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A natureza está em todos os lugares, só precisamos aprender a vê-la

  • 0:01 - 0:04
    Nós estamos tirando
    a natureza de nossos filhos.
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    Ao dizer isso, não quero dizer
    que estamos destruindo a natureza
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    que eles gostariam
    que tivéssemos preservado,
  • 0:10 - 0:13
    apesar de, infelizmente,
    isso também ser verdade.
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    O que quero dizer é
    que começamos a definir a natureza
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    de uma forma tão purista e restrita
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    que, pela definição que estamos criando,
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    não restará nenhuma
    natureza para nossos filhos,
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    quando eles forem adultos.
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    Mas isso tem conserto.
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    Deixem-me explicar.
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    No momento, o homem usa metade do mudo
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    para viver, cultivar plantações
    e madeira para extração,
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    criar rebanhos.
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    Somando o peso de todos os seres humanos,
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    teremos dez vezes o peso de todos
    os mamíferos selvagens juntos.
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    Abrimos estradas através das florestas.
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    Adicionamos pequenas
    partículas plásticas à areia das praias.
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    Alteramos a química do solo
    com fertilizantes artificiais.
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    E, claro, alteramos a química do ar.
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    Então, quando inspirarem novamente,
    vocês estarão inspirando
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    42% mais dióxido de carbono
    do que em 1750.
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    Todas essas mudanças, e muitas outras,
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    foram colocadas num mesmo saco,
    sob o nome de "antropoceno".
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    E esse é o termo
    que alguns geólogos sugerem
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    que devemos dar à era atual,
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    pelo fato de a influência humana
    ter sido tão pervasiva nessa era.
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    Essa ainda é uma proposta,
    mas acho que nos ajuda
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    a pensar sobre a magnitude
    da influência humana no planeta.
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    Como fica a natureza nesse contexto?
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    O que se considera como sendo natureza,
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    em um mundo em que tudo
    é influenciado pelo homem?
  • 1:41 - 1:45
    Há 25 anos, o escritor
    ambiental Bill McKibben
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    disse que, como a natureza
    e o homem são coisas distintas,
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    e as mudanças climáticas significam
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    que cada centímetro da Terra
    foi alterado pelo homem,
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    a natureza tinha acabado.
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    De fato, ele chamou seu livro
    de "O Fim da Natureza".
  • 2:02 - 2:04
    Eu simplesmente não concordo com isso.
  • 2:04 - 2:07
    Não concordo com essa
    definição de natureza,
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    porque basicamente somos animais, certo?
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    Nós evoluímos neste planeta
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    no contexto de todos os outros animais
    com os quais compartilhamos o planeta,
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    e todas as outras plantas e micróbios.
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    Então eu acho que a natureza não é aquela,
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    intocada pela humanidade,
    homens ou mulheres.
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    Eu acho que a natureza
    é qualquer lugar onde a vida floresce,
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    qualquer lugar onde existem
    diversas espécies juntas,
  • 2:32 - 2:34
    qualquer lugar verde, azul, florescente
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    e cheio de vida e crescimento.
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    Por essa definição,
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    as coisas parecem um pouco diferentes.
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    Eu compreendo que partes dessa natureza
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    nos tocam de maneira especial.
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    Lugares como Yellowstone,
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    ou as estepes da Mongólia,
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    ou a Grande Barreira de Corais,
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    ou o Serengueti.
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    Lugares que imaginamos como uma espécie
    de representação paradisíaca da natureza,
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    antes de termos estragado tudo.
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    De certa forma, eles sofrem menos impactos
    de nossas atividades cotidianas.
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    Muitos desses lugares não têm estradas,
    ou têm poucas estradas,
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    e assim por diante.
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    Mas, no fim, mesmo esses paraísos são
    profundamente influenciados pelo homem.
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    Vamos pegar a América do Norte,
    por exemplo, já que é onde estamos.
