Return to Video

Democratizando a ciência: Camilo Rodriguez-Beltran no TEDxBeloHorizonte

  • 0:00 - 0:02
    (Português): A encantadora e hospitaleira
  • 0:02 - 0:05
    capital de Minas Gerais.
  • 0:18 - 0:21
    Boa tarde!
  • 0:21 - 0:23
    Não vou falar em português,
  • 0:23 - 0:26
    porque não sei falar português.
  • 0:26 - 0:30
    E não quero inventar a primeira
    palestra em portunhol.
  • 0:30 - 0:33
    Por isso vou falar em inglês.
  • 0:39 - 0:44
    Eu venho do México.
  • 0:44 - 0:49
    Bem, 30 anos atrás,
    nasci na cidade do México
  • 0:49 - 0:53
    e, como vocês devem saber,
    o México é o país onde o milho
  • 0:53 - 0:59
    nasceu há séculos atrás.
  • 0:59 - 1:01
    Chamamos o México de terra do milho.
  • 1:01 - 1:03
    E, na verdade, o milho é muito importante
  • 1:03 - 1:07
    em nossa cultura, mas não apenas
    em nossa cultura,
  • 1:07 - 1:10
    mas principalmente em nossa gastronomia.
  • 1:10 - 1:12
    E talvez alguns aqui já tenham ido
  • 1:12 - 1:15
    a um restaurante mexicano
    comer tacos talvez.
  • 1:16 - 1:18
    Talvez burritos, apesar dos burritos
  • 1:18 - 1:21
    não serem realmente mexicanos,
    sinto muito.
  • 1:22 - 1:24
    Mas eles usam na maior parte
    do tempo o que temos aqui,
  • 1:24 - 1:26
    que são tortilhas.
  • 1:26 - 1:30
    Essas tortilhas são feitas
    de milho e, no México,
  • 1:30 - 1:32
    o consumo de milho é muito alto.
  • 1:32 - 1:35
    Como vocês podem ver aqui,
    de acordo com estatísticas da FAO,
  • 1:35 - 1:37
    por pessoa, por ano, um mexicano
  • 1:37 - 1:41
    come aproximadamente 120 kg de milho.
  • 1:42 - 1:45
    Então, não é apenas importante
    em termos de cultura,
  • 1:45 - 1:48
    mas é muito importante
    em termos de nutrição.
  • 1:49 - 1:53
    Então, ciente disso,
    aos 15 anos de idade,
  • 1:53 - 1:59
    comecei a sonhar, e meu
    sonho naquela época era
  • 1:59 - 2:03
    ajudar a fazer uma melhoria,
  • 2:03 - 2:06
    uma melhoria nutricional no milho.
  • 2:06 - 2:10
    Assim, meus compatriotas mexicanos,
    que comem muitas tortilhas
  • 2:10 - 2:15
    todos os dias como se fosse pão,
    poderiam ter uma dieta melhor, certo?
  • 2:15 - 2:19
    Esse era meu sonho quando tinha 15 anos.
  • 2:19 - 2:23
    E eu imagino que as pessoas
    que, como eu aos 15 anos,
  • 2:23 - 2:26
    têm um sonho assim,
    a primeira coisa que fazem
  • 2:26 - 2:29
    é optar por estudar ciências, engenharia,
  • 2:29 - 2:31
    então foi o que eu fiz.
  • 2:31 - 2:36
    Desse modo, passo a passo, comecei
    a estudar engenharia bioquímica,
  • 2:36 - 2:39
    me formei e, logo depois, aos 23 anos,
  • 2:39 - 2:43
    já estava trabalhando como pesquisador
  • 2:43 - 2:45
    na Universidade de Canterbury,
  • 2:45 - 2:48
    no Departamento de Ciências Biológicas.
  • 2:48 - 2:53
    Logo comecei a participar de projetos
  • 2:53 - 2:58
    relacionados a pesquisa em biotecnologia,
    o que fazia todo o sentido
  • 2:58 - 3:02
    se eu voltar ao meu antigo sonho.
