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O grande segredo do design é ... abrir os olhos!

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    No grande filme de 1980
    "O Dueto da Corda"
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    há uma cena em que John Belushi vai
    visitar Dan Aykroyd no seu apartamento
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    em Chicago, pela primeira vez.
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    É um lugar pequeno, apertado,
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    a uns metros dos carris do comboio.
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    Quando John se senta na cama de Dan
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    passa um comboio a toda a velocidade,
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    que faz tremer tudo no quarto.
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    John pergunta:
    "Quantas vezes passa este comboio?"
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    Dan responde:
    "Tantas vezes que já nem damos por isso."
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    Depois, cai qualquer coisa da parede.
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    Todos sabemos
    do que é que ele está a falar.
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    Enquanto seres humanos,
    habituamo-nos muito depressa
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    às coisas quotidianas
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    Como designer, a minha função
    é reparar nestas coisas quotidianas
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    senti-las e tentar aperfeiçoá-las.
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    Por exemplo, veem esta peça de fruta?
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    Veem a pequena etiqueta?
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    Esta etiqueta não existia
    quando eu era criança.
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    Mas um dia, algures,
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    alguém teve a brilhante ideia
    de pôr uma etiqueta na fruta.
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    Porquê?
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    Para ser mais fácil
    a verificação na caixa da mercearia.
  • 1:12 - 1:13
    Bem, isso é ótimo!
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    Podemos entrar e sair
    da loja rapidamente.
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    Mas agora há um novo problema.
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    Quando chegamos a
    casa e estamos com fome
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    e vemos esta peça de fruta
    madura e suculenta na bancada,
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    temos vontade de agarrar nela e comê-la.
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    Só que agora,
    temos que procurar a etiqueta
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    arranhá-la para a tirar e
    danificamos a polpa.
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    Depois enrolar a etiqueta
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    — sabem do que é que estou a falar.
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    Depois tentar descolá-la dos dedos.
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    (Risos)
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    (Aplausos)
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    Não é divertido,
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    mesmo nada.
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    Mas passa-se uma coisa interessante.
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    A primeira vez que fizeram isso,
    provavelmente sentiram-se assim:
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    Só queriam comer a peça de fruta.
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    Ficaram aborrecidos.
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    Só queriam meter-lhe o dente.
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    Mas à décima vez,
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    já estavam menos aborrecidos
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    e começaram a tirar a etiqueta
    sem dar por isso.
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    À centésima vez,
    pelo menos para mim,
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    eu já nem pensava nisso.
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    Agarrei na peça de fruta,
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    enfiei as unhas na polpa
    para retirar a etiqueta
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    e depois pensei:
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    "Havia alguma etiqueta?"
  • 2:21 - 2:23
    (Risos)
  • 2:24 - 2:25
    Porquê?
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    Porque é que nos habituamos
    às coisas rotineiras?
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    O cérebro humano
    tem uma capacidade limitada.
  • 2:30 - 2:35
    O nosso cérebro transforma
    as coisas do dia-a-dia num hábito
  • 2:35 - 2:38
    libertando espaço
    para aprender coisas novas.
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    É o processo de "habituação".
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    É uma das formas mais básicas
    de aprendizagem que utilizamos.
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    Mas a habituação nem sempre é má.
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    Lembram-se como aprenderam a conduzir?
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    Eu lembro-me muito bem.
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    As mãos crispadas no volante
    "às dez para as duas",
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    a olhar para tudo lá fora
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    — os carros, as luzes, os peões.
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    É uma experiência de estourar os nervos.
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    Eu nem conseguia conversar
    com alguém dentro do carro,
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    não conseguia ouvir música.
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    Mas então aconteceu
    uma coisa interessante.
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    À medida que as semanas passam,
    condução torna-se cada vez mais fácil.
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    Habituamo-nos àquilo.
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    Começa a ser divertido,
    é uma segunda natureza.
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    Já podemos conversar com os amigos
    e ouvir música.
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    O nosso cérebro tem um bom motivo
    para se habituar às coisas.
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    Sem isso, repararíamos
    em cada ínfimo detalhe
  • 3:33 - 3:34
    o tempo todo.
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    Seria esgotante.
  • 3:36 - 3:39
    Não teríamos tempo
    para aprender coisas novas.
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    Mas às vezes,
    a habituação não é coisa boa.
