Como Marte pode guardar o segredo da origem da vida
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0:01 - 0:02Bem, sabem, às vezes
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0:02 - 0:06as coisas mais importantes vêm
nas embalagens mais pequenas. -
0:06 - 0:09Vou tentar convencer-vos,
nos 15 minutos que tenho, -
0:09 - 0:13de que os micróbios têm muito a dizer
em questões tais como -
0:14 - 0:15"Estamos sozinhos?"
-
0:15 - 0:20e que eles podem dizer-nos mais
não só sobre a vida no nosso sistema solar -
0:20 - 0:22mas também talvez para além disso.
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0:22 - 0:27É por isso que os procuro
nos sítios mais impossíveis da Terra, -
0:27 - 0:29em ambientes extremos,
-
0:29 - 0:33onde as condições os levam
ao limite da sobrevivência. -
0:33 - 0:36A mim também, na verdade,
quando os tento seguir demasiado de perto. -
0:36 - 0:38Mas aqui está:
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0:38 - 0:43Nós somos a única civilização
avançada no sistema solar, -
0:43 - 0:47mas isso não significa que não haja
vida microbiana perto de nós. -
0:47 - 0:51De facto, os planetas e luas que veem aqui
-
0:51 - 0:55podem albergar vida — todos eles —
e nós sabemos disso, -
0:55 - 0:58é uma forte possibilidade.
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0:58 - 1:02Se encontrássemos vida
nessas luas e planetas, -
1:02 - 1:05então poderíamos responder
a questões tais como: -
1:05 - 1:07"Estamos sozinhos no sistema solar?"
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1:07 - 1:09"De onde viemos?"
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1:10 - 1:12"Temos família na vizinhança?"
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1:12 - 1:16"Há vida para além
do nosso sistema solar?" -
1:16 - 1:20Podemos fazer todas essas perguntas
porque houve uma revolução -
1:20 - 1:25no nosso entendimento
do que é um planeta habitável, -
1:25 - 1:28e hoje, um planeta habitável é um planeta
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1:28 - 1:32que tem uma zona onde
pode existir água em forma estável, -
1:32 - 1:37mas, para mim, isto é uma
definição horizontal de habitabilidade, -
1:37 - 1:38porque envolve a distância a uma estrela.
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1:38 - 1:41Mas há outra dimensão da habitabilidade,
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1:41 - 1:44que é a dimensão vertical.
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1:44 - 1:46Pensem nisto como
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1:49 - 1:54as condições na subsuperfície dum planeta
onde estamos muito longe de um sol, -
1:54 - 1:57mas ainda temos água,
energia, nutrientes, -
1:57 - 2:00o que, para alguns, quererá dizer comida,
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2:00 - 2:02e proteção.
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2:02 - 2:03Quando olhamos para a Terra,
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2:03 - 2:08muito longe da luz solar,
nas profundezas do oceano, -
2:08 - 2:10há lá vida a florescer
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2:10 - 2:14que usa apenas química
nos processos vitais. -
2:14 - 2:19Portanto, quando se pensa nisto
a esse ponto, todas as paredes caem. -
2:19 - 2:22Não há limites, basicamente.
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2:22 - 2:24Se têm olhado, ultimamente,
para os cabeçalhos das notícias, -
2:24 - 2:27repararam que descobrimos
oceanos à subsuperfície -
2:27 - 2:31de Europa, de Ganimedes,
de Encélado, de Titã, -
2:31 - 2:34e encontrámos um géiser
e fontes termais em Encélado. -
2:34 - 2:37O nosso sistema solar está
a transformar-se num Spa gigante. -
2:38 - 2:42Quem já esteve num Spa sabe
quanto os micróbios gostam disso, certo? -
2:42 - 2:44(Risos)
-
2:44 - 2:47Nesse aspeto, pensem também em Marte.
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2:47 - 2:50Não há vida possível
na superfície de Marte hoje, -
2:50 - 2:54mas pode ainda haver escondida no subsolo.
