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O novo Sonho Americano

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    Sou jornalista,
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    por isso, gosto de procurar
    histórias por contar,
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    as vidas que passam alheias
    aos cabeçalhos dos jornais.
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    Também estou a tentar criar raízes,
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    escolher um companheiro, fazer bebés.
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    Nos últimos anos,
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    tenho tentado perceber
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    o que constitui a boa vida do século XXI,
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    não só pelo facto de ser fascinada
    pelas implicações morais e filosóficas,
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    mas também por estar a precisar
    de respostas desesperadamente.
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    Vivemos num tempo de incertezas.
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    Na verdade, pela primeira vez
    na história americana,
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    a maioria dos pais não acha
    que os seus filhos estarão melhor
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    do que eles com a mesma idade.
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    Isto vale para ricos e pobres,
    homens e mulheres.
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    Ouvindo isto, alguns de vocês
    podem ficar tristes.
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    Afinal, os EUA investem profundamente
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    nesta ideia de transcendência económica,
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    em que cada geração deve ser
    melhor que a anterior,
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    ganhando mais, comprando mais, sendo mais.
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    Exportamos este sonho
    para o mundo inteiro,
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    por isso, as crianças no Brasil,
    na China e até no Quénia
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    herdam o nosso desejo insaciável
  • 1:11 - 1:13
    por mais.
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    Mas quando eu li esta sondagem
    histórica pela primeira vez,
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    na verdade, não fiquei triste.
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    Parecia uma provocação.
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    "Estar melhor" — baseado em que padrões?
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    "Estar melhor" é encontrar
    um emprego estável
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    com que podemos contar
    para o resto da vida?
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    Esses estão quase extintos.
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    As pessoas mudam de emprego,
    em média, a cada 4,7 anos,
  • 1:36 - 1:38
    e estima-se que, em 2020,
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    quase metade dos americanos
    serão "freelancers".
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    Ok, então "estar melhor"
    é só um número?
  • 1:45 - 1:48
    Tem a ver com ganhar
    o máximo que pudermos?
  • 1:48 - 1:51
    Estamos a falhar, nesta medida.
  • 1:51 - 1:56
    O rendimento médio mensal
    mantém-se estável desde 2000,
  • 1:56 - 1:58
    ajustado à inflação.
  • 1:58 - 2:02
    Tudo bem, então estar melhor é ter
    uma casa grande com uma cerca branca?
  • 2:03 - 2:05
    Há cada vez menos pessoas
    a fazer isso.
  • 2:05 - 2:08
    Quase 5 milhões de pessoas perderam
    as suas casas na Grande Recessão,
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    e cada vez mais temos consciência
    dos passos que estamos dispostos a dar,
  • 2:13 - 2:16
    — ou de sermos enganados em muitos
    casos de preços abusivos —
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    para realizar esta façanha.
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    O índice de propriedade imobiliária
    é o menor desde 1995.
  • 2:22 - 2:25
    Tudo bem, não estamos a encontrar
    um emprego estável,
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    não ganhamos muito dinheiro,
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    e não moramos numa mansão.
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    Que os sinos toquem a finados,
  • 2:32 - 2:35
    por tudo que fez a América ser grande.
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    Mas,
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    serão esses os melhores indicadores
    da grandeza de uma nação,
  • 2:42 - 2:43
    de uma vida bem vivida?
  • 2:44 - 2:48
    O que eu acho que faz a América
    grande é o espírito de reinvenção.
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    Na esteira da Grande Recessão,
  • 2:50 - 2:54
    muitos americanos estão a redefinir
    o que significa "estar melhor".
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    No fim, tem mais a ver
    com comunidade e criatividade
  • 2:58 - 3:00
    do que com dólares e cêntimos.
  • 3:01 - 3:03
    Agora, permitam-me que esclareça:
  • 3:03 - 3:07
    os 14,8% dos americanos
    que vivem na pobreza,
  • 3:07 - 3:10
    precisam de dinheiro,
    pura e simplesmente.
  • 3:10 - 3:14
    Todos nós precisamos de políticas
    que nos protejam da exploração
  • 3:14 - 3:17
    de empregadores
    e das instituições financeiras.