  • 3:44 - 3:48
    Se nos impedir de reparar
    nos problemas à nossa volta,
  • 3:48 - 3:49
    isso é mau.
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    Se nos impedir de reparar
    e de corrigir esses problemas,
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    então é muito mau.
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    Os atores sabem isso muito bem.
  • 3:58 - 4:03
    Jerry Seinfeld construiu a sua carreira
    reparando em pequenos detalhes,
  • 4:03 - 4:07
    nas coisas idiotas que fazemos todos
    os dias sem sequer damos por isso.
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    Conta--nos quando visitou uns amigos
  • 4:11 - 4:13
    e só queria tomar
    um duche confortável.
  • 4:13 - 4:17
    Girou o manípulo levemente
    para um lado,
  • 4:17 - 4:19
    e a água ficou a escaldar.
  • 4:19 - 4:23
    Depois girou-o para o outro lado
    e a água ficou gelada.
  • 4:23 - 4:26
    Ele só queria tomar um duche confortável.
  • 4:26 - 4:28
    Já todos passámos por isso
  • 4:28 - 4:30
    só que já nem nos lembramos.
  • 4:30 - 4:33
    Mas Jerry lembrou-se
    e esse é o trabalho do ator.
  • 4:33 - 4:36
    O trabalho dos designers,
    dos inovadores e dos empresários
  • 4:36 - 4:39
    é reparar nessas coisas
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    e ir mais longe para tentar resolvê-las.
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    Esta pessoa é Mary Anderson.
  • 4:47 - 4:50
    Em 1902, ela estava de visita
    à cidade de Nova Iorque.
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    Estava um dia gelado, húmido e nevava.
    Dentro do autocarro estava quente.
  • 4:57 - 5:02
    A meio do caminho, ela reparou
    que o motorista abrira a janela
  • 5:02 - 5:07
    para limpar a neve do parabrisas,
    para conduzir com segurança.
  • 5:08 - 5:12
    Mas, quando abriu a janela,
    entrou o ar gelado e húmido,
  • 5:12 - 5:14
    e os passageiros ficaram gelados.
  • 5:15 - 5:18
    Provavelmente, a maioria
    dos passageiros resignou-se:
  • 5:18 - 5:21
    "Ah, são coisas da vida. Ele tinha
    que abrir a janela para limpar a neve."
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    "É assim que as coisas são."
  • 5:23 - 5:25
    Mas a Mary não.
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    A Mary pensou:
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    "E se o motorista pudesse
    limpar o parabrisas pelo lado de dentro?
  • 5:30 - 5:33
    "Teria segurança para conduzir
  • 5:33 - 5:36
    "e os passageiros continuariam aquecidos."
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    Então ela agarrou no bloco-notas,
  • 5:39 - 5:44
    e começou a desenhar o que viria a ser
    o primeiro limpa parabrisas do mundo.
  • 5:46 - 5:49
    Enquanto designer de produtos,
    eu tento aprender com pessoas como Mary
  • 5:49 - 5:52
    que tentam ver o mundo
    como ele realmente é,
  • 5:52 - 5:54
    e não como pensamos que ele é.
  • 5:55 - 5:56
    Porquê?
  • 5:56 - 5:59
    Porque é fácil resolver um
    problema que toda a gente vê,
  • 6:00 - 6:04
    mas é difícil resolver um
    problema que quase ninguém vê.
  • 6:04 - 6:09
    Há quem pense que nascemos
    com essa faculdade, ou sem ela.
  • 6:09 - 6:14
    Como se Mary Anderson fosse programada
    ao nascer para ver o mundo claramente.
  • 6:15 - 6:17
    Comigo isso não aconteceu.
  • 6:17 - 6:19
    Eu tive que me esforçar para isso.
  • 6:20 - 6:22
    Quando trabalhei na Apple,
  • 6:22 - 6:27
    Steve Jobs desafiava-nos
    a ir para o trabalho todos os dias
  • 6:27 - 6:31
    e olhar para os nossos produtos
    com os olhos do cliente,
  • 6:31 - 6:33
    dos novos clientes,
  • 6:33 - 6:36
    aqueles que têm medos,
    possivelmente frustrações
  • 6:36 - 6:39
    e esperam euforicamente
    que o seu novo produto tecnológico
  • 6:39 - 6:41
    funcione imediatamente.
