Uma vida inspirada em fazer o bem | Daniel Mattos | TEDxUnisinos

Algumas semanas atrás

Eu recebi um prêmio incrível.
Um prêmio fantástico.

Esse prêmio não é um troféu,
não é uma condecoração.

Não é um capa de revista.

Esse prêmio é isso aqui.

Uma conversa rápida de facebook
com um amigo meu

Ele falou basicamente:

Cara, esse dias estava pensando
em pessoas realizadas profissionalmente

E tu foi a primeira pessoa que eu pensei

Eu falei: que incrível, que demais isso

Obrigado, Bruno.
Tu é o cara!

E a partir desse prêmio que eu recebi

eu comecei a refletir muito a respeito
de estar realizado.

Me choca um pouco enxergar
que algo tão relevante

Algo tão incrível, necessário pra nossa vida

A gente debate tão pouco, pensa tão pouco sobre isso

A gente troca receita de bolo,
mas não troca receita de como ter uma vida realizada

A gente pensa quais são os problemas da seleção brasileira
que precisam ser resolvidos

pro Brasil ganhar a copa do mundo,
mas a gente não pensa

quais são os problemas que a gente precisa resolver
pra que a nossa vida se torne completa, realizada.

E, normalmente, quando a gente vê um debate

falando a respeito disso, pessoas comentando
sobre ser realizado e ter uma vida completa

O nível é muito superficial...
Cara, tu quer ser realizado, faz o que gosta.

Não basta fazer o que gosta.

Eu poderia ficar o dia inteiro jogando futebol

Indo ao cinema

Mas eu não iria ser uma pessoa realizada
não iria estar bem

Primeiro, eu ìa encher o saco

E segundo que eu não ía ter cmo me sustentar

Fazer as coisas que eu gostaria de fazer.

E esse já é um gancho pra um segundo nível
segunda camada da discussão.

Então trabalha com o que tu gosta

E não basta trabalhar com o que tu gosta.

Eu poderia estar no meio do futebol
podia estar no meio das festas

No meio de cinema e, assim, não basta
pra ter uma vida realizada

E aí nesse momento a gente bate de frente

com uma reflexão mais profunda

E é muito comum a gente dar um passinho atrás.

Pegar nossas troxinhas e voltar para o mundo real.

Cara, isso aí é fantasia de desenho da Disney

ou história de Hollywood

Beleza, vou fazer meu trabalhinho ditreitinho

Vou curtir o tempo livre com a minha família
e com meus amigos

E bola pra frente, vamos nessa.

Quando eu era bem moleque,
uns dez ou onze anos de idade

E estava vendo televisão na sala de casa com a minha família

E tinha aqueles casos mega polêmicos
Que era o caso Suzanne

Ela foi acusada de mandar o namorado
matar a família enquanto dormiam

Uma parada punk

E aí, na televisão
estava o advogado da Suzane

Falando que é uma injustiça
a opinião pública está colocando ela como vilã

E não é verdade

E eu perguntei pra minha mãe

Mãe, tu acha que esse cara acredita no que está dizendo?

E a minha mãe super política

Não sei, todo mundo tem direito à defesa

Vamos dar o direito dela trazer a versão dela

Vamos entender um pouco...

Tá, mãe, você acredita nesse cara,
nas coisas que ela está falando?

Ela falou não sei

Bom, digamos que ele também não saiba

Se, na frente do juiz,
quando tiver o acusados e o acusad

Expondo os seus argumentos

E o advogado se der conta que
minha cliente está errada

Ele vai levantar a mão e dizer
Olha só juiz, condena aí

que ela está errada mesmo
e toca a ficha, toca na jaula.

E eu me perguntava muito
O cara está defendendo o que?

O cara tá defendendo a justiça,
o que ele acredita

Ou ele tá defendendo a cliente dele,
ou sendo um pouco mais precisa

O dinheiro que a cliente
está pagando pra ele?

