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Eis como reconquistamos a Internet

  • 0:01 - 0:03
    Chris Anderson: Os direitos dos cidadãos,
  • 0:03 - 0:05
    o futuro da Internet.
  • 0:06 - 0:09
    Gostaria de dar as boas-vindas
    no palco do TED
  • 0:09 - 0:12
    ao homem por detrás destas revelações,
  • 0:12 - 0:13
    Ed Snowden.
  • 0:14 - 0:17
    (Aplausos)
  • 0:17 - 0:22
    Ed está longe, algures na Rússia
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    a controlar um robô no seu portátil,
  • 0:25 - 0:28
    e pode ver as mesmas coisas que o robô vê.
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    Ed, seja bem-vindo ao palco do TED.
  • 0:31 - 0:33
    O que é que consegue ver?
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    Edward Snowden:
    Consigo ver toda a gente.
  • 0:36 - 0:38
    Isto é incrível!
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    (Risos)
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    CA: Ed, umas perguntas para si.
  • 0:44 - 0:47
    Têm-lhe chamado muitas coisas
    nos últimos meses.
  • 0:47 - 0:52
    Têm-lhe chamado... delator... traidor...
  • 0:52 - 0:54
    um herói.
  • 0:54 - 0:57
    Com que palavras
    se descreveria a si mesmo?
  • 0:58 - 1:02
    ES: Sabe, toda a gente
    que se envolveu neste debate
  • 1:02 - 1:05
    tem andado a debater sobre mim
    e sobre a minha personalidade
  • 1:05 - 1:08
    e em como me descrever.
  • 1:08 - 1:10
    Mas quando eu penso nisso,
  • 1:10 - 1:13
    acho que não é essa a questão
    que devíamos debater.
  • 1:14 - 1:16
    Não interessa quem eu sou realmente.
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    Se eu sou a pior pessoa do mundo,
  • 1:19 - 1:21
    podem odiar-me e seguir em frente.
  • 1:21 - 1:23
    O que realmente importa aqui
    são as questões.
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    O que realmente importa aqui é o tipo
    de governo que queremos,
  • 1:26 - 1:28
    o tipo de Internet que queremos,
  • 1:28 - 1:32
    o tipo de relacionamento
    entre as pessoas e as sociedades.
  • 1:32 - 1:35
    E isso é o que eu espero
    que o debate promova
  • 1:35 - 1:37
    e temos visto que ele aumenta com o tempo.
  • 1:37 - 1:39
    Se eu tivesse que me descrever,
  • 1:39 - 1:41
    não usaria palavras como "herói".
  • 1:41 - 1:43
    não usaria "patriota"
    e não usaria "traidor".
  • 1:43 - 1:45
    Diria que sou um americano e um cidadão,
  • 1:45 - 1:47
    tal como toda a gente.
  • 1:48 - 1:50
    CA: Então, só para contextualizar
  • 1:50 - 1:52
    para quem que não conhece
    a história toda...
  • 1:52 - 1:55
    (Aplausos)
  • 1:55 - 2:00
    ... há um ano , você estava
    a viver no Havaí
  • 2:00 - 2:03
    a trabalhar como consultor da NSA
    [Agência de Segurança Nacional]
  • 2:03 - 2:05
    Enquanto administrador de sistemas,
  • 2:05 - 2:07
    tinha acesso aos sistemas deles,
  • 2:07 - 2:11
    e começou a revelar
    certos documentos confidenciais
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    a alguns jornalistas escolhidos a dedo
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    abrindo o caminho
    para as revelações de junho.
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    O que o motivou a fazer isso?
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    ES: Sabe...
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    quando eu estava no Havaí,
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    e nos anos anteriores,
    quando estava a trabalhar
  • 2:28 - 2:31
    para a comunidade de informações,
  • 2:31 - 2:32
    vi muitas coisas que me perturbaram.
  • 2:33 - 2:36
    Na comunidade de informações,
    fazemos muitas coisas boas,
  • 2:36 - 2:38
    coisas que é preciso fazer,
  • 2:38 - 2:40
    e coisas que ajudam toda a gente.
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    Mas também fazemos coisas
    que vão longe demais.
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    Há coisas que não deviam ser feitas,
  • 2:44 - 2:47
    e decisões que estavam
    a ser feitas secretamente
  • 2:47 - 2:49
    sem o público saber,
  • 2:49 - 2:50
    sem o consentimento do público,
  • 2:50 - 2:53
    e sem que os nossos representantes
    no governo
  • 2:53 - 2:56
    tivessem conhecimento desses programas.
  • 2:57 - 3:01
    Quando eu comecei a deparar
    com essas questões,
  • 3:01 - 3:03
    pensei com os meus botões
  • 3:03 - 3:06
    como é que eu posso fazer isto
    de forma mais responsável,
  • 3:06 - 3:09
    que maximize os benefícios do público
  • 3:09 - 3:11
    enquanto minimiza os riscos?
  • 3:12 - 3:15
    De todas as soluções que encontrei,
  • 3:15 - 3:17
    sem ser recorrer ao Congresso,
  • 3:17 - 3:18
    porque não havia leis,
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    não havia proteção legal
    para um empregado privado,
  • 3:22 - 3:25
    um contratado de informações como eu era,
  • 3:25 - 3:29
    existia o risco de eu ser enterrado
    juntamente com essas informações
  • 3:29 - 3:31
    e o público nunca viria a saber.
  • 3:31 - 3:34
    Mas a primeira emenda da
    Constituição dos Estados Unidos
  • 3:34 - 3:37
    garante-nos liberdade de imprensa
    por uma razão,
  • 3:37 - 3:40
    que é permitir uma imprensa
    com posições contrárias
  • 3:40 - 3:42
    para contestar o governo,
  • 3:42 - 3:45
    mas também para trabalhar
    em conjunto com o governo,
  • 3:45 - 3:47
    ter um diálogo e um debate sobre
  • 3:47 - 3:52
    como podemos informar o público
    sobre assuntos de importância vital
  • 3:52 - 3:56
    sem colocar em risco a segurança nacional.
  • 3:56 - 3:58
    E, ao trabalhar com jornalistas,
  • 3:58 - 4:00
    ao passar todas as minhas informações
  • 4:00 - 4:02
    para o povo Americano,
  • 4:02 - 4:04
    em vez de confiar em mim mesmo
  • 4:04 - 4:06
    para tomar a decisão de as publicar,
  • 4:06 - 4:09
    tivemos um vigoroso debate
  • 4:09 - 4:12
    com um profundo envolvimento do governo
  • 4:12 - 4:16
    que eu acho que resultou
    num benefício para todos.
  • 4:17 - 4:21
    E os riscos que se profetizavam,
  • 4:21 - 4:24
    os riscos que foram invocados pelo governo
  • 4:24 - 4:26
    nunca se materializaram.
  • 4:26 - 4:28
    Nunca vimos nenhum indício
  • 4:28 - 4:31
    de uma só situação de prejuízo especifico.
  • 4:31 - 4:32
    Por causa disso,
  • 4:32 - 4:35
    sinto-me confortável
    com as decisões que tomei.
  • 4:35 - 4:37
    CA: Vou mostrar ao público
  • 4:37 - 4:40
    alguns exemplos do que você revelou.
  • 4:40 - 4:41
    se pudermos ter uns slides...
  • 4:41 - 4:43
    Ed, não sei se consegue ver,
  • 4:43 - 4:45
    os slides estão aqui.
  • 4:45 - 4:47
    Este é um slide do programa PRISM.
