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Transformação de uma escola: nossos alunos valem a pena | Jihad Dib | TEDxSydney

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    Imaginem uma escola
    onde as coisas eram tão ruins
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    que o diretor teve uma arma apontada
    para a cabeça dele.
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    Onde os funcionários sofriam
    de estresse pós-traumático
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    como resultado
    da violência e marginalidade.
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    Um lugar onde os estudantes viam a escola
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    apenas como uma passagem
    para vida do crime,
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    como fuga da pobreza geracional.
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    Essa era a nossa escola.
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    Antes próspera, havia perdido o rumo.
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    As matrículas eram poucas.
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    Educação já não era o principal negócio.
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    Visitantes eram recebidos
    com cercas de arame farpado
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    e grades na janela.
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    Na escola, havia ódio pulsando
    bem perto da superfície.
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    Uma clara dicotomia
    entre o "nós" e o "eles"
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    separando professores e alunos.
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    Nunca vou esquecer
    o meu primeiro dia por lá.
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    Na primeira hora,
    já estava lidando com uma briga.
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    Foi tão séria que um aluno
    ficou gravemente ferido.
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    Soube ali que aquele não seria
    meu último contato com sangue.
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    É fácil desistir de um lugar como aquele.
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    Sempre podemos culpar a comunidade,
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    culpar os garotos,
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    ou o sistema.
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    Não, não podemos.
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    Porque onde há um coração batendo,
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    há vida.
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    Oito anos se passaram
    e nossa escola está irreconhecível.
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    As matrículas quase dobraram.
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    Não existem mais cercas ou grades.
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    Assim como a violência e a apatia
    em relação à educação.
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    Elas foram substituídas
    pela atitude de "somos capazes"
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    e uma profunda convicção
    de que nossa escola,
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    antes a última alternativa,
    agora é uma ótima escola.
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    Temos uma fila de espera para professores.
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    Nosso jantar comunitário
    que começou com 50 participantes
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    agora tem 600.
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    Nossos alunos fazem fila
    pelas posições de liderança.
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    Nossos garotos usam o uniforme
    com orgulho.
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    Querem estar nesta escola.
  • 2:11 - 2:15
    Toda manhã eu e os vice-diretores
    esperamos os estudantes no portão.
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    Compartilhamos histórias,
    rimos e os acolhemos.
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    Construímos relacionamentos diariamente.
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    Meus pais, nascidos no Líbano,
    chegaram aqui em 1974.
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    Imigrantes que eram, o sonho deles
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    era que o filho mais velho fosse médico.
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    (Risos)
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    Essa é outra história.
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    Meu pai nunca conseguiu
    completar sua educação
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    e mesmo assim,
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    é um dos melhores professores
    que eu já conheci.
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    Ele nos incutiu
    a importância do conhecimento.
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    Falando de minha mãe,
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    recordo a camisa florida que ela me deu
    no meu primeiro dia como professor.
  • 2:53 - 2:55
    (Risos)
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    Era a maneira dela de demostrar orgulho,
  • 2:58 - 3:01
    e prova também
    que ela parou na década de 1970.
  • 3:01 - 3:02
    (Risos)
  • 3:02 - 3:04
    Obrigado, mãe.
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    Talvez tenha sido a camisa da sorte.
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    Ou o fato de eu ter começado
    a comprar minhas roupas.
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    Mas passados dez anos,
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    fui apontado como um dos diretores
    de escola mais jovens do estado,
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    na Punchbowl Boys High School.
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    (Aplausos)
  • 3:25 - 3:28
    Uma escola descartada por muitos.
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    Ouvi todo tipo de argumento
    antes de começar a trabalhar lá:
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    "Você está perdendo seu tempo".
  • 3:33 - 3:35
    "É uma escola sem futuro,