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2:54 - 2:55Portanto...
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2:56 - 3:00Temos feito progressos
no nosso entendimento de habitabilidade, -
3:00 - 3:02mas também temos feito progressos
no nosso entendimento -
3:02 - 3:06do que são as marcas de vida na Terra.
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3:06 - 3:09Pode haver o que chamamos
moléculas orgânicas, -
3:09 - 3:11e estas são os tijolos da vida.
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3:11 - 3:13Pode haver fósseis,
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3:13 - 3:15e pode haver minerais, biominerais,
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3:15 - 3:19que acontecem devido à reação
entre as bactérias e as rochas, -
3:19 - 3:22e é claro que pode haver
gases na atmosfera. -
3:22 - 3:24Quando se olha para estas
pequenas algas verdes -
3:24 - 3:26aqui no lado direito do diapositivo,
-
3:26 - 3:29elas são as descendentes diretas
das que bombeavam oxigénio -
3:29 - 3:33há milhares de milhões de anos
na atmosfera terrestre. -
3:33 - 3:37Ao fazer isso, envenenaram 90% da vida
na superfície da Terra, -
3:37 - 3:39mas são a razão de estarmos
hoje a respirar este ar. -
3:41 - 3:46Mas mesmo aumentando o nosso entendimento
sobre todas estas coisas, -
3:46 - 3:49continua a haver apenas uma questão
à qual não conseguimos responder, -
3:49 - 3:51e que é "De onde viemos?"
-
3:51 - 3:53E sabem, está a piorar,
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3:53 - 3:56porque nós não seremos capazes
de encontrar provas físicas -
3:56 - 3:59de onde viemos neste planeta.
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3:59 - 4:04A razão é que tudo o que tem mais de
quatro mil milhões de anos já desapareceu. -
4:04 - 4:06Todos os registos desapareceram,
-
4:06 - 4:10apagados pelas placas tectónicas
e pela erosão. -
4:10 - 4:13Isto é o que eu chamo
o horizonte biológico da Terra. -
4:13 - 4:17Para além deste horizonte
não sabemos de onde viemos. -
4:17 - 4:20Então está tudo perdido? Bem, talvez não.
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4:20 - 4:24Podemos ser capazes de encontrar
indícios da nossa própria origem -
4:24 - 4:26no lugar mais improvável,
e esse lugar é Marte. -
4:28 - 4:29Como é isto possível?
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4:29 - 4:32Bem, claramente,
na formação do sistema solar, -
4:32 - 4:37Marte e a Terra foram bombardeados
por asteroides gigantes e cometas, -
4:37 - 4:40e havia detritos destes impactos
por todo o lado. -
4:40 - 4:44A Terra e Marte continuaram a atirar
pedras um ao outro durante muito tempo. -
4:44 - 4:46Pedaços de pedra chegaram à Terra.
-
4:46 - 4:48Pedaços da Terra chegaram a Marte.
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4:48 - 4:53Claramente, estes dois planetas
nasceram do mesmo material. -
4:53 - 4:57Sim, talvez o Avozinho esteja lá
sentado à superfície à nossa espera. -
4:59 - 5:04Também quer dizer que podemos ir a Marte
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5:04 - 5:06procurar sinais da nossa própria origem.
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5:06 - 5:08Marte pode guardar esse segredo para nós.
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5:08 - 5:11É por isso que Marte
é tão especial para nós. -
5:11 - 5:13Mas para isso acontecer,
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5:13 - 5:19Marte precisaria ter sido habitável
quando as condições eram as corretas. -
5:19 - 5:21Então Marte já terá sido habitável?