  • 4:47 - 4:50
    Talvez possa contar ao público
  • 4:50 - 4:52
    o que é que foi revelado.
  • 4:52 - 4:54
    ES: A melhor forma de perceber o PRISM,
  • 4:54 - 4:56
    porque tem havido uma certa controvérsia,
  • 4:56 - 5:00
    é falar primeiro sobre
    o que o PRISM não é.
  • 5:00 - 5:03
    Grande parte da discussão nos EUA
    tem sido sobre os metadados.
  • 5:03 - 5:05
    Tem-se dito que são só metadados,
    são só metadados,
  • 5:05 - 5:09
    e tem-se falado sobre
    uma autoridade legal especifica
  • 5:09 - 5:11
    chamada Secção 215 da Lei Patriótica,
  • 5:11 - 5:13
    que permite um certo tipo
    de escuta sem mandato,
  • 5:13 - 5:16
    uma vigilância de massas
    das chamadas telefónicas
  • 5:16 - 5:18
    de todo o país , esse tipo de coisas,
  • 5:18 - 5:20
    — com quem estamos a falar,
  • 5:20 - 5:22
    quando é que falamos com quem.
  • 5:22 - 5:23
    para onde viajamos.
  • 5:23 - 5:25
    Tudo isso são metadados.
  • 5:25 - 5:29
    O PRISM é sobre o conteúdo.
  • 5:29 - 5:31
    É um programa através do qual o governo
  • 5:31 - 5:33
    pode forçar o mundo empresarial americano,
  • 5:33 - 5:37
    pode encarregar
    o mundo empresarial americano
  • 5:37 - 5:40
    de fazer o trabalho sujo da NSA.
  • 5:40 - 5:43
    E, apesar de algumas dessas empresas
    terem resistido,
  • 5:43 - 5:45
    apesar de algumas delas
  • 5:45 - 5:46
    — penso que o Yahoo foi uma delas —
  • 5:46 - 5:49
    os terem contestado em tribunal,
    todas perderam,
  • 5:49 - 5:52
    porque nunca houve
    um julgamento em audiência pública.
  • 5:52 - 5:55
    Só houve julgamento em tribunal
    à porta fechada.
  • 5:55 - 5:56
    E uma coisa que temos visto,
  • 5:56 - 5:59
    uma coisa sobre o programa PRISM,
    que muito me preocupa,
  • 5:59 - 6:02
    há um ponto forte do governo dos EU
  • 6:02 - 6:04
    em que disseram que 15 juízes federais
  • 6:04 - 6:07
    analisaram estes programas
    e consideraram-nos legais,
  • 6:07 - 6:10
    mas o que não nos dizem
  • 6:10 - 6:15
    é que são juízes secretos
    num tribunal secreto
  • 6:15 - 6:17
    com base em interpretações
    confidenciais da lei
  • 6:17 - 6:22
    que analisaram 34 000 pedidos de mandatos
  • 6:22 - 6:24
    ao longo de 33 anos
  • 6:24 - 6:26
    e, durante esses 33 anos,
  • 6:26 - 6:29
    só rejeitaram 11 pedidos do governo.
  • 6:29 - 6:32
    Estas não são as pessoas
    que queremos que decidam
  • 6:32 - 6:35
    qual deve ser o papel
    do mundo empresarial americano
  • 6:35 - 6:37
    numa Internet livre e aberta.
  • 6:37 - 6:39
    CA: Este slide que estamos a mostrar
  • 6:39 - 6:41
    mostra as datas
  • 6:41 - 6:44
    em que diferentes empresas de tecnologia,
    empresas de Internet,
  • 6:44 - 6:46
    alegadamente se juntaram ao programa,
  • 6:46 - 6:50
    e onde se iniciou a colheita
    de dados a partir delas.
  • 6:50 - 6:53
    Mas elas têm negado
    ter colaborado com a NSA.
  • 6:53 - 6:59
    Como é que a NSA recolheu estes dados?
  • 6:59 - 7:02
    ES: Certo. Os próprios slides da NSA
  • 7:02 - 7:04
    referem-se a elas como um acesso direto.
  • 7:04 - 7:07
    O que isso significa
    para um analista da NSA,
  • 7:07 - 7:10
    alguém como eu, que estava a trabalhar
    como analista de informações
  • 7:10 - 7:13
    à procura de piratas cibernéticos chineses,
  • 7:13 - 7:15
    coisas desse tipo, no Havaí,
  • 7:15 - 7:17
    é que a origem dessas informações
  • 7:17 - 7:19
    vem diretamente dos seus servidores.
  • 7:19 - 7:21
    Isso não significa
  • 7:21 - 7:24
    que exista um grupo
    de representantes de empresas
  • 7:24 - 7:26
    sentados numa sala cheia de fumo,
  • 7:26 - 7:29
    com a NSA por detrás,
    a fazer acordos de bastidores
  • 7:29 - 7:31
    sobre como irão passar essas informações.
  • 7:31 - 7:33
    Cada empresa lida com isto
    de modos diferentes.
  • 7:33 - 7:36
    Algumas são responsáveis.
    Outras são menos responsáveis.
  • 7:36 - 7:38
    Mas o fundamental é que, quando falamos
  • 7:38 - 7:42
    sobre a forma como esta informação
    é passada,
  • 7:42 - 7:45
    está a vir dessas empresas.
  • 7:45 - 7:46
    Não é roubada nas linhas.
  • 7:46 - 7:49
    Há uma coisa importante
    que tem que ser referida aqui:
  • 7:49 - 7:51
    apesar de as empresas
    terem sido pressionadas,
  • 7:51 - 7:53
    apesar de elas terem exigido,
  • 7:53 - 7:55
    "Vamos fazer isso com um mandado de busca,
  • 7:55 - 7:57
    "vamos fazer isso
  • 7:57 - 8:00
    "se tivermos algum tipo de cobertura legal,
  • 8:00 - 8:03
    "alguma base para facultar
    estes dados de utilizadores".
  • 8:03 - 8:06
    Vimos artigos no Washington Post
    no ano passado
  • 8:06 - 8:09
    que não foram tão bem contados
    como a história do PRISM
  • 8:09 - 8:12
    que diziam que a NSA interferiu
  • 8:12 - 8:14
    no centro de dados de comunicações
  • 8:14 - 8:16
    entre o Google e ela própria
  • 8:16 - 8:17
    e entre o Yahoo e ela própria.
  • 8:17 - 8:21
    Portanto, mesmo as empresas
    que estão a cooperar de forma forçada,
  • 8:21 - 8:23
    mas pelo menos dentro da legalidade,
    segundo esperamos,
  • 8:23 - 8:25
    com a NSA,
  • 8:25 - 8:28
    não satisfazem a NSA.
  • 8:28 - 8:31
    Por causa disso, precisamos
    que as nossas empresas
  • 8:31 - 8:33
    trabalhem esforçadamente
  • 8:33 - 8:35
    para garantir que vão representar
  • 8:35 - 8:37
    os interesses do utilizador,
  • 8:37 - 8:40
    e defender também
    os direitos dos utilizadores.
  • 8:40 - 8:41
    E eu acho que, no ano passado,
  • 8:41 - 8:44
    pudemos ver as empresas
    que estão referidas nos slides do PRISM
  • 8:44 - 8:46
    fazer grandes esforços para isso.
  • 8:46 - 8:48
    Quero encorajá-las a continuar.
  • 8:48 - 8:51
    CA: Que mais deveriam elas fazer?
