Return to Video

Como a arte, a tecnologia e o design formam os líderes criativos

  • 0:01 - 0:04
    Devo dizer que estou muito
    contente por estar aqui.
  • 0:04 - 0:06
    Sei que temos, aqui, mais de 80 países
  • 0:06 - 0:10
    e, é uma novidade, para mim,
    falar para todos estes países.
  • 0:10 - 0:12
    De certeza que, em cada país,
    há uma coisa chamada
  • 0:12 - 0:14
    reuniões entre pais e professores.
  • 0:14 - 0:16
    Conhecem as reuniões de pais?
  • 0:16 - 0:20
    Não as dos vossos filhos, mas aquelas
    a que os vossos pais iam à escola,
  • 0:20 - 0:21
    quando vocês eram crianças,
  • 0:21 - 0:24
    o vosso professor conversava com eles
    e era tudo um pouco estranho.
  • 0:24 - 0:27
    Eu recordo-me de um momento,
    no meu terceiro ano,
  • 0:27 - 0:30
    em que o meu pai,
    que nunca faltava ao serviço,
  • 0:30 - 0:34
    era um típico trabalhador de fato-macaco,
    um imigrante da classe operária,
  • 0:34 - 0:37
    foi à escola ver como é
    que andava o filho,
  • 0:37 - 0:39
    e o professor disse-lhe:
  • 0:39 - 0:42
    "O John é bom em Matemática
    e em Arte".
  • 0:42 - 0:44
    Ele concordou, abanando a cabeça.
  • 0:44 - 0:48
    No dia seguinte, ouvi-o falar
    com um cliente, na nossa loja de tofu:
  • 0:48 - 0:50
    "Sabe, o John é bom em Matemática."
  • 0:51 - 0:53
    (Risos)
  • 0:53 - 0:56
    Isso acompanhou-me sempre,
    ao longo da vida.
  • 0:56 - 0:59
    Porque é que o meu pai não falou na arte?
    Porque é que não era bom?
  • 0:59 - 1:02
    Porquê? Foi uma incógnita,
    ao longo da minha vida
  • 1:02 - 1:05
    mas, tudo bem, porque
    ser bom em Matemática
  • 1:05 - 1:07
    levou-o a comprar-me um computador.
  • 1:08 - 1:11
    Devem lembrar-se deste computador,
    foi o meu primeiro computador.
  • 1:11 - 1:14
    Quem tinha um Apple II?
    Utilizadores de Apple II, fixe.
  • 1:14 - 1:17
    Conforme se recordam,
    o Apple II não fazia absolutamente nada.
  • 1:17 - 1:20
    Ligava-se, teclava-se nele
    e aparecia um texto verde
  • 1:20 - 1:22
    que nos dizia, quase sempre,
    "Está errado".
  • 1:22 - 1:23
    Era o computador que conhecíamos.
  • 1:23 - 1:26
    Foi o computador que estudei,
  • 1:26 - 1:28
    quando fui para o MIT
    — o sonho do meu pai.
  • 1:30 - 1:33
    No MIT, estudei esse computador,
    a todos os níveis
  • 1:33 - 1:37
    e, depois, fui para as Belas Artes,
    para fugir dos computadores
  • 1:37 - 1:39
    e comecei a pensar no computador
  • 1:39 - 1:41
    mais como um espaço
    espiritual de pensamento.
  • 1:43 - 1:46
    Fui influenciado pela representação
    artística — isto foi há 20 anos.
  • 1:46 - 1:49
    Fiz um computador a partir de pessoas.
  • 1:49 - 1:52
    Chamava-se Experiência Computacional
    Alimentada a Energia Humana.
  • 1:52 - 1:55
    Com gestor de energia,
    rato, memória, etc.,
  • 1:55 - 1:59
    construí-o, em Quioto,
    a antiga capital do Japão.
  • 1:59 - 2:02
    Era uma sala dividida em duas metades.
  • 2:02 - 2:03
    Liguei o computador
  • 2:03 - 2:07
    e as assistentes estão a colocar
    uma disquete gigante
  • 2:07 - 2:10
    feita em cartão
    e a introduzi-la no computador.
  • 2:11 - 2:14
    A pessoa da disquete veste-a. (Risos)
  • 2:14 - 2:17
    Ela encontra o primeiro setor da disquete
  • 2:17 - 2:21
    e retira-lhe os dados, que passa,
    obviamente, para o barramento.
  • 2:23 - 2:26
    Assim, o barramento transfere,
    diligentemente, os dados para o computador,
  • 2:26 - 2:29
    para a memória, para a CPU,
    para a VRAM, etc.
  • 2:29 - 2:33
    e é um computador que funciona mesmo.
    Aquilo é um barramento, a sério.
  • 2:34 - 2:35
    E parece ser rápido.
  • 2:35 - 2:38
    Aquilo é um controlador do rato,
    onde está XY.
  • 2:38 - 2:41
    Parece que está a acontecer rapidamente,
    mas é um computador muito lento.
  • 2:41 - 2:44
    Quando me apercebi do quão lento
    este computador era
  • 2:44 - 2:47
    em comparação com o quão rápido
    é um computador,
  • 2:47 - 2:50
    fiquei a pensar nos computadores
    e na tecnologia, de modo geral.
  • 2:51 - 2:54
    Por isso, hoje, vou falar
    de quatro coisas.
  • 2:54 - 2:57
    As primeiras três coisas têm a ver
    com o modo como tenho andado curioso
  • 2:57 - 3:01
    sobre a tecnologia, o design
    e a arte e como se intercetam entre si,
  • 3:01 - 3:04
    como se sobrepõem
  • 3:04 - 3:06
    e também com um tema
    que assumi há quatro anos,
  • 3:06 - 3:10
    quando passei a diretor da Escola de Design
    de Rhode Island: a liderança.
  • 3:10 - 3:14
    Vou falar de como procurei
    combinar estas quatro áreas
  • 3:14 - 3:17
    numa espécie de síntese,
    numa espécie de experiência.
  • 3:17 - 3:20
    Assim, começando pela tecnologia...
  • 3:20 - 3:22
    A tecnologia é uma coisa maravilhosa.
  • 3:22 - 3:25
    Quando aquele Apple II apareceu,
    não podia, de facto, fazer nada.
  • 3:26 - 3:29
    Podia exibir texto e,
    depois de esperarmos um pouco,
  • 3:29 - 3:32
    apareciam umas coisas chamadas imagens.
  • 3:32 - 3:35
    Lembram-se de quando começaram
    a aparecer nos computadores,
  • 3:35 - 3:37
    aquelas imagens a cores, lindíssimas?
  • 3:37 - 3:40
    Alguns anos depois, começámos
    a ter som com qualidade de CD.
  • 3:40 - 3:42
    Foi incrível. Podíamos ouvir o som,
    no computador.
  • 3:42 - 3:46
    Depois, os filmes, através do CD-ROM.
    Foi espantoso!
  • 3:46 - 3:48
    Recordam-se desse entusiasmo?
  • 3:48 - 3:52
    Depois, apareceu o navegador.
    O navegador era ótimo,
  • 3:52 - 3:55
    mas era muito primitivo,
    a largura da banda era demasiado estreita.
  • 3:55 - 3:58
    Primeiro o texto, depois,
    as imagens, esperávamos,
  • 3:58 - 4:00
    o som com qualidade de CD, na Internet.
  • 4:00 - 4:04
    Depois, os filmes pela Internet.
    Mais ou menos incrível.
  • 4:05 - 4:07
    Depois, apareceu o telemóvel,
  • 4:07 - 4:11
    o texto, as imagens, o áudio, o vídeo.
  • 4:11 - 4:17
    E, agora, temos o iPhone, o iPad,
    o Android, com texto, vídeo, áudio, etc.
  • 4:17 - 4:19
    Estão a ver o pequeno padrão
    que aqui temos?
  • 4:19 - 4:22
    Parece que estamos presos
    numa espécie de círculo
  • 4:22 - 4:24
    e este sentido da possibilidade
    da informática
  • 4:24 - 4:28
    é algo que tenho vindo a questionar,
    nos últimos 10 anos.
  • 4:28 - 4:32
    Tenho olhado para o design,
    já que entendemos a maioria das coisas.
  • 4:32 - 4:36
    Entender o design juntamente com a
    tecnologia tem sido uma paixão, para mim.
  • 4:36 - 4:40
    Tenho uma pequena experiência
    para vos dar uma breve lição de design.
  • 4:41 - 4:44
    Os designers falam sobre a relação
    entre a forma e o conteúdo,
  • 4:44 - 4:47
    o conteúdo e a forma,
    mas o que é que isso significa?
  • 4:47 - 4:49
    O conteúdo é aquela palavra: medo.
  • 4:49 - 4:54
    Uma palavra com quatro letras.
    É como um mau presságio, o medo.
  • 4:55 - 4:59
    O medo está em Helvetica Light,
    para não causar demasiada tensão.
  • 4:59 - 5:01
    Se o pusermos em Helvetica Ultra Light,
  • 5:01 - 5:03
    fica: "Ah, o medo, que mal faz?"
    (Risos)
  • 5:05 - 5:08
    Pegamos na mesma Helvetica Ultra Light
    e aumentamo-la,
  • 5:08 - 5:11
    e fica: "Uau! Isso dói. O medo.
  • 5:11 - 5:13
    Vemos que, consoante alteramos
    a escala, alteramos a forma.
  • 5:14 - 5:17
    O conteúdo é o mesmo,
    mas a sensação que temos é diferente.
  • 5:17 - 5:19
    Se mudarmos a fonte para outra,
    como esta, até fica engraçado.
  • 5:19 - 5:23
    Parece uma fonte à pirata,
    como a fonte do Capitão Jack Sparrow.
  • 5:23 - 5:25
    "Arr! Que medo!"
  • 5:25 - 5:27
    Desse tipo, não mete medo.
    Na verdade, até tem graça.
  • 5:27 - 5:31
    Ou o medo, assim, numa espécie
    de fonte de discoteca.
  • 5:31 - 5:33
    É tipo: "Temos de ir ao Medo".
  • 5:33 - 5:35
    É fantástico, não é?
    (Risos)
  • 5:37 - 5:39
    Altera, simplesmente, o mesmo conteúdo.
  • 5:39 - 5:42
    Ou com as letras separadas
    umas das outras
  • 5:42 - 5:44
    ou amontoadas, como no convés do Titanic
  • 5:44 - 5:46
    e sentimos pena das letras,
    tipo "Sinto o medo".
  • 5:47 - 5:48
    Temos pena delas.
  • 5:49 - 5:51
    Ou alteramos a fonte
    para algo parecido com isto.
  • 5:51 - 5:54
    Tem muita classe. É como aquele
    restaurante caro, o Medo.
  • 5:55 - 5:57
    Nunca poderei lá entrar.
    (Risos)
  • 5:57 - 6:02
    É fantástico, o Medo.
    Mas, isto é a forma, o conteúdo.
  • 6:02 - 6:05
    Se mudarmos, apenas,
    uma letra desse conteúdo,
  • 6:05 - 6:09
    obtemos uma palavra muito melhor,
    um conteúdo melhor: livre.
  • 6:10 - 6:13
    "Livre" é uma palavra excelente.
    Podemos usá-la de quase todas as formas.
  • 6:13 - 6:16
    Em negrito, faz lembrar o Mandela livre.
  • 6:16 - 6:19
    É do género de "Posso ser livre, sim".
  • 6:19 - 6:22
    Até um "livre" leve nos dá a sensação
    de podermos respirar livremente.
  • 6:22 - 6:25
    É uma sensação ótima.
    Até um free estendido,
  • 6:25 - 6:28
    dá a impressão de que podemos
    respirar com muita facilidade.
  • 6:28 - 6:31
    E podemos adicionar-lhe um
    degradê azul e uma pomba
  • 6:31 - 6:34
    e temos uma espécie
    de "livre" à Don Draper.
  • 6:34 - 6:38
    Estão a ver — a forma, o conteúdo,
    o design, é assim que funcionam.
  • 6:38 - 6:40
    É uma coisa poderosa.
    Parece quase magia.
  • 6:40 - 6:44
    Como aquela que temos visto
    os mágicos fazerem no TED. É magia.
  • 6:44 - 6:45
    O design faz isso.
  • 6:46 - 6:50
    Tenho tido curiosidade sobre o modo
    como o design e a tecnologia se intercetam
  • 6:50 - 6:53
    e vou mostrar um trabalho antigo,
    que nunca mostro,
  • 6:53 - 6:55
    para vos dar uma ideia daquilo que fazia.
  • 6:55 - 6:56
    Pois — sim.
  • 6:57 - 7:00
    Fiz muitos trabalhos, nos anos 90.
  • 7:00 - 7:03
    Isto era um quadrado que responde ao som.
  • 7:03 - 7:06
    As pessoas perguntam-me
    por que é que fiz isto. Não sei bem.
