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Porque é que acredito que os maus tratos contra as mulheres são a violação número um dos direitos humanos

  • 0:01 - 0:04
    De facto, estive a pensar
    na minha carreira
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    desde que deixei a Casa Branca,
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    e o melhor exemplo que tenho é um cartune
    no The New Yorker há uns anos.
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    Um garotinho olha para o pai e diz:
  • 0:12 - 0:15
    "Papá, quando crescer,
    quero ser ex-presidente."
  • 0:16 - 0:17
    (Risos)
  • 0:17 - 0:22
    Tive uma grande bênção como ex-presidente,
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    pois tive a hipótese,
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    que muito poucas pessoas
    no mundo tiveram,
  • 0:27 - 0:30
    de conhecer muitas pessoas diferentes
    por todo o universo.
  • 0:30 - 0:34
    Conheço os 50 estados
    dos Estados Unidos da América
  • 0:34 - 0:39
    e também visitei com a minha mulher
    mais de 145 países do mundo.
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    O Centro Carter já teve programas
    a tempo inteiro em 80 nações da Terra.
  • 0:43 - 0:45
    Muitas vezes,
    quando vamos a um país,
  • 0:45 - 0:47
    não só conhecemos
    o rei ou o presidente,
  • 0:47 - 0:52
    mas também conhecemos os aldeões
    que vivem nas áreas mais remotas de África.
  • 0:52 - 0:55
    O nosso principal compromisso
    no Centro Carter
  • 0:55 - 0:57
    é a promoção dos direitos humanos.
  • 0:57 - 1:02
    Conhecendo o mundo como conheço,
    posso dizer-vos, sem qualquer equívoco,
  • 1:02 - 1:06
    que a principal violação dos
    direitos humanos na Terra
  • 1:06 - 1:11
    e que, estranhamente, é pouco abordada,
    é a violência contra mulheres e meninas.
  • 1:12 - 1:14
    (Aplausos)
  • 1:15 - 1:20
    Há um conjunto de razões para isso,
    que vou mencionar, para começar.
  • 1:20 - 1:25
    Primeiro, é a interpretação errada de
    textos religiosos, de escrituras sagradas,
  • 1:25 - 1:29
    na Bíblia, no Antigo Testamento
    no Novo Testamento, no Corão, e noutros.
  • 1:29 - 1:36
    Têm sido mal interpretados por homens
    que hoje ocupam altas posições
  • 1:36 - 1:39
    nas sinagogas, nas igrejas
    e nas mesquitas.
  • 1:39 - 1:43
    Interpretam essas regras
    de forma a garantir
  • 1:43 - 1:47
    que as mulheres sejam normalmente
    relegadas para uma posição secundária
  • 1:47 - 1:50
    em comparação com os homens,
    aos olhos de Deus.
  • 1:51 - 1:55
    Este é um problema muito sério.
    E, normalmente, não é abordado.
  • 1:55 - 1:58
    Há uns anos, no ano 2000,
    eu era batista.
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    Fui batista sulista durante 70 anos.
  • 2:00 - 2:03
    Digo-vos, ainda ensino na escola
    dominical todos os domingos
  • 2:03 - 2:05
    e vou ensinar este domingo também.
  • 2:05 - 2:09
    Mas a Convenção Batista do Sul
    decidiu, em 2000,
  • 2:09 - 2:12
    que as mulheres deveriam ocupar
    uma posição secundária,
  • 2:12 - 2:14
    uma posição subserviente
    em relação ao homem.
  • 2:14 - 2:17
    Emitiram um édito que, com efeito,
  • 2:17 - 2:23
    proíbe as mulheres de serem padres,
    pastoras e diáconas na igreja,
  • 2:23 - 2:25
    ou capelãs nas forças armadas.
  • 2:26 - 2:28
    Se uma mulher der aulas
  • 2:28 - 2:30
    numa escola secundária batista do sul,
  • 2:30 - 2:34
    ela não poderá lecionar
    se um garoto estiver na sala,
  • 2:34 - 2:36
    porque há versículos na Bíblia,
  • 2:36 - 2:38
    mais de 30 000 versículos na Bíblia,
  • 2:38 - 2:41
    que dizem que uma mulher não deve
    ensinar um homem, e assim por diante.
  • 2:41 - 2:44
    Mas o principal é que as escrituras
    são mal interpretadas
  • 2:44 - 2:48
    para manter os homens numa
    posição superior.