  • 8:51 - 8:54
    ES: A coisa mais importante
    que uma empresa de Internet
  • 8:54 - 8:57
    pode fazer hoje, na América,
    neste preciso momento,
  • 8:57 - 9:00
    sem ter que consultar advogados,
  • 9:00 - 9:03
    para proteger os direitos
    dos utilizadores em todo o mundo,
  • 9:03 - 9:08
    é permitir a cifragem de SSL
    [Segurança de Transporte] na Internet
  • 9:08 - 9:10
    em cada página que visitamos.
  • 9:10 - 9:12
    A razão por que isso é importante,
  • 9:12 - 9:18
    é que hoje, se formos ver uma cópia
    de "1984" em amazon.com,
  • 9:18 - 9:20
    a NSA pode ver um registo disso,
  • 9:20 - 9:23
    os serviços de informação da Rússia
    podem ver esse registo ,
  • 9:23 - 9:26
    os serviços de informações da China
    podem ver esse registo,
  • 9:26 - 9:28
    os serviços franceses,
    os serviços alemães,
  • 9:28 - 9:29
    os serviços de Andorra,
  • 9:29 - 9:32
    todos eles podem ver,
    porque não está codificado.
  • 9:32 - 9:35
    A biblioteca mundial é a Amazon.com,
  • 9:35 - 9:38
    mas eles não só não oferecem
    uma codificação por defeito,
  • 9:38 - 9:41
    como nós não podemos
    optar pela codificação
  • 9:41 - 9:42
    quando navegamos pelos livros.
  • 9:42 - 9:44
    Isto é uma coisa que é preciso mudar,
  • 9:44 - 9:46
    não só para a Amazon,
    não são só eles,
  • 9:46 - 9:47
    mas eles são um bom exemplo.
  • 9:47 - 9:49
    Todas as empresas precisam de mudar
  • 9:49 - 9:52
    para uma navegação codificada por defeito
  • 9:52 - 9:55
    para todos os utilizadores
    que não desejem outra coisa,
  • 9:55 - 9:58
    ou não escolham outro método
    por iniciativa própria.
  • 9:58 - 9:59
    Isso aumentará a privacidade
  • 9:59 - 10:02
    e os direitos que as pessoas têm
    a nível mundial
  • 10:02 - 10:04
    CA: Ed, venha comigo
    até esta parte do palco.
  • 10:04 - 10:06
    Quero mostrar-lhe outro slide.
  • 10:06 - 10:07
    (Aplausos)
  • 10:07 - 10:10
    Este é um programa
    chamado Boundless Infomant
  • 10:10 - 10:12
    O que é isto?
  • 10:12 - 10:16
    ES: Tenho que reconhecer que a NSA
    lhe deu um nome apropriado.
  • 10:16 - 10:19
    Este é um dos códigos da NSA que prefiro.
  • 10:20 - 10:22
    O Boundless Infomant
  • 10:22 - 10:25
    é um programa que a NSA
    escondeu do Congresso.
  • 10:25 - 10:27
    O Congresso perguntou previamente à NSA
  • 10:27 - 10:30
    se eles tinham alguma forma de avaliar,
  • 10:30 - 10:32
    mesmo que aproximadamente,
  • 10:32 - 10:35
    a quantidade de comunicações americanas
  • 10:35 - 10:37
    que estavam a ser intercetadas.
  • 10:37 - 10:39
    Eles disseram que não. Disseram:
  • 10:39 - 10:43
    "Não controlamos essas estatísticas.
    Não podemos controlar essas estatísticas.
  • 10:43 - 10:47
    "Não podemos dizer quantas comunicações
    estamos a intercetar a nível mundial,
  • 10:47 - 10:50
    "porque dizer-vos isso
    seria invadir a vossa privacidade".
  • 10:51 - 10:54
    Aprecio verdadeiramente
    esse sentimento da parte deles,
  • 10:54 - 10:56
    mas, quando olhamos
    para esse slide,
  • 10:56 - 10:58
    ele mostra que eles
    não só têm a capacidade,
  • 10:58 - 11:00
    como essa capacidade já existe.
  • 11:00 - 11:02
    Já está em vigor.
  • 11:02 - 11:05
    A NSA tem o seu próprio formato
    de dados internos
  • 11:05 - 11:09
    que deteta as duas extremidades
    duma comunicação,
  • 11:09 - 11:10
    e, se ele diz,
  • 11:10 - 11:12
    "Esta transmissão veio da América",
  • 11:12 - 11:15
    podem dizer ao Congresso
    quantas dessas comunicações
  • 11:15 - 11:17
    têm hoje, neste preciso momento.
  • 11:17 - 11:20
    Mas o que o Boundless Infomant nos diz
  • 11:20 - 11:23
    é que há mais transmissões de americanos
  • 11:23 - 11:26
    a ser intercetadas nos EU
  • 11:26 - 11:29
    do que acontece na Rússia,
    em relação aos russos.
  • 11:29 - 11:32
    Não me parece que seja isto
    o que uma agência de informações
  • 11:32 - 11:33
    devia estar a procurar.
  • 11:33 - 11:36
    CA: Ed, houve uma notícia
    divulgada no Washington Post,
  • 11:36 - 11:38
    mais uma vez a partir dos seus dados.
  • 11:38 - 11:39
    O cabeçalho diz assim:
  • 11:39 - 11:41
    "A NSA quebrou regras de privacidade
  • 11:41 - 11:43
    "milhares de vezes por ano."
  • 11:43 - 11:44
    Fale-nos sobre isso.
  • 11:44 - 11:48
    ES: Nós também ouvimos, no ano passado,
    no depoimento no Congresso,
  • 11:48 - 11:50
    uma coisa incrível para alguém como eu,
  • 11:50 - 11:53
    que vim da NSA
    e que vi os documentos internos,
  • 11:53 - 11:55
    e sabia o que havia neles,
  • 11:55 - 11:58
    ver funcionários testemunhar sob juramento
  • 11:58 - 12:00
    que não tinha havido abusos,
  • 12:00 - 12:04
    e que não tinha havido violações
    às regras da NSA,
  • 12:04 - 12:07
    quando sabíamos
    que esta história ia aparecer.
  • 12:07 - 12:09
    Mas o que é especialmente
    interessante nisto tudo,
  • 12:09 - 12:11
    sobre o facto de a NSA ter violado
  • 12:11 - 12:13
    as suas próprias regras,
    as suas próprias leis,
  • 12:13 - 12:16
    milhares de vezes num só ano,
  • 12:16 - 12:18
    incluindo um determinado incidente,
  • 12:18 - 12:23
    um incidente entre esses 2776,
  • 12:23 - 12:26
    que afetou mais de 3000 pessoas.
  • 12:26 - 12:28
    Noutro incidente,
    eles intercetaram, por acaso,
  • 12:28 - 12:31
    todas as chamadas em Washington, D.C.
  • 12:32 - 12:34
    O que é impressionante nisto tudo,
  • 12:34 - 12:36
    nesse relatório,
    que não despertou muita atenção,
  • 12:36 - 12:41
    é o facto de que não só
    tinha havido 2776 violações,
  • 12:41 - 12:44
    como a presidente da Comissão
    de informações do Senado ,
  • 12:44 - 12:47
    Dianne Feinstein,
    não tinha visto esse relatório
  • 12:47 - 12:50
    até o Washington Post a ter contactado,
  • 12:50 - 12:53
    pedindo-lhe um comentário
    sobre o relatório.
