Return to Video

O empreendedorismo e o preço de um sonho | Arthur Dambros | TEDxLaçador

  • 0:09 - 0:12
    O empreendedorismo é grandiloquente.
  • 0:13 - 0:15
    São quase sempre histórias do tipo:
  • 0:15 - 0:19
    "Como larguei meu emprego bem remunerado
    e fundei minha empresa milionária".
  • 0:20 - 0:23
    Obviamente são as histórias contadas
    por quem teve sucesso,
  • 0:23 - 0:25
    olhando pelo espelho retrovisor.
  • 0:25 - 0:30
    Fracassados ou os que simplesmente
    não chegaram lá não contam suas histórias.
  • 0:31 - 0:34
    Ou por acaso alguém já ouviu
    a história de quem faliu a empresa
  • 0:34 - 0:36
    e hoje está num emprego do qual não gosta.
  • 0:36 - 0:39
    Pouca gente gostaria de ouvir isso.
  • 0:40 - 0:44
    Eu estava lendo o livro "A Loja de Tudo",
    quanto à biografia da Amazon,
  • 0:44 - 0:46
    tem 300 e tantas páginas,
  • 0:46 - 0:49
    na página 20 o Jeff Bezos
    já era multimilionário,
  • 0:49 - 0:52
    e a Amazon já era uma das empresas
    mais bem-sucedidas dos Estados Unidos.
  • 0:53 - 0:56
    E isso é injusto,
    porque não é assim que acontece,
  • 0:56 - 1:01
    a gente sabe que não é assim
    que acontece pra 95%, 99%
  • 1:01 - 1:05
    dos empreendedores e empresários
    que tentam criar alguma coisa.
  • 1:06 - 1:09
    Mas como é, então,
    o dia a dia, a realidade
  • 1:09 - 1:12
    e o empreendedorismo visto dos bastidores?
  • 1:12 - 1:15
    Eu sei como foi pra mim
    e vou contar um pouquinho dessa história.
  • 1:15 - 1:19
    Tudo não começou numa garagem,
    como conta a lenda;
  • 1:19 - 1:21
    começou numa biblioteca.
  • 1:21 - 1:24
    E começou com um impulso empreendedor
  • 1:24 - 1:29
    que eu vejo muito parecido com o impulso
    do artista de criar, de compor, de pintar.
  • 1:29 - 1:31
    Só que eu fazia Administração de Empresas
  • 1:31 - 1:35
    e a forma de expressão que eu encontrei
    foi o empreendedorismo.
  • 1:36 - 1:38
    Expressão de quê?
  • 1:38 - 1:42
    Expressão de poder ver que meu trabalho
    influencia na vida das pessoas;
  • 1:42 - 1:46
    de criar uma empresa que tem algum sentido
    um pouquinho maior do que gerar lucro,
  • 1:46 - 1:48
    simplesmente, não que isso
    não tenha o seu mérito;
  • 1:48 - 1:51
    queria poder fazer
    o que eu amo de verdade,
  • 1:51 - 1:54
    então pegar uma coisa da qual eu gosto
    e colocar no meu dia a dia de trabalho.
  • 1:55 - 1:59
    E o que eu amo são os livros.
  • 1:59 - 2:01
    Não só isso, claro, mas uma das coisas.
  • 2:02 - 2:04
    E o Gustavo, meu sócio,
    sempre quis ter uma livraria,
  • 2:04 - 2:06
    mas nunca conseguiu achar o contexto,
  • 2:06 - 2:08
    a gente, se reunindo, discutiu
  • 2:08 - 2:11
    e surgiu a ideia do clube
    de assinatura de livros,
  • 2:11 - 2:15
    que o modelo já existe, alguns de vocês
    devem conhecer, de cerveja, de vinho,
  • 2:15 - 2:17
    só que não existia nada pra livros.
  • 2:17 - 2:19
    Mas clubes do livro
    sempre existiram, a vida inteira,
  • 2:19 - 2:23
    o pessoal se reúne pra discutir, então
    a gente achou que o modelo casava, viu aí:
  • 2:23 - 2:26
    "Tem uma chance de fazer
    uma coisa que eu gosto,
  • 2:26 - 2:29
    trabalhar com livros, cultura,
    em uma oportunidade de negócio".