  • 3:17 - 3:22
    Nada aqui pretende sugerir
    que o fosso entre ricos e pobres
  • 3:22 - 3:25
    não seja algo profundamente imoral.
  • 3:26 - 3:27
    Mas,
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    frequentemente, deixamos
    este assunto de lado.
  • 3:31 - 3:34
    Falamos da pobreza como se ela
    fosse uma experiência monolítica;
  • 3:35 - 3:37
    falamos dos pobres
    como se fossem as únicas vítimas.
  • 3:38 - 3:41
    Parte do que eu aprendi
    na pesquisa e nos relatórios
  • 3:41 - 3:43
    é que a arte de viver bem
  • 3:43 - 3:46
    geralmente é praticada magistralmente
  • 3:46 - 3:49
    pelos mais vulneráveis.
  • 3:50 - 3:53
    Agora, se a necessidade
    é a mãe da invenção,
  • 3:53 - 3:54
    eu começo a acreditar
  • 3:54 - 3:58
    que a recessão pode ser
    o pai da consciência.
  • 3:59 - 4:02
    Isto coloca-nos perante
    questões profundas,
  • 4:02 - 4:05
    às quais somos indiferentes
    ou preguiçosos demais para fazê-las,
  • 4:05 - 4:07
    em tempos de relativo conforto.
  • 4:07 - 4:09
    Como deveríamos trabalhar?
  • 4:09 - 4:10
    Como deveríamos viver?
  • 4:11 - 4:13
    Todos nós, mesmo que o não saibamos,
  • 4:13 - 4:15
    procuramos estas respostas,
  • 4:15 - 4:18
    com os nossos antepassados
    a cochichar ao ouvido.
  • 4:19 - 4:23
    O meu bisavô era um bêbado de Detroit,
  • 4:23 - 4:26
    que às vezes conseguia manter
    um emprego nas fábricas.
  • 4:27 - 4:30
    Por incrível que pareça,
  • 4:30 - 4:31
    ele tinha 21 filhos
  • 4:31 - 4:34
    com a mesma mulher, a minha bisavó,
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    que morreu aos 47 anos,
    com cancro nos ovários.
  • 4:38 - 4:40
    Agora, estou na minha segunda gravidez
  • 4:40 - 4:44
    e não consigo imaginar
    o que ela deve ter passado.
  • 4:45 - 4:48
    Se estão a tentar fazer as contas,
    foram seis pares de gémeos.
  • 4:49 - 4:52
    Então, o meu avô, filho deles,
  • 4:52 - 4:53
    tornou-se num caixeiro-viajante
  • 4:53 - 4:55
    que vivia altos e baixos.
  • 4:55 - 4:58
    O meu pai cresceu a abrir a porta
    aos cobradores de dívidas
  • 4:59 - 5:01
    e a fingir que os pais
    não estavam em casa.
  • 5:01 - 5:05
    Tirou o próprio aparelho dos dentes,
    com um alicate, na garagem,
  • 5:05 - 5:07
    quando o pai confessou
    que não tinha dinheiro
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    para continuar a pagar ao dentista.
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    Então, o meu pai, como era de esperar,
  • 5:12 - 5:15
    tornou-se um advogado
    especialista em falências.
  • 5:15 - 5:17
    Dava um bom romance, não dava?
  • 5:17 - 5:21
    Ele estava obcecado
    em dar uma base segura
  • 5:21 - 5:22
    a mim e ao meu irmão.
  • 5:23 - 5:26
    Então, eu faço estas perguntas
    referindo-me às gerações de vida difícil.
  • 5:27 - 5:30
    Os meus pais garantiram
    que eu crescesse num porto seguro
  • 5:30 - 5:34
    o que me permitiu
    questionar, arriscar e vencer.
  • 5:34 - 5:37
    Ironicamente, e provavelmente
    às vezes para frustração deles,
  • 5:37 - 5:41
    é o empenho inabalável deles
    para a estabilidade
  • 5:41 - 5:43
    que me permite questionar o seu valor,
  • 5:43 - 5:46
    ou, pelo menos, o seu valor
    como historicamente o definimos
  • 5:46 - 5:48
    no século XXI.
