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Por que a melhor contratação não precisa ter o currículo perfeito

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    Sua empresa anuncia uma vaga.
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    Os currículos começam a chegar,
  • 0:07 - 0:10
    e os candidatos qualificados
    são identificados.
  • 0:11 - 0:13
    Agora, começa a seleção.
  • 0:14 - 0:19
    Candidato A: universidade de elite,
    notas excelentes, currículo impecável,
  • 0:19 - 0:21
    referências ótimas.
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    Tudo ideal.
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    Candidato B: escola pública,
    pula de emprego em emprego,
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    e trabalhos temporários,
    como caixa e garçonete cantora.
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    Mas lembrem-se: os dois candidatos
    estão qualificados para a vaga.
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    Então eu pergunto:
  • 0:39 - 0:41
    qual deles vocês escolherão?
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    Meus colegas e eu criamos
    uns termos bem "técnicos"
  • 0:46 - 0:49
    para distinguir duas
    categorias de candidatos.
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    Chamamos A de "berço de ouro",
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    a pessoa que teve vantagens,
    destinada ao sucesso.
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    E chamamos B de "comigo ninguém pode",
  • 1:02 - 1:05
    aquele que precisou lutar
    contra todas as expectativas
  • 1:05 - 1:08
    para chegar a esse mesmo ponto.
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    Acabaram de ouvir uma diretora de
    recursos humanos classificar pessoas
  • 1:12 - 1:14
    de "berço de ouro"
    e "comigo ninguém pode".
  • 1:14 - 1:15
    (Risos)
  • 1:15 - 1:19
    Não é politicamente correto,
    parece preconceituoso,
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    mas antes que revoguem minhas
    credenciais em recursos humanos
  • 1:23 - 1:24
    (Risos)
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    permitam que me explique.
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    Um currículo conta uma história,
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    e com o tempo aprendi
    algo sobre as pessoas
  • 1:32 - 1:36
    cuja experiência parece
    uma colcha de retalhos.
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    O que aprendi me faz parar
    e analisar muito bem
  • 1:39 - 1:42
    antes de descartar o currículo delas.
  • 1:43 - 1:45
    Uma série de empregos
    temporários pode indicar
  • 1:45 - 1:50
    inconstância, falta de foco,
    imprevisibilidade,
  • 1:50 - 1:55
    ou pode indicar
    muita luta e perseverança.
  • 1:55 - 2:00
    No mínimo, o "comigo ninguém pode"
    merece uma entrevista.
  • 2:01 - 2:02
    Quero deixar claro
  • 2:02 - 2:05
    que não tenho nada contra
    o "berço de ouro".
  • 2:05 - 2:09
    Entrar e se formar
    em uma universidade de elite
  • 2:09 - 2:12
    exige muito trabalho duro e sacrifícios.
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    Mas se a vida inteira
    você caminhou para o sucesso,
  • 2:16 - 2:19
    como irá se portar em tempos difíceis?
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    Uma pessoa que contratei
    não admitia fazer certas tarefas
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    porque estudou em
    universidade de elite,
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    por exemplo, um trabalho manual
    para entender melhor uma operação.
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    Acabou pedindo demissão.
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    Por outro lado, o que acontece
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    quando toda sua vida
    estava destinada ao fracasso,
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    mas você alcança o sucesso?
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    Quero instigar vocês a entrevistar
    o "comigo ninguém pode".
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    Falo com conhecimento,
    pois sou uma "comigo ninguém pode".
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    Antes de eu nascer,
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    meu pai foi diagnosticado
    com esquizofrenia paranoide.
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    Ele não conseguia parar em um emprego,
    apesar de ser brilhante.
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    Nossa vida era uma mistura
    de "Um Estranho no Ninho",
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    com "Tempo de Despertar"