  • 12:53 - 12:56
    E só depois é que ela solicitou
    uma cópia à NSA e recebeu-a,
  • 12:56 - 12:59
    mas nunca a tinha visto antes disso.
  • 12:59 - 13:01
    O que é que isto nos revela
    sobre o estado de fiscalização
  • 13:01 - 13:03
    das informações americanas,
  • 13:03 - 13:06
    quando a presidente da Comissão
    de Informações do Senado
  • 13:06 - 13:08
    não faz ideia de que as regras
    estão a ser quebradas
  • 13:08 - 13:10
    milhares de vezes por ano?
  • 13:10 - 13:13
    CA: Ed, a resposta
    a todo este debate é esta:
  • 13:13 - 13:16
    Porque é que devemos preocupar-nos
  • 13:16 - 13:18
    com toda essa vigilância, sinceramente?
  • 13:18 - 13:20
    Quero dizer,
    se não fizemos nada de errado,
  • 13:20 - 13:22
    não temos nada com que nos preocupar.
  • 13:22 - 13:24
    Deste ponto de vista, qual é o mal?
  • 13:24 - 13:26
    ES: Bem, a primeira coisa
  • 13:26 - 13:28
    é que estamos a abdicar
    dos nossos direitos.
  • 13:28 - 13:29
    Dizemos:
  • 13:29 - 13:32
    "Penso que não vou precisar disso,
  • 13:32 - 13:34
    portanto vou confiar nisso,
  • 13:34 - 13:36
    vamos livrar-nos deles,
    o resto não importa,
  • 13:36 - 13:38
    estes tipos estão
    a fazer o que é preciso'.
  • 13:38 - 13:40
    Os nossos direitos são importantes
  • 13:40 - 13:43
    porque nunca sabemos
    quando vamos precisar deles.
  • 13:43 - 13:46
    Além disso, é uma parte
    da nossa identidade cultural,
  • 13:46 - 13:47
    não só na América,
  • 13:47 - 13:49
    mas nas sociedades ocidentais
  • 13:49 - 13:52
    e nas sociedades democráticas
    em todo o mundo.
  • 13:52 - 13:55
    As pessoas deviam ter a liberdade
    de pegar no telefone
  • 13:55 - 13:56
    e ligar para a família,
  • 13:56 - 13:58
    de mandar uma mensagem escrita
  • 13:58 - 14:00
    para os seus entes queridos,
  • 14:00 - 14:02
    As pessoas deviam poder
    comprar um livro online,
  • 14:02 - 14:04
    deviam poder viajar de comboio,
  • 14:04 - 14:06
    deviam poder comprar
    uma passagem de avião
  • 14:06 - 14:08
    sem se preocuparem se essas ações
  • 14:08 - 14:11
    vão ser examinadas
    por um agente do governo,
  • 14:11 - 14:13
    possivelmente,
    nem sequer do nosso governo,
  • 14:13 - 14:15
    daqui a vários anos,
  • 14:15 - 14:17
    se elas serão mal interpretadas
  • 14:17 - 14:20
    e o que é que vão pensar
    quanto às nossas intenções.
  • 14:20 - 14:22
    Temos o direito à privacidade.
  • 14:22 - 14:26
    Exigimos que os mandados
    sejam baseados em causas prováveis
  • 14:26 - 14:28
    ou nalgum tipo de suspeita individualizada
  • 14:28 - 14:32
    porque reconhecemos que confiar a alguém,
  • 14:32 - 14:34
    a qualquer autoridade do governo,
  • 14:34 - 14:37
    todas as comunicações humanas
  • 14:37 - 14:40
    em segredo e sem fiscalização
  • 14:40 - 14:43
    é uma tentação demasiado boa
    para ser ignorada.
  • 14:44 - 14:47
    CA: Há pessoas furiosas
    com o que você fez.
  • 14:47 - 14:50
    Ouvi recentemente
    uma citação de Dick Cheney
  • 14:50 - 14:56
    que disse que Julian Assange
    foi uma picada de mosquito
  • 14:56 - 14:59
    e que Edward Snowden é o leão
    que arrancou a cabeça do cachorro.
  • 14:59 - 15:01
    Ele acha que você praticou
  • 15:01 - 15:04
    um dos piores atos de traição
    da história americana.
  • 15:06 - 15:08
    O que diria às pessoas que assim pensam?
  • 15:11 - 15:13
    ES: Dick Cheney é realmente um cromo.
  • 15:13 - 15:16
    (Risos)
  • 15:16 - 15:18
    (Aplausos)
  • 15:21 - 15:22
    Obrigado.
  • 15:23 - 15:24
    (Risos)
  • 15:26 - 15:27
    Acho isso espantoso porque,
  • 15:27 - 15:30
    na altura em que Julian Assange
    estava a fazer
  • 15:30 - 15:32
    um dos seus melhores trabalhos,
  • 15:32 - 15:33
    Dick Cheney dizia
  • 15:33 - 15:36
    que ele ia acabar com os governos
    em todo o mundo,
  • 15:36 - 15:39
    que os céus iam pegar fogo
  • 15:39 - 15:41
    e os mares iam começar a ferver,
  • 15:41 - 15:43
    e agora anda a dizer
    que é só uma picada de mosquito!
  • 15:43 - 15:47
    Devíamos desconfiar também
    do mesmo tipo de afirmações pretensiosas
  • 15:47 - 15:50
    sobre os danos à segurança nacional
  • 15:50 - 15:52
    vindas desse tipo de funcionários.
  • 15:52 - 15:58
    Mas vamos partir do princípio que
    essas pessoas acreditam mesmo nisso.
  • 15:58 - 16:03
    Eu defenderia que elas têm
    um certo conceito limitado
  • 16:03 - 16:05
    quanto a segurança nacional.
  • 16:05 - 16:08
    As prerrogativas de pessoas
    como Dick Cheney
  • 16:08 - 16:11
    não tornam a nação mais segura .
  • 16:11 - 16:17
    O interesse público não é sempre
    o mesmo que o interesse nacional.
  • 16:17 - 16:21
    Entrar em guerra com pessoas
    que não são nossos inimigos
  • 16:21 - 16:24
    em locais que não são uma ameaça
  • 16:24 - 16:26
    não nos torna mais seguros,
  • 16:26 - 16:29
    e isso tanto se aplica
    ao Iraque como à Internet.
  • 16:29 - 16:31
    A Internet não é o inimigo.
  • 16:31 - 16:33
    A nossa economia não é o inimigo.
  • 16:33 - 16:36
    O mundo empresarial americano,
    o mundo empresarial chinês,
  • 16:36 - 16:40
    e qualquer outra empresa no mundo
  • 16:40 - 16:43
    fazem parte da nossa sociedade,
  • 16:43 - 16:45
    fazem parte do nosso mundo interligado.
  • 16:45 - 16:49
    Existem laços de fraternidade
    que nos unem.
  • 16:49 - 16:52
    Se nós destruirmos esses laços
  • 16:52 - 16:55
    enfraquecendo as normas, a segurança,
  • 16:55 - 16:58
    e as formas de comportamento,
  • 16:58 - 17:01
    que as nações e os cidadãos
    do mundo inteiro
  • 17:01 - 17:03
    esperam que nós respeitemos...
  • 17:03 - 17:09
    CA: Mas afirma-se que você "roubou"
    1,7 milhões de documentos.
  • 17:09 - 17:11
    Parece que só algumas centenas deles
  • 17:11 - 17:14
    foram transmitidos
    a jornalistas até agora.
  • 17:14 - 17:16
    Há mais revelações para aparecer?
