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O futuro da investigação criminal | Wim Develter e Bram Bekaert | TEDxLeuven

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    Wim Develter: Gostaria de começar
    com uma história.
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    Numa ensolarada sexta-feira
    de junho de 2008,
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    Peter Van Heel, um agricultor de 58 anos,
    estava caminhando por suas terras
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    quando, de repente, avistou um corpo.
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    Ele ficou totalmente em pânico
    e chamou a polícia.
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    E, como somos o maior departamento
    de perícia forense da Bélgica,
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    fomos designados para fazer
    a investigação criminal.
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    Ao chegar à cena do crime, pude ver
    os restos de um adulto em decomposição.
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    E toda sua roupa estava queimada,
    mas não havia sinais de foco de incêndio.
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    Quando observei mais de perto,
    notei anéis caros nos dedos do cadáver.
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    Então pensei: "Deve ser uma mulher".
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    E era possível ver cordas
    ao redor dos punhos e dos pés.
  • 1:10 - 1:15
    E quando virei um pouco a cabeça dele,
    vi três perfurações redondas no pescoço.
  • 1:16 - 1:19
    Foi aí que soubemos que a vítima,
    provavelmente uma mulher,
  • 1:19 - 1:25
    havia sido morta a tiros, embalada,
    transportada, descartada e queimada.
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    As perguntas óbvias que todos fazem são:
  • 1:30 - 1:32
    "O que aconteceu?"
  • 1:32 - 1:33
    "Quem é essa pessoa?"
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    "Quando aconteceu?"
  • 1:36 - 1:39
    Para respondê-las, transportamos
    o corpo para o necrotério,
  • 1:40 - 1:44
    onde realizamos uma TC de corpo
    inteiro, uma autópsia forense,
  • 1:44 - 1:48
    e um exame antropológico forense,
    ou seja, a análise das ossadas.
  • 1:50 - 1:53
    Durante uma autópsia de rotina,
    tentávamos usar essas varetas
  • 1:54 - 1:59
    e introduzi-las nos furos das balas
    para reconstruir as trajetórias delas,
  • 1:59 - 2:02
    o que é bem difícil e demorado.
  • 2:02 - 2:05
    Mesmo em cadáver fresco
    já é bem complicado.
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    Então, neste caso,
    com o corpo em decomposição,
  • 2:08 - 2:10
    essa tarefa torna-se quase impossível.
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    Mas, quando se observa o dano
  • 2:15 - 2:18
    causado pela bala ao atravessar a cabeça,
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    nota-se que ela perfura a pele,
    o crânio e, nesse percurso,
  • 2:21 - 2:24
    pode-se ver a dispersão
    de fragmentos ósseos a partir do crânio.
  • 2:24 - 2:29
    pequenos fragmentos metálicos
    vindos da bala, do ar e do sangue.
  • 2:29 - 2:31
    Então, pensamos:
  • 2:31 - 2:34
    "Será que não podemos usar
    as informações da TC
  • 2:35 - 2:40
    para reconstruir digitalmente
    a trajetória da bala?"
  • 2:40 - 2:44
    Assim, fiz o que qualquer rapaz belga
    faria diante de um problema:
  • 2:44 - 2:45
    fui para o bar.
  • 2:45 - 2:50
    E, juntamente com os engenheiros
    e radiologistas forenses, nos embriagamos.
  • 2:51 - 2:53
    Nos embriagamos de ideias, é claro.
  • 2:53 - 2:57
    E no dia seguinte tivemos
    uma gigantesca ressaca científica,
  • 2:58 - 3:01
    pois percebemos
    a complexidade da nossa ideia.
  • 3:01 - 3:06
    Teríamos que testar e validar
    nossa ideia em um modelo.
  • 3:06 - 3:08
    Um modelo animal, naturalmente.
  • 3:08 - 3:10
    Elegemos as ovelhas.
  • 3:10 - 3:12
    Não por serem feias ou burras,
  • 3:12 - 3:15
    mas por terem um grande volume cerebral,
    e por serem fáceis de conseguir.
  • 3:16 - 3:19
    Assim, após dois anos
    de planejamento e experimentação,
  • 3:20 - 3:22
    conseguimos visualizar o dano.
  • 3:22 - 3:27
    Porém, agora teríamos que aplicar
    o método em cabeças e crânios humanos.
