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William Noel: Revelando o Códice perdido de Arquimedes

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    Os grandes textos do mundo antigo
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    não chegam até nós na sua forma original.
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    Sobrevivem porque escribas medievais
    os copiaram,
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    e copiaram, e copiaram.
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    Foi assim que aconteceu com Arquimedes,
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    o grande matemático grego.
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    Tudo que sabemos sobre Arquimedes
    enquanto matemático
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    sabemos devido a apenas três livros,
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    e eles chamam-se A, B e C.
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    O A foi perdido
    por um humanista italiano em 1564.
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    E a última vez que se ouviu falar do B
    foi na Biblioteca do Papa,
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    a cerca de 160 km a norte de Roma,
    em Viterbo, em 1311.
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    Mas o Códice C só foi descoberto em 1906,
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    e foi parar à minha secretária em Baltimore
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    a 19 de janeiro de 1999.
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    Este é o Códice C.
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    O Códice C está, de facto, enterrado neste livro.
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    É um tesouro enterrado.
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    Porque este livro é, na verdade,
    um livro de orações.
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    Foi acabado por um homem
    chamado Johannes Myrones
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    a 14 de abril de 1229.
  • 1:06 - 1:09
    E para fazer este livro de orações
    ele usou pergaminho.
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    Mas não usou pergaminho novo,
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    usou pergaminho reciclado
    de manuscritos anteriores,
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    e existiam sete manuscritos.
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    E o Códice C de Arquimedes
    era apenas um desses sete.
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    Ele desmontou o manuscrito de Arquimedes
    e os outros sete manuscritos,
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    apagou todos os textos,
  • 1:28 - 1:31
    e depois cortou as folhas ao meio,
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    baralhou-as,
  • 1:33 - 1:35
    e rodou-as 90 graus,
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    e escreveu orações sobre estes livros.
  • 1:37 - 1:39
    E essencialmente, estes sete manuscritos
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    desapareceram durante 700 anos
    e temos um livro de orações.
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    O livro de orações foi descoberto
    por este homem,
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    Johan Ludvig Heiberg, em 1906.
  • 1:49 - 1:51
    E com apenas uma lupa,
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    ele transcreveu o máximo de texto
    que conseguiu.
  • 1:53 - 1:57
    E o que acontece é que ele
    encontrou dois textos neste manuscrito
  • 1:57 - 1:58
    que eram textos únicos.
  • 1:58 - 2:00
    Não apareciam de todo em A nem em B;
  • 2:00 - 2:02
    eram textos completamente novos
    de Arquimedes,
  • 2:02 - 2:05
    e chamavam-se "O Método" e "O Stomachion".
  • 2:05 - 2:07
    E tornou-se um manuscrito
    mundialmente famoso.
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    Por esta altura já deverá estar claro
  • 2:09 - 2:12
    que este livro está em más condições.
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    Ficou em piores condições no século XX
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    depois de Heiberg o ver.
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    Foram pintadas falsificações sobre ele,
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    e sofreu muitíssimo com o bolor.
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    Este livro é a própria definição
    da perda.
  • 2:25 - 2:27
    É o tipo de livro
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    que pensávamos que estaria numa instituição.
  • 2:30 - 2:32
    Mas não está numa instituição,
  • 2:32 - 2:37
    foi comprado por um
    colecionador privado em 1998.
  • 2:37 - 2:38
    Porque comprou ele este livro?
  • 2:38 - 2:42
    Porque queria colocar em segurança
    aquilo que era frágil.
  • 2:42 - 2:45
    Queria tornar algo único,
    em algo omnipresente.
  • 2:45 - 2:50
    Queria tornar grátis,
    algo que era caro.
  • 2:50 - 2:53
    E queria fazer isso
    por uma questão de princípios.
  • 2:53 - 2:57
    Porque não há muitas pessoas que vão realmente
    ler Arquimedes em grego antigo,
  • 2:57 - 3:00
    mas deviam ter a oportunidade de o fazer.
  • 3:00 - 3:03
    Por isso reuniu à sua volta
    os amigos de Arquimedes
  • 3:03 - 3:06
    e prometeu pagar todo o trabalho.
  • 3:06 - 3:07
    E era um trabalho caro,
  • 3:07 - 3:11
    mas de facto, não foi tão caro como possam pensar
  • 3:11 - 3:13
    porque estas pessoas não vieram pelo dinheiro,
  • 3:13 - 3:15
    vieram por Arquimedes.