  • 2:30 - 2:33
    Então, como diz o outro,
    a ideia foi indo, indo e "iu",
  • 2:33 - 2:39
    e um ano depois das primeiras concepções
  • 2:39 - 2:41
    de como seria um clube
    de assinaturas de livro,
  • 2:41 - 2:46
    a gente fundou, então, em agosto de 2014,
    a TAG Experiências Literárias,
  • 2:46 - 2:48
    que é um clube de assinaturas de livros.
  • 2:48 - 2:50
    E aí começou minha trajetória
    no empreendedorismo
  • 2:50 - 2:53
    e os aprendizados
    que eu tenho pra compartilhar.
  • 2:54 - 2:56
    O primeiro deles é que é muito difícil.
  • 2:57 - 2:59
    A gente sabe disso, mas, enfim,
  • 2:59 - 3:03
    todos aprendizados são obviedades que,
    um dia, a gente percebe a verdade delas,
  • 3:03 - 3:05
    e eu percebi o quão difícil é.
  • 3:06 - 3:10
    O escritor mineiro Rubem Alves
    tem uma analogia
  • 3:10 - 3:12
    em que compara o jequitibá ao eucalipto,
  • 3:12 - 3:15
    e ele fala que o jequitibá
    é uma árvore esplendorosa,
  • 3:15 - 3:19
    com personalidade, que leva
    séculos pra ser construída,
  • 3:19 - 3:22
    e o eucalipto, ao contrário,
    é plantado sob uma ótica comercial,
  • 3:22 - 3:26
    um ao lado do outro, parecem
    árvores batendo continência.
  • 3:26 - 3:29
    E é uma metáfora que pode
    ser entendida pra inovação.
  • 3:30 - 3:35
    Eu sempre quis que a minha empresa
    fosse um jequitibá, fosse diferente,
  • 3:35 - 3:38
    levasse os meus valores pro mundo,
    aquilo em que eu acreditava,
  • 3:38 - 3:40
    e trabalhar com literatura, enfim,
  • 3:40 - 3:44
    o mercado literário
    é extremamente conservador,
  • 3:44 - 3:47
    e, enfim, a gente está no Brasil,
  • 3:47 - 3:50
    é muito difícil de vender algo
    que não seja "Cinquenta Tons de Cinza".
  • 3:50 - 3:52
    (Risos)
  • 3:54 - 3:58
    Mas a gente queria tentar e saber que, se um dia
    o Brasil se tornar um país de leitores,
  • 3:58 - 4:01
    talvez a gente vai ter algum papel nisso,
  • 4:01 - 4:04
    talvez não, bom, se não der certo,
    a gente vai pra outra.
  • 4:04 - 4:07
    Mas a metáfora oculta,
    ou a parte oculta dessa metáfora
  • 4:07 - 4:11
    é que o jequitibá, até se tornar
    essa árvore linda e esplendorosa,
  • 4:11 - 4:14
    era só uma muda estranha e intrusa
    num universo de eucaliptos.
  • 4:14 - 4:16
    E como é difícil
    ser um estranho, um intruso,
  • 4:16 - 4:19
    e tentar levar essa tua ideia
    diferente pro mercado.
  • 4:19 - 4:23
    Tanto que este é o segundo comentário
    da história da nossa página no Facebook,
  • 4:23 - 4:28
    a gente tinha acabado de lançar
    a empresa, estava eufórico,
  • 4:28 - 4:29
    ele vem e fala:
  • 4:30 - 4:34
    "Por que devo pagar R$ 69,90
    pra receber um livro de 1986,
  • 4:34 - 4:36
    que por acaso já tenho há muitos anos,
  • 4:36 - 4:40
    e que pode ser encontrado novo
    por R$ 55 e usado a partir de R$ 25?
  • 4:40 - 4:42
    Vocês prometem novos autores,
    novas leituras e perspectivas
  • 4:42 - 4:45
    e oferecem um campeão de vendas
    de quase 30 anos?
  • 4:45 - 4:46
    Qual é o ponto?