  • 17:16 - 17:19
    ES: Realmente, existem
    mais informações para aparecer.
  • 17:19 - 17:25
    Mas eu penso que não há
    nenhuma questão mais importante
  • 17:26 - 17:30
    que ainda venha a aparecer.
  • 17:30 - 17:33
    CA: Venha cá, porque quero
    fazer-lhe uma pergunta
  • 17:33 - 17:35
    sobre esta revelação em especial.
  • 17:35 - 17:37
    Venha cá e dê uma olhadela nisto.
  • 17:37 - 17:41
    Esta é a notícia que, segundo penso,
    para a maioria dos técnicos nesta sala
  • 17:41 - 17:43
    é a coisa mais chocante
  • 17:43 - 17:45
    que eles já ouviram nos últimos meses.
  • 17:45 - 17:47
    É sobre um programa chamado Bullrun.
  • 17:47 - 17:50
    Pode explicar do que se trata?
  • 17:51 - 17:54
    ES: O "Bullrun" e — mais uma vez,
  • 17:54 - 17:59
    temos que agradecer
    à NSA a sua sinceridade —
  • 18:00 - 18:04
    é um programa cujo nome corresponde
    a uma batalha da Guerra Civil.
  • 18:04 - 18:06
    A contrapartida britânica
    chama-se Edgehill,
  • 18:06 - 18:08
    uma batalha da guerra civil
    no Reino Unido.
  • 18:08 - 18:10
    Acredito que lhe deram esse nome
  • 18:10 - 18:13
    porque tem como alvo
    a nossa própria infraestrutura.
  • 18:13 - 18:16
    São programas através dos quais a NSA
  • 18:16 - 18:20
    engana intencionalmente
    os parceiros empresariais.
  • 18:20 - 18:24
    Dizem aos parceiros empresariais
    que são padrões seguros.
  • 18:24 - 18:26
    Dizem que é preciso trabalhar em conjunto
  • 18:26 - 18:29
    para proteger os sistemas,
  • 18:29 - 18:33
    mas, na verdade, estão a dar
    um mau conselho a essas empresas,
  • 18:33 - 18:37
    o que faz com que elas enfraqueçam
    a segurança dos seus serviços.
  • 18:37 - 18:39
    Estão a construir nos bastidores
  • 18:39 - 18:41
    coisas que não é só a NSA
    que pode explorar
  • 18:41 - 18:43
    mas qualquer um
    que tenha tempo e dinheiro
  • 18:43 - 18:46
    para procurar e encontrar
  • 18:46 - 18:48
    e depois pode usar para entrar
  • 18:48 - 18:50
    no mundo das comunicações mundiais.
  • 18:50 - 18:52
    E isso é realmente muito perigoso
  • 18:52 - 18:55
    porque, se perdermos um único padrão,
  • 18:55 - 18:59
    se perdermos a confiança
    de uma coisa como o SSL,
  • 18:59 - 19:03
    que foi o alvo específico
    do programa Bullrun,
  • 19:03 - 19:05
    passamos a viver num mundo global
    menos seguro.
  • 19:05 - 19:07
    Não poderemos aceder aos nosso bancos
  • 19:07 - 19:12
    e não poderemos aceder ao comércio
  • 19:12 - 19:15
    sem nos preocuparmos quanto às pessoas
    que fiscalizam essas informações
  • 19:15 - 19:17
    ou que as subvertem
    para os seus próprios fins.
  • 19:17 - 19:22
    CA: E essas decisões também
    podem abrir a América
  • 19:22 - 19:26
    a ataques cibernéticos de outras origens?
  • 19:28 - 19:30
    ES: Com toda a certeza.
  • 19:30 - 19:35
    Um dos problemas,
    uma das heranças perigosas
  • 19:35 - 19:38
    que temos visto na era pós 11/Set ,
  • 19:38 - 19:42
    é que a NSA costuma usar dois chapéus.
  • 19:42 - 19:45
    Tem sido responsável
    pelas operações ofensivas,
  • 19:45 - 19:46
    ou seja a pirataria,
  • 19:46 - 19:49
    mas também tem sido responsável
    pelas operações defensivas,
  • 19:49 - 19:52
    e habitualmente tem dado sempre prioridade
    à defesa sobre o ataque,
  • 19:52 - 19:53
    baseando-se no princípio
  • 19:53 - 19:57
    de que os segredos americanos
    valem mais, pura e simplesmente.
  • 19:57 - 19:58
    Se nós piratearmos uma empresa chinesa
  • 19:58 - 20:00
    e roubarmos os seus segredos,
  • 20:00 - 20:03
    se piratearmos um gabinete
    governamental em Berlim
  • 20:03 - 20:04
    e roubarmos os seus segredos,
  • 20:04 - 20:08
    isso tem menos valor para o povo americano
  • 20:08 - 20:10
    do que ter a garantia de que os chineses
  • 20:10 - 20:13
    não podem ter acesso aos nossos segredos.
  • 20:13 - 20:16
    Por isso, ao reduzir
    a segurança das nossas comunicações,
  • 20:16 - 20:19
    não só estão a colocar em risco o mundo,
  • 20:19 - 20:21
    como estão a colocar em risco a América,
  • 20:21 - 20:24
    porque a propriedade intelectual é a base,
  • 20:24 - 20:25
    é o principio da nossa economia.
  • 20:25 - 20:28
    Se a pusermos em risco através
    do enfraquecimento da segurança,
  • 20:28 - 20:30
    vamos pagar por isso durante muitos anos.
  • 20:30 - 20:34
    CA: Mas eles fizeram um cálculo
    de que valia a pena fazer isso
  • 20:34 - 20:37
    para a defesa da América
    contra o terrorismo.
  • 20:37 - 20:39
    Sem dúvida que isso é um preço
    que vale a pena pagar.
  • 20:40 - 20:44
    ES: Bem, quando olhamos para os resultados
  • 20:44 - 20:47
    desses programas
    para acabar com o terrorismo,
  • 20:47 - 20:50
    vemos que eles não têm fundamento,
  • 20:50 - 20:52
    e não precisam de acreditar
    na minha palavra
  • 20:52 - 20:56
    porque tivemos
    a primeira audiência aberta,
  • 20:56 - 20:58
    o primeiro tribunal federal
    que analisou isso,
  • 20:58 - 21:01
    fora dos acordos secretos,
  • 21:01 - 21:03
    que classificou esses programas
    de orwellianos
  • 21:03 - 21:05
    e provavelmente inconstitucionais.
  • 21:05 - 21:09
    O Congresso, que acabou por ser informado
    sobre essas coisas
  • 21:09 - 21:12
    — e agora deseja continuar a ser —
  • 21:12 - 21:15
    produziu projetos de lei
    para reformar isso.
  • 21:15 - 21:17
    Dois painéis independentes da Casa Branca,
  • 21:17 - 21:20
    que verificaram
    todas as provas confidenciais,
  • 21:20 - 21:22
    disseram que esses programas
    nunca impediram
  • 21:22 - 21:24
    um único ataque terrorista
  • 21:24 - 21:27
    que estivesse prestes a acontecer
    nos Estados Unidos.
  • 21:27 - 21:30
    Então, é realmente o terrorismo
    que estamos a evitar?
  • 21:31 - 21:33
    Esses programas têm algum valor?
  • 21:33 - 21:36
    Eu digo que não, e os três ramos
    do governo americano
  • 21:36 - 21:38
    também dizem que não.
  • 21:38 - 21:41
    CA: Você acha que eles têm
    uma motivação mais profunda
  • 21:41 - 21:43
    do que a guerra contra o terrorismo?