  • 3:08 - 3:15
    Então, eu não sei se vocês pensam muito
    sobre as mudanças de rumo da vida,
  • 3:15 - 3:19
    sobre aqueles momentos
    que de repente mudam a direção,
  • 3:19 - 3:22
    o rumo atual da sua vida
    e que acabam transformando
  • 3:22 - 3:25
    todos os desvios em um novo rumo.
  • 3:25 - 3:29
    Para mim, esse momento aconteceu em 2005.
  • 3:29 - 3:35
    Em 2005, tive a oportunidade
    de ir às Ilhas Salomão.
  • 3:35 - 3:38
    Não sei se vocês já ouviram
    falar das lhas Salomão.
  • 3:39 - 3:42
    Bem, as Ilhas Salomão
    são, na verdade, um país
  • 3:42 - 3:45
    situado no Pacífico.
  • 3:45 - 3:48
    Faz parte das Ilhas do Pacífico.
  • 3:49 - 3:52
    Bem, esta é uma foto que tirei do avião,
  • 3:52 - 3:55
    é assim que elas são.
  • 3:55 - 3:58
    É um lugar muito interessante,
    com a maior concentração
  • 3:58 - 4:01
    de etnias e línguas do mundo.
  • 4:01 - 4:03
    E, apesar de tudo isso,
    sabemos muito pouco sobre elas.
  • 4:03 - 4:06
    Na verdade, conhecemos
    as Ilhas Salomão
  • 4:06 - 4:09
    por ter sido o lugar onde
    muitas batalhas navais
  • 4:09 - 4:13
    da segunda Guerra Mundial aconteceram,
  • 4:13 - 4:15
    e porque muitos mergulhadores
    vão lá, por exemplo,
  • 4:15 - 4:17
    mas, fora isso, poucos
    conhecem o lugar.
  • 4:17 - 4:22
    Bem, na verdade estive lá a convite
    de um biólogo da conservação
  • 4:22 - 4:26
    das Ilhas Salomão,
    chamado Patrick Pikacha.
  • 4:26 - 4:29
    Ele me levou a uma ilha
    chamada Ilha Choiseul,
  • 4:29 - 4:31
    que fica nas Ilhas Salomão,
    mas está perto da fronteira
  • 4:31 - 4:35
    com a Papua Nova Guiné, que é assim.
  • 4:35 - 4:39
    É muito linda e provavelmente
    deve ser parecida
  • 4:39 - 4:42
    com alguns lugares aqui no Brasil.
  • 4:42 - 4:45
    Então, fomos lá, pois o Patrick
    estava fazendo um trabalho
  • 4:45 - 4:47
    tentando monitorar uma espécie nativa,
  • 4:47 - 4:50
    ele gosta, particularmente,
    de estudar sapos.
  • 4:50 - 4:54
    Então, não sei por que,
    mas cientistas como ele,
  • 4:54 - 4:57
    biólogos, gostam de trabalhar à noite,
  • 4:57 - 5:01
    talvez devido ao fato dos sapos,
    eu não sei, normalmente saírem à noite,
  • 5:01 - 5:05
    como algumas pessoas aqui no Brasil,
    e também na América Latina.
  • 5:05 - 5:10
    Bem, assim como os sapos,
    tivemos de sair à noite,
  • 5:10 - 5:14
    com Patrick, e estávamos
    procurando por esses sapos
  • 5:14 - 5:18
    e, apenas 30 segundos
    após sairmos da estação,
  • 5:18 - 5:21
    percebi que este não era,
    absolutamente, meu ambiente.
  • 5:21 - 5:26
    Fiquei completamente cego.
    Imaginem só essa escuridão para mim.
  • 5:26 - 5:28
    Fiquei exatamente como uma pessoa cega.
  • 5:28 - 5:31
    Eu já uso óculos. Imaginem só eu ali.
  • 5:31 - 5:33
    Pois estou bastante acostumado
    a viver na cidade,
  • 5:33 - 5:36
    e nem um pouco acostumado
    a esse tipo de ambiente.
  • 5:36 - 5:39
    E minha experiência
    ficou ainda mais interessante
  • 5:39 - 5:43
    quando comecei a ver que Patrick
    estava apontando sua lanterna
  • 5:43 - 5:46
    para o rio, começando a localizar
    vários sapos diferentes,
  • 5:46 - 5:49
    Para mim, isso era
    completamente invisível.
