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Minha filha, minha heroína | Sam W. Johnson | TEDxSanQuentin

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    Em seguida nós temos um bom amigo meu.
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    Ele passou por muita coisa.
    Fez uma busca profunda.
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    Ele trabalhou para achar sua própria cura,
  • 0:15 - 0:17
    e usa sua história para nos ajudar
    aqui a achar a nossa.
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    Senhoras e senhores,
    meu bom amigo, Sr. Sam Johnson.
  • 0:22 - 0:24
    (Aplausos)
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    Minha história é sobre
    minha filha, minha heroína.
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    Eu nasci e cresci em Charleston,
    na Carolina do Sul.
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    Não foi fácil crescer no Sul.
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    Ser chamado de "preto",
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    ver meu pai machucar minha mãe,
  • 0:46 - 0:48
    e ser espancado com um cabo de extensão.
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    Comecei a me entorpecer com ódio e raiva.
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    Me lembro que a pior surra que já levei
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    foi por não ter defendido
    meu irmão pequeno na escola.
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    Eu estava deitado no meu quarto.
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    Meu pai correu em minha direção,
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    me agarrou,
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    e começou a me bater por todo o corpo
    com um cabo de extensão.
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    Ele gritava: "Nunca deixe ninguém machucar
    seu irmão ou sua família".
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    Ele continuava a me bater sem parar.
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    Eu disse: "Me desculpa.
    Nunca mais vai acontecer".
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    Mas ele não parava. Continuava
    me chicoteando com o cabo de extensão.
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    Então eu disse a meu pai:
    "Vá em frente e me mate".
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    Foi quando minha mãe entrou,
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    agarrou o cabo de extensão,
    e não soltou mais.
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    Eu disse para mim mesmo que jamais
    seria espancado daquele jeito de novo.
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    Eu tinha vergões por todo o meu corpo:
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    alguns na forma de S,
    outros em forma de O.
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    Havia carrancas e sorrisos.
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    Comecei a procurar ajuda, ficar zangado,
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    me tornei amargo.
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    Odiava o mundo; odiava todos.
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    Amava minha família, mas havia um conflito
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    porque meu pai era
    o monstro e meu inimigo.
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    Eu me lembro de voltar para casa
    do trabalho quando eu tinha 18 anos,
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    e meu pai segurava uma faca
    na garganta da minha mãe.
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    Havia muito sangue nas mãos dela,
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    pois ela segurava a lâmina para impedir
    que ele cortasse a sua garganta.
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    Eu olhei para meu pai e disse:
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    "Está sempre agredindo minha mãe.
    Venha brigar comigo".
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    Eu me lembro dele gritando para minha mãe,
  • 2:31 - 2:35
    e dizendo a ela para largar a faca
    porque ele iria me matar.
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    Eu olhei para minha mãe
    e disse: "Larga a faca, mãe".
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    Ela disse: "Menino, se eu soltar
    a faca seu pai vai me matar".
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    Eu sabia que tinha chamado a atenção dele
    porque ele estava com muita raiva,
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    e estava determinado a tirar
    a faca da mão da minha mãe.
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    Então, apenas a olhei nos olhos,
    e sabia que Deus estava comigo,
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    e disse: "Mãe, por favor. Solta a faca".
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    Ela soltou.
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    Meu pai veio com a faca
    para cortar minha garganta.
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    Eu saí do caminho. Ela tinha
    um pequeno estojo ao lado dela.
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    Eu agarrei o estojo e bati na cabeça dele.
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    Ao longo dos anos
    eu machuquei muitas pessoas.
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    E causei muitos danos.
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    Eu disse para minha filha que contaria
    para ela quando ela fizesse seis anos.
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    Ela veio me visitar um dia, no fim
    de semana do seu aniversário,
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    e disse: "Pai, estou com seis anos".
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    Eu disse: "Eu sei que você tem seis anos".
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    Ela disse: "Não pai, tenho seis anos".
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    Eu disse: "Eu sei que você tem seis.
    Te mandei um cartão e dinheiro".
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    Ela disse: "Não, pai. Tem que me dizer
    porque está na prisão".
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    Eu senti meu coração pular para fora
    do peito ao olhar para ela e sua mãe.
  • 3:51 - 3:55
    Então, me sentei e disse à minha filha
    exatamente porque estava na prisão.
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    Minha filha de seis anos
    me agarrou, me abraçou,
  • 3:59 - 4:02
    e me disse o quanto ela me amava.
  • 4:03 - 4:06
    Pareceu que algo estalou dentro de mim.
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    Parecia que meu coração havia se aberto,
    e pela primeira vez na minha vida,
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    eu pude ver o dano que havia causado
    à minha família e à minha filha.
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    Eu fui egoísta pensando que, porque
    elas estavam do lado de fora, estavam bem,
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    e eu era aquele que estava
    sofrendo porque estava na prisão.
  • 4:28 - 4:32
    Naquele momento, disse para minha esposa
    que eu precisava sair da prisão.
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    Foi quando comecei a procurar
    os programas aqui em San Quentin.
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    Entrei em programas como o VOEG, Grupo
    de Educação de Infratores de Vítimas.
  • 4:40 - 4:44
    Entrei na Aliança para a Mudança,
    um curso de justiça social.
  • 4:44 - 4:48
    Entrei no Controle de Raiva
  • 4:48 - 4:52
    que ensina como identificar meus gatilhos.
  • 4:52 - 4:56
    E entrei no "Ame a realidade"
    da Byron Katie,
  • 4:56 - 4:59
    porque resistia em perceber
    onde eu deveria estar.
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    Estava aqui. Estava lutando
    contra esse processo.
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    Meu estilo de vida me levou a uma estrada
    que me trouxe para a prisão.
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    Foi difícil; comecei
    a trabalhar em várias coisas.
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    Entrei no MAC, Conselho Consultivo
    para Homens, aprendi a falar com pessoas;
  • 5:18 - 5:21
    a me reunir com o diretor
    e sua administração.
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    Com minha família, amor,
    e apoio incondicional, eu cresci.
  • 5:28 - 5:33
    Eu me tornei o homem que está
    aqui diante de vocês, um homem mudado.
  • 5:33 - 5:36
    Um homem com amor e compaixão.
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    Minhas visitas se tornaram
    um pouco mais animadas.
  • 5:39 - 5:43
    Gostaria de compartilhar algo
    com vocês para encerrar.
  • 5:43 - 5:48
    Semanas depois da minha transformação,
    minha filha apareceu.
  • 5:48 - 5:50
    Quatro anos de idade, De’rihya.
  • 5:50 - 5:54
    Eu costumava caminhar, com a De'rihya
    no meu ombro, na sala de visitas.
  • 5:54 - 5:56
    Caminhando.
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    Esse é um dos momentos
    mais felizes da minha vida,
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    que realmente me fez saber
    que a minha família me amava.
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    Caminhando pela sala de visitas,
  • 6:03 - 6:06
    senti algo molhado
    no topo da minha cabeça.
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    Eu disse: "O que você está fazendo?"
  • 6:10 - 6:12
    Ela disse: "Nada".
  • 6:12 - 6:13
    (Risos)
  • 6:13 - 6:15
    Continuei andando pela sala
    de visitas, caminhando.
  • 6:15 - 6:17
    Senti de novo.
  • 6:17 - 6:21
    E percebi que minha filha estava
    lambendo a minha cabeça.
  • 6:21 - 6:22
    (Risos)
  • 6:27 - 6:31
    Eu disse a ela: "É melhor
    você parar. Isso é feio".
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    (Risos)
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    Palavras erradas.
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    Ela me lambeu mais uma vez, e me mordeu.
  • 6:39 - 6:41
    (Risos)
  • 6:41 - 6:43
    Eu gritei: "Ai!"
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    E ela ficou rindo.
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    E notei que todos na sala de visitas
    estavam rindo também.
  • 6:50 - 6:52
    Estavam observando o tempo todo
  • 6:52 - 6:54
    minha filha fazer o que estava fazendo.
  • 6:54 - 6:57
    E perguntei: "Por que você me mordeu?"
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    Ela disse: "Pai, a sua cabeça
    parece um caramelo".
  • 7:01 - 7:02
    (Risos)
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    E é por isso que ela me mordeu.
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    (Risos)
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    O amor da minha família,
    a esperança e orações
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    me transformaram na pessoa
    que está na frente de vocês.
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    E com isso quero agradecer-lhes muito.
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    Namastê e que Deus esteja
    com todos vocês.
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    (Aplausos)
Title:
Minha filha, minha heroína | Sam W. Johnson | TEDxSanQuentin
Description:

Depois de fazer seis anos, uma menina visita o seu pai na prisão e muda a sua vida.

Depois de ficar preso por 22 anos, Sam W. Johnson foi solto de San Quentin na sexta-feira, 24 de fevereiro, 2017. Nos últimos seis anos, Sam tem sido o presidente executivo do Conselho Consultivo de Homens em San Quentin, encontrando-se com o diretor e a administração para representar os interesses da população carcerária. Ele é também facilitador do Grupo de Educação de Infratores de Vítimas do Projeto Prisão do Discernimento, um programa de justiça restaurativa. Ele é colíder do Departamento de Mentores da Aliança para Mudança e também cofacilitador do curso de gerenciamento de raiva. Através do Projeto Universidade da Prisão, ele recebeu um grau acadêmico da Universidade de Patten.

Essa palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
07:44

Portuguese, Brazilian subtitles

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