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Como a arte, a tecnologia e o design formam os líderes criativos

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    Tenho de dizer que estou muito
    contente por estar aqui.
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    Sei que temos, aqui,
    mais de 80 países
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    e, é uma novidade, para mim, falar
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    para todos estes países.
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    Em cada país, estou certo de que
    existe uma coisa chamada
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    reuniões entre pais e professores.
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    Sabem, as reuniões de pais?
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    Não as dos vossos filhos, mas aquelas a que os
    vossos pais iam, quando vocês eram crianças,
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    em que chegavam à vossa escola
    e o vosso professor
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    conversava com eles e era tudo
    um bocadinho estranho.
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    Bem, eu recordo-me de haver
    um momento, no meu terceiro ano,
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    em que o meu pai, que nunca faltava ao serviço,
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    que era o típico trabalhador de fato de macaco,
    um imigrante da classe operária,
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    foi à escola ver o filho, ver como é que ele andava
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    e o professor disse-lhe, "Sabe,
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    o John é bom em Matemática e Educação Visual e Tecnológica (EVT)."
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    E, ele concordou, abanando a cabeça, percebem?
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    No dia seguinte, ouviu-o falar
    com um cliente, na nossa
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    loja de tofu e dizer, "Sabe, o John
    é bom em Matemática."
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    (Risos)
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    E, isso acompanhou-me sempre, ao longo da vida.
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    Por que é que o meu pai não falou na EVT?
    Por que é que não era bom falar nisso?
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    Porquê? Transformou-se numa incógnita,
    ao longo da minha vida
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    mas, não há problema, porque
    ser bom em Matemática levou-o
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    a comprar-me um computador
    e alguns de vocês lembram-se
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    desse computador,
    este foi o meu primeiro computador.
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    Quantos tiveram um Apple II?
    Utilizadores de Apple II, muito fixe. (Aplausos)
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    Conforme se recordam,
    o Apple II não fazia absolutamente nada. (Risos)
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    Ligava-se, teclava-se nele e aparecia um texto verde.
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    Que nos dizia, a maior parte das vezes,
    que nos tínhamos enganado.
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    Era o computador que conhecíamos.
  • 1:23 - 1:25
    Esse foi o computador que estudei,
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    quando fui para o MIT, que era o sonho
    do meu pai. No MIT, contudo,
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    estudei esse computador, a todos os níveis
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    e, depois, fui para as Belas Artes,
    para fugir dos computadores
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    e comecei a pensar no computador mais como
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    um espaço espiritual de pensamento.
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    E, fui influenciado pela performance artística --
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    isto, há 20 anos. Fiz um computador a partir de gente.
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    Chamado Experiência Computacional
    Alimentada a Energia Humana.
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    Com gestor de energia, rato, memória, etc.,
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    construí-o, em Quioto, a antiga capital do Japão.
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    Era uma sala dividida em duas metades.
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    Liguei o computador
  • 2:03 - 2:06
    e as assistentes estão a colocar
    uma disquete gigante
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    feita em cartão e a introduzi-la, no computador.
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    E, a pessoa da disquete veste-a. (Risos)
  • 2:14 - 2:16
    Ela encontra o primeiro setor da disquete e
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    retira-lhe os dados, que passa,
    obviamente, para o barramento.
  • 2:21 - 2:25
    E, assim, o barramento transfere,
    diligentemente, os dados para o computador,
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    para a memória, para a unidade central de processamento, para a Video RAM, etc.
  • 2:28 - 2:33
    e, é um computador que funciona, realmente.
    Aquilo é um barramento, a sério. (Risos)
  • 2:33 - 2:36
    E, parece ser rápido.
    Aquilo é um controlador do rato,
  • 2:36 - 2:38
    onde está XY. (Risos)
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    Parece que está a acontecer rapidamente,
    mas, na verdade,
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    trata-se de um computador muito lento
    e quando me apercebi do quão lento
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    este computador era em comparação
    com o quão rápido um computador é,
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    isso fez-me pensar sobre os computadores
    e a tecnologia, de modo geral.
  • 2:51 - 2:54
    E, por isso, irei, hoje, na verdade,
    falar de quatro coisas.