  • 5:49 - 5:51
    Vamos ao fundo da primeira pergunta:
  • 5:51 - 5:53
    Como deveríamos trabalhar?
  • 5:54 - 5:57
    Deveríamos trabalhar como as nossas mães.
  • 5:58 - 6:00
    Isso mesmo: passámos décadas
  • 6:00 - 6:04
    a tentar inserir as mulheres num mundo
    de trabalho construído para homens.
  • 6:04 - 6:07
    Muitas fizeram malabarismos
    para se encaixarem,
  • 6:07 - 6:09
    mas outras criaram caminhos
    pouco convencionais,
  • 6:10 - 6:12
    criando uma mistura
    de significado e dinheiro,
  • 6:12 - 6:15
    com flexibilidade suficiente
    para fazer o que precisavam
  • 6:15 - 6:17
    para aqueles que amam.
  • 6:17 - 6:19
    A minha mãe diz que isto
    é "fazer funcionar."
  • 6:20 - 6:23
    Hoje, vejo consultores
    chamarem a isto "portefólio".
  • 6:24 - 6:26
    Seja o que for,
  • 6:26 - 6:31
    cada vez mais homens anseiam
    por esta vida plena, ou mesmo ansiosa.
  • 6:31 - 6:36
    Acordam com o desejo e com o dever
    de serem pais e filhos presentes.
  • 6:37 - 6:39
    A artista Ann Hamilton disse:
  • 6:39 - 6:41
    "O trabalho é uma forma de conhecer".
  • 6:42 - 6:44
    O trabalho é uma forma de conhecer.
  • 6:44 - 6:46
    Noutras palavras,
    o nosso ramo de atividade
  • 6:46 - 6:49
    é o que entendemos sobre o mundo.
  • 6:49 - 6:51
    Se isto é verdade, e eu acho que é,
  • 6:51 - 6:55
    então as mulheres que se preocuparam
    desproporcionadamente com as crianças,
  • 6:55 - 6:57
    os doentes e os idosos,
  • 6:57 - 7:00
    beneficiaram desproporcionadamente
  • 7:00 - 7:03
    do tipo mais profundo
    de conhecimento que existe:
  • 7:03 - 7:06
    conhecer a condição humana.
  • 7:06 - 7:09
    Ao dar prioridade aos cuidados,
  • 7:09 - 7:11
    os homens, de certo modo,
    reivindicam os seus direitos
  • 7:11 - 7:14
    a todo o espetro da existência humana.
  • 7:15 - 7:19
    Isto significa que o dia de trabalho
    das 9h às 17h já não funciona.
  • 7:19 - 7:22
    Marcar o ponto está-se a tornar
    tão obsoleto quanto fazer uma carreira.
  • 7:22 - 7:25
    Indústrias inteiras nascem
    e morrem todos os dias.
  • 7:25 - 7:27
    Tudo será não linear a partir de agora.
  • 7:27 - 7:29
    Temos que deixar de perguntar às crianças:
  • 7:29 - 7:31
    "O que queres ser quando fores grande?"
  • 7:31 - 7:35
    e começar a perguntar:
    "Como queres ser quando fores grande?"
  • 7:35 - 7:37
    O trabalho deles mudará constantemente.
  • 7:37 - 7:39
    O denominador comum serão eles.
  • 7:40 - 7:41
    Quanto mais entenderem os seus dons
  • 7:41 - 7:44
    e criarem equipas ideais de colaboradores,
  • 7:44 - 7:46
    melhor se sairão.
  • 7:47 - 7:49
    O desafio é reinventar
    a rede de segurança social
  • 7:49 - 7:52
    para fazer face a esta crescente
    economia fragmentada.
  • 7:52 - 7:54
    Precisamos de planos de saúde.
  • 7:54 - 7:58
    Precisamos de políticas que reflitam
    que todos merecemos ficar vulneráveis,
  • 7:58 - 8:01
    ou cuidar de quem precise,
    sem empobrecermos.
  • 8:01 - 8:04
    Precisamos de pensar
    numa renda básica universal.
  • 8:04 - 8:06
    Precisamos de reinventar
    a gestão do trabalho.