  • 6:41 - 6:44
    Chamava-lhes "principiantes perpétuos".
  • 6:44 - 6:48
    Ele queria que nós nos concentrássemos
    nos pequenos detalhes
  • 6:48 - 6:52
    para torná-los mais rápidos, mais fluidos
    e mais intuitivos para os novos clientes.
  • 6:53 - 6:56
    Lembro-me disso claramente,
    nos primeiros dias do iPod.
  • 6:57 - 6:59
    Nos anos 90,
  • 6:59 - 7:02
    eu, que sou doido por dispositivos,
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    ia a correr às lojas procurar
    o dispositivo mais recente,
  • 7:09 - 7:12
    demorava o tempo
    que fosse preciso para ir à loja,
  • 7:12 - 7:15
    verificar tudo, voltava para
    casa e começava a desembrulhá-lo.
  • 7:15 - 7:20
    E lá encontrava a pequena etiqueta,
    que dizia:
  • 7:20 - 7:22
    "Carregue a bateria antes de usar."
  • 7:22 - 7:23
    O quê?!
  • 7:23 - 7:25
    Não acredito!
  • 7:25 - 7:27
    Demorei este tempo todo para
    comprar o produto
  • 7:27 - 7:29
    e agora tenho de o carregar antes de usar?
  • 7:29 - 7:33
    Tenho que esperar uma eternidade
    para usar este brinquedo cobiçado?
  • 7:33 - 7:35
    Era de loucos!
  • 7:35 - 7:36
    Mas sabem que mais?
  • 7:36 - 7:38
    Quase todos os produtos
    naquela época faziam isso.
  • 7:38 - 7:42
    Quando tinham baterias,
    tínhamos que carregá-las antes de usá-los.
  • 7:43 - 7:46
    Bem, Steve apercebeu-se disso e disse:
  • 7:46 - 7:49
    "Com os nossos produtos
    isso não vai acontecer!"
  • 7:49 - 7:51
    Então o que é que fizemos?
  • 7:51 - 7:53
    Quando um produto tem um disco rígido,
  • 7:53 - 7:56
    é costume pô-lo a funcionar
    durante 30 minutos na fábrica,
  • 7:56 - 7:59
    para garantir que o disco
    rígido vai funcionar durante anos,
  • 7:59 - 8:02
    depois de o cliente o retirar da caixa.
  • 8:02 - 8:05
    O que é que passámos a fazer?
  • 8:05 - 8:08
    Pusemos o produto a funcionar
    durante duas horas.
  • 8:08 - 8:09
    Porquê?
  • 8:09 - 8:13
    Primeiro, porque isso permitia-nos fazer
    um produto de melhor qualidade,
  • 8:13 - 8:14
    mais fácil de testar,
  • 8:14 - 8:17
    e garantir que seria
    ótimo para o consumidor.
  • 8:18 - 8:19
    Mas, mais importante ainda,
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    a bateria estava totalmente carregada
    quando saía da caixa,
  • 8:22 - 8:24
    pronta para usar.
  • 8:24 - 8:27
    Para que o cliente,
    com toda a sua euforia
  • 8:27 - 8:29
    pudesse começar a usar o produto.
  • 8:29 - 8:31
    Foi ótimo, e funcionou.
  • 8:31 - 8:33
    As pessoas gostaram.
  • 8:33 - 8:36
    Hoje, quase todos os produtos
    que compramos funcionam com baterias
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    que saem da caixa totalmente carregadas,
  • 8:38 - 8:41
    mesmo que não tenham um disco rígido.
  • 8:40 - 8:45
    Mas naquela época, reparámos
    nesse pequeno detalhe e corrigimo-lo.
  • 8:45 - 8:47
    Agora toda a gente faz o mesmo.
  • 8:47 - 8:50
    Acabou-se o "Carregue antes de usar."
  • 8:51 - 8:53
    Porque é que estou a contar isto?
  • 8:53 - 8:56
    Porque é importante
    ver os problemas invisíveis
  • 8:56 - 8:58
    não unicamente os problemas óbvios.
  • 8:58 - 8:59
    Isto é importante,
  • 8:59 - 9:03
    não só para o design de produto,
    mas para tudo o que fazemos.
  • 9:03 - 9:06
    À nossa volta, há problemas
    invisíveis em toda a parte
  • 9:06 - 9:09
    e podemos resolver alguns deles.