  • 4:46 - 4:50
    Apenas ganhar dinheiro com os incautos ou
    realmente espalhar o gosto pela leitura?"
  • 4:50 - 4:52
    Bam! Pancada no estômago.
  • 4:53 - 4:55
    E teve seis curtidas, ainda.
  • 4:55 - 4:56
    (Risos)
  • 4:57 - 4:59
    Então, ele não estava sozinho.
  • 4:59 - 5:00
    (Risos)
  • 5:01 - 5:03
    Mal sabia a gente que essa seria a tônica
  • 5:03 - 5:06
    dos próximos cinco, seis,
    sete meses de empresa,
  • 5:06 - 5:08
    e que esse seria
    o comentário preponderante
  • 5:08 - 5:11
    das nossas primeiras tentativas
    de levar essa ideia pro mercado.
  • 5:13 - 5:16
    A gente começou com 65 associados.
  • 5:16 - 5:20
    A gente tem três sócios, soma a família
    de cada um, os amigos de cada um,
  • 5:20 - 5:21
    é mais ou menos o que dá.
  • 5:21 - 5:22
    (Risos)
  • 5:22 - 5:25
    Então, pouca gente era cliente
    que a gente não conhecia.
  • 5:25 - 5:27
    E seis meses depois,
  • 5:27 - 5:30
    a gente estava com 100 associados,
    um crescimento quase nulo.
  • 5:30 - 5:33
    A gente obviamente não ganhava dinheiro,
    aliás fui ganhar meu primeiro salário,
  • 5:33 - 5:35
    um salário de estagiário,
    fecha parênteses,
  • 5:35 - 5:39
    quase três anos
    depois de fundar a empresa.
  • 5:39 - 5:43
    A gente não ganhava dinheiro e, pior,
    sabia que, se continuasse assim,
  • 5:43 - 5:45
    já tinha percorrido
    6 meses com 100 associados,
  • 5:45 - 5:49
    se continuasse assim ia ter mais sete,
    oito meses de vida e acabou,
  • 5:49 - 5:52
    porque a gente não estava indo
    a lugar nenhum desse jeito.
  • 5:52 - 5:54
    Ia acabar o dinheiro que tinha guardado
  • 5:54 - 5:56
    ao longo da faculdade
    pra abrir meu negócio.
  • 5:56 - 5:58
    E aí eu fiquei me perguntando
    onde está o amor.
  • 5:58 - 6:03
    Afinal, o amor foi um dos grandes motivos
    pra eu ter querido empreender.
  • 6:03 - 6:06
    E eu percebi uma coisa:
  • 6:06 - 6:09
    o nosso pensamento,
    quando a gente projeta ele no futuro,
  • 6:09 - 6:11
    ele não se apega às pequenas coisas,
  • 6:11 - 6:14
    ele não consegue pensar nos detalhes
    ordinários que vão compor o dia a dia.
  • 6:14 - 6:16
    Ele pensa nos grandes golpes,
  • 6:16 - 6:19
    nos momentos em que tu te sente
    orgulhoso pelo que tu construiu,
  • 6:19 - 6:22
    e é isso que tu quer, é nisso
    que tu pensa e daí tu age
  • 6:22 - 6:26
    mas esquece que o que compõe
    10, 11, 12 horas diárias de trabalho
  • 6:26 - 6:28
    são coisas pequenas,
    são coisas ordinárias,
  • 6:28 - 6:31
    como responder
    um cliente assim no Facebook,
  • 6:31 - 6:34
    e tentar se divulgar,
    falar com institutos de cultura,
  • 6:34 - 6:37
    montar caixa, comprar,
    emitir nota fiscal, comprar livros,
  • 6:37 - 6:41
    fazer um universo de coisas
    pra no final talvez não dar em nada.
  • 6:41 - 6:44
    E o pior é que a gente fazia
    tudo isso com muito carinho...