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    e "Uma Mente Brilhante".
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    (Risos)
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    Sou a quarta de cinco filhos
    criados por uma mãe solteira
  • 3:20 - 3:23
    em um bairro barra-pesada de Nova York.
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    Não tínhamos casa própria,
    carro, lavadora de roupa,
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    e, por boa parte da infância,
    não tínhamos nem telefone.
  • 3:33 - 3:35
    Por isso me interessou muito
  • 3:35 - 3:39
    entender a relação entre o sucesso
    na empresa e os "comigo ninguém pode",
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    pois minha vida poderia ter
    seguido um rumo bem diferente.
  • 3:45 - 3:47
    Quando conheci empresários bem-sucedidos,
  • 3:47 - 3:50
    e li biografias de líderes poderosos,
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    notei alguns pontos em comum.
  • 3:53 - 3:57
    Muitos passaram cedo por dificuldades,
  • 3:57 - 4:00
    desde pobreza, abandono,
  • 4:00 - 4:02
    perda de um dos pais na infância,
  • 4:02 - 4:06
    até distúrbios de aprendizado,
    alcoolismo e violência.
  • 4:07 - 4:11
    Existe uma noção de que
    o trauma traz sofrimento,
  • 4:11 - 4:15
    e se dá muita atenção
    à disfunção resultante.
  • 4:15 - 4:20
    Mas estudos sobre a disfunção
    revelaram um aspecto inesperado:
  • 4:20 - 4:26
    até as piores circunstâncias podem trazer
    crescimento e transformação.
  • 4:26 - 4:30
    Foi descoberto um fenômeno
    notável e inesperado,
  • 4:30 - 4:35
    que os cientistas chamam
    de crescimento pós-traumático.
  • 4:35 - 4:39
    Em um estudo para medir
    os efeitos da adversidade
  • 4:39 - 4:41
    sobre crianças em situação de risco,
  • 4:41 - 4:45
    em um subconjunto de 698 crianças
  • 4:45 - 4:50
    sujeitas a condições penosas e extremas,
  • 4:50 - 4:56
    um terço teve depois uma vida adulta
    sadia, produtiva e bem-sucedida.
  • 4:56 - 5:00
    Apesar de todas as dificuldades
    e contra todas as expectativas,
  • 5:00 - 5:02
    elas venceram.
  • 5:02 - 5:03
    Um terço!
  • 5:04 - 5:06
    Vejamos este currículo.
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    Este candidato foi dado
    para adoção quando pequeno.
  • 5:09 - 5:12
    Não concluiu a faculdade.
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    Pula de emprego em emprego,
  • 5:14 - 5:17
    passa um ano na Índia,
  • 5:17 - 5:20
    e, ainda por cima, tem dislexia.
  • 5:20 - 5:22
    Vocês contratariam esse sujeito?
  • 5:23 - 5:25
    O nome dele é Steve Jobs.
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    Um estudo sobre os empreendedores
    mais bem-sucedidos do mundo
  • 5:30 - 5:34
    mostrou que um número
    desproporcional deles tem dislexia.
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    Nos Estados Unidos,
  • 5:36 - 5:41
    35% dos empreendedores
    estudados tinham dislexia.
  • 5:41 - 5:45
    E o extraordinário é que os empreendedores
  • 5:45 - 5:48
    que passam por crescimento pós-traumático,
  • 5:48 - 5:51
    veem seu distúrbio de aprendizado
  • 5:51 - 5:56
    como uma dificuldade desejável
    que lhes deu uma vantagem.
  • 5:56 - 6:01
    porque se tornaram melhores ouvintes
    e dão mais atenção a detalhes.
  • 6:01 - 6:06
    Eles não acham que são quem são
    apesar da adversidade.
  • 6:06 - 6:11
    Eles sabem que são quem são
    graças à adversidade.
  • 6:11 - 6:13
    Consideram seus traumas e dificuldades
  • 6:13 - 6:16
    elementos cruciais para serem
    quem eles se tornaram,
  • 6:16 - 6:19
    e sabem que, sem aquelas experiências,
  • 6:19 - 6:23
    talvez não tivessem desenvolvido
    a força e a coragem necessárias
  • 6:23 - 6:25
    para chegarem ao sucesso.
  • 6:26 - 6:29
    Um colega meu teve a vida
    totalmente convulsionada
  • 6:29 - 6:34
    pela Revolução Cultural Chinesa em 1966.
  • 6:35 - 6:40
    Tinha 13 anos quando seus pais
    foram mandados para a zona rural,
  • 6:40 - 6:42
    as escolas foram fechadas,
  • 6:42 - 6:47
    e ele foi deixado em Pequim,
    para se virar sozinho até os 16 anos,
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    quando conseguiu emprego
    em uma fábrica de roupas.
  • 6:50 - 6:52
    Mas em vez de aceitar aquele destino,
  • 6:52 - 6:56
    ele tomou a resolução
    de continuar sua educação formal.
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    Onze anos depois, quando
    o cenário político mudou,
  • 7:01 - 7:06
    ele soube que uma universidade
    muito seleta faria um teste de admissão.
  • 7:06 - 7:10
    Ele tinha três meses
    para aprender todo o programa