  • 3:27 - 3:29
    É assim que funciona.
  • 3:30 - 3:34
    Nossos engenheiros criaram uma matriz
    em que todas as cabeças estão segmentadas
  • 3:34 - 3:37
    em milhares de cubos pequenos.
  • 3:37 - 3:40
    E cada pequeno cubo
    de cabeça traumatizada,
  • 3:40 - 3:45
    ou seja, a cabeça que foi baleada,
    é comparada a um mesmo cubo,
  • 3:45 - 3:49
    na mesma posição anatômica
    de uma cabeça normal.
  • 3:49 - 3:53
    E esse processo é repetido para todos
    os cubos da cabeça traumatizada
  • 3:53 - 3:56
    e para o conjunto de cubos
    da cabeça normal.
  • 3:56 - 4:00
    Portanto, isso levou bastante tempo,
  • 4:01 - 4:03
    após o qual tivemos êxito.
  • 4:04 - 4:08
    E o resultado foi fantástico,
    como pode ser visto nesse vídeo.
  • 4:10 - 4:11
    Conseguimos...
  • 4:13 - 4:16
    criar a trajetória da bala.
  • 4:16 - 4:18
    Por exemplo, esta vítima.
  • 4:18 - 4:21
    Ela levou três tiros no pescoço,
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    e somente um foi diretamente letal,
  • 4:23 - 4:27
    este vermelho na dissecação
    da artéria vertebral direita.
  • 4:30 - 4:32
    Este método tem várias vantagens.
  • 4:33 - 4:36
    Primeiramente, ele é rápido.
  • 4:36 - 4:38
    Muito mais rápido do que a autópsia.
  • 4:38 - 4:43
    Ele não é invasivo, então os patologistas
    não precisam mais fazer incisões.
  • 4:43 - 4:46
    E é muito mais preciso.
  • 4:46 - 4:50
    Como um ricochete, quando a bala
    muda de direção dentro da cabeça,
  • 4:50 - 4:53
    o que pode ser facilmente visto
    com a nossa ferramenta de software.
  • 4:53 - 4:56
    Mas isso é simplesmente
    impossível usando essas varetas.
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    Por último, mas não menos importante,
  • 4:59 - 5:02
    mesmo num corpo em decomposição,
    como neste caso,
  • 5:02 - 5:04
    se soubermos a trajetória da bala,
  • 5:04 - 5:09
    saberemos por quais estruturas
    anatômicas ela passará.
  • 5:09 - 5:12
    Assim, esta pergunta está respondida.
  • 5:12 - 5:16
    Sabemos como a vítima morreu.
  • 5:16 - 5:17
    Mas ainda há duas questões:
  • 5:17 - 5:20
    quem é a vítima e quando
    o crime aconteceu?
  • 5:20 - 5:24
    Com o corpo queimado e em decomposição
  • 5:24 - 5:26
    a identificação visual não é possível.
  • 5:26 - 5:31
    E sem registro dental, a odontologia
    forense deixa de ser uma opção.
  • 5:32 - 5:34
    Assim, a única coisa que nos resta
  • 5:34 - 5:36
    é a antropologia forense.
  • 5:37 - 5:39
    O que esses ossos nos dizem?
  • 5:39 - 5:44
    Com base na descrição e nas medições
    das formas e dos ossos do esqueleto,
  • 5:45 - 5:48
    conseguimos saber algo sobre a estatura.
  • 5:49 - 5:53
    Neste caso, a vítima media
    entre 1,72 e 1,77 m.
  • 5:53 - 5:55
    E quanto ao sexo,
  • 5:55 - 5:59
    parecia haver uma probabilidade de 80%
  • 5:59 - 6:01
    de que essa pessoa fosse um homem.
  • 6:01 - 6:04
    Não uma mulher com anéis caros.
  • 6:04 - 6:07
    E ele era provavelmente caucasiano.
  • 6:07 - 6:09
    E a idade, essa é difícil,
  • 6:09 - 6:12
    entre 23 e 57 anos.
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    Essa é a ciência bruta, certo?
  • 6:14 - 6:16
    Precisaríamos de ajuda.
  • 6:16 - 6:18
    Foi aí que enviamos um SOS
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    para nossos colegas e amigos
    geneticistas forenses.