  • 9:09 - 9:12
    Mas primeiro precisamos
    de vê-los, de senti-los.
  • 9:13 - 9:15
    Tenho alguma relutância
    em dar-vos conselhos
  • 9:15 - 9:18
    sobre neurociência ou psicologia.
  • 9:18 - 9:21
    Há muitas pessoas experientes na
    comunidade do TED
  • 9:21 - 9:24
    que sabem muito mais sobre o assunto
    do que eu jamais saberei.
  • 9:24 - 9:27
    Mas vou dar-vos
    umas dicas do que eu faço,
  • 9:27 - 9:30
    do que todos podemos fazer,
    para lutar contra a habituação.
  • 9:31 - 9:34
    A minha primeira dica
    é ter uma visão mais ampla.
  • 9:34 - 9:36
    Quando estamos a lidar com um problema,
  • 9:36 - 9:39
    podemos lá chegar,
    depois de muitos passos.
  • 9:39 - 9:42
    E às vezes, ainda há muitos passos depois.
  • 9:42 - 9:46
    Se dermos um passo atrás
    teremos uma visão mais ampla,
  • 9:46 - 9:49
    e talvez possamos modificar
    alguns elementos antes do problema.
  • 9:49 - 9:51
    Talvez possamos combiná-los.
  • 9:51 - 9:54
    Talvez possamos suprimi-los todos
    para melhorar a situação.
  • 9:54 - 9:56
    Pensem nos termóstatos, por exemplo.
  • 9:56 - 10:00
    Em 1900, quando eles foram lançados,
    eram muito simples de usar.
  • 10:00 - 10:02
    Rodavam-se num sentido ou no outro.
  • 10:02 - 10:03
    As pessoas compreendiam.
  • 10:04 - 10:06
    Mas nos anos 70,
  • 10:06 - 10:08
    chegou a crise de energia.
  • 10:08 - 10:11
    Os consumidores começaram a pensar
    em economizar energia.
  • 10:11 - 10:13
    E o que aconteceu?
  • 10:13 - 10:16
    Os designers dos termostatos
    decidiram adicionar um novo passo.
  • 10:16 - 10:18
    Em vez de rodar
    para um lado ou para o outro,
  • 10:18 - 10:20
    tínhamos que programá-los.
  • 10:20 - 10:23
    Assim, podíamos marcar a temperatura
    que queríamos a determinado hora.
  • 10:23 - 10:25
    Isso parecia ser ótimo.
  • 10:25 - 10:28
    Todos os termostatos passaram
    a adicionar essa característica.
  • 10:28 - 10:32
    Mas aconteceu que
    ninguém economizou energia alguma.
  • 10:32 - 10:34
    Porquê?
  • 10:34 - 10:37
    As pessoas não podiam prever o futuro.
  • 10:37 - 10:40
    Não sabiam como as semanas
    iam mudar, de estação para estação,
  • 10:40 - 10:42
    de ano para ano.
  • 10:42 - 10:45
    Assim, ninguém estava
    a economizar energia.
  • 10:45 - 10:46
    E o que aconteceu?
  • 10:46 - 10:49
    Os designers de termostatos
    voltaram para o estirador
  • 10:49 - 10:51
    e concentraram-se na programação.
  • 10:51 - 10:53
    Fizeram interfaces melhores,
  • 10:53 - 10:56
    fizeram melhor documentação.
  • 10:56 - 11:00
    Mesmo assim, anos depois,
    as pessoas não estavam a economizar,
  • 11:00 - 11:03
    porque não podiam prever o futuro.
  • 11:03 - 11:05
    Então o que é que nós fizemos?
  • 11:05 - 11:09
    Substituímos a programação
    por um algoritmo de aprendizagem
  • 11:09 - 11:12
    que observa quando
    aumentamos ou diminuímos
  • 11:12 - 11:14
    a temperatura que queremos ao levantar
  • 11:14 - 11:16
    ou quando saímos de casa.
  • 11:16 - 11:17
    E sabem que mais?
  • 11:17 - 11:19
    Funcionou.
  • 11:19 - 11:22
    As pessoas passaram a economizar
    energia sem programar nada.