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    Há cerca de 15 mil anos, quando
    as primeiras pessoas chegaram aqui,
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    elas começaram um processo
    de interação com a natureza
  • 3:27 - 3:31
    que levou à extinção de um grande
    número de animais de grande porte,
  • 3:31 - 3:35
    desde o mastodonte até a preguiça-gigante
    e os tigres-de-dentes-de-sabre,
  • 3:35 - 3:38
    todos esses animais legais
    que infelizmente não estão mais conosco.
  • 3:38 - 3:40
    E quando esses animais foram extintos,
  • 3:40 - 3:43
    os ecossistemas não ficaram parados.
  • 3:43 - 3:46
    Massivos efeitos cascata
    transformaram pastagens em florestas,
  • 3:46 - 3:49
    alteraram a composição de florestas
    de uma espécie para outra.
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    Então, mesmo nesses paraísos,
    nesses lugares aparentemente perfeitos,
  • 3:54 - 3:57
    que parecem nos lembrar de um passado
    anterior aos seres humanos,
  • 3:57 - 4:00
    estamos basicamente olhando
    para uma paisagem humanizada.
  • 4:01 - 4:05
    Não só homens pré-históricos,
    mas também históricos, indígenas,
  • 4:05 - 4:08
    e todos os outros até a chegada
    dos primeiros colonizadores.
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    E o mesmo ocorreu em outros continentes.
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    O homem tem se envolvido com a natureza
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    de forma muito influente, há muito tempo.
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    Recentemente alguém me disse:
  • 4:20 - 4:22
    "Ah, mas ainda existem lugares intocados".
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    E eu disse: "Onde? Onde? Eu quero ir!"
  • 4:24 - 4:26
    E ele respondeu: "A Amazônia".
  • 4:26 - 4:29
    E eu fiquei assim:
    "Ah, a Amazônia. Já estive lá.
  • 4:30 - 4:33
    É incrível. A National Geographic
    me enviou ao Parque Nacional de Manú,
  • 4:33 - 4:38
    na Amazônia peruana, uma grande área
    de floresta tropical, sem estradas,
  • 4:38 - 4:40
    protegida como parque nacional,
  • 4:40 - 4:43
    de fato um dos parques
    com mais biodiversidade do mundo.
  • 4:43 - 4:47
    E quando cheguei lá, com minha canoa,
    o que encontrei foram pessoas".
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    As pessoas têm vivido lá
    há centenas de milhares de anos.
  • 4:51 - 4:54
    As pessoas vivem lá, mas mais do que isso.
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    Elas têm uma relação
    significativa com a paisagem.
  • 4:57 - 5:00
    Elas caçam. Elas colhem.
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    Elas cultivam.
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    Elas usam recursos naturais
    para construir e cobrir suas casas.
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    Elas até têm, como animais de estimação,
    animais que consideramos selvagens.
  • 5:10 - 5:12
    Essas pessoas estão ali,
  • 5:12 - 5:14
    interagindo com o ambiente de forma
  • 5:14 - 5:17
    realmente significativa e perceptível.
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    Eu estava com um antropólogo nessa viagem,
  • 5:20 - 5:22
    e, enquanto navegávamos rio abaixo,
  • 5:22 - 5:27
    ele me disse: "Não existem
    vazios demográficos na Amazônia".
  • 5:27 - 5:29
    Essa frase me deixou pasma,
  • 5:29 - 5:32
    porque significava
    que a Amazônia toda era assim.
  • 5:32 - 5:34
    Com pessoas em todos os lugares.
  • 5:34 - 5:36
    E muitas outras
    florestas tropicais são assim,
  • 5:36 - 5:38
    e não só as florestas tropicais.
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    As pessoas influenciaram
    ecossistemas no passado,
  • 5:41 - 5:44
    e continuam a influenciá-los no presente,
  • 5:44 - 5:47
    mesmo em lugares
    onde isso é difícil perceber.
  • 5:48 - 5:53
    Então, se todas as definições
    de natureza que usamos
  • 5:53 - 5:57
    implicam em ela ser intocada pelo homem
    ou em não ter pessoas,
  • 5:57 - 6:03
    se todas elas, por fim, resultam
    em não termos natureza alguma,
  • 6:03 - 6:05
    então talvez essas definições
    estejam erradas.
  • 6:05 - 6:09
    Talvez devêssemos definir a natureza
    pela presença de múltiplas espécies,
  • 6:09 - 6:11
    pela presença de vida abundante.
  • 6:11 - 6:13
    Agora, se fizermos dessa forma,
  • 6:13 - 6:15
    o que conseguimos?
  • 6:15 - 6:17
    Bem, é uma espécie de milagre.
  • 6:17 - 6:20
    De repente, existe natureza
    em toda nossa volta.
  • 6:20 - 6:23
    Vemos esta lagarta de Monarca
  • 6:23 - 6:25
    mascando esta planta,
  • 6:25 - 6:27
    e percebemos que há natureza ali,
  • 6:27 - 6:29
    e neste terreno baldio em Chattanooga.
  • 6:30 - 6:32
    Olhem este terreno baldio.
  • 6:32 - 6:36
    Ali, provavelmente, crescem, no mínimo,
    uma dúzia de espécies de plantas,
  • 6:36 - 6:39
    que sustentam toda espécie de insetos,
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    e é um espaço completamente
    não gerenciado, totalmente selvagem.
  • 6:43 - 6:46
    É um pedaço de natureza selvagem,
    bem debaixo do nosso nariz,
  • 6:46 - 6:48
    que nós nunca percebemos.
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    E esse é, também, um pequeno paradoxo.
  • 6:51 - 6:53
    Então essa natureza,
  • 6:53 - 6:55
    essa parte selvagem e esquecida
  • 6:56 - 6:59
    da nossa existência agrícola
    urbana, periurbana e suburbana
  • 6:59 - 7:02
    que não é percebida,
  • 7:02 - 7:05
    pode ser mais selvagem
    do que um parque nacional,
  • 7:06 - 7:10
    pois, no século 21, os parques nacionais
    são cuidadosamente manejados.
  • 7:10 - 7:14
    Crater Lake, no sul do Oregon,
    o parque nacional mais próximo de mim,
  • 7:14 - 7:19
    é um lindo exemplo de paisagem
    que parece ter vindo direto do passado.
  • 7:19 - 7:21
    Mas ele tem sido manejado cuidadosamente.
  • 7:21 - 7:24
    Uma das questões que existem agora
    é a extinção do pinheiro "white bark".
  • 7:25 - 7:27
    Esse pinheiro-de-casca-branca
    é bonito, carismático,
  • 7:27 - 7:30
    eu diria que é
    uma "megaflora carismática",
  • 7:30 - 7:32
    que cresce em altas altitudes
  • 7:32 - 7:35
    e que agora enfrenta
    problemas com doenças,
  • 7:35 - 7:37
    como a ferrugem, que foi introduzida,
  • 7:37 - 7:38
    e um besouro nativo.
  • 7:38 - 7:42
    Para lidar com isso,
    a direção do parque tem plantado
  • 7:42 - 7:46
    mudas de pinheiro-de-casca-branca
    resistentes à ferrugem no parque,
  • 7:47 - 7:50
    mesmo em áreas consideradas protegidas.
  • 7:50 - 7:53
    Eles também estão aplicando
    repelente de besouro em pontos-chave,
  • 7:53 - 7:56
    como vi da última vez
    em que fiz caminhadas lá.
  • 7:56 - 7:58
    E esse tipo de coisa é muito
    mais comum do que você imagina.
  • 7:58 - 8:01
    Parques nacionais são altamente manejados.
  • 8:01 - 8:04
    A vida selvagem é mantida
    em certa população e estrutura.
  • 8:04 - 8:05
    Incêndios são contidos.
  • 8:05 - 8:07
    Incêndios são iniciados.
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    Espécies não nativas são removidas.
  • 8:09 - 8:11
    Espécies nativas são reintroduzidas.
