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Síndrome do domingo à noite | Fabrício Batista | TEDxBrasília

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    Meu tio veio pra Brasília em 1972,
    carregando essa mala aqui.
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    Isso era tudo que ele tinha.
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    E, dentro dessa mala,
    tinha mais livro do que roupa.
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    É engraçado, mas, pro projeto dele,
    isso fazia todo sentido,
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    porque ele veio pra Brasília
    com um objetivo muito claro na cabeça:
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    "Vou pra Brasília pra poder estudar
    e vencer na vida por meio dos estudos".
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    Por isso ele trouxe
    tanto livro dentro da mala.
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    Depois que ele veio,
    minha família toda veio vindo também,
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    e nisso veio a minha mãe a fazer
    o mesmo movimento que o meu tio:
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    "Vou pra Brasília estudar
    e fazer minha carreira lá".
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    Toda essa história aconteceu
    antes de eu nascer.
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    Quando eu nasci, essa mala já estava aqui.
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    E o projeto dessa mala deu supercerto
    tanto pro meu tio quanto pra minha mãe:
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    eles estudaram e venceram na vida.
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    Então, pela lógica natural das coisas,
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    um projeto que deu certo pro meu tio
    e deu certo pra minha mãe
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    daria certo pra mim também.
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    Só que, quando eu fui pra escola,
    eu não me achei na escola,
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    não me dei bem.
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    E aí, muito cedo, eu comecei a sofrer
    da síndrome do domingo à noite,
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    que era um fantasma desesperador
    que aparecia no domingo pra falar assim:
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    "Ó, amanhá é segunda-feira
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    e você vai ter que fazer uma coisa
    que você não gosta de fazer.
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    Você vai ter que carregar uma mala
    que você não quer carregar".
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    Eu sofri dessa síndrome
    quase toda a minha vida estudantil
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    e boa parte da minha vida
    profissional também.
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    Pra vocês terem uma ideia,
    de cada dez pessoas,
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    sete sofrem da síndrome
    do domingo à noite.
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    É bem provável que você sofra
    dessa síndrome também.
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    E, se você sofre dessa síndrome,
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    é porque segunda-feira você está fazendo
    uma coisa que você não gosta de fazer,
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    carregando uma mala
    que você não quer carregar.
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    A primeira vez em que eu me livrei dessa
    síndrome foi pela maior sorte do mundo.
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    Apareceu uma professora na minha escola
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    e ela colocou todo mundo pra fazer
    aquilo que mais gostava de fazer,
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    e foi muito legal porque eu passei
    a curtir a segunda-feira.
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    Só que eu cresci,
    entrei no mercado de trabalho,
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    virei publicitário e, depois de um tempo,
    a síndrome voltou a me incomodar,
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    só que dessa vez foi bem pior,
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    porque eu tinha uma carreira estabelecida,
    eu tinha filho pra criar
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    e tinha um monte de contas pra pagar.
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    Eu tinha a profissão que eu queria,
    o cargo que eu queria,
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    o salário que eu queria,
    mas eu não estava bem.
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    E a verdade é a seguinte:
    não importa a sua profissão,
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    o seu cargo, o seu salário.
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    A verdade é que,
    se você sofre da síndrome,
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    é porque você carrega
    uma mala que você não quer
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    e você continua fazendo isso
    porque você tem contas pra pagar.
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    Eu queria que você parasse
    e pensasse um pouquinho aí:
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    e se você não tivesse contas pra pagar?
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    O que você ia fazer da sua vida?
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    Tem gente que vai falar: "Nossa,
    não consigo nem parar pra pensar nisso.
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    Tenho tanta conta pra pagar..."
    (Risos)
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    Ou então: "Não, eu não faria nada.
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    Eu ia viajar ou assistir
    à Netflix o dia inteiro, sei lá".
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    Mas pensa um pouquinho aí, de verdade:
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    você ia querer gastar seu tempo
    e a sua energia fazendo o quê?
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    Se a resposta veio na tua cabeça aí,
    a tua saída está aí.
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    Você vai parar de sofrer
    da síndrome do domingo à noite
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    quando você começar
    a colocar isso em prática.
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    E, assim, se a resposta
    não veio na tua cabeça,
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    se a resposta não apareceu nesse momento,
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    você precisa encontrar
    porque isso é muito sério.
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    De verdade, isso é muito sério.
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    É bem provável que, quando você encontre
    aquilo que você quer fazer da sua vida,
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    você não saiba como fazer
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    e talvez você queira tirar tudo que tem
    dentro da sua mala de uma vez só
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    e colocar tudo de uma vez também.
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    Só que não é assim que você vai fazer
    uma mudança tão importante na tua vida.
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    A gente troca o que tem
    dentro da nossa mala aos poucos.
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    Por exemplo, se você curte fotografia,
    quer ser fotógrafo,
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    você precisa de uma câmera
    fotográfica na sua mala.
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    Claro, você não precisa
    de um estúdio fotográfico inteiro.
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    Você precisa colocar
    a fotografia na tua vida.
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    Se você gosta de cozinhar,
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    começa a testar algumas receitas
    elaboradas com seus amigos,
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    começa a fazer isso de graça
    num primeiro momento,
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    começa a experimentar
    num primeiro momento,
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    coloca a culinária na tua vida.
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    Quando você menos perceber,
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    a sua mala vai estar completa e cheia
    de coisas que você decidiu carregar,
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    coisas que você escolheu,
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    coisas que fazem sentido pra você
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    e que têm utilidade
    pras outras pessoas também.
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    A minha mala é leve e fácil de carregar.
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    O que eu carrego nessa mala hoje
    é um projeto que eu escolhi.
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    Não é um projeto do meu tio,
    um projeto da minha mãe,
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    um projeto da publicidade.
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    É um projeto que eu escolhi,
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    que é ajudar as pessoas
    a descobrir o que elas gostam de fazer
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    e elas poderem encontrar
    formas de viver disso.
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    No domingo à noite,
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    vocês vão lembrar desse papo
    que a gente está tendo hoje.
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    Talvez porque você está bem
    com a chegada da segunda-feira;
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    tranquilo porque está fazendo
    uma coisa de que você goste,
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    ou porque a síndrome do domingo
    à noite está te incomodando.
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    Se for por causa da síndrome,
    vai arrumar tua mala.
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    Obrigado.
  • 5:03 - 5:05
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Síndrome do domingo à noite | Fabrício Batista | TEDxBrasília
Description:

Muitos de nós esperamos ansiosamente pela chegada do final de semana para poder relaxar e fazer o que mais gostamos, não é mesmo? Mas logo bate aquela "deprê" quando chega o final do domingo e a segunda-feira bate à nossa porta.

O Fabrício Batista identificou esse sentimento como "síndrome do domingo à noite" e começou a questionar o propósito da sua vida e de tudo o que ele fazia. A partir daí, ele transformou a definição de seus dias.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
05:14

Portuguese, Brazilian subtitles

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