  • 21:43 - 21:45
    ES: Desculpe, não ouvi,
    pode repetir?
  • 21:45 - 21:48
    CA: Desculpe. Pensa que eles têm
    uma motivação mais profunda
  • 21:48 - 21:51
    do que a guerra contra o terrorismo?
  • 21:51 - 21:54
    ES: Sim. O ponto de partida
    é que o terrorismo
  • 21:54 - 21:57
    tem sido sempre o que nós,
    no mundo das informações,
  • 21:57 - 21:59
    chamamos uma "cobertura para a ação".
  • 21:59 - 22:03
    O terrorismo é uma coisa
    que provoca uma resposta emocional
  • 22:03 - 22:06
    que permite que as pessoas
    racionalizem a autorização
  • 22:06 - 22:08
    de poderes e programas
  • 22:08 - 22:10
    que não concederiam de outro modo,
  • 22:10 - 22:14
    programas do tipo
    do Bullrun e do Edgehill.
  • 22:14 - 22:16
    A NSA pediu esses poderes
    nos anos 90.
  • 22:17 - 22:20
    Pediram ao FBI para ir ao Congresso
    e defender a ideia.
  • 22:20 - 22:22
    O FBI foi a Congresso e defendeu a ideia,
  • 22:22 - 22:24
    mas o Congresso e o povo americano
    disseram que não.
  • 22:24 - 22:27
    Disseram que não compensava
    o risco para a economia.
  • 22:27 - 22:29
    Disseram que os prejuízos para a sociedade
  • 22:29 - 22:32
    eram demasiado grandes
    para justificar os ganhos .
  • 22:32 - 22:36
    Mas o que vimos na era pós 11/Set
  • 22:36 - 22:39
    foi que usaram o sigilo
    e usaram a justificação do terrorismo
  • 22:39 - 22:41
    para iniciar esses programas em segredo
  • 22:41 - 22:43
    sem solicitar autorização do Congresso,
  • 22:43 - 22:45
    sem perguntar ao povo americano.
  • 22:45 - 22:48
    É contra este tipo
    de governo de bastidores
  • 22:48 - 22:50
    que nós precisamos de lutar,
  • 22:50 - 22:52
    porque diminui a nossa segurança
  • 22:52 - 22:53
    e não oferece nenhum valor em troca.
  • 22:53 - 22:55
    CA: Ok, venha aqui por um segundo
  • 22:55 - 22:57
    porque tenho uma pergunta
    mais pessoal para si,
  • 22:57 - 22:59
    falando de terrorismo.
  • 23:00 - 23:04
    A maioria das pessoas acharia a situação
    em que você se encontra agora,
  • 23:04 - 23:07
    na Rússia, bastante assustadora.
  • 23:07 - 23:11
    Obviamente você soube o que aconteceu,
  • 23:11 - 23:13
    qual o tratamento
    que teve Bradley Manning ,
  • 23:13 - 23:16
    que agora se chama Chelsea Manning,
  • 23:16 - 23:18
    e há um artigo no Buzzfeed que diz
  • 23:18 - 23:20
    que há pessoas
    na comunidade das informações
  • 23:20 - 23:22
    que querem vê-lo morto.
  • 23:22 - 23:24
    Como é que encara isso?
  • 23:24 - 23:26
    Como é que se está a dar com o medo?
  • 23:26 - 23:29
    ES: Não é nenhum mistério
  • 23:29 - 23:32
    que há governos por aí
    que querem ver-me morto.
  • 23:34 - 23:38
    Eu deixei claro, vezes sem conta,
  • 23:38 - 23:41
    que adormeço todos os dias
  • 23:41 - 23:44
    a pensar no que é que posso fazer
    pelo povo americano.
  • 23:46 - 23:49
    Não quero prejudicar o meu governo.
  • 23:49 - 23:51
    Quero ajudar o meu governo.
  • 23:53 - 23:56
    Mas o facto de eles estarem dispostos
  • 23:56 - 23:58
    a ignorar totalmente
    os procedimentos devidos,
  • 23:58 - 24:01
    de estarem dispostos a declarar-me culpado
  • 24:01 - 24:04
    sem sequer existir um julgamento,
  • 24:04 - 24:07
    são coisas contra as quais temos que lutar
  • 24:07 - 24:11
    enquanto sociedade, e dizer
    "isso não é apropriado".
  • 24:11 - 24:13
    Não devíamos ameaçar dissidentes.
  • 24:13 - 24:15
    Não devíamos criminalizar o jornalismo.
  • 24:15 - 24:18
    E tudo o que eu puder fazer
    para acabar com isso,
  • 24:18 - 24:21
    fá-lo-ei com todo o gosto,
    apesar dos riscos.
  • 24:21 - 24:24
    CA: Gostava de obter algum feedback
    desta audiência
  • 24:24 - 24:27
    porque sei que há reações muito diversas
  • 24:27 - 24:28
    em relação a Edward Snowden.
  • 24:28 - 24:31
    Suponham que têm
    as duas opções seguintes, ok?
  • 24:31 - 24:34
    Consideram o que ele fez
  • 24:34 - 24:36
    como um ato que, essencialmente,
  • 24:36 - 24:39
    pôs em perigo a América
  • 24:39 - 24:42
    ou consideram-no como um ato
    essencialmente heroico
  • 24:42 - 24:46
    que pode ajudar a América e o bem mundial
  • 24:46 - 24:47
    a longo prazo?
  • 24:47 - 24:50
    São as duas opções que vos dou.
  • 24:50 - 24:53
    Tenho curiosidade em ver
    quem está disposto a votar
  • 24:53 - 24:54
    pela primeira,
  • 24:54 - 24:57
    ou seja, que é um ato irrefletido?
  • 24:58 - 24:59
    Há algumas mãos no ar.
  • 24:59 - 25:00
    Algumas mãos no ar.
  • 25:00 - 25:02
    É difícil pôr a mão no ar
  • 25:02 - 25:04
    quando o homem está mesmo
    aqui à nossa frente,
  • 25:04 - 25:06
    mas eu estou a vê-las.
  • 25:06 - 25:08
    ES: Eu também vejo.
  • 25:08 - 25:10
    CA: E quem está a favor da segunda opção,
  • 25:10 - 25:12
    ou seja, um ato essencialmente heroico?
  • 25:12 - 25:14
    (Aplausos)
  • 25:14 - 25:17
    Penso que é correto dizer
    que há muitas pessoas
  • 25:17 - 25:19
    que não levantaram a mão.
  • 25:19 - 25:21
    Acho que ainda estão a pensar
  • 25:21 - 25:24
    porque me parece que o debate à sua volta
  • 25:24 - 25:28
    não se divide de acordo com
    as tradicionais linhas políticas.
  • 25:28 - 25:30
    Não é uma questão
    de esquerda ou de direita,
  • 25:30 - 25:34
    não se trata de ser pró-governo,
    libertário, ou não.
  • 25:34 - 25:37
    Parte dela é quase uma questão geracional.
  • 25:37 - 25:38
    Fazemos parte de uma geração
  • 25:38 - 25:41
    que cresceu com a Internet,
  • 25:41 - 25:44
    e parece que nos ofendemos
    a um nível quase visceral
  • 25:44 - 25:46
    quando vemos fazer qualquer coisa
  • 25:46 - 25:48
    que achamos vai prejudicar a Internet.
  • 25:48 - 25:50
    Haverá nisto alguma verdade?