  • 5:49 - 5:53
    Mas o mais interessante aqui
    foi que o menino,
  • 5:53 - 5:56
    o adolescente que estava
    liderando a expedição,
  • 5:56 - 6:00
    estava na verdade localizando
    o lugar onde organismos
  • 6:00 - 6:02
    iam aparecer, mesmo antes
  • 6:02 - 6:05
    do especialista, mesmo antes de Patrick.
  • 6:05 - 6:07
    E foi nesse momento que comecei a perceber
  • 6:07 - 6:09
    que algo interessante estava acontecendo,
  • 6:09 - 6:14
    e comecei a ver como esse
    não especialista, esse adolescente,
  • 6:14 - 6:18
    tinha uma visão diferente, especialmente,
    se comparada à minha,
  • 6:18 - 6:22
    mas diferente também do verdadeiro
    especialista, do Patrick.
  • 6:23 - 6:26
    Mas as Ilhas Salomão
    não têm somente uma floresta,
  • 6:26 - 6:28
    elas também têm cidades.
  • 6:28 - 6:31
    E na cidade de Honiara, que é a capital,
  • 6:31 - 6:35
    nós e alguns colegas
    da Universidade de Canterbury,
  • 6:35 - 6:38
    como o professor Jack Hyneman,
    como o meu amigo e colega
  • 6:38 - 6:40
    das Ilhas Salomão, Paul Roughan,
  • 6:40 - 6:41
    começamos a organizar algumas
  • 6:41 - 6:46
    iniciativas de capacitação
    para discutir biotecnologia
  • 6:46 - 6:49
    nas Ilhas Salomão
    e discutir biologia em geral.
  • 6:50 - 6:53
    A pessoa que vocês
    veem aqui é Naneth Tutua.
  • 6:53 - 6:56
    Ela é uma empresária
    lá nas Ilhas Salomão.
  • 6:58 - 7:02
    O que ela está segurando aqui
    é a extração de um DNA
  • 7:02 - 7:04
    de um mamão.
  • 7:04 - 7:07
    Ela conseguiu visualizar o DNA.
  • 7:07 - 7:09
    Mas como isso aconteceu?
  • 7:09 - 7:12
    Pois as Ilhas Salomão são consideradas
  • 7:12 - 7:15
    um dos lugares menos
    desenvolvidos do mundo.
  • 7:15 - 7:19
    Por isso, não existem laboratórios
    reais para biologia molecular lá.
  • 7:19 - 7:22
    Mas o que tivemos de fazer foi improvisar.
  • 7:22 - 7:26
    Para fazer um tipo diferente
    de experimento para extrair o DNA,
  • 7:26 - 7:32
    e, assim, Naneth conseguiu
    ver como era o DNA,
  • 7:32 - 7:37
    e, olhando para isso, ela foi
    capaz de desmistificar o DNA.
  • 7:37 - 7:40
    E o DNA não era apenas uma coisa abstrata
  • 7:40 - 7:42
    que ela não conseguia compreender,
  • 7:42 - 7:45
    dessa vez ela foi capaz de vê-lo,
    de compreendê-lo,
  • 7:45 - 7:48
    e, quando alguém quer
    falar sobre biotecnologia,
  • 7:48 - 7:52
    ela tem , de algum modo, alguma segurança
    para falar sobre o assunto.
  • 7:52 - 7:55
    Ela parece bem orgulhosa
    de ter feito essa extração.
  • 7:56 - 7:59
    E, naturalmente, as extrações de DNA,
    não sei se vocês sabem,
  • 7:59 - 8:01
    são muito fáceis de serem feitas.
  • 8:01 - 8:05
    A gente precisa apenas
    de sal, detergente e álcool.
  • 8:05 - 8:08
    Assim, comecei a usar
    esses três ingredientes,
  • 8:08 - 8:11
    coloquei na minha bolsa
    e comecei a viajar por aí,
  • 8:11 - 8:14
    fazendo exatamente o que
    fizemos nas Ilhas Salomão,
  • 8:14 - 8:16
    repetindo a experiência, levando
  • 8:16 - 8:19
    a desmistificação do DNA.