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5:21 - 5:25Temos uma série de missões que nos dizem
hoje exatamente a mesma coisa. -
5:25 - 5:28Na altura em que surgiu vida na Terra,
-
5:28 - 5:33Marte tinha realmente um oceano,
tinha vulcões, lagos, -
5:33 - 5:36e tinha estuários, como na belíssima
foto que veem aqui. -
5:36 - 5:39Esta foto foi enviada pelo veículo
Curiosity há apenas algumas semanas. -
5:39 - 5:43Mostra vestígios de um estuário,
e diz-nos algo importante: -
5:43 - 5:45a água era abundante
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5:45 - 5:48e permaneceu a jorrar à superfície
durante muito tempo. -
5:48 - 5:49Isso é ótimo para a vida.
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5:49 - 5:53A química da vida demora muito tempo
a acontecer, finalmente. -
5:53 - 5:55Por isso, estas notícias são muito boas,
-
5:55 - 5:58mas quer isso dizer que, se formos a
Marte, será fácil encontramos vida? -
5:58 - 6:00Não necessariamente.
-
6:00 - 6:02Eis o que aconteceu:
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6:02 - 6:05Na altura em que a vida
irrompeu na superfície da Terra, -
6:05 - 6:07tudo começou a correr mal para Marte,
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6:07 - 6:09literalmente.
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6:09 - 6:12A atmosfera foi fustigada
por ventos solares, -
6:12 - 6:16Marte perdeu a sua magnetosfera,
-
6:16 - 6:19e depois raios cósmicos e ultravioletas
bombardearam a superfície -
6:19 - 6:23fazendo com que a água escapasse para
o espaço ou escoasse para o subterrâneo. -
6:23 - 6:27Por isso, se quisermos ser
capazes de entender, -
6:27 - 6:31se quisermos ser capazes de
encontrar marcas da vida -
6:31 - 6:34na superfície de Marte, se existirem,
-
6:34 - 6:38precisamos de compreender qual foi
o impacto de cada um destes eventos -
6:38 - 6:40na preservação dos registos.
-
6:40 - 6:45Só aí seremos capazes de perceber
onde essas marcas estão escondidas, -
6:45 - 6:49e só então poderemos enviar
o nosso veículo espacial aos sítios certos, -
6:49 - 6:52para apanhar amostras de pedras
que podem dizer-nos algo -
6:52 - 6:55muito importante sobre quem nós somos,
-
6:55 - 6:59ou, caso contrário, estar a dizer-nos
que, algures, de forma independente, -
6:59 - 7:02a vida surgiu noutro planeta.
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7:02 - 7:04Fazer isso é fácil.
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7:04 - 7:08Só precisamos de recuar
3500 milhões de anos -
7:08 - 7:11ao passado de um planeta.
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7:11 - 7:13Só precisamos de uma máquina do tempo.
-
7:13 - 7:15Fácil, não é?
-
7:15 - 7:17Na verdade, até é.
-
7:17 - 7:19Olhem à vossa volta.
Este é o planeta Terra. -
7:19 - 7:21Esta é a nossa máquina do tempo.
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7:21 - 7:25Os geólogos estão a usá-lo para ir
ao passado do nosso próprio planeta. -
7:25 - 7:27Eu uso-o de forma um pouco diferente.
-
7:27 - 7:30Eu uso o planeta Terra para ir
a ambientes muito extremos -
7:30 - 7:33onde as condições são similares
às que existiam em Marte -
7:33 - 7:35na altura em que o seu clima mudou,
-
7:35 - 7:38e lá tento perceber o que aconteceu.
-
7:38 - 7:40Quais são as marcas da vida?
-
7:40 - 7:43O que sobrou? Como encontrá-la?
-
7:42 - 7:45Por um instante, vou levar-vos comigo
-
7:45 - 7:48numa viagem nesta máquina do tempo.
-
7:48 - 7:53Agora, o que veem aqui é que estamos
a 4500 m de altura, nos Andes, -
7:53 - 8:00mas passaram menos de mil milhões de anos
desde que a Terra e Marte se formaram. -
8:00 - 8:03A Terra e Marte devem
ter-se parecido muito com isto, -
8:03 - 8:07vulcões por toda a parte,
lagos a evaporar por todo o lado, -
8:07 - 8:10minerais, fontes termais,
-
8:10 - 8:14E depois, veem esses montes
no bordo dos lagos? -
8:14 - 8:17Foram construídos pelos descendentes
dos primeiros organismos -
8:17 - 8:20que nos proporcionaram
o primeiro fóssil na Terra. -
8:20 - 8:25Mas se quisermos compreender o que está
a acontecer, precisamos de ir mais longe. -
8:25 - 8:27Mais uma coisa a respeito destes locais,
-
8:27 - 8:30é que, tal como Marte
há 3500 milhões de anos, -
8:30 - 8:34o clima está a mudar muito rapidamente,
a água e o gelo estão a desaparecer. -
8:35 - 8:38Mas temos que voltar à altura
em que tudo mudou em Marte, -
8:38 - 8:40e para fazê-lo, temos que ir mais alto.
-
8:40 - 8:42E porquê?
-
8:42 - 8:44Porque quanto mais alto se vai,
-
8:44 - 8:47mais fina é a atmosfera, mais instável,
-
8:47 - 8:52mais fria é a temperatura,
e há muito mais radiação UV. -
8:52 - 8:53Basicamente,
-
8:53 - 8:57aproximamo-nos das condições
existentes em Marte quando tudo mudou. -
9:00 - 9:05Eu não prometi uma viagem de lazer
pela máquina do tempo. -
9:06 - 9:08Vocês não vão sentar-se
na máquina do tempo. -
9:08 - 9:10Vocês terão que arrastar
450 kg de equipamento -
9:10 - 9:14até ao cume deste vulcão nos Andes
com 20 000 pés de altura. -
9:15 - 9:17Dá cerca de 6000 metros.
-
9:17 - 9:20E também terão que dormir
em inclinações de 42 graus -
9:20 - 9:24e rezar muito para que não haja
um terremoto nessa noite. -
9:24 - 9:28Mas quando chegarmos ao cume,
vamos encontrar o lago que procurávamos. -
9:29 - 9:33A esta altitude, o lago está a sofrer
as mesmas condições -
9:33 - 9:36que existiam em Marte
há 3500 milhões de anos. -
9:36 - 9:39Agora vamos mudar a nossa viagem
-
9:39 - 9:42para uma viagem ao interior desse lago.
-
9:42 - 9:46Para fazê-lo temos que despir
o nosso equipamento de montanhismo, -
9:46 - 9:50vestir fatos de mergulho
e pôr-nos a caminho. -
9:50 - 9:55Mas quando entramos no lago,
no momento exato em que entramos no lago, -
9:55 - 9:58estamos a recuar 3500 milhões de anos
-
9:58 - 10:00até ao passado de outro planeta,
-
10:00 - 10:04e aí vamos encontrar
a resposta que procurávamos. -
10:05 - 10:08A vida está em toda a parte,
absolutamente toda a parte. -
10:08 - 10:11Tudo o que veem nesta foto
são organismos vivos. -
10:11 - 10:14Talvez o mergulhador não,
mas tudo o resto. -
10:16 - 10:19Mas esta foto é muito enganadora.
-
10:19 - 10:22A vida abunda nesses lagos,
-
10:22 - 10:26mas tal como em muitos lugares na Terra
agora, e por causa da alteração climática, -
10:26 - 10:29há uma tremenda perda de biodiversidade.
-
10:29 - 10:32Nas amostras que trouxemos para casa,
-
10:32 - 10:3836% das bactérias desses lagos
pertencem a três espécies, -
10:38 - 10:41e essas três espécies são
as que sobreviveram até agora. -
10:41 - 10:44Aqui está outro lago,
mesmo ao lado do primeiro. -
10:44 - 10:48A cor vermelha que veem
não é causada por minerais. -
10:48 - 10:51É causada pela presença
de algas minúsculas. -
10:51 - 10:56Nesta região a radiação UV
é particularmente agressiva. -
10:56 - 10:59Em qualquer lugar da Terra,
o índice UV 11 é considerado extremo. -
10:59 - 11:03Durante tempestades de UV ali,
o índice UV atinge o nível 43. -
11:05 - 11:08O fator de proteção solar 30
não vos vai ajudar lá. -
11:08 - 11:12A água é tão transparente nesses lagos
-
11:12 - 11:15que as algas realmente não têm
onde se esconder. -
11:15 - 11:17Por isso elas criaram
o seu próprio protetor solar, -
11:17 - 11:19que é esta cor vermelha que veem.
-
11:19 - 11:21Mas há limites para as adaptações.
-
11:21 - 11:25Quando toda a água
desaparece da superfície -
11:25 - 11:27resta aos micróbios apenas uma solução.
-
11:27 - 11:29Ir para o subterrâneo.
-
11:29 - 11:31As rochas que vocês veem
neste diapositivo, -
11:31 - 11:35têm na verdade micróbios
a viver lá dentro, -
11:35 - 11:38que estão a usar a proteção
da translucência das rochas -
11:38 - 11:40para receber a parte boa dos UV
-
11:40 - 11:43e desprezar a parte que poderia
danificar o seu ADN. -
11:43 - 11:46É por isso que estamos
a levar o nosso veículo -
11:46 - 11:49para ensiná-lo a procurar
vida em Marte nessas áreas -
11:49 - 11:53porque, se houve vida em Marte
há 3500 milhões de anos, -
11:53 - 11:57ela teve que usar a mesma estratégia
para se proteger a si própria. -
11:58 - 12:00Bem, mas é bastante óbvio
-
12:00 - 12:04que ir a ambientes extremos
ajuda-nos muito -
12:04 - 12:08no que toca à exploração de Marte
e à preparação de missões. -
12:08 - 12:12Até agora, ajudou-nos a compreender
a geologia de Marte. -
12:12 - 12:17Ajudou-nos a compreender
o clima de Marte e a sua evolução, -
12:17 - 12:19mas também o seu
potencial de habitabilidade. -
12:19 - 12:25O nosso mais recente veículo em Marte
descobriu vestígios de material orgânico. -
12:25 - 12:28Sim, há material orgânico
na superfície de Marte. -
12:28 - 12:32E também descobriu vestígios de metano.
-
12:32 - 12:34Ainda não sabemos é se o metano em questão
-
12:34 - 12:38provém de origens
geológicas ou biológicas. -
12:38 - 12:43De qualquer forma, o que sabemos
é que, por causa desta descoberta, -
12:43 - 12:46a hipótese de que ainda haja vida
presente em Marte hoje -
12:46 - 12:48continua a ser viável.
-
12:48 - 12:54Acho que agora vos consegui convencer
de que Marte é muito especial para nós, -
12:54 - 12:57mas seria um erro pensar
que Marte é o único lugar interessante -
12:57 - 13:02no sistema solar para
encontrar possível vida microbiana. -
13:03 - 13:06A razão é que Marte e a Terra
-
13:06 - 13:09podem ter uma raiz comum
na sua árvore da vida, -
13:09 - 13:13mas quando vamos para além de Marte,
não será tão fácil. -
13:13 - 13:16As mecânicas celestiais não facilitam
-
13:16 - 13:18as trocas de materiais entre planetas.
-
13:18 - 13:22Por isso, se descobríssemos
vida nesses planetas, -
13:22 - 13:24seria diferente da nossa.
-
13:24 - 13:26Seria um tipo de vida diferente.
-
13:26 - 13:29Mas, ao fim e ao cabo,
podemos existir só nós, -
13:29 - 13:32ou nós e Marte,
-
13:32 - 13:35ou podem existir muitas
árvores da vida no sistema solar. -
13:35 - 13:38Eu ainda não sei a resposta,
mas posso dizer-vos uma coisa: -
13:38 - 13:43Qualquer que seja o resultado,
qualquer que seja o número mágico, -
13:43 - 13:45ele vai-nos dar um padrão
-
13:45 - 13:47a partir do qual seremos capazes de medir
-
13:47 - 13:52o potencial, a abundância e a diversidade
da vida para além do nosso sistema solar. -
13:52 - 13:55Isto pode ser alcançado
pela nossa geração. -
13:55 - 13:59Este pode ser o nosso legado,
mas apenas se ousarmos explorar. -
14:00 - 14:02Agora, por fim,
-
14:02 - 14:06se alguém vos disser que procurar
micróbios alienígenas não é fixe -
14:06 - 14:09porque não podem ter
uma conversa filosófica com eles, -
14:09 - 14:16deixem-me mostrar-vos porquê e como
podem dizer-lhes que estão errados. -
14:16 - 14:19Bem, o material orgânico vai falar-vos
-
14:19 - 14:24sobre o ambiente,
a complexidade e a diversidade. -
14:25 - 14:28O ADN, ou qualquer meio que contenha
informação genética, -
14:28 - 14:32falar-nos-á sobre adaptação,
sobre evolução, -
14:32 - 14:36sobre sobrevivência,
sobre mudanças planetárias -
14:36 - 14:39e sobre transmissão de informações.
-
14:39 - 14:42Todos juntos, explicam-nos
-
14:42 - 14:45o que se iniciou como uma via microbiana,
-
14:45 - 14:48e porque é que o que se iniciou
como uma via microbiana -
14:48 - 14:52às vezes acaba como uma civilização,
-
14:52 - 14:56ou às vezes como um beco sem saída.
-
14:56 - 14:59Vejam o sistema solar e vejam a Terra.
-
14:59 - 15:02Na Terra há muitas espécies inteligentes,
-
15:02 - 15:05mas apenas uma alcançou a tecnologia.
-
15:05 - 15:08Aqui mesmo, na viagem
pelo nosso sistema solar, -
15:08 - 15:12há uma mensagem muito, muito poderosa,
-
15:12 - 15:16que diz como devemos procurar
vida alienígena, pequena e grande. -
15:16 - 15:20Pois é, os micróbios estão a falar,
e nós a ouvir. -
15:20 - 15:22Eles levam-nos
-
15:22 - 15:24a um planeta de cada vez,
a uma lua de cada vez, -
15:24 - 15:27em direção aos seus irmãos
mais velhos lá fora. -
15:27 - 15:30Falam-nos sobre a diversidade,
-
15:30 - 15:32falam-nos sobre a abundância da vida,
-
15:32 - 15:36e dizem-nos como esta vida
sobreviveu até aqui -
15:36 - 15:39para alcançar a civilização,
-
15:39 - 15:44a inteligência, a tecnologia,
e de facto, a filosofia. -
15:44 - 15:46Obrigada.
-
15:46 - 15:49(Aplausos)
- Title:
- Como Marte pode guardar o segredo da origem da vida
- Speaker:
- Nathalie Cabrol
- Description:
-
Embora gostemos de imaginar homenzinhos verdes, é muito mais provável que a vida noutros planetas seja microbiana. A cientista planetária Nathalie Cabrol leva-nos numa procura de micróbios em Marte, uma caçada contraintuitiva que nos conduz aos lagos remotos das montanhas dos Andes. Este ambiente extremo — com atmosfera fina e terra arrasada — aproxima-se do da superfície de Marte há cerca de 3500 milhões de anos. A forma como os micróbios se adaptam para sobreviver neste local pode bem mostrar-nos onde devemos procurar em Marte — e poderá ajudar-nos a compreender porque é que algumas vias microbianas levam à civilização enquanto outras são um beco sem saída.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:02
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for How Mars might hold the secret to the origin of life | ||
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