  • 25:52 - 25:57
    ES: Há. Acho que é verdade.
  • 25:57 - 26:00
    Isto não é uma questão
    de esquerda ou de direita.
  • 26:00 - 26:02
    As nossas liberdades básicas
    — e quando digo nossas,
  • 26:02 - 26:04
    não me refiro apenas aos americanos,
  • 26:04 - 26:06
    refiro-me a todas as pessoas no mundo —
  • 26:06 - 26:08
    não são uma questão partidária.
  • 26:08 - 26:10
    São coisas em que toda a gente acredita,
  • 26:10 - 26:13
    e cabe-nos a todos nós protegê-las,
  • 26:13 - 26:16
    e às pessoas que viram e beneficiaram
  • 26:16 - 26:18
    de uma Internet livre e aberta.
  • 26:18 - 26:21
    Cabe-nos a nós preservar essa liberdade,
  • 26:21 - 26:23
    para que a próxima geração dela beneficie.
  • 26:23 - 26:24
    E se não mudarmos as coisas,
  • 26:24 - 26:28
    se não nos erguermos
    para fazer as mudanças
  • 26:28 - 26:31
    que é preciso fazer
    para manter uma Internet segura,
  • 26:31 - 26:33
    não apenas para nós,
    mas para toda a gente,
  • 26:33 - 26:35
    vamos perder isso.
  • 26:35 - 26:36
    Seria uma perda terrível,
  • 26:36 - 26:39
    não só para nós, mas para o mundo inteiro.
  • 26:39 - 26:41
    CA: Bem, há pouco tempo
    ouvi um palavreado semelhante
  • 26:41 - 26:43
    ao fundador da wide web mundial,
  • 26:43 - 26:47
    que, segundo penso, está aqui presente:
    Sir Tim Berners-Lee.
  • 26:47 - 26:50
    Tim, quer vir aqui e dizer
  • 26:50 - 26:52
    — arranjam um microfone para Tim?
  • 26:52 - 26:54
    (Aplausos)
  • 26:54 - 26:58
    Tim, prazer em vê-lo. Venha cá acima.
  • 27:01 - 27:04
    A propósito, em que campo se situa,
    traidor, herói?
  • 27:05 - 27:07
    Eu tenho uma teoria, mas...
  • 27:07 - 27:09
    Tim Berners-Lee: Podia dar uma resposta
  • 27:09 - 27:12
    muito mais longa, mas... "herói",
  • 27:12 - 27:16
    já que sou obrigado
    a escolher entre as duas.
  • 27:16 - 27:19
    CA: Ed, acho que leu
  • 27:19 - 27:21
    a proposta de que Sir Tim falou
  • 27:21 - 27:24
    sobre uma nova Magna Carta
    para recuperar a Internet.
  • 27:24 - 27:26
    Acha que é uma coisa que faz sentido?
  • 27:26 - 27:29
    ES: Obviamente. A minha geração...
  • 27:29 - 27:33
    Eu não cresci a pensar na Internet,
  • 27:33 - 27:34
    eu cresci dentro da Internet
  • 27:34 - 27:40
    e, embora não estivesse à espera
    de ter a hipótese
  • 27:40 - 27:45
    de defendê-la
    de modo tão direto e prático
  • 27:45 - 27:51
    e corporizá-la deste modo invulgar,
    quase avatar,
  • 27:51 - 27:53
    acho que há algo de poético no facto
  • 27:53 - 27:56
    de um dos filhos da Internet
  • 27:56 - 27:59
    se ter tornado íntimo da Internet
  • 27:59 - 28:01
    em consequência da sua expressão política.
  • 28:01 - 28:05
    E acho que uma Magna Carta para a Internet
  • 28:05 - 28:07
    é exatamente aquilo de que precisamos.
  • 28:07 - 28:10
    Precisamos de um código
    para os nossos valores
  • 28:10 - 28:13
    não apenas por escrito
    mas inserido na estrutura da Internet,
  • 28:13 - 28:16
    e é uma coisa que desejo.
  • 28:16 - 28:18
    Convido toda a audiência,
  • 28:18 - 28:22
    não apenas aqui em Vancouver,
    mas em todo o mundo,
  • 28:22 - 28:24
    a aderir e a participar.
  • 28:24 - 28:26
    CA: Tem alguma pergunta a fazer a Ed?
  • 28:26 - 28:29
    TBL: Duas perguntas,
    uma pergunta de ordem geral...
  • 28:29 - 28:32
    CA: Ed, ainda está a ouvir-nos?
  • 28:32 - 28:34
    ES: Estou, estou a ouvir.
    CA: Oh, já voltou.
  • 28:34 - 28:36
    TBL: A escuta na sua linha
  • 28:36 - 28:38
    teve uma pequena interferência
    por momentos.
  • 28:38 - 28:39
    (Risos)
  • 28:39 - 28:42
    ES: É um pouco problemático com a NSA.
  • 28:42 - 28:46
    TBL: Ao longo destes 25 anos,
  • 28:46 - 28:49
    olhando para trás e refletindo,
  • 28:49 - 28:53
    o que é que acha que será o melhor
    que podemos conseguir
  • 28:53 - 28:55
    de todos os debates que temos tido
  • 28:55 - 28:58
    sobre a web que queremos?
  • 28:58 - 29:03
    ES: Se pensarmos até onde podemos chegar,
  • 29:04 - 29:07
    penso que é uma questão
    que só está limitada
  • 29:07 - 29:09
    pelo que estamos dispostos a aceitar.
  • 29:09 - 29:12
    Penso que a Internet
    de que beneficiámos no passado
  • 29:12 - 29:17
    é exatamente aquilo de que precisamos,
  • 29:17 - 29:20
    não só enquanto nação,
    mas para as pessoas do mundo inteiro.
  • 29:21 - 29:25
    E, cooperando, envolvendo
  • 29:25 - 29:27
    não só as partes técnicas da sociedade
  • 29:27 - 29:29
    mas, como você disse, os utilizadores.
  • 29:29 - 29:32
    as pessoas do mundo inteiro que contribuem
  • 29:32 - 29:34
    através da Internet, através
    das redes sociais,
  • 29:34 - 29:36
    as que apenas verificam o tempo,
  • 29:36 - 29:39
    as que confiam nela todos os dias,
    como fazendo parte da sua vida,
  • 29:39 - 29:40
    para defender isso.
  • 29:42 - 29:44
    Não só obteremos a Internet que tínhamos,
  • 29:44 - 29:46
    mas uma Internet melhor, ainda melhor,
  • 29:46 - 29:50
    uma coisa que podemos usar
    para construir um futuro
  • 29:50 - 29:54
    que será melhor não apenas
    do que esperávamos
  • 29:54 - 29:56
    mas melhor do que podíamos imaginar.
  • 29:56 - 30:00
    CA: Há 30 anos
    que foi fundada a TED, em 1984.
  • 30:01 - 30:04
    Desde então tem havido muitas conversas
  • 30:04 - 30:07
    sempre orientadas na linha de que
    George Orwell afinal estava errado.
  • 30:07 - 30:09
    Não é o Big Brother que nos está a vigiar.
  • 30:09 - 30:12
    Somos nós, pelo poder da web
    e da transparência,
  • 30:12 - 30:13
    que estamos a vigiar o Big Brother.
  • 30:13 - 30:15
    As suas revelações foram como uma estaca
  • 30:15 - 30:19
    cravada no coração
    dessa perspetiva bastante otimista,
  • 30:19 - 30:24
    mas você ainda acredita
    que há forma de fazer algo sobre isso.
  • 30:24 - 30:26
    E você também.
  • 30:26 - 30:32
    ES: Certo, há que reconhecer
  • 30:32 - 30:35
    que os poderes do Big Brother
    aumentaram imenso.
  • 30:36 - 30:40
    Apareceu recentemente
    um artigo em Yale
  • 30:40 - 30:44
    que estabeleceu uma coisa chamada
    o Princípio de Bankston-Soltani,
  • 30:44 - 30:49
    que diz que a nossa expetativa
    de privacidade é violada
  • 30:49 - 30:51
    quando a capacidade
    de vigilância do governo
  • 30:51 - 30:54
    se torna inferior numa ordem de grandeza,
  • 30:54 - 30:58
    e, cada vez que isso acontece,
    precisamos de rever e de reequilibrar
  • 30:58 - 31:00
    os nossos direitos de privacidade.
  • 31:00 - 31:02
    Ora, isso não tem acontecido
  • 31:02 - 31:04
    desde que os poderes
    de vigilância do governo
  • 31:04 - 31:07
    aumentaram vários graus de grandeza,
  • 31:07 - 31:10
    e é por isso que nos deparamos
    agora com este problema
  • 31:10 - 31:14
    mas ainda há esperança,
  • 31:14 - 31:16
    porque o poder dos indivíduos
  • 31:16 - 31:18
    também tem aumentado
    através da tecnologia.
  • 31:18 - 31:20
    Eu sou uma prova viva
  • 31:20 - 31:23
    de que um indivíduo pode erguer-se
    em pé de igualdade
  • 31:23 - 31:25
    contra os adversários mais poderosos
  • 31:25 - 31:28
    e contra as mais poderosas
    organizações de informações
  • 31:28 - 31:31
    em todo o mundo, e ganhar.
  • 31:31 - 31:33
    E penso que isso é uma coisa
  • 31:33 - 31:35
    que nos permite ter esperança
  • 31:35 - 31:36
    Precisamos de construi-la
  • 31:36 - 31:39
    para torná-la acessível,
    não apenas aos especialistas técnicos,
  • 31:39 - 31:41
    mas ao cidadão ordinário no mundo inteiro.
  • 31:41 - 31:43
    O jornalismo não é um crime,
  • 31:43 - 31:45
    a comunicação não é um crime,
  • 31:45 - 31:48
    e não devemos ser vigiados
    nas nossas atividades quotidianas.
  • 31:48 - 31:50
    CA: Não sei muito bem
    como se aperta a mão a um robô.
  • 31:50 - 31:53
    mas julgo que a mão está aqui.
  • 31:53 - 31:55
    TBL: Em breve aparecerá.
  • 31:56 - 31:57
    ES: Foi um prazer conhecê-los,
  • 31:57 - 31:59
    e espero que a minha imagem seja tão boa
  • 31:59 - 32:01
    como a que eu tenho de todos vós.
  • 32:01 - 32:03
    CA: Obrigado, Tim.
  • 32:04 - 32:07
    (Aplausos)
  • 32:10 - 32:14
    O New York Times recentemente
    pediu uma amnistia para si.
  • 32:14 - 32:17
    Gostaria de ter hipótese
    de voltar à América?
  • 32:18 - 32:22
    ES: Claro. Na verdade não há dúvida
  • 32:22 - 32:27
    de que os princípios
    que estiveram na base deste projeto
  • 32:27 - 32:30
    foram do interesse público
  • 32:31 - 32:34
    e dos princípios subjacentes
  • 32:34 - 32:38
    à instituição jornalística
    nos Estados Unidos
  • 32:38 - 32:40
    e em todo o mundo,
  • 32:40 - 32:45
    e penso que, se a imprensa
    anda agora a dizer,
  • 32:45 - 32:47
    "apoiamos isso",
  • 32:47 - 32:49
    é uma coisa que precisava de acontecer,
  • 32:49 - 32:52
    é um argumento poderoso,
    mas não é o argumento final.
  • 32:52 - 32:54
    Penso que é uma coisa
    que deve ser o público a decidir.
  • 32:54 - 32:57
    Mas, ao mesmo tempo,
  • 32:57 - 32:59
    o governo deu a entender
    que quer uma espécie de acordo,
  • 32:59 - 33:02
    quer que eu comprometa
  • 33:02 - 33:04
    os jornalistas com quem
    tenho estado a trabalhar,
  • 33:04 - 33:06
    para poder voltar.
  • 33:06 - 33:08
    Quero deixar muito claro
  • 33:08 - 33:10
    que não fiz isto para ficar em segurança.
  • 33:10 - 33:13
    Fiz isto para fazer o que estava certo,
  • 33:13 - 33:16
    e não vou parar com o meu trabalho
    do interesse do público
  • 33:16 - 33:19
    só para tirar daí benefícios.
  • 33:19 - 33:23
    (Aplausos)
  • 33:26 - 33:30
    CA: Entretanto, graças à Internet
    e a esta tecnologia,
  • 33:30 - 33:33
    você voltou aqui, à América do Norte,
  • 33:33 - 33:36
    não propriamente aos EUA,
    mas ao Canadá, sob esta forma.
  • 33:36 - 33:39
    Sinto curiosidade, qual é a sensação?
  • 33:41 - 33:43
    ES: O Canadá é diferente
    do que eu esperava.
  • 33:43 - 33:45
    É muito mais quente.
  • 33:45 - 33:48
    (Risos)
  • 33:51 - 33:54
    CA: No TED, a missão é
    "ideias que vale a pena espalhar".
  • 33:54 - 33:57
    Se conseguisse resumir isso
    numa única ideia,
  • 33:57 - 34:01
    qual é a sua ideia que vale a pena
    espalhar neste preciso momento?
  • 34:03 - 34:06
    ES: Diria que o ano passado
    foi uma chamada de atenção
  • 34:06 - 34:10
    para o facto de a democracia
    poder morrer por detrás de portas fechadas,
  • 34:10 - 34:12
    mas nós, enquanto indivíduos, nascemos
  • 34:12 - 34:15
    por detrás dessas mesmas portas fechadas,
  • 34:15 - 34:18
    e não temos que abdicar
    da nossa privacidade
  • 34:18 - 34:20
    para termos um bom governo.
  • 34:20 - 34:23
    Não temos que abdicar da nossa liberdade
  • 34:23 - 34:24
    para ter segurança.
  • 34:24 - 34:27
    E penso que, trabalhando em conjunto,
  • 34:27 - 34:29
    podemos ter um governo aberto
  • 34:29 - 34:31
    mas também vidas privadas.
  • 34:31 - 34:33
    E espero poder trabalhar com toda a gente
  • 34:33 - 34:35
    em todo o mundo para ver isso acontecer.
  • 34:35 - 34:37
    Muito obrigado.
  • 34:37 - 34:39
    CA: Ed, obrigado.
  • 34:39 - 34:42
    (Aplausos)
Title:
Eis como reconquistamos a Internet
Speaker:
Edward Snowden
Description:

Aparecendo através de um robô de telepresença, Edward Snowden fala em TED2014 sobre a vigilância e a liberdade na Internet. O direito à privacidade dos dados, sugere ele, não é uma questão partidária, mas exige que se repense fundamentalmente o papel da Internet nas nossas vidas - e as leis que a protegem. "Os nossos direitos são importantes", diz, "porque nunca sabemos quando vamos precisar deles". Chris Anderson é o entrevistador, com o convidado especial, Tim Berners-Lee.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
35:17

Portuguese subtitles

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