  • 8:19 - 8:22
    Isso aconteceu em
    diversos lugares do mundo,
  • 8:22 - 8:27
    mas, definitivamente, minha
    experiência mais importante
  • 8:27 - 8:33
    aconteceu em novembro passado,
    quando mostraram a extração de DNA
  • 8:33 - 8:37
    numa novela chilena
    chamada "Decibel 110".
  • 8:39 - 8:41
    Uma extração de DNA de cozinha
    de baixo custo
  • 8:42 - 8:46
    fez parte desse encontro entre Francisco
  • 8:46 - 8:49
    e seu amor proibido, Cindy.
  • 8:52 - 8:55
    E não paramos na extração do DNA,
    de repente começamos a brincar também
  • 8:55 - 8:58
    com instrumentos da biologia molecular.
  • 8:58 - 9:01
    Aqui estão algumas fotos das oficinas
  • 9:01 - 9:04
    que realizamos nas Filipinas,
    onde, na verdade,
  • 9:04 - 9:07
    começamos a desenvolver o
    equipamento básico molecular,
  • 9:07 - 9:09
    e como podem ver aqui,
    parece bastante básico,
  • 9:09 - 9:11
    mas são, na verdade,
    alguns dos equipamentos
  • 9:11 - 9:14
    mais usados em laboratórios.
  • 9:17 - 9:23
    Assim, depois de começar a construir
    este tipo de proposta
  • 9:23 - 9:25
    e instrumentalizá-la
    e de tentar desenvolvê-la
  • 9:25 - 9:30
    com essa tecnologia local,
    e a desmistificação,
  • 9:30 - 9:33
    e, com todas essas viagens,
  • 9:33 - 9:36
    de repente me achei na África Ocidental.
  • 9:36 - 9:39
    E a África Ocidental também foi
    um momento de virada para mim.
  • 9:39 - 9:41
    A razão para isso é
    que na África Ocidental
  • 9:41 - 9:45
    encontrei pela primeira vez
    um grupo de pessoas
  • 9:45 - 9:47
    que pensavam um pouco como eu.
  • 9:47 - 9:52
    Que estavam fazendo perguntas
    sobre os especialistas,
  • 9:52 - 9:55
    que estavam fazendo
    perguntas sobre tecnologia.
  • 9:55 - 9:57
    Que tipo de tecnologia?
    Para quem?
  • 9:57 - 9:59
    Eles estavam fazendo perguntas sobre
  • 9:59 - 10:02
    o que a África pode dar ao mundo.
  • 10:02 - 10:04
    O interessante aqui é que
    eles eram,
  • 10:04 - 10:07
    principalmente cientistas sociais
    mas também fazendeiros
  • 10:07 - 10:11
    e artistas, falando sobre isso.
  • 10:11 - 10:15
    Assim, decidimos ficar mais, e tenho ido
  • 10:15 - 10:19
    à África Ocidental todo ano desde 2007.
  • 10:19 - 10:24
    E a questão central disso
    é baseada nesta foto.
  • 10:24 - 10:26
    Como podem ver, temos um avião.
  • 10:26 - 10:29
    Um avião representa tecnologia, eu acho,
  • 10:29 - 10:32
    e podemos concordar que os aviões mudaram
  • 10:32 - 10:35
    a forma como nos locomovemos,
    como nos comunicamos,
  • 10:35 - 10:38
    mas também a forma
    como as doenças são transmitidas
  • 10:38 - 10:39
    e também passadas.
  • 10:39 - 10:43
    Mas o importante aqui
    não é somente olhar a tecnologia,
  • 10:43 - 10:45
    mas ver o contexto ao redor dela.
  • 10:45 - 10:49
    E talvez, para alguns de vocês,
    isso pareça muito bacana.
  • 10:49 - 10:53
    Para mim, me permite fazer
    as perguntas sobre
  • 10:53 - 10:56
    de que se trata o contexto.
  • 10:56 - 10:59
    O que esta tecnologia
    tem a oferecer a este contexto?
  • 10:59 - 11:02
    Essa tecnologia cabe nesse contexto?