  • 3:15 - 3:16
    E vieram de áreas diferentes.
  • 3:16 - 3:19
    Vieram da Física de Partículas,
  • 3:19 - 3:20
    da Filologia Clássica,
  • 3:20 - 3:22
    da Conservação de Livros,
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    da Matemática Antiga,
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    da Gestão de Dados,
  • 3:27 - 3:30
    da Imagem Científica
    e da Gestão de Programas,
  • 3:30 - 3:33
    e juntaram-se para trabalharem neste manuscrito.
  • 3:33 - 3:37
    O primeiro problema foi o da conservação.
  • 3:37 - 3:39
    E foi este o género de coisas
    com que tivemos de lidar:
  • 3:39 - 3:42
    havia cola na lombada do livro.
  • 3:42 - 3:44
    E se olharem bem para esta fotografia,
  • 3:44 - 3:46
    a metade inferior está bastante castanha.
  • 3:46 - 3:47
    Isso é cola animal.
  • 3:47 - 3:49
    Para um conservador
  • 3:49 - 3:51
    é relativamente fácil tirar esta cola.
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    A metade superior é cola de madeira Elmer.
  • 3:54 - 3:56
    É uma emulsão de acetato de polivinilo
  • 3:56 - 3:59
    que não se dissolve em água depois de seca.
  • 3:59 - 4:02
    E é muito mais resistente do que
    o pergaminho em que foi escrito.
  • 4:02 - 4:05
    Portanto, antes de começarmos
    a descortinar Arquimedes,
  • 4:05 - 4:07
    tivemos de desmontar este livro.
  • 4:07 - 4:10
    Demorou quatro anos a desmontar.
  • 4:10 - 4:13
    E esta é uma fotografia rara da ação,
    senhoras e senhores.
  • 4:13 - 4:16
    (Risos)
  • 4:16 - 4:20
    Além disso, tivemos de nos
    ver livres de toda a cera,
  • 4:20 - 4:22
    porque isto era usado nos serviços litúrgicos
  • 4:22 - 4:24
    da Igreja Ortodoxa Grega
  • 4:24 - 4:25
    e eles usavam cera de velas.
  • 4:25 - 4:27
    E a cera estava suja,
  • 4:27 - 4:29
    e não conseguíamos ver através da cera.
  • 4:29 - 4:32
    Por isso, com muito cuidado, tivemos de raspar mecanicamente toda a cera.
  • 4:32 - 4:34
    É difícil dizer-vos com exatidão
  • 4:34 - 4:37
    quão mau era o estado deste livro,
  • 4:37 - 4:39
    mas desfazia-se em pedacinhos
    com bastante frequência.
  • 4:39 - 4:42
    E normalmente, num livro
    não nos preocuparíamos com pedaços pequenos,
  • 4:42 - 4:45
    mas estes pequenos pedaços
    podiam conter texto único de Arquimedes.
  • 4:45 - 4:47
    Por isso, fragmentos minúsculos
  • 4:47 - 4:52
    que conseguimos recolocar no sítio certo.
  • 4:52 - 4:55
    Depois de termos feito isso,
    começámos a obter imagens do manuscrito.
  • 4:55 - 4:57
    E obtivemos imagens do manuscrito
  • 4:57 - 4:59
    em 14 diferentes bandas de frequência de luz.
  • 4:59 - 5:03
    Porque se olharmos para algo
    em diferentes bandas de frequência de luz
  • 5:03 - 5:04
    vemos coisas diferentes.
  • 5:04 - 5:06
    E aqui está a imagem de uma página
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    obtida em 14 diferentes
    bandas de frequência de luz.
  • 5:08 - 5:10
    Mas nenhuma delas resultou.
  • 5:10 - 5:15
    Por isso o que fizemos
    foi processar as imagens juntas,
  • 5:15 - 5:18
    e colocámos duas imagens num ecrã em branco.
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    E aqui estão duas imagens diferentes
    do manuscrito de Arquimedes.
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    A imagem à esquerda
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    é a imagem vermelha normal.
  • 5:24 - 5:26
    E a imagem à direita
    é uma imagem ultravioleta.
  • 5:26 - 5:27
    E na imagem da direita
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    é possível ver-se alguma
    da escrita de Arquimedes.