  • 2:48 - 2:49
    Este é um problema omnipresente,
  • 2:49 - 2:54
    porque os homens podem
    exercer esse poder.
  • 2:54 - 3:00
    Se um marido ou um patrão abusivo,
    por exemplo, quiser abusar das mulheres,
  • 3:00 - 3:01
    pode dizer:
  • 3:01 - 3:04
    "Se as mulheres não são iguais
    aos olhos de Deus,
  • 3:04 - 3:06
    "porque é que hei de tratá-las
    como iguais?
  • 3:06 - 3:10
    "Porque é que hei de pagar-lhes
    salário igual por trabalho igual?"
  • 3:10 - 3:13
    O outro sério mal
    que este problema causa
  • 3:13 - 3:16
    é o excessivo emprego da violência,
  • 3:16 - 3:20
    que está a aumentar tremendamente
    por todo o mundo.
  • 3:21 - 3:25
    Nos Estados Unidos da América,
    por exemplo, temos verificado
  • 3:25 - 3:28
    um aumento enorme nos abusos
    contra pessoas pobres,
  • 3:28 - 3:33
    na sua maioria pessoas negras e minorias,
    que são enviadas para a prisão.
  • 3:33 - 3:36
    Quando ocupei o cargo de
    Governador da Geórgia,
  • 3:36 - 3:39
    estavam na prisão
    um em cada 1000 americanos.
  • 3:39 - 3:44
    Hoje, há 7,3 pessoas
    em cada 1000 na prisão.
  • 3:44 - 3:46
    É sete vezes mais!
  • 3:46 - 3:49
    Desde que deixei a Casa Branca,
  • 3:49 - 3:51
    houve um aumento de 800%
    no número de mulheres negras
  • 3:51 - 3:54
    que estão na prisão.
  • 3:54 - 3:58
    Também somos o único
    país desenvolvido do mundo
  • 3:58 - 4:00
    que ainda tem a pena de morte.
  • 4:00 - 4:04
    Igualamo-nos aos países que mais violam
  • 4:04 - 4:07
    todos os elementos dos direitos humanos,
    ao encorajar a pena de morte.
  • 4:08 - 4:10
    Estamos na Califórnia,
    e ocorreu-me no outro dia
  • 4:10 - 4:13
    que a Califórnia gastou
    quatro mil milhões de dólares
  • 4:13 - 4:18
    na condenação de 13 pessoas
    à pena de morte.
  • 4:18 - 4:23
    Fazendo as contas, a Califórnia
    gastou 307 milhões de dólares
  • 4:23 - 4:26
    para mandar executar uma pessoa.
  • 4:26 - 4:29
    Esta semana, o Nebraska aprovou uma lei
    abolindo a pena de morte,
  • 4:29 - 4:32
    porque os custos são muito altos.
  • 4:33 - 4:35
    (Aplausos)
  • 4:35 - 4:39
    O recurso à violência e ao abuso
    de pessoas pobres e indefesas
  • 4:39 - 4:43
    é outra das causas para o aumento
    da violência contra as mulheres.
  • 4:43 - 4:48
    Vejamos alguns dos tipos de violência
    contra as mulheres, que mais me preocupam,
  • 4:48 - 4:52
    e serei bastante breve, porque,
    como sabem, tenho um tempo limitado.
  • 4:52 - 4:56
    Um deles é a mutilação genital.
  • 4:56 - 5:00
    A mutilação genital é horrível,
    e desconhecida pelas mulheres americanas.
  • 5:00 - 5:04
    Mas, nalguns países, em muitos países,
  • 5:04 - 5:09
    quando uma menina nasce,
    muito cedo na sua vida,
  • 5:09 - 5:15
    os seus genitais são completamente
    removidos por um chamado "cortador"
  • 5:15 - 5:19
    que, com uma lâmina de navalha,
    sem recurso à esterilização,
  • 5:19 - 5:23
    corta as partes exteriores
    dos genitais femininos.
  • 5:23 - 5:28
    E às vezes, em casos mais extremos,
    mas não muito raros,
  • 5:28 - 5:32
    eles costuram o orifício para que a menina
    possa apenas urinar ou menstruar.
  • 5:32 - 5:35
    Mais tarde, quando ela se casa,
    o mesmo "cortador" abre o orifício
  • 5:35 - 5:38
    para que ela possa ter relações sexuais.
  • 5:38 - 5:41
    Não é uma coisa rara, embora seja
    ilegal na maioria dos países.