  • 7:10 - 7:12
    do ensino fundamental e médio.
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    Então, todos os dias ele
    voltava da fábrica, cochilava,
  • 7:18 - 7:21
    estudava até as quatro da manhã,
    voltava para o trabalho,
  • 7:21 - 7:26
    e assim fez todos os dias
    durante três meses.
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    Ele conseguiu, foi bem-sucedido.
  • 7:30 - 7:35
    Não vacilou em seu comprometimento
    com a educação, não perdeu a esperança.
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    Hoje ele tem mestrado,
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    e suas filhas são formadas
    em Cornell e Harvard.
  • 7:43 - 7:46
    O "comigo ninguém pode"
    é movido pela crença
  • 7:46 - 7:51
    de que a única pessoa que ele
    pode controlar totalmente é ele mesmo.
  • 7:52 - 7:54
    Quando as coisas não dão certo,
  • 7:54 - 7:59
    ele se pergunta: "O que posso mudar
    para conseguir um resultado melhor?"
  • 7:59 - 8:02
    O "comigo ninguém pode" tem a determinação
  • 8:02 - 8:04
    que o impede de desistir de si mesmo.
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    Afinal, se ele sobreviveu à pobreza,
    um pai louco e vários assaltos,
  • 8:10 - 8:13
    vai dizer: "Dificuldades nos negócios?"
  • 8:13 - 8:14
    (Risos)
  • 8:14 - 8:15
    "Sério?
  • 8:15 - 8:18
    Moleza. Deixa comigo".
  • 8:18 - 8:19
    (Risos)
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    E isso me lembra: humor.
  • 8:21 - 8:25
    O "comigo ninguém pode" sabe
    que o humor ajuda nas horas difíceis,
  • 8:25 - 8:28
    e que o riso facilita
    a mudança de perspectiva.
  • 8:28 - 8:31
    Por último, há os relacionamentos.
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    Quem supera adversidades
    não faz isso sozinho.
  • 8:35 - 8:37
    Em algum momento, pelo caminho,
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    encontra alguém que desperta o melhor nele
  • 8:41 - 8:44
    e que se empenha pelo seu sucesso.
  • 8:44 - 8:48
    Ter alguém com quem se pode contar
    em qualquer situação
  • 8:48 - 8:50
    é essencial para superar a adversidade.
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    Eu tive sorte.
  • 8:53 - 8:55
    No primeiro emprego depois de formada,
  • 8:55 - 8:58
    eu não tinha carro, então ia de carona,
    atravessando duas pontes,
  • 8:58 - 9:01
    com a assistente do presidente.
  • 9:01 - 9:03
    Ela observou meu trabalho
  • 9:03 - 9:08
    e me incentivou a focar o meu futuro
    e não ruminar sobre o passado.
  • 9:08 - 9:12
    Conheci muitas pessoas
  • 9:12 - 9:15
    que me fizeram críticas
    brutalmente honestas,
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    me aconselharam e me orientaram.
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    Essas pessoas não se importaram
  • 9:20 - 9:24
    de eu ter sido garçonete cantora
    para pagar meus estudos.
  • 9:24 - 9:25
    (Risos)
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    Quero encerrar com uma dica valiosa.
  • 9:29 - 9:34
    Empresas comprometidas com
    a diversidade e práticas de inclusão
  • 9:34 - 9:36
    tendem a apoiar os "comigo ninguém pode"
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    e a superar as concorrentes.
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    A consultoria DiversityInc mostrou,
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    em um estudo, que suas 50 principais
    empresas que favorecem a diversidade
  • 9:46 - 9:51
    superaram em 25% o índice S&P500.
  • 9:52 - 9:55
    Voltemos então à minha primeira pergunta.
  • 9:56 - 9:58
    Em quem vocês vão apostar:
  • 9:58 - 10:01
    "berço de ouro" ou "comigo ninguém pode"?
  • 10:02 - 10:06
    Meu conselho: escolham
    o candidato subestimado
  • 10:06 - 10:09
    cujas armas secretas
    são o fervor e a determinação.
  • 10:10 - 10:12
    Contratem o "comigo ninguém pode".
  • 10:12 - 10:15
    (Aplausos)
Title:
Por que a melhor contratação não precisa ter o currículo perfeito
Speaker:
Regina Hartley
Description:

Quando tem de escolher entre um candidato a emprego com um currículo perfeito e outro que lutou e venceu com dificuldade, a executiva de recursos humanos Regina Hartley sempre dá uma chance ao "comigo ninguém pode". Como ela mesma cresceu na adversidade, Hartley sabe que os que prosperam nos meios mais penosos são dotados de força para perseverar em um ambiente de trabalho sempre mutável. "Escolha o candidato subestimado, cujas armas secretas são o fervor e a determinação", ela diz. "Contrate o 'comigo ninguém pode.'"

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
10:31

Portuguese, Brazilian subtitles

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