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    As primeiras três coisas têm a ver
    com o modo como tenho andado curioso
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    acerca da tecnologia, do design
    e da arte e de como se intercetam, entre si,
  • 3:01 - 3:04
    de como se sobrepõem e, também,
    com um tema que assumi
  • 3:04 - 3:06
    há quatro anos, quando me tornei diretor
  • 3:06 - 3:10
    da Escola de Design de Rhode Island: a liderança.
  • 3:10 - 3:12
    E, falarei sobre como procurei combinar
  • 3:12 - 3:17
    estas quatro áreas numa espécie de síntese, numa espécie de experiência.
  • 3:17 - 3:20
    Assim, começando pela tecnologia,
  • 3:20 - 3:22
    a tecnologia é uma coisa maravilhosa.
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    Quando aquele Apple II apareceu,
    não podia, de facto, fazer nada.
  • 3:25 - 3:28
    Podia exibir texto e
  • 3:28 - 3:31
    depois de esperarmos um pouco,
    apareciam umas coisas chamadas imagens.
  • 3:31 - 3:34
    Lembram-se de quando as imagens
    começaram a ser possíveis, nos computadores,
  • 3:34 - 3:36
    aquelas imagens a cores, lindíssimas?
  • 3:36 - 3:40
    Depois de alguns anos, começámos
    a ter som com qualidade de CD.
  • 3:40 - 3:42
    Foi incrível. Podíamos ouvir o som,
    no computador.
  • 3:42 - 3:46
    E, depois, os filmes, através do CD-ROM.
    Foi espantoso.
  • 3:46 - 3:48
    Recordam-se desse entusiasmo?
  • 3:48 - 3:52
    E, depois, apareceu o navegador.
    O navegador era ótimo,
  • 3:52 - 3:55
    mas era muito primitivo, a largura da banda
    era demasiado estreita.
  • 3:55 - 3:58
    Primeiro o texto, depois,
    as imagens, esperávamos,
  • 3:58 - 4:00
    o som com qualidade de CD, pela internet,
  • 4:00 - 4:04
    depois, os filmes pela internet.
    Mais ou menos incrível.
  • 4:04 - 4:07
    E, depois, apareceu o telemóvel,
  • 4:07 - 4:13
    o texto, as imagens, o áudio, o vídeo.
    E, agora, temos o iPhone,
  • 4:13 - 4:17
    o iPad, o Android, com texto, vídeo, áudio, etc.
  • 4:17 - 4:19
    Estão a ver o pequeno padrão que aqui temos?
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    Estamos, talvez, presos, numa espécie
    de círculo e, este sentido
  • 4:22 - 4:25
    de oportunidade da computação é algo que tenho
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    vindo a questionar, ao longo
    dos últimos cerca de 10 anos,
  • 4:28 - 4:32
    e tenho olhado para o design,
    já que entendemos a maioria das coisas
  • 4:32 - 4:36
    e entender o design juntamente com a nossa
    tecnologia tem sido uma paixão, para mim.
  • 4:36 - 4:40
    Tenho uma pequena experiência
    para vos dar uma breve lição de design.
  • 4:40 - 4:43
    Os designers falam sobre a relação entre a forma
  • 4:43 - 4:46
    e o conteúdo, o conteúdo e a forma.
    Mas, o que é que isso significa?
  • 4:46 - 4:49
    Bem, o conteúdo é aquela palavra: medo (fear).
  • 4:49 - 4:54
    Uma palavra com quatro letras. Uma palavra
    que causa um certo mau presságio, o medo.
  • 4:54 - 4:59
    O medo está em Helvetica Light,
    para não causar demasiada tensão
  • 4:59 - 5:01
    e, se o pusermos em Helvetica Ultra Light,
  • 5:01 - 5:05
    é como, "Ah, o medo, que importa?"
    Não é? (Risos)
  • 5:05 - 5:08
    Pegamos na mesma Helvetica Ultra Light
    e aumentamo-la,
  • 5:08 - 5:10
    e, é do tipo, ena, isso dói. O medo.
  • 5:10 - 5:12
    Podemos ver que, consoante
    alteramos a escala, alteramos
  • 5:12 - 5:17
    a forma. O conteúdo é o mesmo,
    mas a sensação que temos é diferente.
  • 5:17 - 5:19
    Se mudarmos a fonte para outra, como esta,
  • 5:19 - 5:21
    que, até é engraçada. Parece uma fonte à pirata,
  • 5:21 - 5:24
    como a fonte do Capitão Jack Sparrow.