  • 5:41 - 5:43
    No Egito, por exemplo,
  • 5:43 - 5:47
    91% das mulheres que vivem hoje no Egito
  • 5:47 - 5:50
    foram mutiladas sexualmente dessa forma.
  • 5:50 - 5:54
    Nalguns países, mais de 98% das mulheres
  • 5:54 - 5:57
    são mutiladas dessa forma
    antes de atingirem a maturidade.
  • 5:57 - 6:00
    É um sofrimento horrível
  • 6:00 - 6:03
    para todas as mulheres que
    vivem nesses países.
  • 6:04 - 6:07
    Também muito graves
    são os assassínios de honra,
  • 6:07 - 6:11
    em que, novamente por uma má
    interpretação de uma escritura sagrada,
  • 6:11 - 6:14
    pois não há nada no Corão que ordene isso,
  • 6:14 - 6:18
    uma rapariga é executada pela família,
  • 6:18 - 6:20
    se ela for violada,
  • 6:20 - 6:23
    ou se ela se casar com um homem
    que o pai não aprove,
  • 6:23 - 6:26
    ou, às vezes, até mesmo
    se ela usar roupas inapropriadas.
  • 6:26 - 6:30
    E isto é feito por membros
    da sua própria família.
  • 6:30 - 6:32
    Os familiares tornam-se assassinos
  • 6:32 - 6:36
    quando a rapariga, supostamente,
    traz desgraça à família,
  • 6:36 - 6:39
    Há não muito tempo, as Nações Unidas
    fizeram um estudo no Egito
  • 6:39 - 6:43
    que mostrou que 75%
    desses homicídios de raparigas
  • 6:43 - 6:48
    são perpetrados pelo pai,
    pelo tio ou pelo irmão,
  • 6:48 - 6:52
    mas que 25% desses homicídios
    são realizados por mulheres.
  • 6:52 - 6:54
    Outro problema que temos no mundo,
  • 6:54 - 6:57
    relacionado com as mulheres,
    em particular, é a escravatura,
  • 6:57 - 6:59
    ou tráfico humano,
    como é chamado hoje em dia.
  • 6:59 - 7:04
    Cerca de 12,5 milhões de pessoas da
    África foram vendidas como escravas
  • 7:04 - 7:08
    no Novo Mundo, nos séculos XVIII e XIX.
  • 7:08 - 7:12
    Hoje, há 30 milhões de pessoas
    que vivem como escravas.
  • 7:13 - 7:17
    O Departamento de Estado dos EUA
    foi agora encarregado pelo Congresso
  • 7:17 - 7:20
    de elaborar um relatório, todos os anos.
  • 7:20 - 7:24
    O Departamento de Estado reporta
    que 800 000 pessoas são vendidas
  • 7:24 - 7:28
    como escravas, cruzando
    fronteiras internacionais, todos os anos,
  • 7:28 - 7:31
    e que 80% dessas pessoas são mulheres,
  • 7:31 - 7:33
    vendidas como escravas sexuais.
  • 7:33 - 7:36
    Nos EUA, neste preciso momento,
  • 7:36 - 7:39
    há 60 000 pessoas a viverem
    em servidão humana, ou escravatura.
  • 7:40 - 7:43
    Em Atlanta, Geórgia, onde
    se localiza o Centro Carter,
  • 7:43 - 7:45
    e onde dou aulas na Universidade Emory,
  • 7:45 - 7:50
    são vendidas como escravas
    entre 200 e 300 mulheres, todos os meses.
  • 7:51 - 7:54
    É o lugar número um do país,
    por causa disso.
  • 7:54 - 7:56
    Atlanta tem o aeroporto
    mais movimentado do mundo,
  • 7:56 - 8:02
    e também tem muitos passageiros
    que vêm do hemisfério sul.
  • 8:01 - 8:04
    Se o dono de um bordel
  • 8:04 - 8:07
    quiser comprar uma rapariga
    mulata ou negra,
  • 8:07 - 8:10
    pode fazê-lo por 1000 dólares.
  • 8:10 - 8:14
    Uma rapariga de pele clara custa
    várias vezes mais que isso.
  • 8:14 - 8:17
    O dono de um bordel médio
    em Atlanta e nos EUA
  • 8:17 - 8:22
    pode ganhar por volta de
    35 000 dólares por escrava.