  • 8:11 - 8:12
    De fato, dei uma olhada
  • 8:12 - 8:14
    e o Parque Nacional de Banff
    tem feito tudo que citei:
  • 8:14 - 8:16
    apagando e iniciando incêndios,
  • 8:16 - 8:19
    monitorando lobos,
    reintroduzindo bisões.
  • 8:19 - 8:22
    Dá muito trabalho fazer
    com que esses locais pareçam intocados.
  • 8:22 - 8:24
    (Risos)
  • 8:24 - 8:27
    (Aplausos)
  • 8:31 - 8:36
    E, ironicamente, os lugares
    que mais amamos
  • 8:36 - 8:38
    muitas vezes são lugares
    que amamos demais.
  • 8:38 - 8:42
    Muitas pessoas gostam de ir nesses locais,
    e como eles são mantidos estáveis
  • 8:42 - 8:44
    diante de um planeta em mudanças,
  • 8:44 - 8:47
    eles têm se tornado cada vez mais frágeis.
  • 8:47 - 8:50
    O que significa que são os piores lugares
  • 8:50 - 8:52
    para levarmos nossos filhos nas férias;
  • 8:52 - 8:54
    porque você não pode fazer nada lá.
  • 8:54 - 8:56
    Você não pode subir nas árvores.
    Você não pode pescar.
  • 8:56 - 8:58
    Não pode fazer uma fogueira
    no meio do nada.
  • 8:58 - 9:01
    Não pode levar as pinhas pra casa...
  • 9:01 - 9:03
    Existem tantas regras e restrições
  • 9:03 - 9:07
    que, do ponto de vista de uma criança,
    essa é a pior natureza que existe.
  • 9:07 - 9:10
    Porque as crianças não querem caminhar
  • 9:10 - 9:12
    através de uma bela paisagem,
    por cinco horas,
  • 9:12 - 9:14
    e então apreciar uma linda vista.
  • 9:14 - 9:16
    Talvez os adultos queiram fazer isso,
  • 9:16 - 9:19
    mas as crianças querem
    se agachar num lugar
  • 9:19 - 9:21
    e brincar e lidar com ele,
  • 9:21 - 9:25
    aprender, construir uma casa,
    um forte, algo assim.
  • 9:26 - 9:29
    Além disso, esses lugares paradisíacos
  • 9:29 - 9:32
    normalmente ficam distantes
    de onde as pessoas moram.
  • 9:32 - 9:35
    E é caro chegar até eles,
    são difíceis de visitar.
  • 9:35 - 9:38
    Isso significa que eles só são
    disponíveis para elites,
  • 9:38 - 9:40
    e isso é um problema.
  • 9:41 - 9:44
    A ONG Nature Conservancy
    fez uma pesquisa com jovens
  • 9:44 - 9:48
    e perguntou a eles quanto tempo
    eles passam ao ar livre.
  • 9:48 - 9:51
    E só dois de cada cinco jovens
    passam tempo ao ar livre,
  • 9:51 - 9:52
    ao menos uma vez na semana.
  • 9:52 - 9:54
    Os outros três só ficam dentro de casa.
  • 9:55 - 9:59
    E quando foram perguntados por que,
    quais as barreiras para irem para fora,
  • 9:59 - 10:02
    a resposta de 61% deles foi:
  • 10:02 - 10:05
    "Não existem áreas naturais
    perto da minha casa".
  • 10:06 - 10:08
    E isso é uma loucura.
  • 10:08 - 10:10
    Isso não é verdade.
  • 10:10 - 10:13
    Quero dizer, 71% das pessoas nos EUA
  • 10:13 - 10:16
    moram a dez minutos a pé de um parque.
  • 10:16 - 10:18
    E tenho certeza que também
    é assim em outros países.
  • 10:18 - 10:21
    E isso sem falar no quintal da sua casa,
  • 10:21 - 10:23
    nos riachos urbanos, no terreno baldio.
  • 10:23 - 10:25
    Todo mundo vive perto da natureza.
  • 10:25 - 10:28
    Toda criança vive perto da natureza.
  • 10:28 - 10:30
    Nós só esquecemos de vê-la,
    de alguma forma.
  • 10:30 - 10:33
    Passamos muito tempo vendo
    documentários de David Attenborough,
  • 10:33 - 10:35
    nos quais a natureza é realmente sexy,
  • 10:35 - 10:36
    (Risos)
  • 10:36 - 10:40
    e nos esquecemos de ver a natureza
    que está à porta de nossas casas,
  • 10:40 - 10:42
    a natureza nas árvores da rua.
  • 10:42 - 10:44
    Aqui temos um exemplo: Filadélfia.
  • 10:44 - 10:47
    Aqui existe esta linha de trem elevada
  • 10:47 - 10:49
    que pode ser vista do chão
    e que foi abandonada.
  • 10:49 - 10:53
    Isso se parece com o início da história
    do parque High Line em Manhattan,
  • 10:53 - 10:56
    exceto que ela ainda não foi
    transformada num parque,
  • 10:56 - 10:58
    apesar de estarem trabalhando nisso.
  • 10:58 - 11:01
    Então, ainda existe este pequeno
    espaço, secreto e desabitado,
  • 11:01 - 11:02
    no coração da Filadélfia,
  • 11:02 - 11:05
    e se você souber onde é o buraco da cerca,
  • 11:05 - 11:07
    você pode subir até o topo
  • 11:07 - 11:10
    e encontrar este campo
    completamente selvagem
  • 11:10 - 11:12
    exatamente acima da cidade de Filadélfia.
  • 11:13 - 11:17
    Cada uma destas plantas cresceu
    naturalmente de uma semente.
  • 11:17 - 11:20
    Isto é completamente autônomo,
    natureza autodeterminada.
  • 11:20 - 11:22
    E fica no meio da cidade.
  • 11:22 - 11:25
    Algumas pessoas foram até lá
    fazer pesquisas biológicas,
  • 11:25 - 11:28
    e há mais de 50 espécies de plantas.
  • 11:29 - 11:30
    E não só plantas.
  • 11:30 - 11:33
    Existe um ecossistema,
    um ecossistema que funciona.
  • 11:33 - 11:36
    Ele está formando solo,
    removendo gás carbônico,
  • 11:36 - 11:38
    a polinização está acontecendo.
  • 11:38 - 11:40
    Ou seja, é realmente um ecossistema.
  • 11:41 - 11:45
    Os cientistas têm chamado ecossistemas
    como esses de "neoecossistemas",
  • 11:45 - 11:48
    porque normalmente são dominados
    por espécies não nativas,
  • 11:48 - 11:49
    e porque são bem estranhos.
  • 11:49 - 11:52
    Não se parecem com nada
    que se tenha visto antes.
  • 11:52 - 11:56
    Por muito tempo, desprezamos
    esses neoecossistemas.
  • 11:56 - 11:59
    Estamos falando de áreas agrícolas
    que brotaram novamente,
  • 11:59 - 12:02
    áreas de reflorestamento
    que não são manejadas diariamente,
  • 12:02 - 12:05
    áreas de florestas secundárias,
    por toda a Costa Leste,
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    onde a floresta brotou depois
    que a agricultura migrou para o Oeste.
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    E, claro, a maior parte do Havaí
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    onde neoecossistemas são o padrão,
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    onde espécies exóticas dominam totalmente.
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    Esta floresta tem o bordo Queensland,
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    tem samambaias-espada do sudeste asiático.
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    Você também pode criar seu próprio
    neoecossistema, é muito simples.
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    Você só precisa parar de cortar a grama.
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    (Risos)
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    Ilkka Hanski era ecologista na Finlândia,
    e ele mesmo fez este experimento.
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    Ele parou de cortar a grama
    e, depois de alguns anos,
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    alguns universitários fizeram
    uma espécie de "bioblitz" no quintal dele
  • 12:40 - 12:44
    e encontraram 375 espécies de plantas,
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    incluindo duas espécies ameaçadas.