A aí, a resposta era sempre
Ah, ee é tão ingênuo...

Daniel, vai pro mundo real.
O cara é advogado, o trabalho dele é esse mesmo

Cai na real...

Não tem nada de errado,
é só uma forma de ver o mundo

E eu me debatia muito com o que eu acreditava

Que era genuino, sendo contaminado aos poucos

Por uma cultura externa existente
que vai te acostumando

E vai fazendo que que ...
Ah, beleza. Advogado é advogado

Faz parte

E quando se dá conta, está sendo tão influenciado

Que tu começa a achar comum opiniões
que são exatamente opostas ao que tu acredita genuinamente

E isso acontece desde as coisas mais simples

Tipo, eu era moleque e a galera falava que
relógio tem que botar na mão esquerda

E porque?

Eu quero botar na direita...

Não, tem que botar na mão esquerda...

E porque diabos...

Ou o botão do terno,
não se abotoa o último botão do terno

Cara, eu tô a fim...

Até coisas mais complexas
Como...

Como é que a gente tem coragem
de passar na rua

E não olhar no olho de uma pessoa que está
atirada no chão, suja, passando fome,

Que estende o braço e diz:
Cara, por favor, me ajuda.

Como é que a gente tem coragem de passar por essa pessoa

Em que momento a gente perdeu a conexão

de passar por essa pessoa

E, não vou nem me dar ao luxo de olhar pra ti...

Ou, como um dono de uma empresa
tem coragem de ter um salário

Vinte, trinta, cinquenta vezes maior
do que um funcionário

Que tá no perrengue
E precisa pedir empréstimo

E não consegue dar um estudo razoável para seus filhos

Como ele tem coragem de ter um salário
cinquenta, cem vezes maior?

E, de novo, o externo
começou a me contaminar

E falar isso é normal,
faz parte.O morador de rua, tu tem que fazer sua vida

O salário é maior porque o valor que ele gera
é maior.

E a gente vai se acostumando
pro mais que a gente não acredite nisso

Então, fiz colégio,
fiz faculdade empublicidade e propaganda

Me formei e comecei a trabalhar em agências de publicidade

E sempre fui um cara que gostei de trabalhar

Ficava até altas horas

E certo dia, estava duas e meia da manhã
trabalhando na agência

Pra um produto que eu não gostava,
que eu não acreditava

Que eles punham uma causa
que não fazia sentido pra mim

E me parecia que o discurso
naõ era verdadeiro

E eu estava criando argumentos

Pra pessoas que não precisavam comprar aquele produto

Que às vezes não tinham nem dinheiro pra comprar aquele produto

Comprassem aquele produto

E eu estava sendo o link,
a conexão entre o produto e aquelas pessoas

Tudo em virtude de grana.

Foi aí que eu me dei conta que eu estava sendo
o advogado que eu tanto criticava quando era moleque

E eu dei uma pirada
Comecei um trabalho de desconstrução muito forte

De esquecer essa cultura externa
que aos poucos vai tentando nos jogar umas verdades

Uma realidade existente

Construir o nosso discurso quando a gente tem que construir o nosso discurso

E comecei a me reconectar com os meus propósitos

Com o que eu acreditava genuinamente

Então, nesse processo de auto-conhecimento

Além de pedir demissão,
Eu queberi algumas empresas

Tive projetos bem sucedidos,
uns fracassos estrondosos

E eu cheguei nessa história chamada
Smile Flame

Smile Flame é uma iciciativa

que cria projetos
com impacto positivo na sociedade

atravésda felicidade

Então, são projetos que
em outras palavras

São malocos e do bem

E pra entender um pouco melhor,
Eu resolvi exemplificar

E a gente tem alguns cases muito legais

O primeiro dele é o skate no asilo

Que a gente criou um campeonato de skate dentro do asilo

Porque ao invés de ficar levando sopinha
na boquinha da vovó

Ou ficar lendo jornal com o vovô

Vamos fazer um negócio Rock and Roll
Que os vocôs e vovós possam curtir

E a galera que pensa parecido coma gente
possa curtir junto

Então, eles eram os jurados do evento

Significa que uns caras muito bons,
que tinham realmente

Uns skills fortes dentro do skate
perderam pra uns caras ruins

porque os vovôs e vovós curtiram o cara

Legal, gostei

Aqui tem outras plaquinhas,
caiu os butiá do bolso

E aí eles davam as notas
Era bem divertido, bem legal

Tem umas placas um pouco mais polêmicas

Outro projeto que a gente fez, que é incrível

É a corrida maluca de cadeirantes

Que, os educadores em geral ,vão fazer um trabalho físico com as crianças

E normalmente é jogar futebol, pega-pega

Apostar uma corrida

E as crianças cadeirantes
normalmente acabam ficando excluídas dessa história

E mais do que incluira mulacada cadeirante dentro dessa história

A gente quis fazer um projeto que elas fossem a estrela

Que elas participassem de todo o processo

Desde a concepção de um carrinho
até a execução

E o evento principal que é a corrida em si

Então a gente pega as cadeiras de roda

e faz mega costumizações
a partir da lógica da cadeira de rodas

Esse é o carrinho do angry birds

Tinha um navio pirata,
a penélope charmosa

Esse ano vai ter uma baterista
que a gente tá fazendo

Vai acontece, muito legal.

E a bota do mundo
que é o terceiro projeto

que eu vim exemplificar

que a gente tem feito

Que é uma copa do mundo pra crianças deficientes

que nunca chutaram uma bola de futebol na vida

fazerem o primeiro gol da sua história

então, através de uma botinha
especial que prende os pés da criança

com um adulto

A gente faz um campeonato de penaltis que a mulecada possa se divertir ogando bola

Participaram vários ídolos
como o Dunga, Marcos, Tinga

Esse ano o Neymar participou
foi muito legal, incrivel

Olha a felicidade da criança
Essa é a sensação de fazer um gol

Que coisa incrível

O Neymar participou da história

Como diabos eu consegui
ter uma ideia a dois, três anos atrás

E o Neymar está participando hoje em dia

É algo muito surreal

Enfim, a partir dessa lógica da Smile Flame

Eu comecei a ver que eu estava cada vez mais me aproximando

do que eu acreditava genuinamente

Então, eu olhava pra um morador de rua
que ninguém que passava olhava no olho

E eu pensava agora eu tenho uma empresa
que trata todo ser humano de forma humana

Todo mundo, quando eu tava na agência

Vendendo um tênis que eu não acreditava

Agora eu tenho uma empresa que todo mundo acredita no que vende

Se não acredita no que vende, não pode estar dentro da empresa

O salário que é cinquenta,
cem vezes maior

Que eu ficava louco de enxergar

CEOs e donos de empresa

Hoje em dia o salário é discutido entre todo mundo dentro da empresa

Inclusive já tiveram salários que mudaram de valor
a partir da discussão do todo da empresa

Porque a gente acredita nisso

Isso faz sentido

Inclusive o bônus de vendas é repartido de forma igual
pra todas as pessoas

Então, é muito legal

É muito bacana ver que o que eu acreditava está começando a ser exemplificado dentro da empresa

Porque não basta fazer o que gosta

Não basta trabalhar com o que gosta

A gente tem que ser o que a gente acredita

E todos nós, todos nós,
somos únicos

Então, se a gente tiver a sensibilidade

A capacidade de poder entender

Nosso propósito, nossa essência

Os nossos resultados também vão ser únicos

Então, vamos levantar a bunda dessas cadeiras

Pra construir Um mundo que a gente sonha viver

Porque só assim A gente vai conseguir caminhar em direção a uma vida completa

Uma vida de realizações como um todo

Muito Obrigado

[Aplausos]