  • 8:22 - 8:27
    Em Atlanta, Geórgia, o tráfico sexual
    ultrapassa o tráfico de drogas.
  • 8:27 - 8:32
    Então este é um problema muito grave,
    e o problema básico é a prostituição,
  • 8:32 - 8:35
    porque não há um
    único bordel nos EUA
  • 8:35 - 8:38
    que não seja conhecido
    pelas autoridades locais,
  • 8:38 - 8:42
    pela polícia, pelo chefe da polícia,
    pelo presidente do município, etc.
  • 8:42 - 8:45
    Isto leva a um dos piores problemas:
  • 8:45 - 8:49
    há cada vez mais mulheres
    compradas e forçadas à escravidão sexual
  • 8:49 - 8:51
    em todos os países do mundo.
  • 8:51 - 8:53
    A Suécia tem uma boa
    abordagem a este problema.
  • 8:53 - 8:57
    Há 15 ou 20 anos,
    a Suécia decidiu mudar a lei.
  • 8:57 - 9:00
    As mulheres já não são processadas
  • 9:00 - 9:02
    se trabalharem como escravas sexuais.
  • 9:02 - 9:07
    Quem são processados são os donos
    dos bordéis, os proxenetas e os clientes...
  • 9:08 - 9:09
    (Aplausos)
  • 9:10 - 9:12
    ... e a prostituição diminuiu.
  • 9:12 - 9:15
    Nos EUA, tomamos
    exatamente a posição oposta.
  • 9:15 - 9:22
    Para cada homem preso
    por comércio sexual ilegal,
  • 9:22 - 9:26
    há 25 mulheres presas,
    nos Estados Unidos da América.
  • 9:27 - 9:32
    O Canadá, a Irlanda
    — já falei da Suécia —
  • 9:32 - 9:35
    a França, e outros países estão
    a aproximar-se do chamado modelo sueco.
  • 9:35 - 9:38
    Esta é outra posição que pode ser tomada.
  • 9:38 - 9:41
    Temos, neste país, duas grandes
    instituições que todos admiramos:
  • 9:41 - 9:44
    As nossas forças armadas
    e o nosso ótimo sistema universitário.
  • 9:45 - 9:49
    Investiga-se agora quantos abusos sexuais
    são cometidos nas forças armadas.
  • 9:49 - 9:53
    No último relatório que recebi,
    houve mais de 26 000 abusos sexuais
  • 9:53 - 9:56
    que ocorreram nas forças armadas.
  • 9:56 - 9:57
    Vinte e seis mil!
  • 9:57 - 10:03
    Apenas 3000, pouco mais de 1%
    são de facto processados.
  • 10:02 - 10:07
    Isso acontece porque o comandante
    de qualquer organização
  • 10:07 - 10:11
    — um navio, como o meu submarino,
    ou um batalhão no Exército,
  • 10:11 - 10:13
    ou uma companhia nos Fuzileiros Navais —
  • 10:13 - 10:17
    o comandante tem o
    direito legal de decidir
  • 10:17 - 10:20
    se processa, ou não, o agressor.
  • 10:20 - 10:23
    Obviamente, a última coisa
    que querem é que se saiba
  • 10:23 - 10:26
    que, sob a sua supervisão,
    acontecem agressões sexuais.
  • 10:26 - 10:28
    Portanto, optam por não o fazer.
  • 10:28 - 10:31
    Esta lei precisa ser mudada.
  • 10:31 - 10:35
    Cerca de uma em quatro raparigas
    que entram numa universidade americana
  • 10:35 - 10:37
    será sexualmente agredida
    antes da sua formatura.
  • 10:37 - 10:40
    Isto está, agora, a receber
    muita publicidade,
  • 10:40 - 10:42
    em parte devido ao meu livro,
    mas também a outras coisas.
  • 10:42 - 10:46
    Agora, 89 universidades americanas
    foram condenadas
  • 10:46 - 10:49
    pelo Departamento da Educação,
    ao abrigo do Título IX,
  • 10:49 - 10:54
    porque as autoridades das universidades
    não estão a tomar conta das mulheres,
  • 10:54 - 10:56
    para protegê-las de agressões sexuais.
  • 10:56 - 10:59
    O Departamento da Justiça indica
    que mais de metade das violações
  • 10:59 - 11:03
    nos campos universitários é levada
    a cabo por violadores em série,
  • 11:03 - 11:05
    porque, fora do sistema universitário,
  • 11:05 - 11:08
    se violarem alguém, serão processados,
  • 11:08 - 11:12
    enquanto que, num campus universitário,
    podem violar e sair impunes.