    só para fracassados."
  • 3:35 - 3:38
    Mas me decidi
    quando um professor me disse:
  • 3:38 - 3:40
    "Esses garotos não valem a pena".
  • 3:40 - 3:42
    Eu sabia que valiam.
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    Não queria só cumprir
    meu tempo como diretor
  • 3:45 - 3:47
    e ir para algum lugar melhor.
  • 3:47 - 3:51
    Queria fazer nossa escola "o lugar melhor"
    que as pessoas estivessem buscando.
  • 3:52 - 3:54
    Queria criar uma sensação
    de pertencimento,
  • 3:54 - 3:56
    uma comunidade,
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    uma família escolar.
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    Logo tudo passou a girar
    em torno da família.
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    Eu me apropriei da ideia
    de que a família é o apoio,
  • 4:06 - 4:09
    que ela quer o melhor para você,
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    e está sempre ao seu lado.
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    Faltava um coração para a escola.
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    E ao criar um sentimento de família,
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    não só encontramos nosso coração
  • 4:20 - 4:22
    como também expandimos nossa alma.
  • 4:22 - 4:26
    Começamos a remover obstáculos
    que impediam os garotos de vencer.
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    Se eles não tinham o que comer,
    nós oferecíamos comida.
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    Se não tinham o equipamento certo,
    nós o encontrávamos.
  • 4:32 - 4:35
    Se não acreditavam em si mesmos,
    gerávamos confiança dentro deles.
  • 4:35 - 4:37
    Estávamos ao lado deles quando caíam
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    e quando precisavam
    de ombros para apoiar-se.
  • 4:40 - 4:44
    Com essa visão,
    decidimos reavaliar tudo na escola.
  • 4:45 - 4:48
    Das atividades e matérias oferecidas,
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    da qualidade de nossos professores,
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    até a comida que vendíamos na cantina.
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    Dali em diante,
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    ser apenas bom já não era suficiente.
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    É preciso muita coisa para fazer mudanças
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    e, na minha opinião,
    elas estavam fundamentadas
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    em três pontos importantes.
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    Primeiro, era necessário
    apaziguar os garotos,
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    arrancar deles a mentalidade de gangue.
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    Queríamos que começassem
    a ir para a escola para aprender.
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    Começamos a enfatizar
    coisas boas e não problemas.
  • 5:23 - 5:27
    Tentamos flagrá-los fazendo coisas boas
    e dar os créditos por isso.
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    Sabem de uma coisa?
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    Logo as atitudes deles
    mudaram para melhor.
  • 5:33 - 5:35
    Conseguimos bumbuns nas cadeiras
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    e mais dedicação na sala de aula.
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    E o melhor de tudo,
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    os garotos não tinham mais desculpas
    para não buscar o sucesso.
  • 5:45 - 5:47
    O segundo ponto importante
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    era o empoderamento
    de nossa incrível equipe.
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    Ela é nosso coração e alma
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    e transformou nosso sonho em realidade.
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    Não queria uma equipe
    que estivesse lá por estar,
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    fazendo um trabalho comunitário qualquer.
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    Atualmente, é normal alguém da equipe
    ficar na escola depois do expediente.
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    Ajudando os garotos em tarefas extras,
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    apoiando programas esportivos,
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    fazendo mentoria,
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    aconselhamento de carreira
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    ou mesmo fazendo alguma manutenção
    que não podemos pagar.
  • 6:19 - 6:20
    A equipe doa o melhor de si.
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    O mesmo que gostariam
    para seus próprios filhos,
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    porque acreditam na escola
    e na nossa visão.
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    Nossa equipe é resiliente.
  • 6:29 - 6:31
    É inspiradora.
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    E, sim, como podem deduzir, somos família.
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    Não somos apenas colegas.
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    O terceiro ponto e,
    para mim, o mais crítico,
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    foi conseguir o envolvimento
    da comunidade.
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    Os pais dos nossos garotos
    são boas pessoas
  • 6:44 - 6:48
    e querem para seus filhos
    o mesmo que quaisquer pais,
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    o melhor.
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    Quando eu queria conselhos ou dicas
    sobre como lidar com os garotos,
  • 6:53 - 6:55
    oferecíamos aulas noturnas para eles.
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    Essas aulas foram tão bem-sucedidas,
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    que se tornaram uma tradição
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    e são um exemplo de boa vontade,
  • 7:04 - 7:07
    bom humor, aprendizado
  • 7:07 - 7:08
    e o melhor de tudo,
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    servíamos a comida
    mais deliciosa do mundo.
  • 7:10 - 7:12
    (Risos)