  • 6:44 - 6:46
    Eu lembro da primeira
    remessa de associados,
  • 6:46 - 6:49
    a gente queria enviar
    uma caixa, enfim, bonita,
  • 6:49 - 6:51
    com logo, com desenhos de literatura,
  • 6:51 - 6:53
    só que a gente não podia
    comprar mil, 2 mil caixas,
  • 6:53 - 6:57
    que era o pedido mínimo de serigrafia,
    não tinha dinheiro nem volume pra isso.
  • 6:57 - 6:59
    Então a gente mandou fazer
    um carimbo com o logo da empresa.
  • 6:59 - 7:02
    E caixa a caixa, a gente
    carimbava umas 20 ou 30 vezes
  • 7:02 - 7:05
    pra poder ver ela bonitinha
    e entregar pro associado.
  • 7:05 - 7:08
    E a gente fazia essas coisas
    não só nas caixas,
  • 7:08 - 7:11
    mas na escolha dos livros,
    na revista, em tudo que compõe o kit,
  • 7:11 - 7:16
    pra, no final do dia ou no final do mês,
    perceber que não veio nenhum cliente
  • 7:16 - 7:19
    e que a gente estava
    um mês mais próximo do fim.
  • 7:19 - 7:20
    E se é um amor,
  • 7:20 - 7:24
    pelo menos nos estágios iniciais,
    é um amor não correspondido.
  • 7:24 - 7:25
    (Risos)
  • 7:26 - 7:29
    E aí eu fiquei pensando
    na história do Roberto Medina,
  • 7:29 - 7:31
    que fez 70 reuniões, com 70 bandas,
  • 7:31 - 7:33
    pra tentar convencê-las a participar
  • 7:33 - 7:37
    do primeiro evento de rock que ele
    queria criar, e recebeu 70 negativas.
  • 7:37 - 7:41
    Na 71ª recebeu um sim,
    e hoje é o Rock in Rio.
  • 7:42 - 7:44
    Eu me perguntava duas coisas
    frente a essa história.
  • 7:44 - 7:47
    Se algum dia minha 71ª reunião ia chegar.
  • 7:47 - 7:48
    (Risos)
  • 7:48 - 7:52
    Já tinha ido 70, eu acho. Enfim.
  • 7:52 - 7:56
    Ou, pior, se eu não seria
    um dos Robertos Medinas anônimos.
  • 7:56 - 7:59
    Ou seja, que não receberam 70 nãos,
    mas 80, 90, 100, 200,
  • 7:59 - 8:01
    e a coisa nunca aconteceu pra eles.
  • 8:02 - 8:06
    A quantidade desses caras é muito maior
  • 8:06 - 8:08
    do que a de Robertos Medinas
    que contam a história.
  • 8:09 - 8:10
    Descobri, outra obviedade,
  • 8:10 - 8:13
    que o empreendedorismo
    é uma aposta que tu faz antes,
  • 8:13 - 8:15
    e tu não sabe se aquilo vai acontecer.
  • 8:15 - 8:18
    Não interessa quanto planejamento
    tu fez, tu não sabe.
  • 8:19 - 8:23
    E seria fácil suportar essa dor,
    a dor da dificuldade de seis, oito meses,
  • 8:23 - 8:27
    se a gente soubesse que em algum momento
    ela findaria, seja em dois, três anos,
  • 8:27 - 8:29
    e aquilo retornaria,
  • 8:29 - 8:30
    só que a gente não sabe.
  • 8:30 - 8:32
    Tu trabalhar um dia
    que não veio cliente
  • 8:32 - 8:35
    e tu não saber se o próximo vai dar certo,
  • 8:35 - 8:37
    talvez um dia tu aguente,
    talvez dois meses aguente,
  • 8:37 - 8:40
    talvez seis tu aguente,
    mas uma hora tu vai começar a fraquejar.
  • 8:41 - 8:42
    E eu estava fraquejando.
  • 8:44 - 8:46
    Lembrei do Amyr Klink;
  • 8:46 - 8:51
    no livro Cem Dias Entre Céu e Mar
    ele relata o projeto empreendedor dele,
  • 8:51 - 8:54
    em que ele veio da África do Sul
    ao Brasil num barco a remo.
  • 8:54 - 8:55
    Essa era a ideia dele.
  • 8:55 - 8:57
    Maluca!