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    Bram Bekaert: Certo. Temos uma variação
    de idade de aproximadamente 34 anos.
  • 6:26 - 6:27
    É muito grande, não?
  • 6:27 - 6:32
    Aposto que essa descrição abarca metade
    dos homens presentes nesse teatro.
  • 6:32 - 6:35
    Então, se quisermos
    dar um nome a esse corpo,
  • 6:35 - 6:38
    precisamos restringir esse grupo.
  • 6:38 - 6:41
    E é neste ponto que a genética
    forense pode nos auxiliar.
  • 6:41 - 6:45
    O procedimento padrão
    pra identificação de uma pessoa
  • 6:45 - 6:49
    é fazer um exame de DNA, usando
    uma amostra de sangue, por exemplo,
  • 6:49 - 6:51
    ou um tecido muscular, e traçar um perfil,
  • 6:51 - 6:54
    confrontando-o com uma escova de dente
    ou perfil da mãe ou do pai,
  • 6:54 - 6:57
    caso tenhamos uma ideia
    de quem a pessoa seja,
  • 6:57 - 6:59
    e chegar a uma identificação
    formal dessa maneira.
  • 6:59 - 7:03
    Mas, e se não tivermos a menor
    ideia de quem seja a vítima?
  • 7:03 - 7:06
    Bem, há muita informação
    na nossa sequência de DNA
  • 7:06 - 7:08
    que pode, de fato,
    revelar nossa aparência.
  • 7:08 - 7:11
    Podemos usar o DNA
    de alguém da mesma maneira
  • 7:11 - 7:14
    que uma testemunha fornecesse
    a descrição de uma pessoa.
  • 7:14 - 7:17
    É como se criássemos
    um retrato falado do DNA.
  • 7:17 - 7:19
    Mas, o que o DNA pode nos dizer hoje?
  • 7:19 - 7:23
    Ele pode nos dizer a cor dos olhos,
    do cabelo e da pele, por exemplo,
  • 7:23 - 7:25
    com bastante exatidão.
  • 7:25 - 7:28
    Também pode dizer a origem da pessoa
    por meio de um teste
  • 7:28 - 7:29
    de ancestralidade biogeográfica.
  • 7:29 - 7:33
    Meu colega Peter Claes falou pra vocês
    no ano passado, neste mesmo fórum,
  • 7:33 - 7:37
    sobre esta nova e revolucionária
    técnica de morfometria 3D da face,
  • 7:37 - 7:39
    bastando a visualização do DNA.
  • 7:40 - 7:42
    Isso tudo é útil e maravilhoso, claro,
  • 7:42 - 7:45
    mas idade também é um fator
    muito importante
  • 7:45 - 7:47
    quando se busca construir
    a imagem de alguém.
  • 7:47 - 7:51
    E os métodos clássicos de obtenção
    da estimativa de idade atuais,
  • 7:51 - 7:52
    tais como antropologia, odontologia,
  • 7:52 - 7:54
    não são bons o suficiente.
  • 7:54 - 7:57
    Foi aqui que tivemos nossa segunda ideia.
  • 7:57 - 8:00
    Queríamos desenvolver um novo
    teste de estimativa de idade,
  • 8:00 - 8:02
    basicamente, muito mais preciso.
  • 8:02 - 8:06
    E desejávamos obtê-lo
    com uma única gota de sangue.
  • 8:07 - 8:08
    Como fizemos isto?
  • 8:08 - 8:11
    Bem, há vários processos em nosso corpo
  • 8:11 - 8:14
    que nos lembram do por quê
    de não gostarmos de envelhecer,
  • 8:14 - 8:15
    pra darmos lugar à próxima geração.
  • 8:15 - 8:17
    Alguns desses processos são, por exemplo,
  • 8:17 - 8:22
    que o tamanho do nosso coração aumenta,
    nossos batimentos cardíacos diminuem,
  • 8:22 - 8:25
    nossos ossos tendem a encolher,
    e nossos músculos a enfraquecer.
  • 8:25 - 8:29
    Mas o que causa estas alterações
    durante o processo de envelhecimento
  • 8:29 - 8:31
    tem sido assunto há muitos anos,
  • 8:31 - 8:33
    e só recentemente foi descoberto
  • 8:33 - 8:37
    que a metilação do DNA tem um papel
    crucial no processo de envelhecimento.