  • 11:23 - 11:25
    Seja o que for que estivermos a fazer,
  • 11:25 - 11:29
    se dermos um passo atrás e
    observarmos todos os elementos,
  • 11:29 - 11:32
    talvez encontremos a forma
    de suprimir um deles ou de combiná-los
  • 11:32 - 11:34
    para simplificar o processo.
  • 11:35 - 11:38
    Esta é a minha primeira dica:
    Recuar para ter uma visão mais ampla.
  • 11:38 - 11:42
    A minha segunda dica:
    Olhar mais de perto.
  • 11:42 - 11:45
    O meu avô foi um
    dos meus melhores professores.
  • 11:47 - 11:49
    Ensinou-me tudo sobre o mundo.
  • 11:50 - 11:53
    Ensinou-me como as coisas são
    feitas e como elas são consertadas,
  • 11:53 - 11:57
    as ferramentas e as técnicas necessárias
    para fazer um projeto eficaz.
  • 11:58 - 12:02
    Lembro-me de uma história
    que ele me contou sobre parafusos,
  • 12:02 - 12:06
    e sobre como precisamos do
    parafuso certo para o trabalho certo.
  • 12:06 - 12:08
    Há muitos parafusos diferentes:
  • 12:08 - 12:12
    parafusos para madeira, para metal,
    para betão, buchas
  • 12:12 - 12:14
    e a lista continua.
  • 12:15 - 12:18
    O nosso trabalho é fazer produtos
    que sejam fáceis de instalar
  • 12:18 - 12:22
    pelos nossos clientes,
    sem a ajuda de profissionais.
  • 12:23 - 12:25
    Então o que é que fizemos?
  • 12:25 - 12:28
    Lembrei-me dessa história
    que o meu avô me contou,
  • 12:28 - 12:29
    e então pensámos:
  • 12:29 - 12:32
    "Quantos tipos de parafusos diferentes
    vamos pôr na caixa?"
  • 12:32 - 12:34
    "Vamos pôr dois, três, quatro, cinco?
  • 12:34 - 12:37
    "Há tantos tipos diferentes de paredes".
  • 12:37 - 12:39
    Pensámos naquilo,
    otimizámos aquilo,
  • 12:39 - 12:43
    e acabámos com três tipos de
    parafusos na caixa.
  • 12:44 - 12:46
    Pensámos que isso iria
    resolver o problema.
  • 12:46 - 12:49
    Mas acontece que não resolveu.
  • 12:50 - 12:51
    Pusemos o produto no mercado,
  • 12:51 - 12:54
    mas a experiência das pessoas
    não era a melhor.
  • 12:54 - 12:56
    Então o que é que fizemos?
  • 12:56 - 12:57
    Voltámos para o estirador,
  • 12:57 - 13:01
    logo que percebemos
    que não tínhamos acertado
  • 13:01 - 13:04
    e desenhámos um parafuso
    especial, um parafuso personalizado,
  • 13:04 - 13:08
    com grande aborrecimento
    dos nossos investidores, que disseram:
  • 13:08 - 13:10
    "Porque é que estão a perder
    tanto tempo com um parafuso?
  • 13:10 - 13:12
    "Saiam daqui e vendam mais!"
  • 13:12 - 13:15
    E dissemos: "Vamos vender mais
    se acertarmos isto aqui."
  • 13:16 - 13:18
    E aconteceu que, acertámos.
  • 13:18 - 13:21
    Com aquele parafuso personalizado,
    havia apenas um parafuso na caixa
  • 13:21 - 13:24
    que era fácil de montar
    e de colocar na parede.
  • 13:26 - 13:32
    Se nos concentrarmos nos pequenos
    detalhes, naqueles que podemos não ver,
  • 13:32 - 13:34
    se olharmos e dissermos:
  • 13:34 - 13:36
    "Isto é importante?
  • 13:36 - 13:38
    "Ou isto é a forma como sempre fizemos?
  • 13:38 - 13:42
    "Talvez possamos passar sem isto."
  • 13:42 - 13:47
    O meu último conselho
    é pensar como os mais novos.
  • 13:48 - 13:53
    Todos os dias os meus três filhos
    me fazem perguntas interessantes.
  • 13:53 - 13:54
    Fazem perguntas como:
  • 13:54 - 13:57
    "Porque é que os carros não
    voam por cima do trânsito?"
  • 13:58 - 14:01
    "Porque é que os meus atacadores
    não têm Velcro?"