  • 8:07 - 8:10
    A promessa de um mundo
    profissional estruturado
  • 8:10 - 8:12
    adequado aos nossos valores do século XXI,
  • 8:13 - 8:15
    e não de ideias arcaicas do tipo
    ganhar o pão de cada dia,
  • 8:15 - 8:18
    que estão mais do que ultrapassadas
  • 8:18 - 8:20
    — perguntem às vossas mães.
  • 8:20 - 8:22
    E quanto à segunda pergunta:
  • 8:22 - 8:23
    Como deveríamos viver?
  • 8:24 - 8:25
    Deveríamos viver
  • 8:26 - 8:28
    como os nossos antepassados imigrantes.
  • 8:29 - 8:31
    Quando chegaram à América,
  • 8:31 - 8:35
    eles dividiam os apartamentos, os meios
    de sobrevivência, o cuidado dos filhos;
  • 8:35 - 8:37
    sabiam sempre como alimentar mais um,
  • 8:37 - 8:39
    mesmo com pouca comida disponível.
  • 8:40 - 8:43
    Mas disseram-lhes que o sucesso
    consistia em deixar a aldeia para trás
  • 8:43 - 8:46
    e perseguir o símbolo icónico
    do sonho americano,
  • 8:46 - 8:49
    a cerca branca.
  • 8:48 - 8:50
    Ainda hoje, quando vemos
    uma cerca branca,
  • 8:51 - 8:53
    pensamos em sucesso, posses.
  • 8:53 - 8:55
    Mas quando retiramos o sentimentalismo,
  • 8:55 - 8:58
    o que a cerca realmente faz é dividir-nos.
  • 8:58 - 9:01
    Muitos americanos estão
    a renunciar à cerca branca
  • 9:01 - 9:04
    e ao tipo de vida altamente
    privada que ocorre dentro dela,
  • 9:04 - 9:06
    e a reivindicar a vida na aldeia,
  • 9:07 - 9:09
    a reivindicar a interdependência.
  • 9:09 - 9:11
    Por exemplo, há 50 milhões de americanos
  • 9:11 - 9:14
    que vivem em residências
    com várias gerações.
  • 9:14 - 9:17
    Este número explodiu
    com a Grande Recessão,
  • 9:17 - 9:19
    mas tornou-se na forma
    que as pessoas gostam de viver.
  • 9:19 - 9:23
    Dois terços dos que vivem com várias
    gerações debaixo do mesmo teto
  • 9:23 - 9:26
    dizem que isto melhora o relacionamento.
  • 9:26 - 9:29
    Alguns estão a optar por dividir
    casa não com familiares,
  • 9:29 - 9:32
    mas com outras pessoas que entendem
    os benefícios económicos e de saúde
  • 9:32 - 9:34
    da convivência diária.
  • 9:34 - 9:38
    A CoAbode, uma plataforma online para
    mães solteiras que querem partilhar casa
  • 9:38 - 9:39
    com outras mães solteiras,
  • 9:39 - 9:42
    tem 50 mil utilizadoras.
  • 9:42 - 9:44
    E as pessoas acima dos 65 anos
    são muito propensas
  • 9:44 - 9:48
    a procurar estas alternativas
    de acomodação.
  • 9:48 - 9:51
    Elas percebem que a sua qualidade de vida
  • 9:51 - 9:56
    depende de uma mistura
    de solidão e solidariedade.
  • 9:56 - 9:58
    Isso serve para todos,
    se pensarem bem,
  • 9:58 - 10:00
    para jovens e para idosos.
  • 10:00 - 10:04
    Durante muito tempo, pensámos
    que a felicidade era um rei no seu castelo.
  • 10:04 - 10:07
    Mas todas as pesquisas provam o contrário.
  • 10:07 - 10:11
    Revelam que os americanos mais saudáveis,
    felizes e até os mais seguros,
  • 10:11 - 10:16
    — em termos de alteração climática,
    em termos de crime, tudo isso —
  • 10:16 - 10:20
    são os que vivem interligados
    com os seus vizinhos.
  • 10:21 - 10:23
    Eu experimentei isto pessoalmente.
  • 10:23 - 10:26
    Nos últimos anos, vivi numa comunidade
    de habitação partilhada.