  • 11:02 - 11:04
    E estas foram as perguntas usadas
  • 11:04 - 11:07
    como base do nosso documentário:
  • 11:07 - 11:08
    (Música)
  • 11:15 - 11:18
    (Vídeo) Homem (em francês):
    Se a ciência diz, é como "o Evangelho".
  • 11:20 - 11:22
    A ciência é feita pelo homem.
  • 11:22 - 11:25
    A ciência tem de ser feita pelo homem
  • 11:25 - 11:26
    para o homem.
  • 11:26 - 11:28
    Mulher: Por que temos de pesquisar?
  • 11:28 - 11:30
    Quem faz a pesquisa?
  • 11:30 - 11:32
    Com que propósito?
  • 11:33 - 11:36
    Homem: E os especialistas se escondem
  • 11:36 - 11:38
    em suas salas, em seus grupos,
  • 11:38 - 11:40
    para decidir por todo mundo.
  • 11:41 - 11:43
    Homem: Criar uma política agrícola
  • 11:43 - 11:45
    sem os fazendeiros
  • 11:45 - 11:47
    significa que não
    discutimos agricultura.
  • 11:47 - 11:50
    Homem: O fazendeiro precisa
    se considerar um pesquisador,
  • 11:50 - 11:52
    como alguém que trabalha
    em um laboratório.
  • 11:52 - 11:55
    Mulher: Não basta pesquisar
    dentro de um laboratório.
  • 11:55 - 11:58
    Homem: Hoje, vamos extrair o
    DNA de plantas.
  • 11:58 - 12:02
    Mulher: Não basta fazer
    pesquisa dentro de uma instituição.
  • 12:02 - 12:04
    Homem: Vamos usar um pouco de sal,
  • 12:04 - 12:06
    um pouco de detergente,
  • 12:06 - 12:08
    temos álcool e tubos de ensaio.
  • 12:08 - 12:10
    Conseguimos extrair o DNA.
    Nós o vimos.
  • 12:10 - 12:13
    Eu vi o DNA, nossos amigos
    viram o DNA.
  • 12:13 - 12:16
    Sem qualquer eletrônico
    ou microscópio ótico.
  • 12:16 - 12:21
    Mulher: Temos de desinstitucionalizar
    a pesquisa!
  • 12:21 - 12:24
    Camilo Rodriguez-Beltran: Bem, este
    é apenas um trecho do documentário
  • 12:24 - 12:27
    “Autrement” ("De outra maneira"),
    que rodamos na África Ocidental,
  • 12:27 - 12:32
    e, como podem ver, ele levanta questões
    sobre tecnologia, ciência,
  • 12:32 - 12:34
    levando em conta o contexto
    da África Ocidental.
  • 12:34 - 12:36
    E como podem ver, há
    um empoderamento disso.
  • 12:36 - 12:38
    Há uma mensagem que os africanos
  • 12:38 - 12:41
    querem passar sobre o que eles
    podem oferecer.
  • 12:42 - 12:46
    Assim, após construir um tipo de barco
  • 12:46 - 12:50
    com instrumentos e métodos,
    começamos a usá-los
  • 12:50 - 12:51
    em diferentes partes do globo,
  • 12:51 - 12:54
    então decidi também observar.
  • 12:54 - 12:59
    E isso vem de um assim chamado expert
  • 13:00 - 13:05
    que é conhecido agora para falar
    sobre os não experts.
  • 13:05 - 13:09
    Normalmente os não experts
    são meio que invisíveis
  • 13:09 - 13:11
    nesta geração do conhecimento.
  • 13:12 - 13:17
    Mais que tudo, não experts são
    consumidores ou usuários
  • 13:17 - 13:21
    de conhecimento, de tecnologia,
    de ciência.
  • 13:21 - 13:24
    Tivemos diversas
    revoluções tecnológicas
  • 13:24 - 13:28
    começando com a tecnologia da informação,
  • 13:28 - 13:32
    começando também na agricultura,
    montes de revoluções tecnológicas.
  • 13:32 - 13:36
    Mas a maioria das pessoas no mundo,
    e estou falando aqui também de países,
  • 13:36 - 13:40
    têm sido mais que tudo
    consumidores e usuários.