    Arr! Que medo!
  • 5:24 - 5:27
    Do tipo disso não mete medo.
    Na verdade, até tem graça.
  • 5:27 - 5:31
    Ou, o medo, assim, numa espécie
    de fonte de discoteca. (Risos)
  • 5:31 - 5:34
    É do género do temos de ir ao Medo. (Risos)
  • 5:34 - 5:37
    É fantástico, não é?
    (Risos e aplausos)
  • 5:37 - 5:39
    Altera, simplesmente, o mesmo conteúdo.
  • 5:39 - 5:41
    Ou, com as letras separadas umas das outras
  • 5:41 - 5:43
    ou, amontoadas, como se estivessem
    no convés do Titanic
  • 5:43 - 5:46
    e sentíssemos pena das letras,
    e sentíssemos o seu medo.
  • 5:46 - 5:49
    Temos pena delas.
  • 5:49 - 5:51
    Ou, alteramos a fonte para algo parecido com isto.
  • 5:51 - 5:54
    Com muita classe. É como aquele
    restaurante caro, o Medo.
  • 5:54 - 5:57
    Nunca lá poderei entrar.
    (Risos)
  • 5:57 - 6:02
    É, simplesmente, fantástico, o Medo. Mas, isto é a forma. O conteúdo.
  • 6:02 - 6:05
    Se mudarmos, apenas, uma letra desse conteúdo,
  • 6:05 - 6:09
    obtemos uma palavra muito melhor,
    com melhor conteúdo: livre (free).
  • 6:09 - 6:13
    "Free" é uma palavra excelente.
    Podemos usá-la de quase todas as formas.
  • 6:13 - 6:16
    Free, em negrito, faz lembrar o Mandela livre.
  • 6:16 - 6:19
    É do género do posso ser livre, sim.
  • 6:19 - 6:22
    Até um free leve nos dá a sensação
    de podermos respirar livremente.
  • 6:22 - 6:25
    É uma sensação ótima.
    Ou, até um free estendido,
  • 6:25 - 6:28
    dá a impressão de que podemos
    respirar, com muita facilidade.
  • 6:28 - 6:31
    E, podemos adicionar-lhe um
    degradê azul e uma pomba
  • 6:31 - 6:34
    e temos uma espécie de free à Don Draper.
    (Risos)
  • 6:34 - 6:37
    Bem veem -- a forma, o conteúdo, o design, é assim que funcionam.
  • 6:37 - 6:39
    É uma coisa poderosa. Parece quase magia,
  • 6:39 - 6:44
    como aquela que temos visto
    os mágicos fazerem no TED. É magia.
  • 6:44 - 6:46
    O design faz isso.
  • 6:46 - 6:49
    Tenho tido curiosidade sobre o modo
    como o design e a tecnologia se intercetam
  • 6:49 - 6:51
    e vou mostrar-vos um trabalho
    antigo, que já nunca
  • 6:51 - 6:54
    mostro, para vos dar uma ideia daquilo que fazia.
  • 6:54 - 6:57
    Pois -- sim.
  • 6:57 - 7:00
    Fiz muitos trabalhos, durante os anos 90.
  • 7:00 - 7:03
    Isto era um quadrado que respondia ao som.
  • 7:03 - 7:06
    As pessoas perguntam-me
    por que é que fiz isto. Não está claro. (Risos)
  • 7:06 - 7:12
    Mas, pensei que seria giro se o quadrado
  • 7:12 - 7:17
    me respondesse e, os meus filhos
    eram pequenos, na altura,
  • 7:17 - 7:20
    e brincavam com estas coisas, assim, "Aaaah,"
  • 7:20 - 7:23
    sabem, eles faziam assim, "Papá, aaah, aaah."
    E, coisas do género, percebem?
  • 7:23 - 7:25
    Se fossemos a uma loja de informática,
    faziam o mesmo.
  • 7:25 - 7:28
    E, diziam-me, "Papá, por que é
    que o computador não responde ao som?"
  • 7:28 - 7:32
    Isto, na mesma altura, em que eu andava a pensar por que é que o computador não respondia ao som.
  • 7:32 - 7:35
    Então, fiz isto como uma espécie de experiência, nessa altura.