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    Os pais tornaram-se
    nossos melhores defensores
  • 7:17 - 7:21
    e nos brindaram com total confiança.
  • 7:22 - 7:26
    Será que toda essa reflexão, revisão,
    engajamento e tudo o mais,
  • 7:26 - 7:28
    resultaram em impacto acadêmico?
  • 7:28 - 7:30
    Adivinhem.
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    No ano passado, 65% de nossos garotos
    seguiram com os estudos.
  • 7:37 - 7:39
    (Aplausos)
  • 7:44 - 7:48
    Compare esse número
    com apenas 30% há oito anos.
  • 7:49 - 7:51
    (Aplausos)
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    Eu avisei que os professores eram bons.
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    Entretanto, o conceito de família
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    está simbolizado por Sam.
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    Ele é um refugiado de Serra Leoa
    que veio para a escola aos 15 anos.
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    Ele tinha apenas nove meses
    de educação formal.
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    Não tinha os pais.
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    Eu sabia por experiência
    que não devia fazer perguntas.
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    Um certo dia, eu estava no portão
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    e tentava impedir um bêbado
    de entrar na escola.
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    Não o conhecia.
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    Não tinha por que ele entrar na escola,
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    mas ele teimava em entrar.
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    Eu não queria deixar que ele entrasse.
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    Do nada, Sam apareceu do meu lado.
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    Ele sentiu que algo estava errado
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    e queria me proteger.
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    Ele ficou ao meu lado.
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    Logo que a situação foi resolvida
    de forma pacífica,
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    perguntei ao Sam:
    "Você já brigou alguma vez?"
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    Ele respondeu que não.
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    Naquele momento,
    percebi o que ele estava fazendo.
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    Ele estava nos recompensando
  • 9:12 - 9:16
    pela gentileza, simpatia e amor
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    que tinha recebido de sua nova família.
  • 9:19 - 9:21
    É difícil não se comover com algo assim.
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    (Aplausos)
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    No processo de apaziguar esses jovens,
    quase perdi meus dois vice-diretores.
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    Eu os considero como um irmão e uma irmã,
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    não apenas meus parceiros.
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    Recentemente ambos, e ao mesmo tempo,
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    me entregaram cartas de demissão.
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    Diziam que não era para isso
    que foram contratados,
  • 9:51 - 9:53
    e eles precisavam seguir em frente.
  • 9:53 - 9:55
    Eles estavam preparados
  • 9:55 - 9:58
    para lidar com brigas, insultos
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    comportamentos inadequados
    e desobediência.
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    Não estavam preparados nem sabiam
    lidar com os problemas mais recentes.
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    Eles tinham acabado de resolver
    uma discussão entre dois garotos,
  • 10:10 - 10:12
    o que, por si só, não era nada incomum,
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    a não ser pelo fato de que os dois garotos
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    discutiam sobre qual creme de mão usar.
  • 10:21 - 10:23
    (Risos)
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    Eles encontraram algo valioso
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    e informo que ainda trabalham comigo.
  • 10:31 - 10:32
    (Risos)
  • 10:32 - 10:34
    Histórias engraçadas nos mantêm lúcidos.
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    Era uma vez uma escola
    destinada ao ferro-velho,
  • 10:38 - 10:41
    mas nossa experiência mostra
    que é possível mudar a cultura
  • 10:41 - 10:44
    e é possível mudar a trajetória
    de qualquer organização.
  • 10:45 - 10:47
    Essa é uma verdade universal.
  • 10:48 - 10:51
    Se você trabalhar com o coração
    e os braços abertos,
  • 10:51 - 10:54
    outras pessoas vão se unir a você.
  • 10:54 - 10:56
    O otimismo é contagioso
  • 10:56 - 10:59
    e ídolos são pessoas comuns.
  • 11:01 - 11:04
    Quero ver um futuro brilhante para escolas
  • 11:04 - 11:08
    onde o conceito de pertencimento
    não seja algo para se batalhar,
  • 11:08 - 11:10
    mas, sim, algo natural.
  • 11:12 - 11:15
    Seja qual for a posição
    que a escola ocupe,
  • 11:15 - 11:17
    em uma classificação simplista,
  • 11:19 - 11:20
    a medida importante
  • 11:21 - 11:22
    está na força
  • 11:23 - 11:25
    do coração e da alma.
  • 11:25 - 11:27
    Obrigado.
  • 11:27 - 11:29
    (Aplausos)
Title:
Transformação de uma escola: nossos alunos valem a pena | Jihad Dib | TEDxSydney
Description:

Disseram a Jihad Dib que a tarefa era grande demais, que a escola estava deteriorada demais e que a comunidade estava muito enfraquecida. Disseram que não valia a pena. Em sua palestra Jihad Dib descreve como sua visão de uma escola melhor, de um futuro mais brilhante e de uma comunidade mais forte tornou-se realidade.

Jihad Dib foi o primeiro de sua grande família de mais de 100 pessoas a frequentar a universidade. Ao completar sua licenciatura em educação, Jihad rapidamente ascendeu às fileiras para se tornar um dos mais jovens diretores escolares. Ele já recebeu inúmeros prêmios e acredita na diferença que uma boa educação pode fazer na vida das pessoas.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
11:52

Portuguese, Brazilian subtitles

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