  • 8:38 - 8:41
    A metilação do DNA é um processo químico
  • 8:41 - 8:46
    em que pequenas cápsulas são colocadas no
    nosso DNA pra ativar ou desativar genes,
  • 8:46 - 8:49
    alterando assim
    as características da célula.
  • 8:50 - 8:52
    É um processo natural
    que ocorre no nosso corpo.
  • 8:52 - 8:55
    A razão pela qual a metilação do DNA
    muda ao envelhecermos é indefinida,
  • 8:55 - 8:58
    mas sabemos que nosso ambiente,
  • 8:58 - 9:01
    ou seja, o que bebemos,
    comemos, se fumamos,
  • 9:01 - 9:04
    se somos submetidos
    a muito estresse, por exemplo,
  • 9:04 - 9:07
    influencia os padrões de metilação do DNA.
  • 9:07 - 9:09
    Assim, quanto mais envelhecemos,
  • 9:09 - 9:13
    mais essa influência do ambiente impactará
    nossos padrões de metilação do DNA.
  • 9:13 - 9:16
    Eles mudam, e isso é algo
    que pode ser mensurado.
  • 9:16 - 9:19
    Mas para desenvolver um teste
    de estimativa de idade,
  • 9:19 - 9:23
    analisamos os padrões de metilação
    em quatro regiões do nosso DNA,
  • 9:23 - 9:26
    em mais de 200 pessoas de idade conhecida.
  • 9:26 - 9:29
    Com essa informação em mãos,
    desenvolvemos um modelo
  • 9:29 - 9:33
    que agora podemos utilizar
    para estimar a idade das pessoas.
  • 9:33 - 9:38
    Verificando esse gráfico, temos as idades
    estimadas comparadas às idades reais.
  • 9:38 - 9:40
    Pode-se ver que elas estão muito próximas.
  • 9:40 - 9:44
    Portanto, podemos usar essa informação
    agora, basicamente este modelo,
  • 9:44 - 9:46
    pra estimar a idade das pessoas
    cuja idade desconhecemos.
  • 9:46 - 9:49
    Isso com uma precisão
    de menos de quatro anos,
  • 9:49 - 9:53
    uma diferença cinco vezes menor, quando
    comparada às técnicas mais tradicionais,
  • 9:53 - 9:55
    como antropologia e odontologia.
  • 9:55 - 9:59
    Basicamente, calculamos a idade biológica
    ou epigenética de alguém
  • 9:59 - 10:03
    para determinar sua idade real
    ou cronológica.
  • 10:04 - 10:07
    E o que podemos fazer com esse teste,
    que inicialmente chamamos de DNAge?
  • 10:07 - 10:09
    Mas só recentemente viemos a saber
  • 10:09 - 10:14
    que DNAge é, na realidade,
    um creme anti-idade muito conhecido,
  • 10:14 - 10:15
    então, esqueçam esse nome.
  • 10:15 - 10:17
    (Risos)
  • 10:17 - 10:19
    Podemos estimar a idade
    de pessoas falecidas,
  • 10:19 - 10:22
    como no caso da pessoa incinerada
    que o Wim apresentou,
  • 10:22 - 10:24
    mas também podemos estimar
    a idade de pessoas vivas.
  • 10:24 - 10:29
    As que dizem ser mais velhas ou mais novas
    do que seus documentos oficiais revelam.
  • 10:29 - 10:33
    Também muito importante para a perícia
    forense é poder estimar a idade
  • 10:33 - 10:36
    de manchas de sangue da pessoa
    deixadas na cena do crime,
  • 10:36 - 10:38
    de forma a identificarmos o criminoso.
  • 10:38 - 10:41
    E, incrivelmente, esse teste
    também pode ser usado
  • 10:41 - 10:44
    pra provar que a mancha de sangue
    foi deixada há uns sete anos,
  • 10:44 - 10:47
    antes da data em que o crime foi cometido,
  • 10:47 - 10:50
    e provar que o suspeito é inocente
    do crime pelo qual foi acusado.
