma boa vida?
- Speaker:
- Jim Yong Kim
- Description:
-
As aspirações estão a aumentar como nunca no mundo, graças em grande parte aos Smartphones e à Internet — será o resultado uma oportunidade ou uma frustração?
Enquanto Presidente do Grupo do Banco Mundial, Jim Yong Kim quer eliminar a pobreza extrema e impulsionar uma prosperidade partilhada. Ele explica-nos como esta instituição está a trabalhar para melhorar o futuro saudável e financeiro das pessoas nos países mais pobres, impulsionando investimentos e retirando o risco dos desenvolvimentos. - Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 22:12
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Doesn't everyone deserve a chance at a good life? | ||
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Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for Doesn't everyone deserve a chance at a good life? | ||
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Doesn't everyone deserve a chance at a good life? | ||
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Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Doesn't everyone deserve a chance at a good life? |