  • 11:12 - 11:14
    Não serão processados.
  • 11:14 - 11:18
    Esses são os tipos de coisas
    que ocorrem na nossa sociedade.
  • 11:18 - 11:23
    Outra coisa que é muito grave
    quanto ao abuso de mulheres e raparigas
  • 11:23 - 11:28
    é, como sabem, a desigualdade de salário
    pelo mesmo trabalho.
  • 11:29 - 11:31
    (Aplausos)
  • 11:32 - 11:37
    Isto às vezes é mal interpretado
    mas, num emprego a tempo inteiro,
  • 11:37 - 11:40
    uma mulher nos EUA recebe hoje
    menos 23% que um homem.
  • 11:40 - 11:43
    Quando me tornei presidente,
    a diferença era de 39%.
  • 11:44 - 11:48
    Fizemos algum progresso,
    em parte porque fui presidente, etc...
  • 11:48 - 11:50
    (Risos)
  • 11:51 - 11:53
    (Aplausos)
  • 11:53 - 11:57
    .... mas nos últimos 15 anos,
    não tem havido nenhum progresso.
  • 11:57 - 11:59
    Portanto, foi apenas
    uma diferença de 23 ou 24%
  • 11:59 - 12:01
    nos últimos 15 anos.
  • 12:02 - 12:04
    Estes são os tipos de
    coisas que acontecem.
  • 12:04 - 12:07
    Se pegarem nas 500 maiores empresas,
    segundo a Fortune,
  • 12:07 - 12:11
    só 23 delas têm presidentes mulheres,
  • 12:11 - 12:12
    entre 500.
  • 12:12 - 12:15
    Essas presidentes, não é preciso dizê-lo,
  • 12:15 - 12:17
    em média ganham menos
  • 12:17 - 12:20
    que os outros presidentes.
  • 12:20 - 12:22
    Isto é o que se passa no nosso país.
  • 12:22 - 12:26
    Outro problema com os EUA
  • 12:26 - 12:29
    é que somos a nação
    mais belicosa da Terra.
  • 12:29 - 12:33
    Fomos para a guerra
    contra cerca de 25 países diferentes
  • 12:33 - 12:35
    desde a Segunda Guerra Mundial.
  • 12:35 - 12:38
    Por vezes, tivemos soldados
    a lutar no terreno.
  • 12:38 - 12:40
    Outras vezes, ficámos a sobrevoar,
  • 12:40 - 12:42
    lançando bombas sobre as pessoas.
  • 12:42 - 12:46
    Outras vezes, é claro, agora temos drones
    que atacam as pessoas.
  • 12:46 - 12:48
    Estivemos em guerra com
    25 países diferentes, ou mais,
  • 12:48 - 12:51
    desde a Segunda Guerra Mundial.
  • 12:51 - 12:53
    Houve quatro anos, não direi quais,
  • 12:53 - 12:56
    em que não lançámos uma única bomba...
  • 12:56 - 12:58
    (Aplausos)
  • 12:58 - 13:01
    não lançámos um único míssil,
  • 13:01 - 13:03
    não disparámos uma única bala.
  • 13:03 - 13:06
    De qualquer forma, esse tipo de coisas,
    o recurso à violência
  • 13:06 - 13:10
    e a má interpretação das
    escrituras sagradas
  • 13:10 - 13:15
    são as causas básicas
    dos abusos contra mulheres e raparigas.
  • 13:15 - 13:18
    Há ainda mais uma causa básica
    que eu não precisava de mencionar.
  • 13:18 - 13:23
    Em geral, os homens não ligam nenhuma.
  • 13:23 - 13:26
    (Aplausos)
  • 13:26 - 13:28
    É verdade.
  • 13:28 - 13:29
    O homem comum pode dizer:
  • 13:29 - 13:32
    "Sou contra a violência
    sobre mulheres e raparigas"
  • 13:32 - 13:36
    mas aceita em silêncio a posição
    de privilégio que ocupamos.
  • 13:36 - 13:39
    Isto é muito similar ao que eu sabia
    quando eu era criança,
  • 13:39 - 13:43
    quando ainda existia
    "diferentes, mas iguais".
  • 13:43 - 13:47
    A discriminação racial existiu
    legalmente durante 100 anos.
