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Como o autismo me libertou para ser eu mesma

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    Eu não disse isto a muitas pessoas
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    mas na minha cabeça
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    tenho milhares de mundos secretos
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    a trabalhar todos ao mesmo tempo.
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    Também sou autista.
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    As pessoas tendem a diagnosticar o autismo
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    com descrições específicas padronizadas,
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    mas, na realidade,
    temos uma gama variada de autistas.
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    Por exemplo, o meu irmão mais novo
    é profundamente autista.
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    Ele é não-verbal, não fala nada.
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    Mas eu gosto de falar.
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    É comum associar o autismo
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    com o gosto pela matemática,
    pela ciência e nada mais,
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    mas eu conheço muitos autistas
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    que gostam de ser criativos.
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    Isso é um estereótipo,
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    e os estereótipos normalmente,
  • 0:43 - 0:45
    senão sempre, estão errados.
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    Por exemplo, muitas pessoas
  • 0:49 - 0:52
    pensam em autismo
    e pensam logo em "Rain Man".
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    É a crença comum,
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    que todo o autista é Dustin Hoffman,
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    e isso não é verdade.
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    (Risos)
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    Mas isso não acontece
    apenas com os autistas,
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    Já vi acontecer o mesmo com os LGBTQ,
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    com mulheres, com negros.
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    As pessoas têm tanto medo do "diferente"
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    que tentam meter tudo em caixinhas
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    com rótulos específicos.
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    Isso é uma coisa
    que aconteceu comigo na vida real.
  • 1:21 - 1:23
    Pesquisei no Google:
    "pessoas autistas são..."
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    e aparecem sugestões
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    para o que podemos querer escrever.
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    Eu escrevi: "pessoas autistas são..."
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    e o primeiro resultado foi "demónios".
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    É o primeiro pensamento das pessoas
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    quando pensam em autismo
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    Elas sabem.
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    (Risos)
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    Uma das coisas que eu consigo fazer,
    porque sou autista
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    — é mais uma capacidade
    do que uma deficiência —
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    é que eu tenho uma imaginação muito viva.
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    Vou explicar um pouco.
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    É como se eu vivesse em
    dois mundos ao mesmo tempo.
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    Há o mundo real,
    o mundo em que nós todos vivemos
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    e há o mundo na minha cabeça.
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    Esse mundo na minha cabeça
    é muitas vezes mais real
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    do que o mundo real.
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    Por exemplo, é muito fácil para mim
    perder-me nos pensamentos
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    porque eu não tento
    encaixar-me numa caixinha.
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    Isso é uma das coisas boas em ser autista.
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    Não sentimos necessidade de fazer isso.
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    Encontramos o que queremos fazer,
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    encontramos uma forma de fazê-lo,
    e avançamos.
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    Se eu tentasse encaixar-me numa caixa,
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    não estaria aqui, não teria conquistado
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    metade das coisas que tenho hoje.
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    Há problemas, é claro.
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    Há problemas em ser autista
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    e há problemas em ter imaginação a mais.
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    A escola geralmente é um problema,
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    mas ter que explicar a uma professora,
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    todos os dias,
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    que a lição dela é
    inexplicavelmente aborrecida
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    e que estamos a refugiar-nos secretamente
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    num mundo dentro da nossa cabeça
    e que não ligamos à lição,
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    isso amplia a nossa lista de problemas.
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    (Risos)
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    Quando a minha imaginação dispara,
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    o meu corpo ganha vida própria.
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    Quando acontece qualquer coisa
    muito empolgante no meu mundo,
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    eu tenho que correr.
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    Tenho que balançar
    para a frente e para trás,
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    ou, às vezes, tenho que gritar.
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    Isto dá-me muita energia,
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    e preciso de escoar essa energia.
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    Mas sempre fiz isso desde que era criança,
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    desde pequenina.
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    Os meus pais achavam amoroso
    e não me repreendiam
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    mas, quando fui para a escola,
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    não acharam que isso era amoroso.
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    Pode acontecer que as pessoas
    não queiram ser amigas
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    duma menina que
    começa a gritar na aula de algebra.
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    Isso, normalmente,
    não acontece hoje em dia,
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    mas as pessoas podem não querer
    ser amigas da rapariga autista.
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    Pode ser que as pessoas
    não queiram ser associadas
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    a alguém que não quer
    ou não se consegue encaixar
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    numa caixa com o rótulo de "normal".
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    Para mim, tudo bem,
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    porque separa o trigo do joio.
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    Posso descobrir quais
    as pessoas genuínas e verdadeiras
  • 4:00 - 4:02
    e posso escolher essas pessoas
    como minhas amigas.
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    Mas, pensando bem, o que é ser normal?
  • 4:06 - 4:08
    O que é que isso significa?
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    Imaginem, se isso fosse
    o melhor elogio que recebessem:
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    "Uau, tu és mesmo normal!"
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    (Risos)
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    Mas os elogios são:
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    "Tu és extraordinária"
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    ou "Tu és fora do vulgar".
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    É "Tu és espantosa."
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    Se as pessoas querem ser essas coisas,
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    porque é que tantas pessoas
    se esforçam para ser normais?
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    Porque é que as pessoas despejam
    os seus talentos individuais num molde?
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    As pessoas têm tanto medo da diversidade
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    que tentam forçar toda a gente,
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    mesmo aqueles que não querem
    ou não podem ser normais,
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    Há acampamentos para os LGBTQ
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    ou para autistas onde se tenta
    fazer deles "normais".
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    É terrível que as pessoas
    ainda façam isso hoje em dia.
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    Em suma, eu não trocaria o meu autismo
    e a minha imaginação pelo mundo.
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    Como sou autista,
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    apresentei documentários para a BBC.
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    Estou a escrever um livro.
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    Estou a fazer isto — é fantástico.
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    Uma das melhores coisas que já consegui,
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    que eu considero ter conseguido,
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    é que encontrei formas de comunicar
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    com o meu irmão e a minha irmã
    que, como eu disse, são não-verbais.
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    Eles não falam.
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    As pessoas quase sempre
    afastam-se de alguém que é não-verbal,
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    mas isso é estupidez, porque
    o meu irmão e a minha irmã
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    são os melhores irmãos
    que podíamos esperar.
  • 5:26 - 5:29
    São o máximo e eu amo-os muito.
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    Preocupo-me mais com eles
    do que com qualquer outra coisa.
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    Vou deixar-vos com uma pergunta:
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    Se não podemos entrar
    na cabeça duma pessoa,
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    quer ela seja autista ou não,
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    em vez de punir qualquer coisa
    que saia da normalidade,
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    porque não celebrar o extraordinário
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    e brindar sempre que alguém
    solta a sua imaginação?
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    Obrigada.
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    (Aplausos)
Title:
Como o autismo me libertou para ser eu mesma
Speaker:
Rosie King
Description:

"As pessoas têm tanto medo da diversidade que tentam encaixar tudo em caixinhas com um rótulo específico", diz Rosie King, de 16 anos, que é atrevida, impetuosa e autista. Ela quer saber: Porque é que toda a gente se preocupa em ser normal? Ela soa como um toque de clarim para que todas as crianças, pais, professores e pessoas festejem o extraordinário. É um testemunho impetuoso do potencial da diversidade humana.

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
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06:08
Isabel Vaz Belchior approved Portuguese subtitles for How autism freed me to be myself
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  • Esta tradução pretence à equipa de tradutores de português (de Portugal) mas foi feita em português, brasileiro.
    Tem que ser revista para português (de Portugal).

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