  • 10:26 - 10:30
    Com mais de 6 mil metros quadrados
    de diospireiros,
  • 10:30 - 10:34
    com um arbusto prolífico de amoras
    em torno de um jardim comunitário,
  • 10:34 - 10:38
    bem no meio, a propósito,
    do centro urbano de Oakland.
  • 10:37 - 10:40
    As nove casas foram feitas
    para serem diferentes,
  • 10:40 - 10:41
    com tamanhos e formas diferentes,
  • 10:41 - 10:43
    porém o mais ecológicas possível.
  • 10:43 - 10:46
    Grandes painéis de energia solar
    no telhado
  • 10:46 - 10:48
    permitem que a conta de luz
  • 10:48 - 10:50
    raramente ultrapasse os 5 dólares por mês.
  • 10:50 - 10:52
    As 25 pessoas que lá moram
    têm diferentes idades,
  • 10:52 - 10:55
    diferentes convicções políticas
    e profissões diferentes,
  • 10:55 - 10:58
    e vivem em casas que têm tudo
    o que uma casa normal teria.
  • 10:58 - 10:59
    Mas, complementarmente,
  • 10:59 - 11:02
    dividimos uma cozinha industrial
    e um refeitório,
  • 11:02 - 11:04
    onde comemos juntos duas vezes por semana.
  • 11:04 - 11:06
    Quando conto às pessoas que vivo assim,
  • 11:06 - 11:08
    normalmente há duas reações extremas.
  • 11:08 - 11:10
    Ou dizem: "Porque é que
    não vivemos todos assim?"
  • 11:11 - 11:14
    Ou dizem: "Isso parece-me
    uma coisa terrível.
  • 11:14 - 11:15
    "Eu jamais faria isso".
  • 11:15 - 11:20
    Pois asseguro-vos: há um respeito
    sagrado pela privacidade entre nós,
  • 11:21 - 11:25
    mas também um compromisso
    com a "hospitalidade radical"
  • 11:26 - 11:28
    — não do tipo anunciada
    pelos hotéis "Four Seasons",
  • 11:29 - 11:35
    mas do tipo que diz que cada
    pessoa é digna de gentileza,
  • 11:34 - 11:36
    ponto final, muda de parágrafo.
  • 11:37 - 11:40
    A minha maior surpresa em morar
    numa comunidade como esta?
  • 11:41 - 11:45
    Dividimos todo o trabalho doméstico
    — as reparações, o cozinhar, a horta —
  • 11:45 - 11:47
    mas também dividimos
    o trabalho emocional.
  • 11:48 - 11:51
    Em vez de dependermos apenas
    da unidade familiar idealizada
  • 11:51 - 11:53
    para resolver as necessidades emocionais,
  • 11:53 - 11:55
    podemos contar com dezenas de pessoas
  • 11:55 - 11:57
    para falar de um dia duro no trabalho,
  • 11:57 - 12:00
    ou de como lidar
    com um professor abusivo.
  • 12:00 - 12:04
    Os adolescentes da nossa comunidade
    geralmente pedem conselhos
  • 12:04 - 12:07
    a adultos que não são os seus pais.
  • 12:07 - 12:11
    Isto é o que se chama
    de "parentalidade revolucionária",
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    este humilde reconhecimento
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    de que as crianças são mais saudáveis
    quando têm um maior número de adultos
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    que elas podem imitar
    ou com quem podem contar.
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    E também é mais saudável para os adultos.
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    É muita pressão,
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    tentar ser a família perfeita
    por detrás daquela cerca branca.
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    O novo "estar melhor",
    como eu vim a chamar-lhe,
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    tem menos a ver
    com investir na família perfeita
  • 12:34 - 12:37
    e mais em investir na aldeia imperfeita,
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    quer seja a morar com familiares,
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    numa comunidade como a minha,
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    ou apenas alguns vizinhos
    que se comprometem a conhecerem-se
  • 12:44 - 12:46
    e a cuidarem uns dos outros.
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    O senso comum é bom, certo?
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    Porém, o dinheiro geralmente confunde-nos
  • 12:51 - 12:54
    quanto a pedir ajuda.
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    A riqueza mais fiável
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    encontra-se nos relacionamentos.