  • 13:47 - 13:51
    desde 1865, no fim da guerra
    entre os Estados, a Guerra Civil,
  • 13:51 - 13:53
    até aos anos da década de 1960,
  • 13:53 - 13:56
    quando Lyndon Johnson
    aprovou os projetos de lei
  • 13:56 - 13:58
    para direitos iguais.
  • 13:58 - 14:01
    Nessa altura, havia muitos brancos
  • 14:01 - 14:04
    que achavam que a discriminação
    racial não era correta,
  • 14:04 - 14:07
    mas ficaram em silêncio,
  • 14:07 - 14:12
    porque gozavam dos privilégios
    de terem os melhores empregos,
  • 14:12 - 14:15
    de terem acesso exclusivo
    ao dever de prestar serviço como jurados,
  • 14:15 - 14:17
    melhores escolas, e tudo o resto.
  • 14:17 - 14:19
    É a mesma coisa que existe hoje,
  • 14:19 - 14:22
    porque o homem comum
    na verdade não se importa.
  • 14:23 - 14:25
    Mesmo que digam:
  • 14:25 - 14:29
    "Sou contra a discriminação
    contra raparigas e mulheres",
  • 14:29 - 14:33
    eles gozam de uma posição privilegiada.
  • 14:32 - 14:35
    É muito difícil convencer
    a maioria dos homens
  • 14:35 - 14:38
    que controlam o sistema universitário,
  • 14:38 - 14:41
    a maioria dos homens
    que controlam o sistema militar,
  • 14:41 - 14:45
    a maioria dos homens que controlam
    os governos do mundo,
  • 14:45 - 14:49
    e a maioria dos homens
    que controlam as grandes religiões.
  • 14:50 - 14:53
    Então qual é a coisa básica que
    precisamos de fazer hoje em dia?
  • 14:53 - 14:56
    Eu diria que a melhor coisa
    que podemos fazer hoje
  • 14:56 - 15:00
    é que as mulheres nas nações poderosas,
  • 15:00 - 15:04
    como esta aqui, e aquelas
    de onde vocês vêm, da Europa,
  • 15:04 - 15:08
    que têm influência e liberdade
    para falar e agir,
  • 15:08 - 15:12
    precisam de assumir a responsabilidade
  • 15:12 - 15:16
    de serem mais vigorosas a exigir
  • 15:16 - 15:20
    o fim da discriminação racial
    contra raparigas e mulheres
  • 15:20 - 15:22
    em todo o mundo.
  • 15:22 - 15:25
    A mulher comum no Egito
  • 15:25 - 15:27
    não tem voz para opinar
  • 15:27 - 15:30
    sobre a mutilação genital das suas filhas
    e outras coisas,
  • 15:30 - 15:32
    E eu nem entrei em detalhes sobre isso.
  • 15:32 - 15:35
    Mas espero que, com esta conferência,
  • 15:35 - 15:39
    todas as mulheres aqui façam
    com que os seus maridos se apercebam
  • 15:39 - 15:43
    desses abusos nos campos universitários
    e nas forças armadas, etc.
  • 15:43 - 15:45
    e no mercado de trabalho futuro
  • 15:45 - 15:50
    e precisam de proteger
    as filhas e as netas.
  • 15:50 - 15:56
    Eu tenho 12 netos, 4 filhos,
    e 10 bisnetos,
  • 15:56 - 15:58
    e penso muito neles,
  • 15:58 - 16:01
    e na situação que enfrentarão nos EUA,
  • 16:01 - 16:04
    não apenas se vivessem no Egito
    ou noutro país estrangeiro,
  • 16:04 - 16:07
    gozando de direitos iguais.
  • 16:07 - 16:09
    Espero que vocês se juntarão a mim
  • 16:09 - 16:13
    em serem defensores das mulheres
    e raparigas em todo o mundo,
  • 16:13 - 16:15
    e protegerem os seus direitos humanos.
  • 16:15 - 16:16
    Muito obrigado.
  • 16:16 - 16:19
    (Aplausos)
Title:
Porque é que acredito que os maus tratos contra as mulheres são a violação número um dos direitos humanos
Speaker:
Jimmy Carter
Description:

Com a sua típica determinação, o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, aborda três razões inesperadas pelas quais os maus tratos contra as mulheres e as raparigas continuam a manifestar-se em tantas partes do mundo, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. A causa final que ele dá? "Em geral, os homens não ligam nenhuma".

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:36

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