  • 8:57 - 9:00
    Assim como toda ideia de empreendedorismo.
  • 9:01 - 9:04
    E o pior é que ele estudou caras
    que tentaram fazer isso antes dele
  • 9:04 - 9:05
    e todos morreram.
  • 9:05 - 9:06
    (Risos)
  • 9:06 - 9:09
    Só que ele achou que ele ia conseguir.
  • 9:09 - 9:12
    E ele fez um dossiê de 40 páginas
  • 9:12 - 9:16
    onde ele discriminou a cor do barco,
    qual seria pra evitar musgos,
  • 9:16 - 9:20
    o roteiro que pegaria, as marés,
    as correntes marítimas em que entraria,
  • 9:20 - 9:23
    o porto do qual ele sairia,
    o projeto do barco, patrocínio, tudo.
  • 9:23 - 9:25
    E achou que com aquilo conseguiria fazer.
  • 9:25 - 9:30
    Bateu no peito; mas aí chega a hora
    de colocar o barco na água.
  • 9:30 - 9:32
    E esse é o momento tranquilo,
  • 9:32 - 9:37
    porque tu ainda está imerso nas tuas
    convicções e acha que tudo vai dar certo,
  • 9:37 - 9:39
    pega e sai remando,
  • 9:39 - 9:42
    só que daí, um mês depois,
    tu está no meio do oceano.
  • 9:42 - 9:45
    Aí tu olha pra frente, horizonte,
    olha pro lado, horizonte,
  • 9:45 - 9:48
    olha pra trás é horizonte,
    tu não vê mais nada.
  • 9:48 - 9:50
    E aí começa a dar cãimbra,
  • 9:50 - 9:53
    alguns equipamentos do barco
    já não estão mais funcionando,
  • 9:53 - 9:56
    tu não conseguiu cumprir a meta,
    então tu está atrás do que tu imaginava;
  • 9:56 - 9:58
    e aí tu começa a duvidar
  • 9:58 - 10:02
    e as 40 páginas de convicção começam
    a se tornar 40 páginas de dúvidas.
  • 10:02 - 10:04
    Tu acha que teu projeto não vai dar certo
  • 10:04 - 10:07
    e assim que a gente estava seis,
    sete meses depois de iniciar a empresa.
  • 10:09 - 10:12
    Aprendi que o "sim",
    por contraintuitivo que pareça,
  • 10:12 - 10:14
    é muito mais restritivo que o "não".
  • 10:14 - 10:17
    No momento em que tu diz não
    pra alguma coisa, tu te afasta dela
  • 10:17 - 10:21
    e tu te aproxima de todas as outras,
    que são infinitas.
  • 10:21 - 10:26
    Quando tu diz sim, tu te afasta
    de todo um mundo de possibilidades
  • 10:26 - 10:29
    pra te apegar a uma coisa,
    que é aquela que tu decidiu.
  • 10:30 - 10:33
    E isso dói, porque tu abre mão
    não só da vida que tu tinha,
  • 10:33 - 10:36
    no caso do empreendedorismo,
    de trabalhar oito horas por dia,
  • 10:36 - 10:38
    de não levar tanto trabalho pra casa,
  • 10:38 - 10:40
    de não ter tanto peso
    de responsabilidade nos ombros,
  • 10:40 - 10:43
    como de tudo aquilo
    que tu poderia ter tido,
  • 10:43 - 10:46
    projetos que tu poderia aceitar,
    viagens que tu poderia fazer,
  • 10:46 - 10:50
    que agora tu não pode mais
    porque tu optou por aquilo.
  • 10:50 - 10:53
    E esta aqui é uma foto minha,
    de uma viagem de bicicleta que eu fiz.
  • 10:54 - 10:57
    O cicloturismo é uma coisa
    muito presente na minha vida,
  • 10:57 - 11:00
    fui de Balneário Camboriú a Porto Alegre,
  • 11:00 - 11:02
    e queria repetir, quero repetir,
    não consigo repetir;
  • 11:02 - 11:04
    porque não tenho dinheiro
    e não tenho tempo.
  • 11:05 - 11:07
    Mas vou ter, espero.