  • 7:06 - 7:08
    (Risos)
  • 7:08 - 7:15
    Mas, pensei que seria giro
    se o quadrado me respondesse.
  • 7:15 - 7:18
    Os meus filhos eram pequenos, na altura,
  • 7:18 - 7:20
    e brincavam com estas coisas,
    assim, "Aaaah,"
  • 7:20 - 7:23
    "Papá, aaah, aaah."
    E coisas do género, percebem?
  • 7:23 - 7:26
    Se fôssemos a uma loja de informática,
    faziam o mesmo.
  • 7:26 - 7:29
    Diziam: "Papá, porque é
    que o computador não responde ao som?"
  • 7:29 - 7:32
    Isto, na mesma altura
    em que eu pensava a mesma coisa.
  • 7:32 - 7:35
    Então, nessa altura, fiz isto
    como uma espécie de experiência.
  • 7:35 - 7:39
    Depois, passei muito tempo
    no espaço dos gráficos interativos
  • 7:39 - 7:41
    e coisas do género,
    mas parei de fazê-las,
  • 7:41 - 7:44
    porque os meus alunos do MIT
    tornaram-se melhores do que eu,
  • 7:44 - 7:46
    de tal modo
    que pendurei o meu rato.
  • 7:46 - 7:49
    Mas em 1996, fiz a minha última peça.
  • 7:49 - 7:53
    A preto e branco, totalmente monocromática,
    toda com números inteiros.
  • 7:53 - 7:55
    Chamava-se "Bate, Datilografa, Escreve."
  • 7:55 - 7:58
    Presta uma homenagem
    à maravilhosa máquina de escrever
  • 7:58 - 8:02
    que a minha mãe usava, sempre,
    enquanto secretária forense.
  • 8:02 - 8:04
    Tem 10 variações.
  • 8:04 - 8:06
    (Barulho de máquina de escrever)
  • 8:07 - 8:10
    Tem uma tecla de "shift".
  • 8:10 - 8:14
    Dez variações.
    Isto é para fazer girar a letra.
  • 8:14 - 8:17
    (Barulho de máquina de escrever)
  • 8:18 - 8:21
    Isto é uma espécie de anel de letras.
  • 8:22 - 8:24
    (Barulho de máquina de escrever)
  • 8:25 - 8:28
    Isto tem 20 anos, por isso é um pouco...
  • 8:28 - 8:30
    Vejamos, isto é...
  • 8:30 - 8:32
    Adoro o filme francês
    "O Voo do Balão Vermelho".
  • 8:32 - 8:34
    É um excelente filme, não é?
    Adoro esse filme.
  • 8:34 - 8:37
    Isto é uma espécie
    de brincadeira com isso.
  • 8:38 - 8:40
    É calmo, como ele.
  • 8:43 - 8:46
    Vou mostrar-vos o último.
    É sobre o equilíbrio.
  • 8:46 - 8:48
    Datilografar é um pouco desgastante,
  • 8:48 - 8:51
    por isso, se datilografarmos
    neste teclado, podemos equilibrá-lo.
  • 8:51 - 8:53
    (Risos)
  • 8:53 - 8:56
    Se batermos no G, a vida fica boa,
    por isso, digo sempre:
  • 8:56 - 8:59
    "Bata no G, que ficará tudo bem."
  • 9:00 - 9:02
    (Aplausos)
  • 9:02 - 9:03
    Obrigado.
  • 9:05 - 9:07
    Isto foi há 20 anos,
  • 9:09 - 9:12
    Eu andei sempre pela periferia das artes.
  • 9:12 - 9:15
    Ser diretor da Escola de Design
    fez-me aprofundar na arte.
  • 9:15 - 9:19
    A arte é uma coisa maravilhosa,
    belas artes, arte pura.
  • 9:19 - 9:21
    Quando as pessoas dizem:
    "Eu não entendo de arte.
  • 9:21 - 9:25
    Não percebo mesmo nada."
    Isso quer dizer que a arte funcionou.
  • 9:25 - 9:27
    A arte deve ser enigmática,
    por isso quando dizemos
  • 9:27 - 9:30
    que não percebemos, isso é ótimo.
  • 9:30 - 9:33
    A art faz isso, porque a arte
    trata de fazer perguntas,
  • 9:33 - 9:36
    perguntas que podem não ter resposta.
  • 9:36 - 9:38
    Na Escola de Design,
    há esta instalação espantosa,
  • 9:38 - 9:40
    o Laboratório da Natureza
    de Edna Lawrence.