  • 13:40 - 13:43
    Esta é uma lista das tecnologias
  • 13:43 - 13:48
    que Peter Diamandis,
    da Singularity University
  • 13:48 - 13:50
    propôs no último TED.
  • 13:52 - 13:55
    Nesta lista, que é muito interessante,
  • 13:55 - 13:58
    ele propõe que são as tecnologias
  • 13:58 - 14:01
    que vão mudar e que já estão
    mudando o futuro.
  • 14:02 - 14:03
    E, entre essas tecnologias,
  • 14:03 - 14:08
    ele fala também sobre o povo,
    e o poder do povo.
  • 14:08 - 14:12
    Ele na verdade introduz
    o termo cyber cidadãos,
  • 14:12 - 14:15
    que são cidadãos normais,
    pessoas como nós,
  • 14:15 - 14:18
    que participam online, e, em seu exemplo,
  • 14:18 - 14:22
    era num jogo de enovelamento de proteínas.
  • 14:22 - 14:26
    Não só pelo prazer de jogar,
  • 14:26 - 14:28
    mas, na verdade, para resolver
    os problemas médicos.
  • 14:28 - 14:33
    E isso é onde estamos agora,
    num mundo em que
  • 14:33 - 14:36
    os não experts não são apenas
    consumidores e usuários,
  • 14:36 - 14:40
    mas eles estão se transformando
    em colaboradores.
  • 14:40 - 14:44
    Ouvimos hoje, nesta manhã,
    um ótimo exemplo disso
  • 14:44 - 14:47
    acontecendo aqui no Amazonas.
  • 14:47 - 14:51
    Mas alguns desses são também
    o que chamamos de Povo X,
  • 14:51 - 14:54
    ou crowdsourcing, ou crowdfunding.
  • 14:54 - 14:57
    Um ótimo exemplo é a Wikipédia.
  • 14:57 - 15:00
    A Wikipédia é feita com a contribuição
    de não especialistas.
  • 15:00 - 15:03
    E nós temos montes de exemplos assim.
  • 15:03 - 15:05
    A ciência do cidadão, os bio-hackers,
  • 15:05 - 15:07
    isso é o que está acontecendo agora.
  • 15:07 - 15:09
    O "quem" está mudando.
  • 15:09 - 15:13
    Os não experts estão contribuindo agora.
  • 15:13 - 15:15
    No entanto, estou aqui para propor
  • 15:15 - 15:18
    algo mais radical que apenas
    ser colaboradores.
  • 15:19 - 15:24
    Quero também levantar questões
    relativas ao "O quê"?
  • 15:24 - 15:26
    Que tipo de tecnologia?
  • 15:26 - 15:30
    Essa é a única lista de tecnologias
    que vão moldar o futuro?
  • 15:30 - 15:31
    Acho que não.
  • 15:31 - 15:34
    Não acredito que exista
    apenas uma forma de ver
  • 15:34 - 15:36
    como vamos nos desenvolver
    no futuro.
  • 15:36 - 15:41
    Na verdade, penso que
    precisamos mais e temos mais.
  • 15:41 - 15:45
    Precisamos de conhecimento
    que comece a se desenvolver
  • 15:45 - 15:47
    a partir do contexto,
    baseado no contexto.
  • 15:47 - 15:50
    Ouvimos alguns exemplos
    da África Ocidental
  • 15:50 - 15:51
    e das Ilhas Salomão.
  • 15:51 - 15:54
    Esses são contextos diferentes
    e eles podem desenvolver
  • 15:54 - 15:57
    novas formas de ver a geração
    do conhecimento.
  • 15:57 - 16:01
    Nós provavelmente precisamos
    parar de rotular parar de dizer:
  • 16:01 - 16:03
    a ciência é apenas isso,
  • 16:03 - 16:05
    e se começarmos a trazer
    alguma arte para isso,
  • 16:05 - 16:08
    então não é ciência,
    vocês não podem falar sobre isso.
  • 16:08 - 16:11
    Talvez tenhamos de começar a
    remover o rótulo das coisas.
  • 16:11 - 16:14
    Por exemplo, no nosso
    documentário,
  • 16:14 - 16:16
    falamos sobre ciência e desenvolvimento,
  • 16:16 - 16:19
    Mas usamos dança contemporânea africana
    para falar sobre isso, por quê?
  • 16:19 - 16:23
    Porque se vocês falarem sobre
    dança contemporânea na África,
  • 16:23 - 16:25
    as coisas fazem sentido.
  • 16:25 - 16:29
    Se não usarem a cultura,
    as coisas não fazem sentido.
  • 16:30 - 16:34
    É importante trabalhar
    na desmistificação,
  • 16:34 - 16:38
    na democratização, descentralização.
  • 16:38 - 16:42
    Penso que podemos ter
    ótimos exemplos para pesquisa
  • 16:42 - 16:44
    vindo desses lugares.
  • 16:44 - 16:47
    As Ilhas Salomão,
    esse arquipélago minúsculo,
  • 16:47 - 16:50
    poderia se tornar, por exemplo,
    o melhor observatório
  • 16:50 - 16:53
    para monitorar as mudanças globais
    no mundo.
  • 16:53 - 16:56
    E esses poderiam ser
    os novos centros de pesquisa
  • 16:56 - 16:58
    surgindo ao redor do mundo,
  • 16:58 - 17:01
    talvez esses sejam
    os novos colaboradores.
  • 17:01 - 17:03
    Na verdade, acredito
    que passamos
  • 17:03 - 17:06
    da revolução tecnológica para,
    neste momento,
  • 17:06 - 17:10
    uma revolução do povo,
    mas precisamos de algo mais.
  • 17:10 - 17:14
    Precisamos de uma revolução
    humilde. Precisamos de humildade.
  • 17:14 - 17:17
    Precisamos diminuir o nosso ego.
    Nosso ego.
  • 17:17 - 17:22
    Aqueles que se consideram
    especialistas, ou experts,
  • 17:22 - 17:24
    precisamos reduzir o ego deles.
  • 17:24 - 17:28
    Uma vez feito isso,
    seremos capazes de identificar
  • 17:28 - 17:31
    o potencial entre nossos companheiros,
  • 17:31 - 17:34
    entre aqueles que chamamos de não experts.
  • 17:34 - 17:40
    E, fazendo isso seremos capazes
    de dar início a novos rumos.
  • 17:40 - 17:43
    Novos rumos para a ciência,
    para a tecnologia,
  • 17:45 - 17:48
    chamem do que quiserem.
  • 17:48 - 17:50
    Vou apenas terminar com este slide,
  • 17:50 - 17:54
    que, para mim, representa o empoderamento,
  • 17:54 - 17:58
    porque estou aqui, na frente de vocês,
  • 17:59 - 18:02
    e aquele sonho que eu
    tinha quando tinha 15 anos,
  • 18:02 - 18:04
    quero lembrar a vocês que ele mudou.
  • 18:05 - 18:08
    Aquele sonho foi, na verdade, expandido.
  • 18:08 - 18:13
    Não quero construir, com um monte
    de especialistas,
  • 18:13 - 18:18
    uma ferramenta tecnológica para
    ajudar a população do meu país.
  • 18:18 - 18:22
    Quero criar algo novo.
  • 18:22 - 18:26
    Quero expandir meus horizontes,
    e isso é tudo.
  • 18:26 - 18:27
    Muito obrigado.
  • 18:27 - 18:30
    (Aplausos)
Title:
Democratizando a ciência: Camilo Rodriguez-Beltran no TEDxBeloHorizonte
Description:

De acordo com Camilo Rodriguez-Beltran, uma nova definição de progresso científico e social é necessária: aquela criada pelas pessoas, com base em suas necessidades reais, sua cultura e suas tradições. Ele acredita que a ciência tem de ser desmistificada e acessível a todos, pois apenas assim poderemos avançar em direção a um futuro mais brilhante.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:39
  • A regra de não mais de 21 por segundo foi bastante respeitada, mas algumas linhas ainda não estavam adequadas. Sugiro usar essa ferramenta para facilitar a checagem: http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Farchifabrika.hu%2Ftools%2F&h=wAQEBBLJw

    É isso, no geral excelente trabalho e quaisquer dúvidas entrem em contato por aqui :)

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions