Return to Video

Como ajudo adolescentes transexuais a tornarem-se naquilo que eles querem ser

  • 0:01 - 0:04
    Quero que todos vocês pensem
  • 0:05 - 0:09
    qual é a terceira palavra
    que sempre se diz
  • 0:09 - 0:11
    sobre nós
  • 0:12 - 0:15
    ou, se estão grávidas,
  • 0:15 - 0:18
    sobre a pessoa que vão dar à luz.
  • 0:20 - 0:23
    E, se quiserem, podem dizê-lo em alta voz.
  • 0:24 - 0:27
    As duas primeiras palavras são;
  • 0:27 - 0:29
    É... um(a)..."
  • 0:30 - 0:31
    (Vozes)
    (risos)
  • 0:31 - 0:33
    (Risos)
  • 0:33 - 0:36
    Bem, isto mostra
    que eu também trato das questões
  • 0:36 - 0:39
    em que não há a certeza quanto a ser
    uma menina ou um menino,
  • 0:39 - 0:42
    portanto a resposta misturada
    foi muito apropriada.
  • 0:42 - 0:45
    Obviamente, a resposta
    hoje vem principalmente
  • 0:45 - 0:47
    através dos ultrassons,
    não na altura do nascimento,
  • 0:47 - 0:52
    a não ser que os futuros pais prefiram
    uma surpresa, como antigamente.
  • 0:54 - 0:56
    Mas quero que pensem naquilo
  • 0:57 - 1:01
    que leva a essa constatação
  • 1:02 - 1:03
    da terceira palavra,
  • 1:03 - 1:06
    porque a terceira palavra.
  • 1:06 - 1:10
    é uma descrição do nosso sexo.
  • 1:14 - 1:17
    E com isso estou a referir que é feita
  • 1:17 - 1:19
    por uma descrição
    dos nossos órgãos genitais.
  • 1:21 - 1:24
    Ora bem, enquanto
    endocrinologista pediátrico,
  • 1:24 - 1:26
    eu costumava ficar envolvido,
    muito profundamente,
  • 1:26 - 1:28
    e ainda continuo, de certo modo,
  • 1:28 - 1:33
    nos casos em que há confusão
  • 1:34 - 1:36
    no aspeto exterior
  • 1:36 - 1:39
    ou entre o aspeto exterior e o interior,
  • 1:40 - 1:43
    e, literalmente, temos que imaginar
  • 1:44 - 1:48
    o que é a descrição do nosso sexo.
  • 1:49 - 1:51
    Mas não há nada que seja definível
  • 1:51 - 1:54
    na altura do nascimento,
  • 1:54 - 1:57
    nada que nos defina.
  • 1:58 - 2:01
    E quando falo de definição,
  • 2:01 - 2:04
    estou a falar da orientação sexual.
  • 2:06 - 2:10
    Nunca dizemos, "É um rapaz gay"
  • 2:12 - 2:14
    "Uma rapariga lésbica".
  • 2:15 - 2:18
    Essas situações não se definem assim,
  • 2:18 - 2:21
    é só por volta da segunda década
    da nossa vida.
  • 2:22 - 2:26
    Também não definem o nosso sexo
  • 2:27 - 2:30
    que, enquanto diferente do sexo anatómico,
  • 2:31 - 2:33
    descreve o conceito de nós próprios.
  • 2:34 - 2:36
    Veem-se a vós próprios
  • 2:36 - 2:39
    como macho ou como fêmea
  • 2:40 - 2:43
    ou algures no meio desse espetro?
  • 2:45 - 2:49
    Isso, por vezes, aparece
  • 2:50 - 2:52
    nos primeiros dez anos de vida,
  • 2:53 - 2:56
    mas pode ser muito confuso para os pais
  • 2:57 - 3:01
    porque é quase obrigatório
  • 3:01 - 3:05
    que as crianças ajam e brinquem
    de acordo com o sexo.