  • 5:29 - 5:32
    Se as fundirmos numa tela digital,
  • 5:32 - 5:35
    o pergaminho é brilhante nas duas imagens
  • 5:35 - 5:37
    e surge como brilhante.
  • 5:37 - 5:40
    O livro de orações é escuro nas duas imagens
  • 5:40 - 5:42
    e surge como escuro.
  • 5:42 - 5:45
    O texto de Arquimedes é escuro numa das imagens
    e brilhante na outra.
  • 5:45 - 5:48
    E vai surgir como escuro mas vermelho,
  • 5:48 - 5:50
    e assim será possível lê-lo com bastante clareza.
  • 5:50 - 5:53
    E tem este aspeto.
  • 5:53 - 5:56
    Isto é uma imagem do antes e do depois,
  • 5:56 - 5:59
    mas não lemos a imagem num ecrã
    desta forma.
  • 5:59 - 6:02
    Nós ampliamos e ampliamos,
  • 6:02 - 6:05
    e ampliamos, e ampliamos,
  • 6:05 - 6:07
    e agora é possível lê-lo.
  • 6:07 - 6:14
    (Aplausos)
  • 6:14 - 6:17
    Se processarmos as mesmas duas imagens
    de forma diferente,
  • 6:17 - 6:20
    conseguimos mesmo ver-nos livres
    do texto do livro de orações.
  • 6:20 - 6:21
    E isto é terrivelmente importante,
  • 6:21 - 6:24
    porque os diagramas no manuscrito
  • 6:24 - 6:26
    são a única fonte para os diagramas
  • 6:26 - 6:29
    que Arquimedes desenhou na areia
    no IV século a. C..
  • 6:29 - 6:32
    E aqui temos, posso mostrar-vos.
  • 6:32 - 6:34
    Com este tipo de imagens,
  • 6:34 - 6:37
    este tipo de imagens com luz infravermelha,
    ultravioleta, invisível
  • 6:37 - 6:40
    nunca conseguiríamos ver para lá
    das falsificações a ouro.
  • 6:40 - 6:42
    Como iríamos fazer isso?
  • 6:42 - 6:44
    Bem, pegámos no manuscrito,
  • 6:44 - 6:48
    e decidimos vê-lo através de imagens
    de fluorescência de raios X.
  • 6:48 - 6:51
    Portanto, um raio X entra, no diagrama da esquerda
  • 6:51 - 6:55
    e excita um eletrão da camada interna do átomo.
  • 6:55 - 6:57
    E esse eletrão desaparece.
  • 6:57 - 7:00
    E quando ele desaparece, um eletrão
    de uma camada mais externa
  • 7:00 - 7:03
    salta e ocupa o seu lugar.
  • 7:03 - 7:04
    E quando ocupa o seu lugar,
  • 7:04 - 7:07
    emite radiação eletromagnética.
  • 7:07 - 7:08
    Emite um raio X.
  • 7:08 - 7:11
    E esse raio X tem um comprimento de onda específico
  • 7:11 - 7:13
    do átomo que é atingido.
  • 7:13 - 7:15
    E o que queríamos atingir
  • 7:15 - 7:17
    era o ferro.
  • 7:17 - 7:19
    Porque a tinta era composta de ferro.
  • 7:19 - 7:20
    E se conseguirmos localizar
  • 7:20 - 7:23
    de onde vem este raio X que é emitido,
  • 7:23 - 7:25
    conseguimos localizar todo o ferro na imagem,
  • 7:25 - 7:28
    e então, teoricamente, conseguimos ler a imagem.
  • 7:28 - 7:32
    O problema é que precisamos de uma fonte de luz
    muito poderosa para fazer isto.
  • 7:32 - 7:35
    Por isso levámo-lo ao Laboratório
    de Radiação Sincrotrónica de Stanford
  • 7:35 - 7:37
    na Califórnia,
  • 7:37 - 7:38
    que é um acelerador de partículas.
  • 7:38 - 7:40
    Os eletrões andam à volta num sentido,
  • 7:40 - 7:42
    os positrões andam à volta no sentido oposto.
  • 7:42 - 7:43
    Encontram-se no meio,
  • 7:43 - 7:46
    e criam partículas subatómicas
  • 7:46 - 7:48
    como o quark charm e o lépton tau.
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    Não íamos mesmo colocar Arquimedes
    nesse feixe.
  • 7:51 - 7:54
    Mas à medida que os eletrões andam à volta
    à velocidade da luz,
  • 7:54 - 7:56
    emitem raios X.
  • 7:56 - 7:58
    E esta é a fonte de luz mais poderosa
    de todo o sistema solar.
  • 7:58 - 8:00
    A isto chama-se radiação sincrotrónica,
  • 8:00 - 8:02
    e normalmente é usada para ver coisas
  • 8:02 - 8:04
    como proteínas e esse tipo de coisas.
  • 8:04 - 8:08
    Mas nós queríamos ver átomos,
    átomos de ferro,
  • 8:08 - 8:11
    para podermos ler a página do antes e do depois.
  • 8:11 - 8:13
    E pasmem-se, percebemos que conseguíamos fazê-lo.
  • 8:13 - 8:16
    Demorou cerca de 17 minutos
    para fazer uma única página.
  • 8:16 - 8:19
    Então o que descobrimos?
  • 8:19 - 8:21
    Bem, um dos textos únicos de Arquimedes
  • 8:21 - 8:23
    chama-se "O Stomachion".
  • 8:23 - 8:25
    E este não existia nos Códices A e B.
  • 8:25 - 8:28
    E sabíamos que envolvia este quadrado.
  • 8:28 - 8:30
    E este é um quadrado perfeito,
  • 8:30 - 8:32
    e divide-se em 14 pedaços.
  • 8:32 - 8:34
    Mas ninguém sabia o que fazia Arquimedes
    com estes 14 pedaços.
  • 8:34 - 8:37
    E agora achamos que sabemos.
  • 8:37 - 8:38
    Ele estava a tentar descobrir
  • 8:38 - 8:41
    em quantas formas se podem
    recombinar estes 14 pedaços
  • 8:41 - 8:43
    continuando a formar um quadrado perfeito.
  • 8:43 - 8:47
    Alguém quer adivinhar a resposta?
  • 8:47 - 8:52
    São 17 152, divididas em 536 famílias.
  • 8:52 - 8:54
    E o facto importante em relação a isto
  • 8:54 - 8:58
    é que é o estudo mais antigo
    de combinatória em Matemática.
  • 8:58 - 9:02
    E a combinatória é um ramo maravilhoso
    e interessante da Matemática.
  • 9:02 - 9:05
    Mas a coisa mais espantosa neste manuscrito
  • 9:05 - 9:07
    é que olhámos para os outros manuscritos
  • 9:07 - 9:09
    com que o escriba
  • 9:09 - 9:11
    fez o seu livro,
  • 9:11 - 9:14
    e um deles era um manuscrito que continha
    texto de Hipérides.
  • 9:14 - 9:19
    Ora, Hipérides era um orador de Atenas
    do século IV a. C..
  • 9:19 - 9:21
    Foi contemporâneo de Demóstenes.
  • 9:21 - 9:26
    E em 338 a.C., ele e Demóstenes juntos,
  • 9:26 - 9:27
    decidiram que queriam fazer frente
  • 9:27 - 9:29
    ao poder militar de Filipe da Macedónia.
  • 9:29 - 9:33
    Portanto, Atenas e Tebas foram
    combater Filipe da Macedónia.
  • 9:33 - 9:34
    Esta foi uma má ideia,
  • 9:34 - 9:38
    porque Filipe da Macedónia tinha um filho
    chamado Alexandre, o Grande,
  • 9:38 - 9:40
    e perderam a batalha de Queroneia.
  • 9:40 - 9:43
    Alexandre, o Grande, prosseguiu na
    conquista do mundo conhecido;
  • 9:43 - 9:45
    Hipérides viu-se julgado por traição.
  • 9:45 - 9:49
    E foi este o discurso que ele fez
    quando estava a ser julgado,
  • 9:49 - 9:50
    e que é um ótimo discurso:
  • 9:50 - 9:52
    "O melhor de tudo", diz ele, "é ganhar.
  • 9:52 - 9:54
    "Mas se não pudermos ganhar,
  • 9:54 - 9:56
    "então devemos lutar por uma causa nobre,
  • 9:56 - 9:58
    "porque assim seremos recordados.
  • 9:58 - 9:59
    "Olhem para os espartanos.
  • 9:59 - 10:01
    "Conquistaram imensas vitórias,
  • 10:01 - 10:03
    "mas ninguém se lembra do que eles são
  • 10:03 - 10:05
    "porque todos lutaram com objetivos egoístas.
  • 10:05 - 10:09
    "A única batalha que os espartanos travaram, de
    que toda a gente se lembra,
  • 10:09 - 10:10
    "é a batalha de Termópilas
  • 10:10 - 10:12
    "onde foram massacrados até só sobrar um homem,
  • 10:12 - 10:14
    "mas lutaram pela liberdade da Grécia."
  • 10:14 - 10:17
    Foi um discurso tão bom
  • 10:17 - 10:20
    que os tribunais de Atenas o libertaram.
  • 10:20 - 10:22
    Ele viveu mais 10 anos,
  • 10:22 - 10:25
    depois a fação da Macedónia apanhou-o.
  • 10:25 - 10:28
    Cortaram-lhe a língua para
    fazer pouco da sua oratória,
  • 10:28 - 10:31
    e ninguém sabe o que fizeram com o seu corpo.
  • 10:31 - 10:34
    Portanto, esta é a descoberta
    de uma voz perdida da Antiguidade,
  • 10:34 - 10:36
    falando-nos, não da sepultura,
  • 10:36 - 10:38
    porque a sua sepultura não existe,
  • 10:38 - 10:40
    mas dos tribunais de Atenas.
  • 10:40 - 10:41
    Agora deixem-me dizer
  • 10:41 - 10:44
    que normalmente quando olhamos
  • 10:44 - 10:46
    para manuscritos medievais que foram apagados
  • 10:46 - 10:47
    não encontramos textos únicos.
  • 10:47 - 10:51
    E encontrar dois no mesmo manuscrito
    foi qualquer coisa!
  • 10:51 - 10:54
    Encontrar três é completamente estranho.
  • 10:54 - 10:55
    E nós encontrámos três.
  • 10:55 - 10:57
    "Categorias", de Aristóteles,
  • 10:57 - 10:59
    é um dos textos que fundou a Filosofia moderna.
  • 10:59 - 11:04
    E nós encontrámos um comentário sobre ele,
    do III século d. C.,
  • 11:04 - 11:07
    possivelmente de Galeno e provavelmente de Porfírio.
  • 11:07 - 11:09
    Todos estes dados que recolhemos,
  • 11:09 - 11:11
    todas as imagens,
    todas as imagens não trabalhadas,
  • 11:11 - 11:14
    todas as transcrições que fizemos
    e esse tipo de coisas
  • 11:14 - 11:17
    foram colocadas online sob uma licença
    da Creative Commons
  • 11:17 - 11:20
    para qualquer um usar com qualquer fim comercial.
  • 11:20 - 11:27
    (Aplausos)
  • 11:27 - 11:30
    Porque é que o dono do manuscrito fez isto?
  • 11:30 - 11:34
    Fez isto porque compreende dados
    tão bem como livros.
  • 11:34 - 11:35
    O que se deve fazer com estes livros,
  • 11:35 - 11:37
    se queremos assegurar a sua utilidade
    a longo prazo,
  • 11:37 - 11:39
    é escondê-los em armários
  • 11:39 - 11:41
    e deixar muito poucas pessoas olharem para eles.
  • 11:41 - 11:44
    O que devemos fazer com os dados,
    se quisermos que estes sobrevivam,
  • 11:44 - 11:47
    é difundi-los e permitir que toda a gente os tenha
  • 11:47 - 11:50
    com o mínimo de controlo possível
    sobre esses dados.
  • 11:50 - 11:51
    E foi isso que ele fez.
  • 11:51 - 11:55
    E as instituições podem aprender com isto.
  • 11:55 - 11:57
    Porque neste momento, as instituições
  • 11:57 - 12:00
    protegem os seus dados com restrições
    de direitos de autor e essas coisas.
  • 12:00 - 12:02
    E se quisermos ver
    manuscritos medievais na internet,
  • 12:02 - 12:06
    neste momento temos de ir ao site
    da Biblioteca Nacional de Y,
  • 12:06 - 12:09
    ou ao site da Biblioteca Universitária de X,
  • 12:09 - 12:11
    que é a forma mais aborrecida
  • 12:11 - 12:12
    com a qual se pode lidar com dados digitais.
  • 12:12 - 12:15
    O que devemos fazer é agregar tudo.
  • 12:15 - 12:18
    Porque a rede dos manuscritos antigos
    do futuro
  • 12:18 - 12:21
    não será construída por instituições.