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    O novo "estar melhor" não é
    uma perspetiva individual.
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    Na verdade, se vocês são uns falhados,
    ou se pensam que o são,
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    tenho boas notícias:
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    vocês podem ser um sucesso por
    padrões que ainda não consideraram.
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    Podem ganhar pouco,
    mas serem pais magníficos.
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    Talvez não possam comprar
    a casa dos vossos sonhos,
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    mas dão festas lendárias no vosso bairro.
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    Se são um exemplo de sucesso,
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    as consequências do que estou
    a dizer podem ser sombrias.
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    Podem ser uns falhados
    por padrões que vos importam,
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    mas que o mundo não valoriza.
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    Só vocês podem saber.
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    Eu sei que não serei um tributo
    à minha bisavó,
  • 13:42 - 13:45
    que viveu uma vida tão curta e brutal,
  • 13:45 - 13:49
    se eu ganhar dinheiro suficiente
    para pagar todo o tipo de conforto.
  • 13:49 - 13:52
    Não se pode fugir do sofrimento
    nem encontrar o sentido.
  • 13:52 - 13:54
    Não há casa suficientemente grande
  • 13:54 - 13:57
    para apagar a dor
    que ela deve ter suportado.
  • 13:57 - 13:59
    Serei um tributo a ela,
  • 13:59 - 14:03
    se viver a vida mais interligada
    e corajosa possível.
  • 14:04 - 14:07
    No meio da incerteza generalizada,
  • 14:07 - 14:10
    podemos, na verdade, ficar inseguros.
  • 14:10 - 14:13
    Mas podemos deixar que a insegurança
    nos deixe frágeis
  • 14:13 - 14:15
    ou flexíveis.
  • 14:15 - 14:20
    Podemos perder a fé no poder
    das instituições em mudar,
  • 14:20 - 14:22
    podemos até perder a fé em nós mesmos.
  • 14:22 - 14:24
    Ou podemos olhar para fora,
  • 14:24 - 14:30
    cultivar a fé na nossa capacidade
    de aproximar, de interligar, de criar.
  • 14:31 - 14:34
    Acontece que o maior perigo
  • 14:34 - 14:37
    não é falhar em alcançar
    o Sonho Americano.
  • 14:38 - 14:40
    O maior perigo é alcançar um sonho
  • 14:40 - 14:43
    no qual, na verdade, não acreditamos.
  • 14:43 - 14:45
    Não façam isso.
  • 14:45 - 14:48
    Façam a coisa mais difícil,
    mais interessante,
  • 14:48 - 14:52
    que é criar uma vida
    na qual o que fazem todos os dias,
  • 14:52 - 14:55
    as pessoas a quem dão o vosso
    melhor amor, criatividade e energia,
  • 14:55 - 14:59
    alinham-se tão próximo quanto possível
    com o que vocês acreditam.
  • 14:59 - 15:02
    Isso, e não algo tão mundano
    quanto ganhar dinheiro,
  • 15:02 - 15:04
    é um tributo aos vossos antepassados.
  • 15:05 - 15:08
    Esta é a bela luta.
  • 15:09 - 15:10
    Obrigada.
  • 15:10 - 15:13
    (Aplausos)
Title:
O novo Sonho Americano
Speaker:
Courtney Martin
Description:

Pela primeira vez na história, a maioria dos pais americanos não acha que os seus filhos vão ficar melhor do que eles. Isso não deve ser motivo de alarme, diz a jornalista Courtney Martin. Em vez disso, é uma oportunidade para definir uma nova abordagem ao trabalho e à família que enfatize a comunidade e a criatividade. "O maior perigo não é deixar de alcançar o Sonho Americano", diz ela numa palestra que vai ressoar muito além dos Estados Unidos. "O maior perigo é conseguir um sonho em que vocês realmente não acreditam."

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:32
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The new American Dream
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for The new American Dream
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The new American Dream
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The new American Dream
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The new American Dream
Catarina Mendes edited Portuguese subtitles for The new American Dream
MISAEL GOMES DE SOUZA edited Portuguese subtitles for The new American Dream
MISAEL GOMES DE SOUZA edited Portuguese subtitles for The new American Dream
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