  • 10:50 - 10:54
    Tendo em vista que esses padrões
    de metilação do DNA são muito estáveis,
  • 10:54 - 10:56
    eles também são úteis em casos arquivados,
  • 10:56 - 10:59
    aqueles deixados na prateleira
    por vários anos,
  • 10:59 - 11:03
    talvez 30 anos, por exemplo,
    e que podem ser resolvidos agora.
  • 11:04 - 11:06
    Então, voltando ao nosso caso,
  • 11:06 - 11:09
    confirmamos pelo perfil regular de DNA
    de que se trata de um homem.
  • 11:09 - 11:12
    Sabemos, com base no nosso teste
    de ancestralidade biogeográfica
  • 11:12 - 11:14
    de que ele provavelmente
    vem do sudeste asiático.
  • 11:14 - 11:17
    E sabemos que tem por volta de 36 anos,
  • 11:17 - 11:19
    com variação de dois anos e meio.
  • 11:19 - 11:20
    Há muito mais informação
  • 11:20 - 11:24
    que a polícia poderá usar
    pra identificar o suspeito.
  • 11:24 - 11:26
    Mas ainda temos uma questão pra resolver:
  • 11:26 - 11:27
    a hora da morte.
  • 11:28 - 11:33
    A hora da morte sempre foi tida como
    o cálice sagrado da medicina forense,
  • 11:33 - 11:36
    porque ela fornece muita informação útil
  • 11:36 - 11:39
    no sentido de conferir os álibis
    dos suspeitos, das testemunhas,
  • 11:39 - 11:41
    além da linha cronológica
    da própria vítima,
  • 11:41 - 11:45
    ou seja, onde a vítima esteve
    antes de morrer, com quem esteve.
  • 11:45 - 11:47
    Quanto mais precisa for
    a hora estimada da morte,
  • 11:47 - 11:49
    mais exata será a linha cronológica.
  • 11:50 - 11:53
    Todos que já assistiram
    a séries de investigação criminal,
  • 11:53 - 11:57
    como a "Silent Witness",
    que, honestamente eu adoro,
  • 11:57 - 12:01
    conhecem esses três parâmetros-padrão
    usados pelos patologistas forenses:
  • 12:01 - 12:04
    o acúmulo de hemácias
    nas partes inferiores do corpo,
  • 12:04 - 12:07
    o enrijecimento muscular e o resfriamento
    da temperatura do corpo.
  • 12:08 - 12:11
    O que mais costuma ser
    esquecido nessas séries
  • 12:11 - 12:14
    é que este método apresenta
    uma grande margem de erro.
  • 12:14 - 12:16
    Estimar a hora da morte é bem complicado,
  • 12:16 - 12:19
    pois depende de um número
    grande de fatores externos,
  • 12:19 - 12:23
    tais como o tipo e o número de camadas
    de roupa que a pessoa estava usando,
  • 12:23 - 12:28
    a temperatura do local
    onde a vítima se encontrava
  • 12:28 - 12:31
    ou se ela estava com febre
    devido a uma overdose de drogas.
  • 12:31 - 12:34
    Neste caso, da nossa vítima queimada,
  • 12:34 - 12:37
    Wim estimou que a morte deve ter ocorrido
    por volta de dois a três dias antes,
  • 12:37 - 12:39
    o que é bem vago.
  • 12:39 - 12:44
    E muitos pesquisadores já tentaram
    melhorar a estimativa da hora da morte.
  • 12:44 - 12:47
    Mas inventamos um método totalmente novo,
  • 12:47 - 12:50
    que complementa os métodos
    usados pelos patologistas forenses.
  • 12:50 - 12:53
    E estamos usando informações
    do nosso próprio relógio biológico.
  • 12:54 - 12:55
    O nosso relógio biológico
  • 12:55 - 13:00
    é um padrão comportamental,
    fisiológico e biológico de 24 horas,
  • 13:00 - 13:02
    mantido de forma evolutiva.
  • 13:02 - 13:07
    É aquela coisa irritante que te acorda
    cinco preciosos minutos antes do alarme.
  • 13:07 - 13:08
    Por quê?
  • 13:08 - 13:12
    Ou aquela coisa irritante que faz
    sua esposa dormir do seu lado
  • 13:12 - 13:16
    assim que você começa a assistir
    àquele filme fantástico do Mel Gibson.
  • 13:16 - 13:21
    Enfim, o relógio biológico desempenha
    muitas funções fisiológicas importantes.
