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Uma entrevista com as fundadoras do movimento Black Lives Matter

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    Mia Birdsong: Por que o movimento
    Black Lives Matter é importante
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    para os EUA, neste momento,
    e para o mundo?
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    Patrisse Cullors: Black Lives Matter
    é nosso chamado para a ação.
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    É uma ferramenta para repensar um mundo
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    no qual as pessoas negras
    sejam livres para existir,
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    livres para viver.
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    É uma ferramenta para nossos aliados
    mostrarem seu apoio a nós de outra forma.
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    Eu cresci em um bairro
    com policiamento ostensivo.
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    Presenciei meus irmãos e amigos
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    serem constantemente parados
    e revistados pela polícia.
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    Eu me lembro da minha casa
    ser invadida pela polícia.
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    E uma das minhas perguntas,
    quando criança, era "por quê"?
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    Por que nós?
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    Black Lives Matter oferece
    respostas para esse porquê.
  • 0:52 - 0:57
    Oferece uma nova visão para jovens
    meninas negras ao redor do mundo
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    de que merecemos que lutem por nós,
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    merecemos que os governos
    locais nos defendam.
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    Opal Tometi: E o racismo...
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    (Aplausos)
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    E o racismo contra os negros
    não ocorre somente nos Estados Unidos.
  • 1:16 - 1:19
    Na verdade ocorre por todo o mundo.
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    E o que precisamos mais do que nunca
    é de um movimento pelos direitos humanos
  • 1:23 - 1:28
    que desafie o racismo sistêmico
    em todos os contextos.
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    (Aplausos)
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    Precisamos disso porque a realidade global
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    é que pessoas negras estão sujeitas
    a todo tipo de desigualdades
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    na maioria das questões mais desafiadoras.
  • 1:45 - 1:48
    Penso em questões
    como as mudanças climáticas,
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    e que seis das dez nações mais impactadas
    pelas mudanças climáticas
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    ficam no continente africano.
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    As pessoas estão sendo assoladas
    por todo tipo de desastre não natural,
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    desalojadas das casas de seus ancestrais
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    e sem chance de ter uma vida decente.
  • 2:09 - 2:13
    Também vemos desastres
    como o furacão Matthew,
  • 2:13 - 2:16
    que recentemente devastou diversos países,
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    mas causou os maiores danos ao Haiti.
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    O Haiti é o país mais pobre
    neste hemisfério,
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    e seus habitantes são pessoas negras.
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    E o que vemos no Haiti
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    é que na verdade eles já estavam
    enfrentando diversos desafios
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    anteriores a esse furacão.
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    Eles estavam se recuperando do terremoto,
  • 2:38 - 2:42
    estavam se recuperando da cólera
    que foi trazida pelos pacificadores da ONU
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    e ainda não foi erradicada.
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    Isso é inaceitável.
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    E isso não aconteceria se a população
    desse país não fosse de pessoas negras,
  • 2:53 - 2:55
    temos que ser realistas sobre isso.
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    Mas o mais animador no momento
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    é que, apesar desses desafios,
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    o que vemos é que existe
    uma rede de africanos
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    por todo o continente
  • 3:04 - 3:08
    que estão se rebelando, lutando
    e clamando por justiça climática.
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    (Aplausos)
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    MB: Então, Alicia, você disse que,
    quando as pessoas negras são livres,
  • 3:16 - 3:18
    todo mundo é livre.
  • 3:18 - 3:19
    Você pode nos explicar isso?
  • 3:19 - 3:21
    Alicia Garza: Claro.
  • 3:21 - 3:24
    Eu acho que raça e racismo é provavelmente
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    o fenômeno social, econômico
    e político mais estudado neste país,
  • 3:29 - 3:32
    mas também o menos compreendido.
  • 3:32 - 3:35
    A realidade é que raça,
    nos Estados Unidos,
  • 3:35 - 3:38
    opera em um espectro
    que vai do negro ao branco.
  • 3:38 - 3:42
    Isso não significa que as pessoas
    que estão no meio não sofram racismo,
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    mas significa que, quanto mais perto
    você estiver do branco nesse espectro,
  • 3:46 - 3:47
    em melhor situação você está.
  • 3:47 - 3:50
    E quanto mais perto do preto
    você estiver nesse espectro,
  • 3:50 - 3:52
    pior será a sua situação.
  • 3:52 - 3:56
    Quando pensamos na forma
    como encaminhamos os problemas nesse país,
  • 3:56 - 4:00
    normalmente temos
    uma justiça de cima para baixo.
  • 4:00 - 4:02
    Então, usando os brancos
    como parâmetro, dizemos:
  • 4:02 - 4:05
    bem, se as coisas melhoram
    para os brancos,
  • 4:05 - 4:07
    então vai melhorar para todos os outros.
  • 4:07 - 4:09
    Mas na verdade não acontece dessa forma.
  • 4:09 - 4:12
    Temos que encaminhar os problemas na raiz,
  • 4:12 - 4:16
    e quando lidamos com o que acontece
    nas comunidades negras,
  • 4:16 - 4:18
    isso cria uma efervescência, certo?
  • 4:19 - 4:21
    Então, bolhas de baixo para cima,
    em vez de cima para baixo.
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    Vou dar um exemplo: quando falamos
    na desigualdade de sálarios,
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    costumamos dizer que as mulheres ganham
    US$ 0,78 para cada US$ 1 dos homens.
  • 4:30 - 4:32
    Todos vocês já ouviram isso.
  • 4:32 - 4:35
    Mas essas estatísticas são
    para mulheres e homens brancos.
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    A realidade é que mulheres negras
    recebem em torno de US$ 0,64
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    para cada US$ 0,78 das mulheres brancas.
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    Quando falamos nas latinas,
    isso cai para cerca de US$ 0,58.
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    Se falamos sobre mulheres indígenas,
  • 4:49 - 4:53
    ou sobre mulheres trans,
    isso cai ainda mais.
  • 4:53 - 4:57
    Então, de novo, se você lida
    com os que são mais impactados,
  • 4:57 - 5:00
    todos têm uma oportunidade
    de se beneficiar disso,
  • 5:00 - 5:04
    em vez de lidar com as pessoas
    que não são tão impactadas
  • 5:04 - 5:06
    e esperar que isso se reflita para baixo.
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    MB: Eu amo a efervescência, borbulhando.
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    AG: Efervescência... como espumante.
  • 5:11 - 5:12
    (Risos)
  • 5:12 - 5:14
    MB: Quem não ama
    uma taça de espumante, não é?
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    Espumante e liberdade, certo?
  • 5:16 - 5:17
    (Risos)
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    O que mais podemos querer?
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    Então todas vocês vêm fazendo
    isso há um tempinho,
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    e os últimos anos têm sido...
  • 5:26 - 5:27
    bem, não posso nem imaginar,
  • 5:27 - 5:29
    mas tenho certeza que foram
    bem transformadores.
  • 5:29 - 5:33
    E sei que todas vocês
    têm aprendido muito sobre liderança.
  • 5:33 - 5:37
    O que vocês aprenderam sobre liderança
    e querem compartilhar com a plateia?
  • 5:37 - 5:39
    Patrisse, vamos começar com você.
  • 5:39 - 5:42
    PC: Bem, temos que investir
    em lideranças negras.
  • 5:42 - 5:44
    Isso é o que mais aprendemos
    nos últimos anos.
  • 5:44 - 5:47
    (Aplausos)
  • 5:47 - 5:53
    Temos visto milhares de pessoas negras
    se manifestando por nossas vidas
  • 5:53 - 5:56
    com pouquíssima infraestrutura
    e pouquíssimo apoio.
  • 5:57 - 6:00
    Acho que nosso trabalho
    como líderes do movimento
  • 6:00 - 6:03
    não é só sobre nossa própria visibilidade,
  • 6:03 - 6:07
    mas sobre como tornamos o todo visível.
  • 6:07 - 6:10
    Como não lutar apenas por nós mesmas,
  • 6:10 - 6:12
    mas lutar por todos?
  • 6:12 - 6:16
    E também acho
  • 6:16 - 6:20
    que liderança se parece
    com todos nesta plateia
  • 6:21 - 6:24
    se manifestando pela vida dos negros.
  • 6:24 - 6:28
    Não é só sobre vir e assistir
    pessoas em um palco, certo?
  • 6:28 - 6:30
    É sobre como você se torna aquele líder,
  • 6:30 - 6:34
    seja em seu local de trabalho,
    seja em sua casa,
  • 6:34 - 6:38
    e acredita que o movimento pela vida
    dos negros não e só para nós,
  • 6:38 - 6:40
    mas é para todos.
  • 6:41 - 6:44
    (Aplausos)
  • 6:45 - 6:47
    MB: E você, Opa?
  • 6:47 - 6:50
    OT: Eu tenho aprendido muito
    sobre interdependência.
  • 6:50 - 6:54
    Tenho aprendido sobre confiar na equipe.
  • 6:54 - 6:56
    E descobri esse novo mantra
  • 6:56 - 6:59
    depois de voltar de três meses sabáticos,
  • 6:59 - 7:02
    o que é raro uma mulher negra
    que está na liderança poder tirar,
  • 7:02 - 7:07
    mas senti que era muito importante,
    para minha liderança e para minha equipe,
  • 7:07 - 7:09
    praticar dar um passo atrás,
  • 7:10 - 7:12
    assim como às vezes dar um passo à frente.
  • 7:12 - 7:17
    E o que aprendi nesse processo
    foi que precisamos reconhecer
  • 7:17 - 7:21
    que pessoas diferentes
    contribuem de formas diferentes,
  • 7:21 - 7:25
    e que para toda nossa equipe florescer
  • 7:25 - 7:29
    temos que permitir que eles
    compartilhem e que brilhem.
  • 7:29 - 7:30
    Assim, durante meu período sabático,
  • 7:30 - 7:33
    com a organização com a qual trabalho,
  • 7:33 - 7:36
    eu vi nossa equipe
    crescer na minha ausência.
  • 7:36 - 7:40
    Eles foram capazes de iniciar
    novos programas, arrecadar fundos,
  • 7:40 - 7:42
    e quando eu voltei,
  • 7:42 - 7:46
    tive que dar a eles
    muita gratidão e elogios,
  • 7:46 - 7:50
    porque eles me mostraram
    que realmente me apoiam
  • 7:50 - 7:53
    e realmente se apoiam.
  • 7:53 - 7:55
    Sabe, nesse processo
    do meu período sabático,
  • 7:55 - 8:01
    eu realmente relembrei
    a filosofia sul-africana Ubuntu.
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    Eu sou porque você é;
  • 8:05 - 8:07
    você é porque eu sou.
  • 8:07 - 8:11
    E percebi que minha própria liderança,
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    e as contribuições que posso dar,
  • 8:13 - 8:17
    são, em grande parte, devidas
    às contribuições deles, certo?
  • 8:17 - 8:20
    Eu tenho que reconhecer isso
    e tenho visto isso,
  • 8:20 - 8:23
    então meu novo mantra é:
    "'Keep calm' e confie na equipe".
  • 8:24 - 8:28
    E também: "'Keep calm'
    e agradeça à equipe".
  • 8:28 - 8:31
    MB: Sabe, uma das coisas
    que sinto que ouvi
  • 8:31 - 8:33
    no contexto do movimento
    Black Lives Matter
  • 8:33 - 8:37
    mais do que em qualquer outro lugar,
    é sobre ser um movimento de liderança,
  • 8:37 - 8:38
    e esse é um conceito lindo,
  • 8:38 - 8:42
    e acho que algo que as mulheres sempre
    trazem para a conversa sobre liderança
  • 8:42 - 8:44
    é realmente a questão coletiva.
  • 8:44 - 8:45
    E você, Alicia?
  • 8:46 - 8:48
    AG: Sim...
  • 8:48 - 8:51
    Quantos de vocês ouviram o ditado
    que diz que a liderança é solitária?
  • 8:53 - 8:56
    Acho que existe um elemento
    no qual a liderança é solitária,
  • 8:56 - 9:00
    mas também acredito
    que não precisa ser assim.
  • 9:00 - 9:02
    E para chegarmos a esse ponto,
  • 9:02 - 9:05
    acho que existem algumas coisas
    que deveríamos estar fazendo.
  • 9:05 - 9:09
    Uma delas é que temos que parar
    de tratar os líderes como super-heróis.
  • 9:09 - 9:15
    Somos pessoas comuns
    tentando fazer coisas extraordinárias,
  • 9:15 - 9:17
    e é dessa forma
    que precisamos ser apoiadas.
  • 9:18 - 9:20
    Outra coisa que aprendi sobre liderança
  • 9:20 - 9:27
    é que há uma diferença
    entre liderança e celebridade, certo?
  • 9:27 - 9:32
    E existe um caminho no qual temos
    sido transformadas em celebridades
  • 9:32 - 9:35
    em vez de pessoas que estão
    tentando resolver um problema.
  • 9:36 - 9:39
    E tratamos as celebridades
    de forma muito instável, certo?
  • 9:39 - 9:42
    Gostamos delas num dia, não gostamos
    do que estão vestindo no dia seguinte,
  • 9:42 - 9:45
    e de uma hora pra outra
    temos problemas, certo?
  • 9:45 - 9:47
    Então precisamos parar
    de endeusar os líderes
  • 9:47 - 9:50
    para que mais pessoas assumam a liderança.
  • 9:50 - 9:52
    Muitas pessoas ficam apavoradas
    em assumir a liderança
  • 9:52 - 9:55
    pelo tanto que são fiscalizadas
  • 9:55 - 9:58
    e como somos brutais com os líderes.
  • 9:58 - 10:01
    E por fim a última coisa
    que aprendi sobre liderança
  • 10:01 - 10:04
    é que é muito fácil ser um líder,
    quando todos gostam de você.
  • 10:05 - 10:09
    Mas é difícil ser um líder, quando você
    tem que fazer escolhas difíceis,
  • 10:10 - 10:12
    e quando você tem que fazer o que é certo,
  • 10:12 - 10:15
    mesmo que as pessoas
    não gostem de você por isso.
  • 10:15 - 10:16
    Dessa forma,
  • 10:16 - 10:18
    acho que outra forma
    de apoiarmos os líderes
  • 10:18 - 10:21
    é lutar conosco,
  • 10:21 - 10:23
    mas lutar conosco politicamente,
  • 10:23 - 10:24
    não pessoalmente.
  • 10:25 - 10:28
    Podemos discordar sem ser desagradáveis,
  • 10:28 - 10:32
    mas isso é importante
    para melhorarmos uns aos outros
  • 10:32 - 10:33
    para que todos nós possamos crescer.
  • 10:33 - 10:35
    MB: Isso é bonito, obrigada.
  • 10:35 - 10:37
    (Aplausos)
  • 10:40 - 10:43
    Então todas vocês
    estão fazendo um trabalho
  • 10:43 - 10:47
    que as obriga a encarar
    realidades brutais e dolorosas
  • 10:47 - 10:49
    diariamente.
  • 10:50 - 10:54
    O que dá esperança e inspiração
    a vocês nesse contexto?
  • 10:55 - 10:58
    PC: Eu tenho esperança
    no futuro dos negros.
  • 10:58 - 11:03
    E digo isso porque vivemos
    em uma sociedade
  • 11:03 - 11:05
    muito obcecada com a morte dos negros.
  • 11:05 - 11:10
    Vemos imagens de nossas mortes na TV,
  • 11:10 - 11:12
    nas nossas "timelines" do Twitter,
  • 11:12 - 11:14
    nas nossas "timelines" do Facebook,
  • 11:14 - 11:18
    mas e se, em vez disso,
    imaginássemos a vida dos negros?
  • 11:18 - 11:22
    Imaginássemos pessoas negras
    vivendo e prosperando.
  • 11:22 - 11:23
    E isso...
  • 11:23 - 11:24
    isso me inspira.
  • 11:27 - 11:31
    OT: O que me inspira
    hoje em dia são os imigrantes.
  • 11:32 - 11:36
    Imigrantes de todas as partes do mundo
    que fazem o melhor que podem
  • 11:36 - 11:41
    para ganhar a vida, para sobreviver
    e também para prosperar.
  • 11:41 - 11:44
    Agora mesmo mais de 244 milhões de pessoas
  • 11:44 - 11:46
    não vivem em seus países de origem.
  • 11:47 - 11:51
    Isso é um aumento de 40% desde 2000.
  • 11:51 - 11:53
    Então o que isso me mostra
  • 11:53 - 11:58
    é que as desigualdades
    por todo o mundo estão piorando.
  • 11:58 - 12:04
    Nesse momento pessoas estão buscando
    a força e os recursos para partir,
  • 12:04 - 12:05
    para se mudar,
  • 12:05 - 12:07
    para batalhar por uma vida melhor
  • 12:07 - 12:10
    e para prover para suas famílias
    e seus entes queridos.
  • 12:10 - 12:15
    E alguns desses imigrantes
    não têm documentos.
  • 12:15 - 12:17
    Eles são ilegais.
  • 12:17 - 12:19
    E eles me inspiram ainda mais
  • 12:19 - 12:23
    porque, apesar da nossa sociedade
    dizer que eles não são desejados,
  • 12:23 - 12:24
    que não são necessários,
  • 12:24 - 12:28
    e eles serem altamente vulneráveis
    e sujeitos a abusos e extorsão salarial,
  • 12:28 - 12:32
    exploração e ataques xenofóbicos,
  • 12:32 - 12:36
    muitos deles estão começando
    a se organizar em suas comunidades.
  • 12:36 - 12:40
    E o que vejo é que há uma rede emergente
  • 12:40 - 12:44
    de pessoas negras, sem documentação,
    que estão resistindo a essa estrutura
  • 12:44 - 12:47
    e resistindo à criminalização
    da sua existência.
  • 12:47 - 12:50
    E para mim isso é incrivelmente poderoso
  • 12:50 - 12:52
    e me inspira a cada dia.
  • 12:52 - 12:54
    MB: Obrigada.
  • 12:55 - 12:56
    Alicia?
  • 12:57 - 13:01
    AG: Nós sabemos que os jovens
    são o presente e o futuro,
  • 13:01 - 13:05
    mas o que me inspira
    são as pessoas mais velhas
  • 13:05 - 13:09
    que estão aderindo a esse movimento.
  • 13:09 - 13:11
    Todos sabemos que, à medida
    que envelhecemos,
  • 13:11 - 13:13
    ficamos mais presos à nossa forma de ser.
  • 13:13 - 13:16
    Está acontecendo comigo,
    e sei como é isso.
  • 13:16 - 13:21
    Mas me inspiro muito quando vejo pessoas
    que têm o seu jeito de fazer as coisas,
  • 13:21 - 13:23
    têm um jeito de pensar sobre o mundo,
  • 13:23 - 13:28
    e são corajosas o suficiente
    para ouvirem sobre as experiências
  • 13:28 - 13:34
    de tantos de nós que querem
    viver em um mundo justo e imparcial.
  • 13:34 - 13:39
    Eu também sou inspirada pelas ações
    que vejo pessoas mais velhas assumirem
  • 13:39 - 13:41
    a serviço desse movimento.
  • 13:41 - 13:45
    Eu me inspiro ao ver pessoas mais velhas
    apoiadas em seu próprio poder e liderança
  • 13:45 - 13:48
    dizerem: "Não estou entregando uma tocha,
  • 13:48 - 13:51
    estou ajudando vocês a acenderem o fogo".
  • 13:51 - 13:52
    (Aplausos)
  • 13:52 - 13:54
    MB: Eu adoro isso...
  • 13:54 - 13:55
    Sim.
  • 13:55 - 13:57
    Então em termos de ação,
  • 13:57 - 14:02
    acho maravilhoso sentar aqui
    e poder escutar todas vocês,
  • 14:02 - 14:06
    e poder mudar nossas cabeças.
  • 14:06 - 14:09
    Mas isso não vai fazer
    com que as pessoas negras sejam livres.
  • 14:09 - 14:13
    Então se houvesse uma coisa
    que vocês quisessem que esta plateia
  • 14:13 - 14:16
    e todos que estão assistindo fizessem,
  • 14:16 - 14:17
    o que seria?
  • 14:20 - 14:23
    AG: Certo, duas coisas rápidas.
  • 14:23 - 14:25
    Uma, ligar para a Casa Branca.
  • 14:25 - 14:29
    Os "water protectors", defensores da água,
    estão sendo removidos a força
  • 14:29 - 14:35
    do acampamento que eles montaram
    para defender o que nos mantêm vivos.
  • 14:35 - 14:38
    E isso está intrinsecamente
    relacionado à vida dos negros.
  • 14:38 - 14:42
    Então, definitivamente, ligar
    para a Casa Branca e pedir que parem.
  • 14:42 - 14:47
    Há tanques e policiais prendendo
    todos por lá, enquanto falamos.
  • 14:48 - 14:51
    (Aplausos)
  • 14:53 - 14:55
    A segunda coisa que vocês podem fazer
  • 14:55 - 14:58
    é se juntar a algo.
  • 14:58 - 15:00
    Ser parte de algo.
  • 15:00 - 15:02
    Existem grupos, coletivos...
  • 15:02 - 15:05
    não precisa ser uma ONG, entendem?
  • 15:05 - 15:08
    Mas há grupos que estão trabalhando
    em nossas comunidades neste momento,
  • 15:08 - 15:12
    para garantir que a vida dos negros
    importe, então todas as vidas importem.
  • 15:12 - 15:15
    Envolvam-se; não fiquem
    no sofá dizendo às pessoas
  • 15:15 - 15:17
    o que vocês acham que elas
    deveriam estar fazendo.
  • 15:17 - 15:19
    Venham fazer conosco.
  • 15:20 - 15:22
    MB: Vocês querem acrescentar algo?
  • 15:22 - 15:24
    É isso? Certo. Então...
  • 15:24 - 15:26
    Eu acho que unir-se a algo,
  • 15:26 - 15:30
    se você sentir que não há nada
    onde você está, comece algo.
  • 15:30 - 15:31
    AG: Comece algo.
  • 15:31 - 15:34
    MB: Tenham conversas como essas
    que estamos tendo, com outras pessoas.
  • 15:34 - 15:37
    E então, em vez de deixar
    que seja apenas uma conversa,
  • 15:37 - 15:40
    decida realmente começar algo.
  • 15:40 - 15:41
    OT: Isso mesmo.
  • 15:41 - 15:43
    MB: Quero dizer, foi o que vocês fizeram.
  • 15:43 - 15:45
    Vocês começaram algo
    e vejam o que aconteceu.
  • 15:45 - 15:48
    Muito obrigada
    por estarem aqui hoje, conosco.
  • 15:48 - 15:49
    OT: Obrigada.
  • 15:49 - 15:51
    (Aplausos)
Title:
Uma entrevista com as fundadoras do movimento Black Lives Matter
Speaker:
Alicia Garza, Patrisse Cullors, Opal Tometi
Description:

Nascido de um "post" em uma rede social, o movimento Black Lives Matter acendeu a discussão sobre raça e desigualdade ao redor do mundo. Nesta conversa inspirada com Mia Birdsong, as três fundadoras do movimento compartilham o que elas têm aprendido sobre liderança e o que dá a elas esperança e inspiração ao encarar realidades dolorosas. O conselho delas sobre como participar para garantir liberdade para todos: unam-se a algo, comecem algo, e melhorem uns aos outros para que todos nós possamos crescer.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:05

Portuguese, Brazilian subtitles

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