  • 11:07 - 11:08
    (Risos)
  • 11:09 - 11:13
    Como diz o Eduardo Giannetti,
    filósofo e economista brasileiro:
  • 11:13 - 11:15
    "Apostar na criação,
  • 11:15 - 11:16
    em qualquer campo da atividade humana,
  • 11:16 - 11:18
    é como entrar em uma enorme loteria.
  • 11:18 - 11:21
    O custo da aposta
    tem que ser pago na entrada,
  • 11:21 - 11:24
    levando consigo muitas vezes
    a melhor parte das esperanças
  • 11:24 - 11:25
    e energias de uma juventude".
  • 11:25 - 11:29
    Eu me sentia assim,
    com as energias drenadas
  • 11:29 - 11:32
    pelo meu sonho e pela minha ideia
    que eu gostaria de criar.
  • 11:33 - 11:36
    Mas aí tem um coitado
  • 11:36 - 11:39
    no qual a gente deposita
    todas as esperanças, que é o tempo.
  • 11:39 - 11:42
    E acha que o tempo vai mudar alguma coisa.
  • 11:42 - 11:44
    E aí às vezes ele decepciona.
  • 11:44 - 11:46
    Mas às vezes ele não decepciona.
  • 11:46 - 11:49
    E nosso estoquezinho inicial,
    que começou primeiro na biblioteca,
  • 11:49 - 11:52
    depois na casa do Gustavo,
    que é meu sócio,
  • 11:52 - 11:55
    depois num escritoriozinho
    que a gente conseguiu alugar,
  • 11:55 - 11:58
    pra 65 associados, era pequeninho,
  • 11:58 - 12:01
    hoje ele já cresceu, então
    a gente está com 5 mil associados.
  • 12:02 - 12:03
    Tenho orgulho...
  • 12:03 - 12:05
    (Aplausos) (Vivas)
  • 12:12 - 12:16
    E só tenho orgulho disso
    porque sei o quão difícil foi.
  • 12:17 - 12:21
    E não é só questões numéricas.
  • 12:21 - 12:24
    Éramos três sócios que só brigávamos,
  • 12:24 - 12:30
    porque quando a coisa não dá certo,
    obviamente a gente só se estressa
  • 12:30 - 12:32
    e não é uma questão nem de relacionamento,
  • 12:32 - 12:35
    no contexto no qual
    tu está inserido é normal.
  • 12:35 - 12:37
    E a gente não é mais
    três pessoas trabalhando,
  • 12:37 - 12:41
    a equipe já cresceu e não está completa,
    tem mais umas cinco ou seis pessoas.
  • 12:41 - 12:44
    E ver que nossos amigos de antes
    agora estão trabalhando,
  • 12:44 - 12:46
    numa coisa na qual acreditam
  • 12:46 - 12:50
    e agora que parece
    que a roda começa a girar,
  • 12:50 - 12:52
    é extremamente gratificante.
  • 12:52 - 12:55
    E antes a gente falava pra ninguém,
  • 12:55 - 12:57
    agora a gente fala pra alguém.
  • 12:57 - 12:59
    Então todos os meses
    é uma enxurrada de mensagens
  • 12:59 - 13:01
    do pessoal que recebe a nossa caixinha,
  • 13:01 - 13:04
    até os gatos aproveitam,
    não só os leitores.
  • 13:04 - 13:05
    (Risos)
  • 13:05 - 13:07
    E o sorriso no rosto
    das pessoas que recebem,
  • 13:07 - 13:10
    que agora elas enxergam que não,
    não é só um livro por R$ 69,90.
  • 13:10 - 13:12
    Não, a gente não quer enganar os incautos
  • 13:12 - 13:14
    que não conhecem de literatura.
  • 13:14 - 13:18
    Não é por isso que a gente está
    enfrentando todas as dificuldades,
  • 13:18 - 13:19
    não valeria à pena por isso.
  • 13:21 - 13:24
    Então a coisa muda
    e este é o objetivo da TAG
  • 13:24 - 13:29
    e, no fundo, acho que deveria ser um pouco
    do objetivo de quase qualquer negócio:
  • 13:29 - 13:30
    arrancar sorrisos.