  • 13:22 - 13:26
    E dois hormônios bem conhecidos,
    o cortisol e a melatonina,
  • 13:26 - 13:31
    flutuam nesse padrão de 24 horas,
    fazem parte desse relógio biológico,
  • 13:31 - 13:33
    e aparecem em diferentes momentos do dia.
  • 13:33 - 13:35
    A melatonina, por exemplo,
    é o hormônio que induz o sono
  • 13:35 - 13:37
    ela aparece durante a noite,
  • 13:37 - 13:40
    enquanto o cortisol, ou hormônio
    do estresse, aparece no início da manhã.
  • 13:41 - 13:45
    Quando a pessoa morre, cessam todos
    os processos biológicos do seu corpo.
  • 13:45 - 13:47
    E também seu relógio biológico.
  • 13:47 - 13:50
    Assim, quando tiramos uma amostra
    de sangue dessa pessoa,
  • 13:50 - 13:54
    ela nos fornece um retrato único
    do exato momento em que ela morreu.
  • 13:54 - 13:58
    Então, quando medimos as concentrações
    de cortisol e de melatonina,
  • 13:58 - 14:01
    conseguimos, de fato, ter uma ideia
    de quando a pessoa morreu:
  • 14:01 - 14:04
    seja de manhã, ao meio dia,
    no final da tarde, ou à noite.
  • 14:04 - 14:09
    Mas desejávamos aperfeiçoar
    a precisão desse teste
  • 14:09 - 14:12
    para até duas horas
    do real momento do crime.
  • 14:12 - 14:15
    E buscamos identificar mais
    desses indicadores rítmicos,
  • 14:15 - 14:19
    tais como marcadores de RNA,
    que são os produtos do nosso DNA,
  • 14:19 - 14:22
    ou metabólitos, que são os produtos
    do nosso metabolismo.
  • 14:22 - 14:26
    E os chamamos de "nosso relógio
    molecular forense".
  • 14:27 - 14:29
    Com essas três ideias,
  • 14:29 - 14:32
    conseguimos, agora, determinar
    a exata causa da morte.
  • 14:32 - 14:35
    Temos muito mais informações
    para identificar nossa vítima,
  • 14:35 - 14:37
    e agora sabemos a hora exata da morte.
  • 14:37 - 14:41
    Mas estamos apenas começando
    a entender as ideias, as informações
  • 14:41 - 14:44
    que ainda estão presentes
    no nosso sangue e em outras biomoléculas
  • 14:44 - 14:49
    encontradas nas cenas
    dos crimes, por exemplo,
  • 14:49 - 14:53
    mas é muito difícil prever que tipo
    de destino elas terão na área criminal.
  • 14:53 - 14:57
    O que sabemos, entretanto, é que não
    chegamos ao fim dos nossos recursos,
  • 14:57 - 15:00
    mas apenas ao começo do que ninguém
    poderia ter imaginado antes.
  • 15:00 - 15:03
    Estamos, basicamente,
    transformando ficção em realidade.
  • 15:03 - 15:04
    Obrigado.
  • 15:04 - 15:06
    ( Aplausos)
Title:
O futuro da investigação criminal | Wim Develter e Bram Bekaert | TEDxLeuven
Description:

Se você observar o número de séries de televisão que fala sobre crime, saberá que se trata de um tema que interessa a muitos. Nesta palestra, acompanhe Wim Develter e Bram Bekaert numa investigação criminal da vida real, e descubra as novas tecnologias que podem ser usadas para investigar um homicídio.

Wim Develter é patologista forense e clínico vinculado ao Gasthuisberg, Hospital Universitário de Leuven, e é especialista em dano corporativo.

Bram Bekaert iniciou sua carreira em 1996, como policial em Bruxelas, enquanto estudava meio-período para a graduação em Biotecnologia. Ele se mudou para o Reino Unido para estudar ciência forense e obteve o segundo diploma de graduação, além de um título de mestrado em Impressão Genética Forense, pela University of Central Lancashire. Em 2009, terminou seu doutorado em Nutri-Epigenômica, pela Universidade de Surrey, e atualmente trabalha como geneticista forense no Laboratório de Genética Forense e Arqueologia Molecular do Hospital-Universitário de Leuven.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:10

Portuguese, Brazilian subtitles

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