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Como Marte pode guardar o segredo da origem da vida

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    Bem, sabem, às vezes
  • 0:02 - 0:06
    as coisas mais importantes vêm
    nas embalagens mais pequenas.
  • 0:06 - 0:09
    Vou tentar convencer-vos,
    nos 15 minutos que tenho,
  • 0:09 - 0:13
    de que os micróbios têm muito a dizer
    em questões tais como
  • 0:14 - 0:15
    "Estamos sozinhos?"
  • 0:15 - 0:20
    e que eles podem dizer-nos mais
    não só sobre a vida no nosso sistema solar
  • 0:20 - 0:22
    mas também talvez para além disso.
  • 0:22 - 0:27
    É por isso que os procuro
    nos sítios mais impossíveis da Terra,
  • 0:27 - 0:29
    em ambientes extremos,
  • 0:29 - 0:33
    onde as condições os levam
    ao limite da sobrevivência.
  • 0:33 - 0:36
    A mim também, na verdade,
    quando os tento seguir demasiado de perto.
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    Mas aqui está:
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    Nós somos a única civilização
    avançada no sistema solar,
  • 0:43 - 0:47
    mas isso não significa que não haja
    vida microbiana perto de nós.
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    De facto, os planetas e luas que veem aqui
  • 0:51 - 0:55
    podem albergar vida — todos eles —
    e nós sabemos disso,
  • 0:55 - 0:58
    é uma forte possibilidade.
  • 0:58 - 1:02
    Se encontrássemos vida
    nessas luas e planetas,
  • 1:02 - 1:05
    então poderíamos responder
    a questões tais como:
  • 1:05 - 1:07
    "Estamos sozinhos no sistema solar?"
  • 1:07 - 1:09
    "De onde viemos?"
  • 1:10 - 1:12
    "Temos família na vizinhança?"
  • 1:12 - 1:16
    "Há vida para além
    do nosso sistema solar?"
  • 1:16 - 1:20
    Podemos fazer todas essas perguntas
    porque houve uma revolução
  • 1:20 - 1:25
    no nosso entendimento
    do que é um planeta habitável,
  • 1:25 - 1:28
    e hoje, um planeta habitável é um planeta
  • 1:28 - 1:32
    que tem uma zona onde
    pode existir água em forma estável,
  • 1:32 - 1:37
    mas, para mim, isto é uma
    definição horizontal de habitabilidade,
  • 1:37 - 1:38
    porque envolve a distância a uma estrela.
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    Mas há outra dimensão da habitabilidade,
  • 1:41 - 1:44
    que é a dimensão vertical.
  • 1:44 - 1:46
    Pensem nisto como
  • 1:49 - 1:54
    as condições na subsuperfície dum planeta
    onde estamos muito longe de um sol,
  • 1:54 - 1:57
    mas ainda temos água,
    energia, nutrientes,
  • 1:57 - 2:00
    o que, para alguns, quererá dizer comida,
  • 2:00 - 2:02
    e proteção.
  • 2:02 - 2:03
    Quando olhamos para a Terra,
  • 2:03 - 2:08
    muito longe da luz solar,
    nas profundezas do oceano,
  • 2:08 - 2:10
    há lá vida a florescer
  • 2:10 - 2:14
    que usa apenas química
    nos processos vitais.
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    Portanto, quando se pensa nisto
    a esse ponto, todas as paredes caem.
  • 2:19 - 2:22
    Não há limites, basicamente.
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    Se têm olhado, ultimamente,
    para os cabeçalhos das notícias,
  • 2:24 - 2:27
    repararam que descobrimos
    oceanos à subsuperfície
  • 2:27 - 2:31
    de Europa, de Ganimedes,
    de Encélado, de Titã,
  • 2:31 - 2:34
    e encontrámos um géiser
    e fontes termais em Encélado.
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    O nosso sistema solar está
    a transformar-se num Spa gigante.
  • 2:38 - 2:42
    Quem já esteve num Spa sabe
    quanto os micróbios gostam disso, certo?
  • 2:42 - 2:44
    (Risos)
  • 2:44 - 2:47
    Nesse aspeto, pensem também em Marte.
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    Não há vida possível
    na superfície de Marte hoje,
  • 2:50 - 2:54
    mas pode ainda haver escondida no subsolo.
  • 2:54 - 2:55
    Portanto...
  • 2:56 - 3:00
    Temos feito progressos
    no nosso entendimento de habitabilidade,
  • 3:00 - 3:02
    mas também temos feito progressos
    no nosso entendimento
  • 3:02 - 3:06
    do que são as marcas de vida na Terra.
  • 3:06 - 3:09
    Pode haver o que chamamos
    moléculas orgânicas,
  • 3:09 - 3:11
    e estas são os tijolos da vida.
  • 3:11 - 3:13
    Pode haver fósseis,
  • 3:13 - 3:15
    e pode haver minerais, biominerais,
  • 3:15 - 3:19
    que acontecem devido à reação
    entre as bactérias e as rochas,
  • 3:19 - 3:22
    e é claro que pode haver
    gases na atmosfera.
  • 3:22 - 3:24
    Quando se olha para estas
    pequenas algas verdes
  • 3:24 - 3:26
    aqui no lado direito do diapositivo,
  • 3:26 - 3:29
    elas são as descendentes diretas
    das que bombeavam oxigénio
  • 3:29 - 3:33
    há milhares de milhões de anos
    na atmosfera terrestre.
  • 3:33 - 3:37
    Ao fazer isso, envenenaram 90% da vida
    na superfície da Terra,
  • 3:37 - 3:39
    mas são a razão de estarmos
    hoje a respirar este ar.
  • 3:41 - 3:46
    Mas mesmo aumentando o nosso entendimento
    sobre todas estas coisas,
  • 3:46 - 3:49
    continua a haver apenas uma questão
    à qual não conseguimos responder,
  • 3:49 - 3:51
    e que é "De onde viemos?"
  • 3:51 - 3:53
    E sabem, está a piorar,
  • 3:53 - 3:56
    porque nós não seremos capazes
    de encontrar provas físicas
  • 3:56 - 3:59
    de onde viemos neste planeta.
  • 3:59 - 4:04
    A razão é que tudo o que tem mais de
    quatro mil milhões de anos já desapareceu.
  • 4:04 - 4:06
    Todos os registos desapareceram,
  • 4:06 - 4:10
    apagados pelas placas tectónicas
    e pela erosão.
  • 4:10 - 4:13
    Isto é o que eu chamo
    o horizonte biológico da Terra.
  • 4:13 - 4:17
    Para além deste horizonte
    não sabemos de onde viemos.
  • 4:17 - 4:20
    Então está tudo perdido? Bem, talvez não.
  • 4:20 - 4:24
    Podemos ser capazes de encontrar
    indícios da nossa própria origem
  • 4:24 - 4:26
    no lugar mais improvável,
    e esse lugar é Marte.
  • 4:28 - 4:29
    Como é isto possível?
  • 4:29 - 4:32
    Bem, claramente,
    na formação do sistema solar,
  • 4:32 - 4:37
    Marte e a Terra foram bombardeados
    por asteroides gigantes e cometas,
  • 4:37 - 4:40
    e havia detritos destes impactos
    por todo o lado.
  • 4:40 - 4:44
    A Terra e Marte continuaram a atirar
    pedras um ao outro durante muito tempo.
  • 4:44 - 4:46
    Pedaços de pedra chegaram à Terra.
  • 4:46 - 4:48
    Pedaços da Terra chegaram a Marte.
  • 4:48 - 4:53
    Claramente, estes dois planetas
    nasceram do mesmo material.
  • 4:53 - 4:57
    Sim, talvez o Avozinho esteja lá
    sentado à superfície à nossa espera.
  • 4:59 - 5:04
    Também quer dizer que podemos ir a Marte
  • 5:04 - 5:06
    procurar sinais da nossa própria origem.
  • 5:06 - 5:08
    Marte pode guardar esse segredo para nós.
  • 5:08 - 5:11
    É por isso que Marte
    é tão especial para nós.
  • 5:11 - 5:13
    Mas para isso acontecer,
  • 5:13 - 5:19
    Marte precisaria ter sido habitável
    quando as condições eram as corretas.
  • 5:19 - 5:21
    Então Marte já terá sido habitável?
  • 5:21 - 5:25
    Temos uma série de missões que nos dizem
    hoje exatamente a mesma coisa.
  • 5:25 - 5:28
    Na altura em que surgiu vida na Terra,
  • 5:28 - 5:33
    Marte tinha realmente um oceano,
    tinha vulcões, lagos,
  • 5:33 - 5:36
    e tinha estuários, como na belíssima
    foto que veem aqui.
  • 5:36 - 5:39
    Esta foto foi enviada pelo veículo
    Curiosity há apenas algumas semanas.
  • 5:39 - 5:43
    Mostra vestígios de um estuário,
    e diz-nos algo importante:
  • 5:43 - 5:45
    a água era abundante
  • 5:45 - 5:48
    e permaneceu a jorrar à superfície
    durante muito tempo.
  • 5:48 - 5:49
    Isso é ótimo para a vida.
  • 5:49 - 5:53
    A química da vida demora muito tempo
    a acontecer, finalmente.
  • 5:53 - 5:55
    Por isso, estas notícias são muito boas,
  • 5:55 - 5:58
    mas quer isso dizer que, se formos a
    Marte, será fácil encontramos vida?
  • 5:58 - 6:00
    Não necessariamente.
  • 6:00 - 6:02
    Eis o que aconteceu:
  • 6:02 - 6:05
    Na altura em que a vida
    irrompeu na superfície da Terra,
  • 6:05 - 6:07
    tudo começou a correr mal para Marte,
  • 6:07 - 6:09
    literalmente.
  • 6:09 - 6:12
    A atmosfera foi fustigada
    por ventos solares,
  • 6:12 - 6:16
    Marte perdeu a sua magnetosfera,
  • 6:16 - 6:19
    e depois raios cósmicos e ultravioletas
    bombardearam a superfície
  • 6:19 - 6:23
    fazendo com que a água escapasse para
    o espaço ou escoasse para o subterrâneo.
  • 6:23 - 6:27
    Por isso, se quisermos ser
    capazes de entender,
  • 6:27 - 6:31
    se quisermos ser capazes de
    encontrar marcas da vida
  • 6:31 - 6:34
    na superfície de Marte, se existirem,
  • 6:34 - 6:38
    precisamos de compreender qual foi
    o impacto de cada um destes eventos
  • 6:38 - 6:40
    na preservação dos registos.
  • 6:40 - 6:45
    Só aí seremos capazes de perceber
    onde essas marcas estão escondidas,
  • 6:45 - 6:49
    e só então poderemos enviar
    o nosso veículo espacial aos sítios certos,
  • 6:49 - 6:52
    para apanhar amostras de pedras
    que podem dizer-nos algo
  • 6:52 - 6:55
    muito importante sobre quem nós somos,
  • 6:55 - 6:59
    ou, caso contrário, estar a dizer-nos
    que, algures, de forma independente,
  • 6:59 - 7:02
    a vida surgiu noutro planeta.
  • 7:02 - 7:04
    Fazer isso é fácil.
  • 7:04 - 7:08
    Só precisamos de recuar
    3500 milhões de anos
  • 7:08 - 7:11
    ao passado de um planeta.
  • 7:11 - 7:13
    Só precisamos de uma máquina do tempo.
  • 7:13 - 7:15
    Fácil, não é?
  • 7:15 - 7:17
    Na verdade, até é.
  • 7:17 - 7:19
    Olhem à vossa volta.
    Este é o planeta Terra.
  • 7:19 - 7:21
    Esta é a nossa máquina do tempo.
  • 7:21 - 7:25
    Os geólogos estão a usá-lo para ir
    ao passado do nosso próprio planeta.
  • 7:25 - 7:27
    Eu uso-o de forma um pouco diferente.
  • 7:27 - 7:30
    Eu uso o planeta Terra para ir
    a ambientes muito extremos
  • 7:30 - 7:33
    onde as condições são similares
    às que existiam em Marte
  • 7:33 - 7:35
    na altura em que o seu clima mudou,
  • 7:35 - 7:38
    e lá tento perceber o que aconteceu.
  • 7:38 - 7:40
    Quais são as marcas da vida?
  • 7:40 - 7:43
    O que sobrou? Como encontrá-la?
  • 7:42 - 7:45
    Por um instante, vou levar-vos comigo
  • 7:45 - 7:48
    numa viagem nesta máquina do tempo.
  • 7:48 - 7:53
    Agora, o que veem aqui é que estamos
    a 4500 m de altura, nos Andes,
  • 7:53 - 8:00
    mas passaram menos de mil milhões de anos
    desde que a Terra e Marte se formaram.
  • 8:00 - 8:03
    A Terra e Marte devem
    ter-se parecido muito com isto,
  • 8:03 - 8:07
    vulcões por toda a parte,
    lagos a evaporar por todo o lado,
  • 8:07 - 8:10
    minerais, fontes termais,
  • 8:10 - 8:14
    E depois, veem esses montes
    no bordo dos lagos?
  • 8:14 - 8:17
    Foram construídos pelos descendentes
    dos primeiros organismos
  • 8:17 - 8:20
    que nos proporcionaram
    o primeiro fóssil na Terra.
  • 8:20 - 8:25
    Mas se quisermos compreender o que está
    a acontecer, precisamos de ir mais longe.
  • 8:25 - 8:27
    Mais uma coisa a respeito destes locais,
  • 8:27 - 8:30
    é que, tal como Marte
    há 3500 milhões de anos,
  • 8:30 - 8:34
    o clima está a mudar muito rapidamente,
    a água e o gelo estão a desaparecer.
  • 8:35 - 8:38
    Mas temos que voltar à altura
    em que tudo mudou em Marte,
  • 8:38 - 8:40
    e para fazê-lo, temos que ir mais alto.
  • 8:40 - 8:42
    E porquê?
  • 8:42 - 8:44
    Porque quanto mais alto se vai,
  • 8:44 - 8:47
    mais fina é a atmosfera, mais instável,
  • 8:47 - 8:52
    mais fria é a temperatura,
    e há muito mais radiação UV.
  • 8:52 - 8:53
    Basicamente,
  • 8:53 - 8:57
    aproximamo-nos das condições
    existentes em Marte quando tudo mudou.
  • 9:00 - 9:05
    Eu não prometi uma viagem de lazer
    pela máquina do tempo.
  • 9:06 - 9:08
    Vocês não vão sentar-se
    na máquina do tempo.
  • 9:08 - 9:10
    Vocês terão que arrastar
    450 kg de equipamento
  • 9:10 - 9:14
    até ao cume deste vulcão nos Andes
    com 20 000 pés de altura.
  • 9:15 - 9:17
    Dá cerca de 6000 metros.
  • 9:17 - 9:20
    E também terão que dormir
    em inclinações de 42 graus
  • 9:20 - 9:24
    e rezar muito para que não haja
    um terremoto nessa noite.
  • 9:24 - 9:28
    Mas quando chegarmos ao cume,
    vamos encontrar o lago que procurávamos.
  • 9:29 - 9:33
    A esta altitude, o lago está a sofrer
    as mesmas condições
  • 9:33 - 9:36
    que existiam em Marte
    há 3500 milhões de anos.
  • 9:36 - 9:39
    Agora vamos mudar a nossa viagem
  • 9:39 - 9:42
    para uma viagem ao interior desse lago.
  • 9:42 - 9:46
    Para fazê-lo temos que despir
    o nosso equipamento de montanhismo,
  • 9:46 - 9:50
    vestir fatos de mergulho
    e pôr-nos a caminho.
  • 9:50 - 9:55
    Mas quando entramos no lago,
    no momento exato em que entramos no lago,
  • 9:55 - 9:58
    estamos a recuar 3500 milhões de anos
  • 9:58 - 10:00
    até ao passado de outro planeta,
  • 10:00 - 10:04
    e aí vamos encontrar
    a resposta que procurávamos.
  • 10:05 - 10:08
    A vida está em toda a parte,
    absolutamente toda a parte.
  • 10:08 - 10:11
    Tudo o que veem nesta foto
    são organismos vivos.
  • 10:11 - 10:14
    Talvez o mergulhador não,
    mas tudo o resto.
  • 10:16 - 10:19
    Mas esta foto é muito enganadora.
  • 10:19 - 10:22
    A vida abunda nesses lagos,
  • 10:22 - 10:26
    mas tal como em muitos lugares na Terra
    agora, e por causa da alteração climática,
  • 10:26 - 10:29
    há uma tremenda perda de biodiversidade.
  • 10:29 - 10:32
    Nas amostras que trouxemos para casa,
  • 10:32 - 10:38
    36% das bactérias desses lagos
    pertencem a três espécies,
  • 10:38 - 10:41
    e essas três espécies são
    as que sobreviveram até agora.
  • 10:41 - 10:44
    Aqui está outro lago,
    mesmo ao lado do primeiro.
  • 10:44 - 10:48
    A cor vermelha que veem
    não é causada por minerais.
  • 10:48 - 10:51
    É causada pela presença
    de algas minúsculas.
  • 10:51 - 10:56
    Nesta região a radiação UV
    é particularmente agressiva.
  • 10:56 - 10:59
    Em qualquer lugar da Terra,
    o índice UV 11 é considerado extremo.
  • 10:59 - 11:03
    Durante tempestades de UV ali,
    o índice UV atinge o nível 43.
  • 11:05 - 11:08
    O fator de proteção solar 30
    não vos vai ajudar lá.
  • 11:08 - 11:12
    A água é tão transparente nesses lagos
  • 11:12 - 11:15
    que as algas realmente não têm
    onde se esconder.
  • 11:15 - 11:17
    Por isso elas criaram
    o seu próprio protetor solar,
  • 11:17 - 11:19
    que é esta cor vermelha que veem.
  • 11:19 - 11:21
    Mas há limites para as adaptações.
  • 11:21 - 11:25
    Quando toda a água
    desaparece da superfície
  • 11:25 - 11:27
    resta aos micróbios apenas uma solução.
  • 11:27 - 11:29
    Ir para o subterrâneo.
  • 11:29 - 11:31
    As rochas que vocês veem
    neste diapositivo,
  • 11:31 - 11:35
    têm na verdade micróbios
    a viver lá dentro,
  • 11:35 - 11:38
    que estão a usar a proteção
    da translucência das rochas
  • 11:38 - 11:40
    para receber a parte boa dos UV
  • 11:40 - 11:43
    e desprezar a parte que poderia
    danificar o seu ADN.
  • 11:43 - 11:46
    É por isso que estamos
    a levar o nosso veículo
  • 11:46 - 11:49
    para ensiná-lo a procurar
    vida em Marte nessas áreas
  • 11:49 - 11:53
    porque, se houve vida em Marte
    há 3500 milhões de anos,
  • 11:53 - 11:57
    ela teve que usar a mesma estratégia
    para se proteger a si própria.
  • 11:58 - 12:00
    Bem, mas é bastante óbvio
  • 12:00 - 12:04
    que ir a ambientes extremos
    ajuda-nos muito
  • 12:04 - 12:08
    no que toca à exploração de Marte
    e à preparação de missões.
  • 12:08 - 12:12
    Até agora, ajudou-nos a compreender
    a geologia de Marte.
  • 12:12 - 12:17
    Ajudou-nos a compreender
    o clima de Marte e a sua evolução,
  • 12:17 - 12:19
    mas também o seu
    potencial de habitabilidade.
  • 12:19 - 12:25
    O nosso mais recente veículo em Marte
    descobriu vestígios de material orgânico.
  • 12:25 - 12:28
    Sim, há material orgânico
    na superfície de Marte.
  • 12:28 - 12:32
    E também descobriu vestígios de metano.
  • 12:32 - 12:34
    Ainda não sabemos é se o metano em questão
  • 12:34 - 12:38
    provém de origens
    geológicas ou biológicas.
  • 12:38 - 12:43
    De qualquer forma, o que sabemos
    é que, por causa desta descoberta,
  • 12:43 - 12:46
    a hipótese de que ainda haja vida
    presente em Marte hoje
  • 12:46 - 12:48
    continua a ser viável.
  • 12:48 - 12:54
    Acho que agora vos consegui convencer
    de que Marte é muito especial para nós,
  • 12:54 - 12:57
    mas seria um erro pensar
    que Marte é o único lugar interessante
  • 12:57 - 13:02
    no sistema solar para
    encontrar possível vida microbiana.
  • 13:03 - 13:06
    A razão é que Marte e a Terra
  • 13:06 - 13:09
    podem ter uma raiz comum
    na sua árvore da vida,
  • 13:09 - 13:13
    mas quando vamos para além de Marte,
    não será tão fácil.
  • 13:13 - 13:16
    As mecânicas celestiais não facilitam
  • 13:16 - 13:18
    as trocas de materiais entre planetas.
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    Por isso, se descobríssemos
    vida nesses planetas,
  • 13:22 - 13:24
    seria diferente da nossa.
  • 13:24 - 13:26
    Seria um tipo de vida diferente.
  • 13:26 - 13:29
    Mas, ao fim e ao cabo,
    podemos existir só nós,
  • 13:29 - 13:32
    ou nós e Marte,
  • 13:32 - 13:35
    ou podem existir muitas
    árvores da vida no sistema solar.
  • 13:35 - 13:38
    Eu ainda não sei a resposta,
    mas posso dizer-vos uma coisa:
  • 13:38 - 13:43
    Qualquer que seja o resultado,
    qualquer que seja o número mágico,
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    ele vai-nos dar um padrão
  • 13:45 - 13:47
    a partir do qual seremos capazes de medir
  • 13:47 - 13:52
    o potencial, a abundância e a diversidade
    da vida para além do nosso sistema solar.
  • 13:52 - 13:55
    Isto pode ser alcançado
    pela nossa geração.
  • 13:55 - 13:59
    Este pode ser o nosso legado,
    mas apenas se ousarmos explorar.
  • 14:00 - 14:02
    Agora, por fim,
  • 14:02 - 14:06
    se alguém vos disser que procurar
    micróbios alienígenas não é fixe
  • 14:06 - 14:09
    porque não podem ter
    uma conversa filosófica com eles,
  • 14:09 - 14:16
    deixem-me mostrar-vos porquê e como
    podem dizer-lhes que estão errados.
  • 14:16 - 14:19
    Bem, o material orgânico vai falar-vos
  • 14:19 - 14:24
    sobre o ambiente,
    a complexidade e a diversidade.
  • 14:25 - 14:28
    O ADN, ou qualquer meio que contenha
    informação genética,
  • 14:28 - 14:32
    falar-nos-á sobre adaptação,
    sobre evolução,
  • 14:32 - 14:36
    sobre sobrevivência,
    sobre mudanças planetárias
  • 14:36 - 14:39
    e sobre transmissão de informações.
  • 14:39 - 14:42
    Todos juntos, explicam-nos
  • 14:42 - 14:45
    o que se iniciou como uma via microbiana,
  • 14:45 - 14:48
    e porque é que o que se iniciou
    como uma via microbiana
  • 14:48 - 14:52
    às vezes acaba como uma civilização,
  • 14:52 - 14:56
    ou às vezes como um beco sem saída.
  • 14:56 - 14:59
    Vejam o sistema solar e vejam a Terra.
  • 14:59 - 15:02
    Na Terra há muitas espécies inteligentes,
  • 15:02 - 15:05
    mas apenas uma alcançou a tecnologia.
  • 15:05 - 15:08
    Aqui mesmo, na viagem
    pelo nosso sistema solar,
  • 15:08 - 15:12
    há uma mensagem muito, muito poderosa,
  • 15:12 - 15:16
    que diz como devemos procurar
    vida alienígena, pequena e grande.
  • 15:16 - 15:20
    Pois é, os micróbios estão a falar,
    e nós a ouvir.
  • 15:20 - 15:22
    Eles levam-nos
  • 15:22 - 15:24
    a um planeta de cada vez,
    a uma lua de cada vez,
  • 15:24 - 15:27
    em direção aos seus irmãos
    mais velhos lá fora.
  • 15:27 - 15:30
    Falam-nos sobre a diversidade,
  • 15:30 - 15:32
    falam-nos sobre a abundância da vida,
  • 15:32 - 15:36
    e dizem-nos como esta vida
    sobreviveu até aqui
  • 15:36 - 15:39
    para alcançar a civilização,
  • 15:39 - 15:44
    a inteligência, a tecnologia,
    e de facto, a filosofia.
  • 15:44 - 15:46
    Obrigada.
  • 15:46 - 15:49
    (Aplausos)
Title:
Como Marte pode guardar o segredo da origem da vida
Speaker:
Nathalie Cabrol
Description:

Embora gostemos de imaginar homenzinhos verdes, é muito mais provável que a vida noutros planetas seja microbiana. A cientista planetária Nathalie Cabrol leva-nos numa procura de micróbios em Marte, uma caçada contraintuitiva que nos conduz aos lagos remotos das montanhas dos Andes. Este ambiente extremo — com atmosfera fina e terra arrasada — aproxima-se do da superfície de Marte há cerca de 3500 milhões de anos. A forma como os micróbios se adaptam para sobreviver neste local pode bem mostrar-nos onde devemos procurar em Marte — e poderá ajudar-nos a compreender porque é que algumas vias microbianas levam à civilização enquanto outras são um beco sem saída.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:02

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