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    Então, quando você estiver lá,
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    no futuro parque High Line
    da Filadélfia,
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    rodeado por este espaço selvagem,
  • 12:56 - 13:00
    rodeado pela diversidade,
    por essa abundância e vibração,
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    você pode olhar pela lateral
    e ver o pátio de uma escola local.
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    Ele se parece com isto.
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    Pela minha definição, muitos lugares
    podem ser considerados como natureza,
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    mas esse é um dos poucos
    lugares que não podem.
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    Não existe nada ali além de pessoas,
    não existem outras plantas ou animais.
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    E o que eu realmente queria fazer
    era jogar uma escada pela lateral
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    para que todas essas crianças viessem
    comigo até esse campo divertido.
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    De certa forma, sinto que essa é a escolha
    que se apresenta para nós.
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    Se dispensarmos essas novas naturezas
    como não aceitáveis, ordinárias ou ruins,
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    podemos simplesmente pavimentá-las.
  • 13:38 - 13:40
    E num mundo em que tudo está mudando,
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    precisamos ser muito cuidadosos
    ao definirmos natureza.
  • 13:44 - 13:46
    Para não roubá-la de nossas crianças,
  • 13:46 - 13:48
    precisamos fazer duas coisas.
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    Primeiro, não podemos definir
    natureza como algo intocado.
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    Isso nunca fez sentido, de qualquer forma.
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    A natureza não é intocada
    há milhares de anos.
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    E isso exclui a maior parte da natureza
    que as pessoas em geral podem visitar
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    e se relacionar,
  • 14:02 - 14:06
    incluindo a natureza que não pode
    ser tocada pelas crianças.
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    O que leva à segunda coisa
    que precisamos fazer:
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    precisamos deixar as crianças
    tocarem na natureza,
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    porque o que não é tocado não é amado.
  • 14:14 - 14:17
    (Aplausos)
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    Encaramos alguns desafios ambientais
    bem complicados, no planeta.
  • 14:27 - 14:29
    As mudanças climáticas estão entre eles.
  • 14:29 - 14:33
    Existem outros: a perda de habitats
    é o que mais me tira o sono.
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    Mas, para solucioná-los, precisamos
    de pessoas inteligentes e dedicadas,
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    que se importem com a natureza.
  • 14:40 - 14:44
    E a única forma de criarmos uma geração
    de pessoas que se importe com a natureza
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    é deixando que elas toquem nela.
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    Eu tenho a teoria do Forte de Ecologia,
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    teoria do Forte de Conservação.
  • 14:51 - 14:55
    Todos os biólogos conservacionistas,
    ecologistas e profissionais de conservação
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    que eu conheço, construíam
    fortes quando eram crianças.
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    Se tivermos uma geração
    que não sabe construir um forte,
  • 15:01 - 15:04
    teremos uma geração
    que não vai saber cuidar da natureza.
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    E não quero ser eu a dizer a este menino,
    que está num programa especial
  • 15:08 - 15:12
    que leva crianças de bairros pobres
    da Filadélfia para os parques da cidade,
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    que a flor que ele está segurando
    é uma erva daninha invasiva e não nativa
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    que ele deveria jogar fora
    como se fosse lixo.
  • 15:20 - 15:23
    Acho que seria melhor
    aprender com essa criança
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    que, não importa de onde veio essa planta,
  • 15:26 - 15:30
    ela é bonita e merece
    ser tocada e apreciada.
  • 15:30 - 15:31
    Obrigada.
  • 15:31 - 15:34
    (Aplausos)
Title:
A natureza está em todos os lugares, só precisamos aprender a vê-la
Speaker:
Emma Marris
Description:

Como você define "natureza"? Se a definirmos como sendo algo intocado pelo homem, não nos restará nada, diz a escritora ambientalista Emma Marris. Ela nos convoca a considerar uma nova definição de natureza, que inclui não apenas regiões puras e intocadas, mas também áreas com plantas não cuidadas, nos espaços urbanos, e nos encoraja a levarmos nossas crianças para fora, para tocarem e brincarem com essa natureza, para que um dia elas possam amá-la e protegê-la.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:52

Portuguese, Brazilian subtitles

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