  • 12:21 - 12:24
    Vai ser construída pelos utilizadores,
  • 12:24 - 12:26
    por pessoas que reúnem estes dados,
  • 12:26 - 12:29
    por pessoas que querem agregar
    toda a espécie de mapas
  • 12:29 - 12:31
    de onde quer que sejam,
  • 12:31 - 12:33
    toda a espécie de romances medievais
  • 12:33 - 12:34
    de onde quer que eles tenham vindo,
  • 12:34 - 12:38
    por pessoas que apenas querem ser curadoras
    da sua própria seleção
  • 12:38 - 12:39
    de coisas bonitas.
  • 12:39 - 12:41
    E é esse o futuro da internet.
  • 12:41 - 12:44
    E é um futuro atraente e bonito,
  • 12:44 - 12:46
    se realmente o conseguirmos concretizar.
  • 12:46 - 12:49
    Nós, no Museu de Arte Walters,
    temos seguido este exemplo,
  • 12:49 - 12:52
    e colocámos todos os nossos manuscritos
    na internet
  • 12:52 - 12:54
    para as pessoas desfrutarem de
  • 12:54 - 12:57
    todo o material original, de todas as descrições,
    de todos os metadados,
  • 12:57 - 12:59
    sob uma licença Creative Commons.
  • 12:59 - 13:01
    O Museu de Arte Walters é um museu pequeno
  • 13:01 - 13:03
    e tem manuscritos lindos,
  • 13:03 - 13:05
    mas os dados são fantásticos.
  • 13:05 - 13:06
    E o resultado disto
  • 13:06 - 13:09
    é que se fizerem uma pesquisa no Google
    sobre imagens, neste momento,
  • 13:09 - 13:13
    e escreverem "manuscrito iluminado do Corão",
    por exemplo,
  • 13:13 - 13:17
    24 das 28 imagens que vão encontrar
    vêm da minha instituição.
  • 13:17 - 13:23
    (Aplausos)
  • 13:23 - 13:28
    Vamos pensar nisto durante um minuto.
  • 13:28 - 13:30
    O que ganha a instituição com isso?
  • 13:30 - 13:32
    Há imensas coisas que a instituição pode ganhar.
  • 13:32 - 13:34
    Podemos falar das Humanidades
    e esse tipo de coisas,
  • 13:34 - 13:36
    mas falemos de coisas egoístas.
  • 13:36 - 13:40
    Porque o que a instituição pode realmente ganhar
    é o seguinte:
  • 13:40 - 13:43
    Porque é que as pessoas vão ao Louvre?
  • 13:43 - 13:46
    Vão para ver a Mona Lisa.
  • 13:46 - 13:49
    Porque vão ver a Mona Lisa?
  • 13:49 - 13:52
    Porque já sabem qual é o seu aspeto.
  • 13:52 - 13:54
    E sabem qual é o seu aspeto
  • 13:54 - 13:59
    porque já viram imagens dela
    praticamente em todos os sítios.
  • 13:59 - 14:03
    Não há qualquer necessidade
  • 14:03 - 14:05
    para estas restrições.
  • 14:05 - 14:07
    E eu acho que as instituições
    deviam chegar-se à frente
  • 14:07 - 14:11
    e revelar todos os seus dados
    sob licenças não restritas,
  • 14:11 - 14:13
    e isso seria uma grande vantagem para todos.
  • 14:13 - 14:16
    Porque não deixamos toda a gente
    ter acesso a estes dados
  • 14:16 - 14:18
    e fazer a curadoria da sua própria coleção
  • 14:18 - 14:20
    de conhecimento antigo
    e de coisas maravilhosas e bonitas
  • 14:20 - 14:24
    e aumentar o importância estética e cultural
  • 14:24 - 14:25
    da internet?
  • 14:25 - 14:26
    Muito obrigado.
  • 14:26 - 14:31
    (Aplausos)
Title:
William Noel: Revelando o Códice perdido de Arquimedes
Speaker:
William Noel
Description:

Como podemos ler um manuscrito com 2 000 anos que foi apagado, cortado, escrito e pintado por cima? Com um poderoso acelerador de partículas, claro! O curador de livros antigos, William Noel, conta-nos a história fascinante do palimpsesto de Arquimedes, um livro de orações bizantino que contém escritos originais, anteriormente desconhecidos, do antigo matemático grego Arquimedes e de outros.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
14:53

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