  • 13:31 - 13:33
    E a literatura é isso, o kit é isso,
  • 13:33 - 13:38
    as pessoas falam que receber um kit da TAG
    é como abrir um Kinder Ovo na infância
  • 13:38 - 13:41
    ou fazer aniversário todos os meses.
  • 13:41 - 13:45
    E é isso, é descobrir novos autores,
    novas perspectivas.
  • 13:45 - 13:50
    E uma vez uma associada, isso não é caso
    isolado, mas é um exemplo emblemático,
  • 13:50 - 13:54
    que representa o que a gente está
    começando a conseguir fazer agora,
  • 13:54 - 13:58
    ela mandou um vídeo pro nosso e-mail,
    que ela gravou, que ela estava no hospital
  • 13:58 - 14:01
    fazia um mês, processo cirúrgico,
    não sei o que estava acontecendo;
  • 14:01 - 14:04
    ela tinha pedido, de fato, pra trocar
    o endereço, a gente não sabia por quê.
  • 14:04 - 14:08
    Era pra enviar o kit pro hospital;
    ela gravou quando o kit chegou,
  • 14:08 - 14:10
    dizendo que era o dia
    mais feliz do mês dela.
  • 14:12 - 14:15
    E isso representa um pouco
    do que a gente quer trazer,
  • 14:15 - 14:19
    do que a gente tentava trazer,
    e por isso foi tão duro, tão difícil,
  • 14:19 - 14:22
    mas hoje está acontecendo.
  • 14:22 - 14:24
    A gente começa hoje
  • 14:24 - 14:28
    a vivenciar e vislumbrar uma possibilidade
    de recompensa no empreendedorismo.
  • 14:28 - 14:32
    Não do dia a dia, aquelas 11, 12 horas
    não é de uma apresentação, assim,
  • 14:32 - 14:35
    retomamos os melhores "highlights".
  • 14:35 - 14:38
    Mas ela é dura, continua dura, mas hoje
    a gente começa a ver um outro lado,
  • 14:38 - 14:40
    começa a ver que pode,
    talvez, valer à pena,
  • 14:40 - 14:43
    já está começando a valer à pena.
  • 14:43 - 14:45
    E se hoje eu falo,
  • 14:45 - 14:49
    ou se a experiência que mais está viva
    dentro de mim é o preço que se paga
  • 14:49 - 14:51
    por tentar investir em um sonho,
  • 14:51 - 14:54
    eu espero que um dia eu possa falar
    sobre a recompensa que se tem de verdade
  • 14:54 - 14:59
    de ir atrás de um sonho, pelo menos é isso
    que eu estou brigando.
  • 15:01 - 15:06
    Nada garante, isso aqui não é uma...
    não tem uma mensagem nessa apresentação,
  • 15:06 - 15:09
    ou, se tem, é uma mensagem
    de que não há uma mensagem nem de...
  • 15:09 - 15:10
    (Risos)
  • 15:11 - 15:15
    nem de otimismo, nem de pessimismo;
    pode dar certo, pode não dar certo,
  • 15:15 - 15:19
    e essa incerteza é a única coisa
    presente na vida do empreendedor.
  • 15:20 - 15:21
    Obrigado.
  • 15:21 - 15:22
    (Aplausos)
Title:
O empreendedorismo e o preço de um sonho | Arthur Dambros | TEDxLaçador
Description:

Arthur Dambros, formado em administração e cofundador da TAG - Experiências Literárias, clube de assinatura de livros fundado em 2014 e que já está presente em todos os estados brasileiros, apresenta o empreendedorismo visto dos bastidores. O aprendizado de que o sim é muito mais restritivo que o não e que a incerteza é a única coisa presente na vida do empreendedor.

Antes do mercado literário, Arthur Dambros investiu em ações, trabalhou com consultoria empresarial e organizou o Encontro Nacional de Empresas Juniores (ENEJ), evento que reuniu 1,5 mil pessoas em torno do tema empreendedorismo. Além dos livros, as viagens de bicicleta e os esportes compõem sua vida.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

more » « less
Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
15:28

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions Compare revisions