  • 3:06 - 3:09
    Mas, na verdade, há estudos que demonstram
  • 3:09 - 3:13
    que 80% das crianças que agem desse modo
  • 3:14 - 3:16
    deixarão de querer
  • 3:17 - 3:20
    ser do sexo oposto
  • 3:21 - 3:24
    na altura em que começa a puberdade.
  • 3:25 - 3:29
    Mas, na altura em que começa a puberdade,
  • 3:30 - 3:34
    ou seja, entre os 10 e os 12 anos
    nas raparigas,
  • 3:34 - 3:36
    e os 12 e os 14 anos nos rapazes,
  • 3:38 - 3:40
    com o desenvolvimento dos seios
  • 3:40 - 3:43
    ou o aumento duas ou três vezes
    das gónadas
  • 3:43 - 3:46
    no caso dos machos genéticos,
  • 3:47 - 3:52
    nessa altura, a criança que diz
    que se encontra no corpo errado,
  • 3:54 - 3:57
    é quase certo ser um transexual
  • 3:58 - 4:01
    e é extremamente improvável
  • 4:02 - 4:04
    que altere esse sentimento,
  • 4:05 - 4:09
    por mais que se tente
    uma terapia reparadora,
  • 4:09 - 4:11
    ou qualquer outra coisa nociva.
  • 4:13 - 4:15
    Ora, isso é relativamente raro.
  • 4:15 - 4:19
    Por isso eu tinha relativamente
    pouca experiência pessoal com isso,
  • 4:19 - 4:22
    e a minha experiência foi mais típica
  • 4:22 - 4:24
    apenas porque dei aulas a adolescentes.
  • 4:24 - 4:26
    E vi uma pessoa de 24 anos
  • 4:26 - 4:28
    entrar em Harvard, geneticamente mulher,
  • 4:28 - 4:31
    atravessar Harvard com
    três colegas de quarto masculinos
  • 4:31 - 4:32
    — que conheciam a sua história —
  • 4:32 - 4:35
    o funcionário do registo
    listava sempre o nome dela
  • 4:35 - 4:38
    nas listas do curso, com um nome masculino
  • 4:38 - 4:40
    e, depois de acabar o curso,
  • 4:40 - 4:42
    ela veio ter comigo e disse-me:
  • 4:42 - 4:45
    "Ajude-me. Sei que sabe imenso
    de endocrinologia".
  • 4:45 - 4:46
    Com efeito, eu tinha tratado imensa gente
  • 4:46 - 4:48
    que tinha nascido sem gónadas.
  • 4:48 - 4:50
    Não era uma ciência transcendente.
  • 4:50 - 4:52
    Mas fiz um acordo com ele:
  • 4:52 - 4:54
    "Ensino-te se me ensinares".
  • 4:54 - 4:56
    E assim foi.
  • 4:57 - 4:59
    E muito aprendi
  • 4:59 - 5:02
    ao ocupar-me de todos os membros
  • 5:02 - 5:03
    do seu grupo de apoio!
  • 5:04 - 5:07
    Mas depois, fiquei muito confuso,
  • 5:06 - 5:09
    porque pensava que, naquela idade
    era relativamente fácil
  • 5:09 - 5:12
    dar a uma pessoa apenas
    as hormonas do sexo
  • 5:12 - 5:14
    com que ela se identificava.
  • 5:15 - 5:18
    Mas depois o meu paciente casou-se
  • 5:18 - 5:20
    e casou-se com uma mulher,
  • 5:21 - 5:23
    que tinha nascido como rapaz,
  • 5:23 - 5:26
    casara como homem e tivera dois filhos
  • 5:26 - 5:30
    e só depois fez a transição para mulher
  • 5:32 - 5:36
    e agora aquela bonita mulher
  • 5:37 - 5:40
    tinha-se encantado
    com o meu paciente masculino.
  • 5:41 - 5:43
    Com efeito, casaram-se legalmente
    porque apresentaram-se
  • 5:43 - 5:46
    como um homem e uma mulher,
    e quem sabia?
  • 5:46 - 5:48
    (Risos)
  • 5:48 - 5:51
    E enquanto eu estava todo baralhado sobre:
  • 5:52 - 5:54
    "Este fulano é gay?
  • 5:54 - 5:57
    "Este fulano é hetero?'
  • 5:56 - 5:58
    ia percebendo que a orientação sexual
  • 5:58 - 6:01
    era confundida com a identidade do sexo.
  • 6:02 - 6:04
    E o meu paciente disse-me:
  • 6:04 - 6:06
    "Olhe... olhe... olhe...
  • 6:06 - 6:09
    "Se pensar nisto, vai perceber:
  • 6:09 - 6:13
    "Orientação sexual é 'com quem'
    vamos para a cama,
  • 6:13 - 6:15
    "Identidade de sexo é 'como'
    vamos para a cama"
  • 6:15 - 6:17
    (Risos)
  • 6:18 - 6:21
    E posteriormente aprendi
    com muitos adultos
  • 6:21 - 6:23
    — tratei cerca de 200 adultos —
  • 6:23 - 6:25
    aprendi com eles
  • 6:25 - 6:27
    que, se eu não observasse, não espreitasse
  • 6:27 - 6:30
    com quem o seu parceiro
    estava na sala de espera
  • 6:30 - 6:32
    eu nunca seria capaz de adivinhar,
  • 6:32 - 6:34
    senão por acaso,
  • 6:34 - 6:36
    se eles eram gays, hetero, bi
  • 6:36 - 6:40
    ou assexuado no seu sexo assumido.
  • 6:40 - 6:41
    Por outras palavras,
  • 6:41 - 6:45
    uma coisa não tem nada a ver com a outra.
  • 6:45 - 6:47
    E os dados demonstram-no.
  • 6:48 - 6:49
    Ora bem...
  • 6:50 - 6:53
    À medida que ia tratando dos 200 adultos,
  • 6:53 - 6:55
    achei que era uma coisa
    extremamente penosa.
  • 6:55 - 6:58
    Essas pessoas — muitas delas —
  • 6:58 - 7:02
    tinham abdicado
    de tanta coisa na sua vida.
  • 7:02 - 7:05
    Por vezes os pais tinham-nas rejeitado,
  • 7:05 - 7:07
    os irmãos, os próprios filhos,
  • 7:07 - 7:10
    e as mulheres de quem se tinham divorciado
  • 7:11 - 7:13
    proibiram-nos de ver os filhos
  • 7:13 - 7:16
    Era uma coisa horrível, mas porque
    é que que eles tinham feito aquilo
  • 7:16 - 7:18
    aos 40 e aos 50 anos?
  • 7:19 - 7:22
    Porque sentiram que tinham que se assumir
  • 7:23 - 7:25
    antes que se suicidassem.
  • 7:26 - 7:28
    E, com efeito, a taxa de suicídio
  • 7:28 - 7:31
    entre pessoas transexuais sem tratamento
  • 7:31 - 7:34
    é das mais altas do mundo.
  • 7:35 - 7:37
    Então, que fazer?
  • 7:37 - 7:41
    Fui convidado para ir a uma conferência
  • 7:41 - 7:43
    na Holanda, em que há especialistas nisto,
  • 7:44 - 7:46
    e vi uma coisa espantosa.
  • 7:47 - 7:50
    Andavam a tratar jovens adolescentes
  • 7:50 - 7:52
    depois de lhes fazerem
  • 7:52 - 7:56
    o mais intenso teste psicométrico de sexo.
  • 7:56 - 7:59
    Estavam a tratá-los, bloqueando
  • 7:59 - 8:00
    a puberdade que eles não queriam.
  • 8:01 - 8:04
    Porque, basicamente, os miúdos
    procuram os do mesmo sexo
  • 8:04 - 8:07
    até chegarem à puberdade,
  • 8:06 - 8:09
    altura em que, se nos sentimos
    no sexo errado,
  • 8:09 - 8:12
    sentimo-nos como o Pinóquio
    a transformar-se num burro.
  • 8:12 - 8:15
    A fantasia que tínhamos
    de que o corpo ia mudar
  • 8:15 - 8:17
    para ser o que queríamos ser
    com a puberdade
  • 8:17 - 8:20
    acaba por ser anulada
    pela puberdade que temos.
  • 8:22 - 8:25
    E ficamos desfeitos.
  • 8:25 - 8:28
    Por isso é que, mantendo
    a puberdade em suspenso...
  • 8:28 - 8:29
    Porquê em suspenso?
  • 8:29 - 8:32
    Não podemos dar-lhes as hormonas opostas
    enquanto tão novos.
  • 8:32 - 8:34
    Acabavam por prejudicar o crescimento
  • 8:34 - 8:37
    e acham que é possível
    ter uma conversa com sentido
  • 8:37 - 8:39
    sobre os efeitos de fertilidade
    de tal tratamento
  • 8:39 - 8:41
    com uma rapariga de 10 anos,
  • 8:41 - 8:43
    ou um rapaz de 12 anos?
  • 8:43 - 8:45
    Assim ganha-se tempo
    no processo de diagnóstico
  • 8:45 - 8:47
    durante quatro ou cinco anos,
  • 8:47 - 8:50
    para eles poderem aguentar
  • 8:50 - 8:53
    poderem fazer mais testes,
  • 8:53 - 8:56
    poderem viver sem sentir
    que os seus corpos estão a fugir deles.
  • 8:57 - 9:00
    E depois, num programa
    a que chamam "12-16-18",
  • 9:01 - 9:05
    por volta dos 12 anos, é quando lhes dão
    as hormonas de bloqueio
  • 9:06 - 9:10
    e, na idade dos 16 anos,
    voltam a testar, reclassificam.
  • 9:10 - 9:13
    Lembrem-se, as hormonas
    de bloqueio são reversíveis
  • 9:13 - 9:16
    mas, quando damos hormonas
    do sexo oposto,
  • 9:16 - 9:20
    começamos a desenvolver
    os seios e a barba e a voz,
  • 9:20 - 9:22
    consoante as hormonas que se usarem.
  • 9:22 - 9:24
    E esses efeitos são permanentes
  • 9:24 - 9:26
    ou exigem cirurgia para os eliminar,
  • 9:26 - 9:27
    ou eletrólise,
  • 9:27 - 9:29
    e nunca é possível recuperar a voz.
  • 9:29 - 9:32
    Por isso é grave e isto é
    um problema aos 15 ou 16 anos.
  • 9:33 - 9:36
    Depois, aos 18 anos,
    podem optar pela cirurgia
  • 9:37 - 9:41
    e, embora não haja uma boa cirurgia,
    genitalmente, de rapariga-para-rapaz,
  • 9:41 - 9:45
    a cirurgia de rapaz-para-rapariga
    tem enganado ginecologistas.
  • 9:46 - 9:47
    É mesmo boa.
  • 9:48 - 9:52
    Assim, observei o que
    os pacientes estavam a fazer
  • 9:52 - 9:55
    e observei pacientes que se pareciam
    com toda a gente
  • 9:55 - 9:58
    exceto que tinham a puberdade adiada.
  • 9:58 - 10:00
    Mas, logo que lhes davam as hormonas
  • 10:00 - 10:02
    consistentes com o sexo que eles assumiam,
  • 10:03 - 10:04
    ficavam com um aspeto lindo!
  • 10:04 - 10:07
    Tinham um ar normal.
    Tinham uma altura normal.
  • 10:08 - 10:10
    Nunca os distinguiríamos
  • 10:10 - 10:12
    no meio da multidão.
  • 10:13 - 10:15
    Nessa altura, decidi que ia fazer o mesmo.
  • 10:15 - 10:17
    É aqui realmente que
  • 10:17 - 10:20
    entra a endocrinologia pediátrica
  • 10:20 - 10:22
    porque, na verdade, se vamos aplicá-la
  • 10:22 - 10:24
    em crianças com 10-12, 10-14 anos,
  • 10:24 - 10:27
    isso é endocrinologia pediátrica.
  • 10:28 - 10:31
    Portanto, arranjei umas crianças
  • 10:32 - 10:35
    e isso agora tornou-se
    num padrão de assistência
  • 10:35 - 10:38
    e o Hospital das Crianças
    esteve por detrás disso.
  • 10:38 - 10:41
    Quando lhes mostrei as crianças,
    antes e depois,
  • 10:41 - 10:43
    pessoas que nunca tinham sido tratadas
  • 10:43 - 10:45
    e pessoas que queriam ser tratadas
  • 10:45 - 10:48
    e mostrei fotografias dos holandeses,
  • 10:48 - 10:50
    vieram ter comigo e disseram:
  • 10:50 - 10:52
    "Tem que fazer alguma coisa
    por estas crianças"
  • 10:52 - 10:54
    Bem, onde é que essas crianças
    tinham estado até aí?
  • 10:55 - 10:58
    Andavam por aí, a sofrer, é o que é.
  • 10:58 - 11:00
    Portanto,
  • 11:01 - 11:04
    iniciámos um programa em 2007.
  • 11:04 - 11:07
    Foi o primeiro programa do género
  • 11:07 - 11:09
    — mas é de facto do tipo holandês —
  • 11:09 - 11:11
    na América do Norte.
  • 11:11 - 11:15
    E desde então, temos 160 pacientes.
  • 11:15 - 11:18
    Vieram do Afeganistão? Não.
  • 11:19 - 11:22
    75% vieram
  • 11:22 - 11:26
    de um raio de 240 km de Boston.
  • 11:27 - 11:30
    E alguns vieram de Inglaterra.
  • 11:30 - 11:34
    Jackie tinha sido violado
    em Midlands, em Inglaterra
  • 11:34 - 11:36
    Aqui tem 12 anos,
  • 11:36 - 11:38
    estava a viver como uma rapariga
  • 11:38 - 11:40
    mas começou a levar pancada.
  • 11:40 - 11:42
    Era um filme de terror.
  • 11:42 - 11:43
    Tiveram que a ensinar em casa.
  • 11:43 - 11:45
    E a razão de os britânicos terem vindo
  • 11:45 - 11:49
    foi porque não tratam ninguém
  • 11:49 - 11:51
    com menos de 16 anos,
  • 11:51 - 11:53
    o que significa que os estão a condenar
  • 11:53 - 11:56
    a um corpo de adulto,
    aconteça o que acontecer,
  • 11:56 - 11:59
    mesmo que lhes tenham feito
    testes bem feitos.
  • 11:59 - 12:01
    Ainda por cima, Jackie,
  • 12:01 - 12:03
    dadas as medidas do seu esqueleto,
  • 12:03 - 12:06
    devia crescer até 1,98 m de altura.
  • 12:07 - 12:09
    E ainda só agora tinha começado
  • 12:09 - 12:12
    uma puberdade masculina.
  • 12:11 - 12:15
    Eu fiz uma coisa um pouco inovadora,
  • 12:15 - 12:17
    porque conheço bem as hormonas
  • 12:17 - 12:19
    e o estrogénio é muito mais potente
  • 12:19 - 12:23
    para fechar epífises,
    as placas de crescimento
  • 12:23 - 12:26
    e impedir o crescimento,
    do que a testosterona.
  • 12:26 - 12:29
    Portanto, bloqueámos a testosterona dela
  • 12:29 - 12:31
    com uma hormona de bloqueio,
  • 12:31 - 12:34
    mas acrescentámos estrogénio,
    não aos 16 anos, mas aos 13.
  • 12:35 - 12:38
    E aqui está ela, aos 16 anos, à esquerda.
  • 12:38 - 12:41
    E quando fez 16 anos, foi à Tailândia
  • 12:41 - 12:43
    onde lhe fizeram
    uma cirurgia plástica aos genitais.
  • 12:43 - 12:45
    — agora fazem-na aos 18 anos...
  • 12:45 - 12:47
    E acabou com 1,84 m de altura
  • 12:48 - 12:51
    mas, mais importante,
    tem uma dimensão de seios normal
  • 12:51 - 12:53
    porque, através
    da testosterona de bloqueio
  • 12:53 - 12:57
    todos os nossos pacientes
    têm uma dimensão de seios normal,
  • 12:57 - 13:00
    se vierem ter connosco
    na idade apropriada, não tarde demais
  • 13:01 - 13:03
    E na extrema direita, lá está ela.
  • 13:03 - 13:05
    Apareceu em público,
  • 13:05 - 13:07
    semifinalista no concurso
    para Miss Inglaterra.
  • 13:09 - 13:12
    Os juízes discutiram, podiam fazer aquilo?
  • 13:13 - 13:15
    Podiam classificá-la...
  • 13:15 - 13:17
    E disseram-me que um deles gracejou:
  • 13:17 - 13:19
    "Mas ela tem uma atitude mais natural
  • 13:19 - 13:21
    "do que metade das outras concorrentes"
  • 13:21 - 13:22
    (Risos)
  • 13:23 - 13:27
    E algumas delas foram
    "trabalhadas" um pouco
  • 13:27 - 13:29
    mas é tudo ADN delas.
  • 13:31 - 13:33
    Tornou-se numa porta-voz notável.
  • 13:35 - 13:38
    Ofereceram-lhe contratos para modelo.
  • 13:38 - 13:39
    Nessa altura ela espicaçou-me, dizendo:
  • 13:39 - 13:41
    "Podia ter tido mais hipóteses
  • 13:41 - 13:44
    "como modelo, se me tivesse dado 1,86 m"
  • 13:44 - 13:45
    (Risos)
  • 13:46 - 13:47
    Imaginem!
  • 13:48 - 13:51
    Acho que esta foto diz tudo.
  • 13:52 - 13:54
    Diz realmente tudo.
  • 13:54 - 13:57
    Estes são Nicole e o irmão Jonas
  • 13:58 - 14:00
    dois gémeos idênticos
  • 14:01 - 14:03
    que se provou serem idênticos
  • 14:04 - 14:08
    Nicole assumiu-se como rapariga
    a partir dos três anos.
  • 14:08 - 14:10
    Aos sete anos, mudaram-lhe o nome
  • 14:10 - 14:13
    e ela veio ter comigo logo no início
  • 14:13 - 14:15
    da puberdade masculina.
  • 14:15 - 14:17
    Agora imaginem olhar para Jonas,
  • 14:17 - 14:19
    apenas com 14 anos,
  • 14:19 - 14:21
    — a puberdade masculina
    é precoce nesta família —
  • 14:21 - 14:24
    porque ele mais parece um rapaz de 16 anos
  • 14:24 - 14:25
    mas ainda é melhor exemplo
  • 14:25 - 14:28
    para percebermos porque é
    que é preciso ter consciência
  • 14:28 - 14:30
    de qual é o paciente.
  • 14:30 - 14:33
    Nicole aqui fez bloqueio da puberdade
  • 14:33 - 14:35
    e Jonas está a passar
    por controlo biológico.
  • 14:37 - 14:38
    Este seria o aspeto de Nicole
  • 14:38 - 14:40
    se não tivéssemos feito o que estamos a fazer.
  • 14:40 - 14:43
    Ele tem uma maçã-de-Adão proeminente.
  • 14:43 - 14:46
    Tem ossos angulares no rosto, bigode
  • 14:46 - 14:48
    e podemos ver que há diferença na altura.
  • 14:48 - 14:50
    porque ele está a passar
    por uma fase de crescimento
  • 14:50 - 14:52
    que ela não terá.
  • 14:52 - 14:54
    Nicole está a levar estrogénio.
  • 14:54 - 14:56
    Já tem uma certa forma feminina.
  • 14:57 - 14:59
    Esta família foi à Casa Branca
    na primavera passada
  • 15:00 - 15:02
    por causa do seu trabalho
  • 15:02 - 15:05
    em inverter uma discriminação.
  • 15:06 - 15:08
    Havia um projeto de lei que iria bloquear
  • 15:08 - 15:10
    o direito às pessoas transexuais no Maine
  • 15:10 - 15:13
    de usar os balneários públicos
  • 15:13 - 15:16
    e tudo dava a entender
    que a lei iria ser aprovada
  • 15:16 - 15:18
    e isso seria um problema.
  • 15:17 - 15:21
    Mas Nicole foi pessoalmente
    a cada legislador no Maine e disse:
  • 15:21 - 15:23
    "Posso fazer isso.
  • 15:23 - 15:24
    "Se eles me virem, vão perceber
  • 15:24 - 15:27
    "que eu não sou uma ameaça
    nos lavabos das mulheres,
  • 15:27 - 15:29
    "mas posso ser ameaçada
    nos lavabos dos homens"
  • 15:29 - 15:31
    E eles acabaram por perceber.
  • 15:32 - 15:34
    Então, o que acontece daqui em diante?
  • 15:35 - 15:38
    Temos ainda um caminho a percorrer
  • 15:38 - 15:40
    em termos de combate à discriminação.
  • 15:40 - 15:41
    Há apenas 17 estados
  • 15:41 - 15:43
    que têm uma lei contra a discriminação,
  • 15:43 - 15:46
    contra a discriminação na habitação,
  • 15:46 - 15:49
    no emprego, nos alojamentos públicos.
  • 15:49 - 15:52
    Apenas 17 estados, e cinco deles
    são na Nova Inglaterra.
  • 15:52 - 15:54
    Precisamos de drogas menos caras.
  • 15:54 - 15:55
    Custam uma fortuna.
  • 15:55 - 15:57
    E precisamos de tirar esta situação
  • 15:57 - 16:01
    do DSM [Manual de Diagnóstico e
    Estatísticas de Transtornos Mentais]
  • 16:01 - 16:04
    É tão doença psiquiátrica
    como ser gay ou lésbica
  • 16:04 - 16:07
    e isso foi eliminado em 1973
  • 16:07 - 16:08
    e o mundo inteiro mudou.
  • 16:09 - 16:12
    É uma coisa que não vai dar cabo
    do orçamento de ninguém.
  • 16:12 - 16:13
    Não é assim tão comum.
  • 16:13 - 16:17
    Mas os riscos
    de não se fazer nada por eles
  • 16:19 - 16:21
    não só os expõe a todos
  • 16:21 - 16:25
    em risco de perderem a vida, suicidando-se
  • 16:25 - 16:29
    como diz algo sobre
    se nós somos ,de facto,
  • 16:29 - 16:31
    uma sociedade inclusiva.
  • 16:31 - 16:33
    Obrigado.
  • 16:33 - 16:36
    (Aplausos)
Title:
Como ajudo adolescentes transexuais a tornarem-se naquilo que eles querem ser
Speaker:
Norman Spack
Description:

A puberdade é um tempo complicado para quase toda a gente, mas para adolescentes transexuais pode ser um pesadelo, visto que aparecem de um dia para o outro em corpos com que não se sentem confortáveis. Numa palestra calorosa, o endocrinologista Norman Spack conta uma história pessoal sobre como se tornou num dos poucos médicos nos EU a tratar menores com terapia de substituição de hormonas. Atrasando os efeitos da puberdade, Spack dá aos adolescentes transexuais o tempo de que eles precisam.
(Filmado em TEDxBeaconStreet).

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:53

Portuguese subtitles

Revisions