  • 14:02 - 14:05
    Às vezes, estas perguntas
    são inteligentes.
  • 14:05 - 14:08
    Outro dia, o meu filho veio ter comigo
    e eu pedi-lhe:
  • 14:08 - 14:11
    "Vai à caixa de correio
    e vê se há lá alguma coisa."
  • 14:11 - 14:15
    Ele olhou para mim, admirado, e disse:
  • 14:15 - 14:19
    "Porque é que a caixa do correio
    não verifica sozinha e nos avisa?"
  • 14:19 - 14:20
    (Risos)
  • 14:20 - 14:24
    E eu: "Essa é uma ótima pergunta."
  • 14:25 - 14:27
    Eles fazem toneladas de perguntas
  • 14:27 - 14:32
    e algumas vezes descobrimos
    que não temos as respostas certas.
  • 14:32 - 14:38
    Dizemos: "Filho, essa é a forma
    como o mundo funciona."
  • 14:38 - 14:40
    Quanto mais somos
    expostos a uma coisa,
  • 14:40 - 14:43
    mais nos habituamos a ela.
  • 14:43 - 14:45
    As crianças ainda não tiveram tempo
  • 14:45 - 14:47
    para se habituarem a essas coisas.
  • 14:47 - 14:49
    Quando enfrentam problemas,
  • 14:49 - 14:51
    tentam resolvê-los imediatamente
  • 14:51 - 14:54
    e algumas vezes encontram
    um caminho melhor
  • 14:54 - 14:56
    e esse caminho é realmente melhor.
  • 14:56 - 15:00
    O meu conselho
    — que seguimos de todo o coração —
  • 15:00 - 15:04
    é ter pessoas jovens na equipa
    ou pessoas com espírito jovem.
  • 15:04 - 15:07
    Porque, os espíritos jovens,
  • 15:07 - 15:10
    vão pôr todas as pessoas
    a pensar de modo mais jovem.
  • 15:10 - 15:14
    Picasso uma vez disse:
    "Todas as crianças são artistas.
  • 15:15 - 15:20
    "O problema, quando elas crescem,
    é como continuarem a ser artistas."
  • 15:22 - 15:26
    Nós vemos o mundo mais claramente
    quando olhamos para ele pela primeira vez,
  • 15:26 - 15:29
    antes de a rotina do hábito
    entrar no nosso caminho.
  • 15:29 - 15:31
    O desafio é voltar ao princípio,
  • 15:31 - 15:34
    sentir aquela frustração,
  • 15:34 - 15:36
    ver os ínfimos detalhes,
  • 15:36 - 15:38
    olhar com uma visão mais ampla,
  • 15:38 - 15:39
    olhar mais de perto,
  • 15:39 - 15:41
    e pensar como os mais novos,
  • 15:42 - 15:44
    para que possamos
    permanecer principiantes.
  • 15:44 - 15:45
    Não é fácil.
  • 15:45 - 15:47
    Requer que renunciemos
  • 15:47 - 15:50
    à nossa maneira mais básica
    de apreender o mundo.
  • 15:52 - 15:53
    Mas se o conseguirmos,
  • 15:53 - 15:55
    podemos realizar coisas surpreendentes.
  • 15:56 - 15:58
    Para mim, é conceber melhores produtos.
  • 15:59 - 16:03
    Para vocês, pode significar outra coisa,
    alguma coisa poderosa.
  • 16:06 - 16:09
    O nosso desafio é acordar,
    cada dia e perguntar:
  • 16:09 - 16:12
    "Como fazer para sentir o mundo
    de uma forma melhor?"
  • 16:13 - 16:15
    E se o conseguirmos,
  • 16:15 - 16:21
    talvez possamos livrar-nos dessas
    pequenas estúpidas etiquetas.
  • 16:22 - 16:24
    Muito obrigado.
  • 16:24 - 16:27
    (Aplausos)
Title:
O grande segredo do design é ... abrir os olhos!
Speaker:
Tony Fadell
Description:

Os seres humanos habituam-se muito rapidamente às "coisas tal como elas são". Mas para os designers, a forma como as coisas são, são um ponto de partida... As coisas poderão ser melhoradas? Como? Nesta divertida e arejada palestra, o homem por detrás do iPod e do termostato Nest partilha algumas das suas dicas para reparar e motivar as mudanças.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:41

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