  • 7:35 - 7:38
    E, depois, passei muito tempo no espaço dos
  • 7:38 - 7:41
    gráficos interativos e coisas do género
    e parei de fazê-lo, porque
  • 7:41 - 7:44
    os meus alunos do MIT tornaram-se,
    de tal modo, melhores do que eu,
  • 7:44 - 7:46
    que eu tive de pendurar o meu rato.
  • 7:46 - 7:49
    Mas, em '96, fiz a minha última peça.
    A preto e branco,
  • 7:49 - 7:53
    monocromada, totalmente monocromada,
    toda com dados inteiros.
  • 7:53 - 7:54
    Chamava-se "Bate, Datilografa, Escreve."
  • 7:54 - 7:58
    E, presta uma homenagem
    à maravilhosa máquina de escrever
  • 7:58 - 8:02
    que a minha mãe usava, sempre,
    enquanto escriturária forense.
  • 8:02 - 8:04
    Tem 10 variações.
    (Barulho de máquina de escrever)
  • 8:04 - 8:06
    (Barulho de máquina de escrever)
  • 8:06 - 8:10
    Ali está a troca de letras minúsculas/ maiúsculas.
  • 8:10 - 8:14
    Dez variações. Isto é do género
    de fazer-se a letra girar.
  • 8:14 - 8:18
    (Barulhos de máquina de escrever)
  • 8:18 - 8:25
    Isto é uma espécie de anel de letras.
    (Barulhos de máquina de escrever)
  • 8:25 - 8:28
    Isto tem 20 anos, por isso é um pouco... --
  • 8:28 - 8:29
    Vejamos, isto é... ---
  • 8:29 - 8:31
    Adoro o filme francês "O Voo do Balão Vermelho".
  • 8:31 - 8:34
    É um excelente filme, não é? Adoro esse filme.
  • 8:34 - 8:37
    Isto é uma espécie de brincadeira com isso.
    (Barulhos e campaínha de máquina de escrever)
  • 8:37 - 8:41
    É calmo, como ele. (Risos)
  • 8:41 - 8:46
    Vou mostrar-vos o último. É sobre o equilíbrio, percebem?
  • 8:46 - 8:48
    Datilografar é um pouco desgastante, por isso, se
  • 8:48 - 8:51
    datilografarmos, neste teclado,
    podemos equilibrá-lo.
  • 8:51 - 8:53
    (Risos)
  • 8:53 - 8:56
    Se batermos no G, a vida fica boa,
    por isso, digo sempre
  • 8:56 - 8:59
    "Bata no G, que ficará tudo bem."
  • 8:59 - 9:01
    Obrigado. (Aplausos)
  • 9:01 - 9:04
    Obrigado.
  • 9:04 - 9:07
    Bem, isto foi há 20 anos e,
  • 9:07 - 9:12
    eu, sempre, andei pela periferia das artes.
  • 9:12 - 9:14
    Ser Diretor da Escola de Design
    de Rhode Island fez-me aprofundar nas artes
  • 9:14 - 9:18
    e as artes são uma coisa maravilhosa,
    são artes puras e excecionais.
  • 9:18 - 9:21
    Sabem, quando as pessoas dizem,
    "Eu não entendo de arte.
  • 9:21 - 9:25
    Não percebo mesmo nada." Isso quer dizer que a arte funcionou, sabiam?
  • 9:25 - 9:27
    A arte deve ser enigmática, por isso quando dizemos
  • 9:27 - 9:30
    que não percebemos, isso é ótimo. (Risos)
  • 9:30 - 9:33
    As artes fazem isso, porque se
    trata de fazerem perguntas,
  • 9:33 - 9:36
    perguntas que podem não ter resposta.
  • 9:36 - 9:38
    Na Escola de Design de Rhode Island,
    temos uma instalação espantosa chamada
  • 9:38 - 9:41
    o Laboratório da Natureza de
    Edna Lawrence. Tem 80.000 amostras
  • 9:41 - 9:45
    de animais, ossos, minerais, plantas.
  • 9:45 - 9:48
    Sabem, em Rhode Island, se um
    animal for atropelado, na rua,
  • 9:48 - 9:51
    chamam-nos e vamos
    buscá-lo e empalhamo-lo.
  • 9:51 - 9:53
    Por que é que temos esta instalação?
  • 9:53 - 9:57
    Porque na Escola de Design de Rhode
    Island, temos de olhar para o próprio animal,
  • 9:57 - 10:00
    para o objeto, para compreender
    o volume que tem, para percebê-lo.
  • 10:00 - 10:02
    Na Escola de Design de Rhode Island,
    não é permitido desenhar a partir de uma imagem.
  • 10:02 - 10:04
    E, muita gente me pergunta, John, não podias, apenas,
  • 10:04 - 10:08
    digitalizar isso tudo? Tornar tudo
    digitalizado? Não seria melhor?
  • 10:08 - 10:11
    E, eu costumo dizer, bem, há algo
    bom no modo como as coisas
  • 10:11 - 10:15
    se faziam. Há algo muito diferente nisso,
  • 10:15 - 10:17
    algo que devíamos descobrir, por que é que é bom
  • 10:17 - 10:20
    e como é que o fazíamos, mesmo nesta nova era.
  • 10:20 - 10:23
    Tenho um grande amigo, que é
    um artista dos novos média, chamado
  • 10:23 - 10:27
    Tota Hasegawa. Ele reside em Londres,
    não, na verdade, é em Tóquio,
  • 10:27 - 10:29
    mas, quando morava em Londres, tinha um jogo
  • 10:29 - 10:32
    que fazia com a mulher. Ia a antiquários,
  • 10:32 - 10:34
    e o jogo era o seguinte.
  • 10:34 - 10:37
    Quando olhamos para uma
    antiguidade que queremos,
  • 10:37 - 10:40
    perguntamos ao gerente da loja
    qual é a história por detrás da peça
  • 10:40 - 10:41
    e, se for uma boa história, adquirimo-la.
  • 10:41 - 10:43
    Então, eles iam a um antiquário
    e olhavam para uma chávena
  • 10:43 - 10:45
    e diziam, "Conte-nos algo sobre esta chávena."
  • 10:45 - 10:49
    E, o lojista dizia, "É velha." (Risos)
  • 10:49 - 10:53
    "Conte-nos mais." "Oh, é muito velha," (Risos)
  • 10:53 - 10:55
    E, viu, uma e outra vez,
    que o valor da antiguidade
  • 10:55 - 10:58
    se prendia com o facto de ser velha.
  • 10:58 - 11:00
    E, enquanto artista de
    novos média, refletiu e disse,
  • 11:00 - 11:03
    sabes, passei toda a minha carreira
    a fazer arte com os novos média.
  • 11:03 - 11:08
    As pessoas perguntam-me,
    "Ena, que arte é a sua?" São os novos média.
  • 11:08 - 11:11
    E, ele percebeu que não tinha nada a ver
    com o facto de ser antigo ou moderno.
  • 11:11 - 11:12
    Tinha a ver com algo pelo meio.
  • 11:12 - 11:18
    Não tem a ver com o "velho", com a poeira ou, com o "novo", com a nuvem. Tem a ver com o que é bom.
  • 11:18 - 11:23
    A ação decorre numa combinação entre a nuvem e a poeira.
  • 11:23 - 11:25
    Vemos isso em toda a arte que
    interessa, atualmente, em todos
  • 11:25 - 11:27
    os negócios interessantes,
    hoje em dia. Como combinamos
  • 11:27 - 11:31
    ambas as coisas para fazer
    o bem é muito interessante.
  • 11:31 - 11:34
    Portanto, as artes colocam questões e
  • 11:34 - 11:39
    a liderança é algo que está a
    colocar muitas questões.
  • 11:39 - 11:41
    Já não funcionamos de forma tão fácil.
  • 11:41 - 11:44
    Já não somos um regime autoritário simples.
  • 11:44 - 11:48
    A título de exemplo de autoritarismo,
    estive, uma vez, na Rússia
  • 11:48 - 11:50
    e, passando por S. Petersburgo,
    num monumento nacional,
  • 11:50 - 11:53
    vi uma tabuleta que dizia, "Não Pisar a Relva,"
  • 11:53 - 11:55
    e, pensei, ah, como falo inglês,
  • 11:55 - 11:57
    estão a querer discriminar-me. Não é justo.
  • 11:57 - 12:00
    Mas, deparei-me com um sinal
    para pessoas que falavam russo
  • 12:00 - 12:03
    e era a melhor de todas
    as tabuletas para dizer não.
  • 12:03 - 12:06
    Era do género do "Não nadar,
    não caminhar, não nada."
  • 12:06 - 12:12
    A minha preferida era "nada de plantas". Por que é que levaríamos uma planta para um monumento nacional? Não estou certo.
  • 12:12 - 12:14
    E, também, "nada de amor". (Risos)
  • 12:14 - 12:17
    Isto é autoritarismo.
  • 12:17 - 12:20
    E, estruturalmente, o que é isso?
  • 12:20 - 12:22
    É uma hierarquia. Todos sabemos que uma hierarquia é o modo como gerimos
  • 12:22 - 12:25
    muitos sistemas, atualmente,
    mas, como sabemos, tem sido desfeita.
  • 12:25 - 12:29
    Agora, é uma rede, em vez de
    uma verdadeira árvore.
  • 12:29 - 12:32
    É uma heterarquia, em vez de
    uma hierarquia. E, isso é um pouco estranho.
  • 12:32 - 12:36
    Por isso, atualmente, os líderes deparam-se
  • 12:36 - 12:37
    com uma forma diferente de liderar, segundo creio.
  • 12:37 - 12:40
    Este trabalho foi feito por mim e
    pela minha colega Becky Bermont
  • 12:40 - 12:42
    sobre liderança criativa.
    Que podemos aprender
  • 12:42 - 12:44
    com artistas e designers, que interesse
    à nossa maneira de liderar?
  • 12:44 - 12:48
    Porque, em muitos sentidos, um líder gosta,
    normalmente, de evitar os erros.
  • 12:48 - 12:52
    Alguém criativo gosta, na realidade,
    de aprender com os erros.
  • 12:52 - 12:56
    Um líder tradicional quer ter sempre razão,
  • 12:56 - 13:00
    ao passo que um líder criativo espera ter razão.
  • 13:00 - 13:03
    E, esta fórmula é, atualmente,
    importante, neste espaço
  • 13:03 - 13:07
    ambíguo e complexo e os artistas e os designers
    têm muito para ensinar-nos, segundo creio.
  • 13:07 - 13:11
    Fiz uma apresentação, recentemente,
    em Londres, em que os meus amigos
  • 13:11 - 13:13
    me convidaram a ficar, por quatro dias,
  • 13:13 - 13:15
    sentado numa caixa de areia e eu achei ótimo.
  • 13:15 - 13:19
    E, lá me sentei numa caixa de areia,
    durante quatro dias, de seguida,
  • 13:19 - 13:22
    seis horas, por dia, com sessões de seis
    minutos com qualquer pessoa, em Londres
  • 13:22 - 13:24
    e correu muito mal.
  • 13:24 - 13:28
    Mas, eu escutava as pessoas,
    ouvia os seus problemas,
  • 13:28 - 13:30
    escrevia na areia, tentava perceber as coisas
  • 13:30 - 13:32
    e era difícil perceber o que é
    que eu estava a fazer.
  • 13:32 - 13:35
    Sabem? Era uma espécie de reuniões
    com um, de cada vez, durante quatro dias.
  • 13:35 - 13:37
    E, senti-me uma espécie de diretor, na realidade.
  • 13:37 - 13:40
    Eu dizia, "Oh, é isto que eu faço. Sou diretor.
    Tenho muitas reuniões, sabe?"
  • 13:40 - 13:42
    E, no final da experiência,
  • 13:42 - 13:45
    percebi porque é que estava a fazer isto.
  • 13:45 - 13:49
    É porque aquilo que, nós, líderes,
    fazemos é estabelecer
  • 13:49 - 13:53
    conexões improváveis e
    esperar que algo aconteça
  • 13:53 - 13:55
    e, naquela sala, descobri tantas conexões
  • 13:55 - 13:59
    entre pessoas espalhadas por toda
    a Londres e, portanto, liderança,
  • 13:59 - 14:02
    relacionar pessoas é a grande questão atual.
  • 14:02 - 14:04
    Quer estejamos numa hierarquia
    ou numa heterarquia,
  • 14:04 - 14:06
    é um desafio maravilhoso de design.
  • 14:06 - 14:10
    E, uma coisa que tenho feito é alguma investigação
  • 14:10 - 14:14
    sobre sistemas que possam
    combinar a tecnologia e a liderança,
  • 14:14 - 14:15
    com uma perspetiva da arte e do design.
  • 14:15 - 14:19
    Permitam que vos mostre algo que,
    na verdade, não mostrei em lado algum.
  • 14:19 - 14:21
    Isto é uma espécie de esboço,
    do esboço de uma aplicação
  • 14:21 - 14:24
    que escrevi em Python.
    Sabem como é que existe o Photoshop?
  • 14:24 - 14:28
    Isto chama-se Powershop e a maneira como funciona é
  • 14:28 - 14:31
    imaginando uma organização.
    Sabem, o Diretor nem sempre
  • 14:31 - 14:33
    está no topo. O Diretor está
    no centro da organização.
  • 14:33 - 14:36
    A organização pode ter diferentes subdivisões
  • 14:36 - 14:38
    e, podemos querer olhar para
    áreas distintas. Por exemplo,
  • 14:38 - 14:42
    as verdes são as áreas em que as coisas correm bem, as vermelhas são as áreas em que as coisas correm mal.
  • 14:42 - 14:44
    Como é que nós, enquanto líderes,
    examinamos, conectamos,
  • 14:44 - 14:47
    fazemos as coisas acontecerem?
    Por exemplo, podíamos abrir
  • 14:47 - 14:50
    aqui uma distribuição, descobrir as
    diferentes subdivisões que existem
  • 14:50 - 14:54
    e ficar a saber que conhecemos
    alguém, aqui, na Eco
  • 14:54 - 14:56
    e
  • 14:56 - 14:58
    que estas pessoas, aqui, estão na Eco,
    as pessoas com quem nós nos podemos
  • 14:58 - 15:02
    relacionar, enquanto Diretores,
    as pessoas que atravessam a hierarquia.
  • 15:02 - 15:05
    Parte do desafio do Diretor está em descobrir
  • 15:05 - 15:08
    conexões, que atravessem as áreas e, podemos,
    assim, procurar na Investigação e Desenvolvimento
  • 15:08 - 15:12
    e, aqui, vamos descobrir uma pessoa,
    que atravessa duas áreas
  • 15:12 - 15:15
    de interesse e com quem é
    importante mantermos uma ligação.
  • 15:15 - 15:19
    Podemos querer ter, por exemplo,
    uma visualização da informação prévia
  • 15:19 - 15:22
    sobre como interagimos com elas.
  • 15:22 - 15:23
    Quantos cafés tomamos juntos?
  • 15:23 - 15:27
    Qual a frequência das chamadas
    efetuadas e dos emails enviados?
  • 15:27 - 15:30
    Qual o curso dos seus emails?
    Como é que está a resultar?
  • 15:30 - 15:32
    Os líderes podem usar estes sistemas para
  • 15:32 - 15:35
    regular melhor o modo como
    trabalham, dentro da heterarquia.
  • 15:35 - 15:38
    Também podemos imaginar a utilização
    de tecnologia como a da Luminoso,
  • 15:38 - 15:41
    dos rapazes de Cambridge que
    estavam a olhar para a análise
  • 15:41 - 15:44
    profunda de textos.
    Qual é o curso das nossas comunicações?
  • 15:44 - 15:48
    Creio que este tipo de sistemas é importante.
  • 15:48 - 15:50
    São sistemas de média sociais,
    que têm por alvo os líderes.
  • 15:50 - 15:54
    E, acredito que este tipo de perspetiva só começará
  • 15:54 - 15:59
    a desenvolver-se, quando mais líderes
    entrarem no espaço da arte e do design,
  • 15:59 - 16:03
    porque a arte e o design permitem-nos
    pensar, desta forma,
  • 16:03 - 16:04
    encontrar sistemas diferentes como este
  • 16:04 - 16:06
    e, eu comecei a pensar assim,
  • 16:06 - 16:08
    por isso tenho muito gosto
    em partilhá-lo convosco.
  • 16:08 - 16:11
    Para concluir, desejo agradecer a todos vós
  • 16:11 - 16:15
    pela vossa atenção. Muito obrigado.
    (Aplausos)
  • 16:15 - 16:20
    (Aplausos)
Title:
Como a arte, a tecnologia e o design formam os líderes criativos
Speaker:
John Maeda
Description:

John Maeda, Diretor da Escola de Design de Rhode Island, dá uma palestra fascinante, com graça, que percorre o trabalho de uma vida com as artes, o design e a tecnologia, encerrando com uma fotografia da liderança criativa, no futuro. Veja as versões de demonstração de trabalhos antigos de Maeda -- e, até um computador feito de gente.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:41

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