  • 9:40 - 9:45
    Tem 80 000 amostras de animais,
    ossos, minerais, plantas.
  • 9:45 - 9:48
    Em Rhode Island, se um
    animal for atropelado, na rua,
  • 9:48 - 9:51
    chamam-nos e vamos
    buscá-lo e empalhamo-lo.
  • 9:51 - 9:53
    Porque é que temos esta instalação?
  • 9:53 - 9:57
    Porque na Escola de Design,
    temos de olhar para o animal,
  • 9:57 - 10:00
    para o objeto, para compreender
    o volume que tem, para percebê-lo.
  • 10:00 - 10:03
    Não é permitido desenhar
    a partir de uma imagem.
  • 10:03 - 10:04
    Muita gente me pergunta:
  • 10:04 - 10:08
    "John, não podias digitalizar isso tudo?
    Não seria melhor?"
  • 10:08 - 10:12
    Eu costumo dizer: "Há uma coisa boa
    no modo como as coisas se faziam.
  • 10:12 - 10:15
    É uma coisa muito diferente,
  • 10:15 - 10:17
    que devíamos descobrir,
    porque é que é bom
  • 10:17 - 10:20
    e como é que o fazíamos,
    mesmo nesta nova era.
  • 10:20 - 10:23
    Tenho um grande amigo que é
    um artista dos novos "media",
  • 10:23 - 10:27
    Tota Hasegawa.
    Ele agora está em Tóquio.
  • 10:27 - 10:30
    Quando morava em Londres,
    fazia um jogo com a mulher.
  • 10:31 - 10:34
    Ia a antiquários e o jogo era o seguinte:
  • 10:34 - 10:36
    Quando vemos uma
    antiguidade que queremos,
  • 10:36 - 10:40
    perguntamos ao gerente da loja
    qual é a história por detrás da peça.
  • 10:40 - 10:42
    Se for uma boa história, compramo-la.
  • 10:42 - 10:44
    Iam a um antiquário,
    viam uma chávena e diziam:
  • 10:44 - 10:46
    "Conte-nos algo sobre esta chávena."
  • 10:46 - 10:48
    E o lojista dizia: "É velha."
  • 10:49 - 10:52
    "Conte-nos mais."
    "Oh, é muito velha," (Risos)
  • 10:53 - 10:55
    Ele via, uma e outra vez,
    que o valor da antiguidade
  • 10:55 - 10:58
    se prendia com o facto de ser velha.
  • 10:58 - 11:00
    Enquanto artista dos
    novos "media", refletiu e disse:
  • 11:00 - 11:04
    "Passei toda a minha carreira
    a fazer arte com os novos "media".
  • 11:04 - 11:05
    As pessoas perguntam-me:
  • 11:05 - 11:08
    "Qual é a sua arte?"
    "São os novos "media' ".
  • 11:08 - 11:11
    Ele percebeu que não tinha nada a ver
    com o facto de ser antigo ou moderno.
  • 11:11 - 11:13
    Tinha a ver com algo pelo meio.
  • 11:13 - 11:16
    Não tem a ver com o "velho", a poeira
    ou com o "novo", a nuvem.
  • 11:16 - 11:18
    Tem a ver com o que é bom.
  • 11:18 - 11:23
    A ação decorre numa combinação
    entre a nuvem e a poeira.
  • 11:23 - 11:25
    Vemos isso em toda a arte
    que interessa, hoje,,
  • 11:25 - 11:27
    em todos os negócios interessantes.
  • 11:27 - 11:31
    Como combinamos as duas coisas
    para fazer bem feito, é muito interessante.
  • 11:32 - 11:34
    Portanto, a arte faz perguntas
  • 11:34 - 11:39
    e a liderança também está
    a fazer muitas perguntas.
  • 11:39 - 11:41
    Já não funcionamos de forma tão fácil.
  • 11:41 - 11:45
    Já não somos
    um regime autoritário simples.
  • 11:45 - 11:48
    A título de exemplo de autoritarismo,
    estive, uma vez, na Rússia
  • 11:48 - 11:51
    e, passando por S. Petersburgo,
    num monumento nacional,
  • 11:51 - 11:54
    vi uma tabuleta que dizia:
    "Não Pisar a Relva", em inglês.
  • 11:54 - 11:55
    Pensei: "Ah, como falo inglês,
  • 11:55 - 11:58
    "estão a querer discriminar-me.
    Não é justo."
  • 11:58 - 12:01
    Mas, deparei-me com um sinal
    para pessoas que falavam russo
  • 12:01 - 12:04
    e era a melhor de todas
    as tabuletas para dizer não.
  • 12:04 - 12:06
    Era do género: "Não nadar,
    não caminhar, não nada."
  • 12:06 - 12:09
    A minha preferida era "nada de plantas".
  • 12:09 - 12:12
    Porque é que levaríamos uma planta
    para um monumento nacional? Não sei.
  • 12:12 - 12:14
    E também: "Nada de amor".
  • 12:14 - 12:15
    (Risos)
  • 12:15 - 12:17
    Isto é autoritarismo.
  • 12:18 - 12:20
    Estruturalmente, o que é isso?
  • 12:20 - 12:24
    É uma hierarquia. É o modo como gerimos
    muitos sistemas, atualmente.
  • 12:24 - 12:26
    Mas, como sabemos, tem sido desfeita.
  • 12:26 - 12:29
    Agora, é uma rede, em vez
    de uma árvore perfeita.
  • 12:29 - 12:33
    É uma heterarquia, em vez de
    uma hierarquia. Isso é um pouco estranho.
  • 12:33 - 12:35
    Por isso, atualmente,
    os líderes deparam-se
  • 12:35 - 12:38
    com uma forma diferente de liderar,
    segundo creio.
  • 12:38 - 12:41
    Este trabalho foi feito por mim e
    pela minha colega Becky Bermont
  • 12:41 - 12:42
    sobre chefia criativa.
  • 12:42 - 12:44
    Que podemos aprender
    com artistas e designers,
  • 12:44 - 12:46
    que interesse à nossa maneira de chefiar?
  • 12:46 - 12:49
    Em muitos sentidos,
    um líder gosta de evitar os erros.
  • 12:49 - 12:52
    Mas uma pessoa criativa gosta
    de aprender com os erros.
  • 12:52 - 12:56
    Um líder tradicional
    quer ter sempre razão,
  • 12:56 - 13:00
    ao passo que um líder criativo
    espera ter razão.
  • 13:00 - 13:04
    Esta fórmula é importante,
    hoje, neste espaço ambíguo e complexo
  • 13:04 - 13:07
    e penso que os artistas e os designers
    têm muito para nos ensinar-nos.
  • 13:08 - 13:11
    Fiz uma espetáculo, recentemente,
    em Londres, onde os meus amigos
  • 13:11 - 13:14
    me convidaram a ficar sentado
    numa caixa de areia
  • 13:14 - 13:16
    durante quatro dias,
    e eu achei ótimo.
  • 13:16 - 13:19
    E lá me sentei numa caixa de areia
    durante quatro dias de seguida,
  • 13:19 - 13:23
    seis horas, por dia, com sessões de seis
    minutos com qualquer pessoa, em Londres
  • 13:23 - 13:25
    e correu muito mal.
  • 13:25 - 13:28
    Mas eu escutava as pessoas,
    ouvia os seus problemas,
  • 13:28 - 13:30
    escrevia na areia,
    tentava perceber as coisas
  • 13:30 - 13:33
    e era difícil perceber
    o que é que eu estava a fazer.
  • 13:33 - 13:36
    Era uma espécie de reuniões
    com um de cada vez, durante quatro dias.
  • 13:36 - 13:38
    Senti-me uma espécie de diretor.
  • 13:38 - 13:40
    "É isto que eu faço. Sou diretor.
    Tenho muitas reuniões".
  • 13:40 - 13:44
    No final da experiência, percebi
    porque é que estava a fazer isto.
  • 13:45 - 13:48
    É porque aquilo que, nós, líderes,
    fazemos
  • 13:48 - 13:53
    é estabelecer conexões improváveis
    e esperar que algo aconteça
  • 13:53 - 13:55
    e, naquela sala, descobri muitas conexões
  • 13:55 - 13:59
    entre pessoas espalhadas
    por toda Londres.
  • 13:59 - 14:02
    Portanto, liderança, relacionar pessoas
    é a grande questão atual.
  • 14:02 - 14:04
    Quer estejamos numa hierarquia
    ou numa heterarquia,
  • 14:04 - 14:07
    é um desafio maravilhoso de design.
  • 14:07 - 14:10
    Tenho feito alguma investigação
  • 14:10 - 14:14
    sobre sistemas que possam
    combinar a tecnologia e a liderança
  • 14:14 - 14:16
    com uma perspetiva da arte e do design.
  • 14:16 - 14:19
    Vou mostrar uma coisa
    que não mostrei em lado algum.
  • 14:19 - 14:22
    Isto é uma espécie de esboço
    de uma aplicação que escrevi em Python.
  • 14:22 - 14:25
    Sabem como é que há o Photoshop?
  • 14:25 - 14:30
    Isto chama-se Powershop e funciona
    imaginando uma organização.
  • 14:30 - 14:32
    O diretor nem sempre está no topo.
  • 14:32 - 14:34
    O diretor está no centro da organização.
  • 14:34 - 14:36
    A organização pode ter
    diferentes subdivisões
  • 14:36 - 14:38
    e podemos querer olhar
    para áreas distintas.
  • 14:38 - 14:42
    Nas áreas verdes as coisas correm bem,
    nas áreas vermelhas correm mal.
  • 14:42 - 14:44
    Como é que nós, líderes,
    examinamos, ligamos,
  • 14:44 - 14:46
    fazemos as coisas acontecerem?
  • 14:46 - 14:49
    Podíamos abrir aqui uma distribuição,
    ver as subdivisões que existem
  • 14:49 - 14:53
    descobrir que conhecemos
    alguém, aqui, na Eco.
  • 14:55 - 14:58
    que estas pessoas, aqui na Eco,
    com quem nos podemos relacionar,
  • 14:58 - 15:02
    enquanto diretores,
    as pessoas que atravessam a hierarquia.
  • 15:02 - 15:05
    Parte do desafio do diretor
    está em descobrir ligações,
  • 15:05 - 15:09
    que atravessem as áreas e pode
    procurar na Investigação e Desenvolvimento.
  • 15:09 - 15:12
    Aqui, vamos encontrar uma pessoa
    que atravessa duas áreas de interesse
  • 15:12 - 15:15
    com quem é importante
    mantermos uma ligação.
  • 15:15 - 15:19
    Podemos querer ter, por exemplo,
    uma visualização da informação prévia
  • 15:19 - 15:22
    sobre como interagimos com elas.
  • 15:22 - 15:24
    Quantos cafés tomam?
  • 15:24 - 15:27
    Qual a frequência das chamadas
    efetuadas e dos emails enviados?
  • 15:27 - 15:30
    Qual o curso dos seus emails?
    Como é que está a resultar?
  • 15:30 - 15:33
    Os chefes podem usar estes sistemas
    para regular melhor
  • 15:33 - 15:35
    o modo como trabalham,
    dentro da heterarquia.
  • 15:35 - 15:39
    Também podemos imaginar a utilização
    de tecnologia como a da Luminoso,
  • 15:39 - 15:43
    dos rapazes de Cambridge que faziam
    uma análise profunda de textos.
  • 15:43 - 15:45
    Qual é o curso das nossas comunicações?
  • 15:45 - 15:48
    Creio que este tipo de sistemas
    é importante.
  • 15:48 - 15:50
    São sistemas de "media" sociais,
    que têm por alvo os líderes.
  • 15:51 - 15:55
    E creio que este tipo de perspetiva
    só começará a desenvolver-se,
  • 15:55 - 15:59
    quando mais líderes
    entrarem no espaço da arte e do design,
  • 15:59 - 16:03
    porque a arte e o design permitem-nos
    pensar, desta forma,
  • 16:03 - 16:04
    encontrar sistemas diferentes como este.
  • 16:04 - 16:07
    Eu comecei a pensar assim,
  • 16:07 - 16:09
    e tenho muito gosto
    em partilhá-lo convosco.
  • 16:09 - 16:13
    Para concluir, desejo agradecer
    a todos vós pela vossa atenção.
  • 16:13 - 16:14
    Muito obrigado.
  • 16:14 - 16:17
    (Aplausos)
Title:
Como a arte, a tecnologia e o design formam os líderes criativos
Speaker:
John Maeda
Description:

John Maeda, diretor da Escola de Design de Rhode Island, faz uma palestra fascinante, com graça, que percorre o trabalho de uma vida com as artes, o design e a tecnologia, encerrando com uma fotografia da liderança criativa, no futuro. Vejam as versões de demonstração de trabalhos antigos de Maeda — e, até um computador feito de pessoas.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:41

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions