Como podemos prever a próxima crise financeira
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0:01 - 0:03Era uma vez uma época
-
0:03 - 0:08em que vivíamos numa economia
de crescimento financeiro e prosperidade. -
0:10 - 0:13Chamavam-lhe "A Grande Moderação",
-
0:13 - 0:16a crença equivocada
da maior parte dos economistas, -
0:16 - 0:20dos políticos e dos bancos centrais
-
0:20 - 0:23de que nos tínhamos transformado
num novo mundo -
0:23 - 0:27de crescimento e prosperidade sem fim.
-
0:27 - 0:32Era confirmado pelo crescimento
robusto e estável do PIB, -
0:32 - 0:35por um inflação baixa e controlada,
-
0:35 - 0:37por uma baixa taxa de desemprego
-
0:37 - 0:40e pela volatilidade financeira,
controlada e baixa. -
0:40 - 0:47Mas a Grande Recessão, em 2007 e 2008,
-
0:47 - 0:51o grande colapso, estilhaçou essa ilusão.
-
0:51 - 0:56A perda dumas centenas de milhares
de milhões de dólares no setor financeiro -
0:56 - 1:01transformou-se numa perda
de cinco biliões de dólares -
1:01 - 1:02no PIB mundial
-
1:02 - 1:06e quase 30 biliões de dólares de perdas
-
1:06 - 1:09no mercado mundial de ações.
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1:09 - 1:15Esta Grande Recessão foi encarada
-
1:15 - 1:20como uma surpresa total,
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1:20 - 1:22aparecida de repente,
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1:22 - 1:24como se se devesse à fúria dos deuses.
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1:24 - 1:26Ninguém era responsável.
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1:26 - 1:28Portanto, depois de refletirmos nisso,
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1:28 - 1:32criámos o Observatório
das Crises Financeiras. -
1:32 - 1:36Tínhamos como objetivo
diagnosticar em tempo real -
1:36 - 1:38as bolhas financeiras
-
1:38 - 1:42e identificar de antemão
o seu momento crítico. -
1:44 - 1:47Qual é o fundamento científico
deste observatório financeiro? -
1:48 - 1:51Desenvolvemos uma teoria
chamada "reis-dragões". -
1:52 - 1:55Os "reis-dragões" representam
acontecimentos extremos -
1:55 - 1:58que têm uma classe própria.
-
1:58 - 2:01São acontecimentos especiais.
São valores atípicos. -
2:01 - 2:05São gerados por mecanismos específicos
-
2:05 - 2:07que podem torná-los previsíveis,
-
2:07 - 2:10porventura até controláveis.
-
2:10 - 2:14Consideremos a série cronológica
dos preços financeiros, -
2:14 - 2:16uma dada ação, a ação perfeita,
-
2:16 - 2:18ou um índice mundial.
-
2:19 - 2:21Temos estes altos e baixos.
-
2:21 - 2:24Uma boa medida do risco
deste mercado financeiro -
2:24 - 2:26são os picos e depressões
-
2:26 - 2:29que representam o cenário
da pior das hipóteses, -
2:29 - 2:32quando se compra em alta
e se vende em baixa. -
2:33 - 2:36Podemos olhar para as estatísticas,
para a frequência da ocorrência -
2:36 - 2:39dos picos e depressões
de diferentes dimensões, -
2:39 - 2:41conforme representada neste gráfico.
-
2:41 - 2:46Mas é interessante que 99%
dos picos e depressões -
2:46 - 2:48de diferentes amplitudes
-
2:48 - 2:51podem ser representados
por uma lei do poder universal -
2:51 - 2:55representada por esta linha vermelha.
-
2:55 - 2:59Ainda mais interessante,
há valores atípicos, há exceções -
2:59 - 3:01que estão acima desta linha vermelha,
-
3:01 - 3:05que ocorrem, pelo menos, 100 vezes
mais frequentemente -
3:05 - 3:09do que a extrapolação
tinha previsto que ocorressem, -
3:09 - 3:11baseando-se na calibração
-
3:11 - 3:14dos 99% picos e depressões restantes.
-
3:16 - 3:20Isto deve-se a fortes dependências,
-
3:20 - 3:23tais como uma perda seguida por uma perda,
-
3:23 - 3:26a que se segue uma perda
a que se segue uma perda. -
3:26 - 3:30Estes tipos de dependências
-
3:30 - 3:35são em grande parte indetetáveis
por ferramentas normais de gestão de riscos -
3:35 - 3:40que as ignoram e veem lagartos
quando deviam ver "reis-dragões". -
3:42 - 3:46O mecanismo de raiz de um "rei-dragão"
-
3:46 - 3:49é uma lenta maturação para a instabilidade,
-
3:49 - 3:50que é uma bolha,
-
3:50 - 3:53e o clímax da bolha
é frequentemente o colapso. -
3:53 - 3:57Isto é semelhante
ao lento aquecimento da água -
3:57 - 4:00neste tubo de ensaio
até chegar ao ponto de ebulição, -
4:00 - 4:02em que ocorre a instabilidade da água
-
4:02 - 4:05e se dá a fase de transição para o vapor.
-
4:06 - 4:09Este processo, que não tem nada de linear
-
4:09 - 4:12— não pode ser previsto
pelas técnicas habituais — -
4:12 - 4:16é o reflexo de um comportamento
coletivo emergente -
4:16 - 4:18que é fundamentalmente endógeno.
-
4:18 - 4:21Portanto, a causa do colapso,
a causa da crise -
4:21 - 4:24tem de ser encontrada
numa instabilidade interna do sistema -
4:24 - 4:29e qualquer minúscula perturbação
vai provocar essa instabilidade. -
4:31 - 4:34Há quem possa estar a pensar
-
4:34 - 4:37se isto não estará relacionado
com o conceito de cisne negro -
4:37 - 4:39de que se ouve falar frequentemente.
-
4:40 - 4:42Lembrem-se, um cisne negro é uma ave rara
-
4:42 - 4:45que vemos uma única vez
e que subitamente destrói a nossa crença -
4:45 - 4:48de que todos os cisnes são brancos.
-
4:48 - 4:51Transmite dessa forma
a ideia de imprevisibilidade, -
4:51 - 4:53da impossibilidade de saber
-
4:53 - 4:56que os acontecimentos extremos
são fundamentalmente desconhecidos. -
4:56 - 5:00Nada está mais longe do conceito
de "rei-dragão" que eu proponho, -
5:00 - 5:04que é exatamente o oposto,
que os acontecimentos mais extremos -
5:04 - 5:08são, na realidade, passíveis
de ser conhecidos e previstos. -
5:08 - 5:11Portanto, podemos ter esse poder,
assumir a responsabilidade -
5:11 - 5:13e fazer previsões sobre eles.
-
5:13 - 5:16Deixemos que o meu "rei-dragão"
queime este conceito de cisne negro. -
5:16 - 5:18(Risos)
-
5:18 - 5:20Há muitos sinais precoces de aviso
-
5:20 - 5:23que são previstos por esta teoria.
-
5:23 - 5:25Vou concentrar-me apenas num deles:
-
5:25 - 5:28o crescimento super-exponencial
com "feedback" positivo. -
5:28 - 5:29O que é que isto significa?
-
5:29 - 5:32Imaginem que temos um investimento
-
5:32 - 5:35que tem 5% de retorno no primeiro ano,
-
5:35 - 5:38no segundo ano 10%, no terceiro ano 20%,
-
5:38 - 5:40no ano seguinte 40%. Não é maravilhoso?
-
5:40 - 5:43Isto é um crescimento super-exponencial.
-
5:44 - 5:45Um crescimento exponencial normal
-
5:45 - 5:49corresponde a uma taxa de crescimento
constante, digamos, de 10%. -
5:49 - 5:53A questão é que, muitas vezes,
durante as bolhas, -
5:53 - 5:56há "feedbacks" positivos
que podem aparecer várias vezes -
5:56 - 6:00de tal forma que os crescimentos
anteriores reforçam, -
6:00 - 6:03empurram para a frente,
aumentam o crescimento seguinte -
6:03 - 6:06graças a este tipo de crescimento
super-exponencial, -
6:06 - 6:09que é muito forte, mas pouco duradouro.
-
6:09 - 6:12A ideia fundamental
é que a solução matemática -
6:12 - 6:16desta classe de modelos apresenta
singularidades de tempo finito, -
6:16 - 6:19o que significa que há um momento crítico
-
6:19 - 6:22em que o sistema vai entrar em colapso,
vai mudar de regime. -
6:22 - 6:26Pode ser um colapso, ou apenas
uma mudança de patamar, ou outra coisa. -
6:26 - 6:28A ideia fundamental
é que o momento crítico, -
6:28 - 6:30as informações sobre o momento crítico
-
6:30 - 6:36estão contidas no início do desenvolvimento
deste crescimento super-exponencial. -
6:36 - 6:40Aplicámos esta teoria muito cedo,
foi esse o nosso primeiro êxito, -
6:40 - 6:44para o diagnóstico da rotura
dos elementos fundamentais -
6:44 - 6:46na fusão do ferro.
-
6:46 - 6:49Usando a emissão acústica,
esse pequeno ruído -
6:49 - 6:52que ouvimos uma estrutura a emitir,
a cantar para nós, -
6:52 - 6:55quando estão sob tensão
e revelam os estragos que estão a ocorrer, -
6:55 - 6:58há um fenómeno coletivo
de "feedback" positivo, -
6:58 - 7:00estragos maiores
produzem estragos maiores, -
7:00 - 7:02de forma que podemos, de facto, prever
-
7:02 - 7:04— dentro de um conjunto
de probabilidades — -
7:04 - 7:06quando é que a rotura vai ocorrer.
-
7:06 - 7:08Neste momento, isto está a ter tanto êxito
-
7:08 - 7:12que é usado na fase inicial do voo.
-
7:13 - 7:16Porventura, ainda mais surpreendentemente,
o mesmo tipo de teoria -
7:16 - 7:18aplica-se à biologia e à medicina,
-
7:18 - 7:22aos partos, ao ato de dar à luz,
aos ataques epiléticos. -
7:23 - 7:26A partir dos sete meses de gravidez,
-
7:26 - 7:31a mãe começa a sentir
contrações episódicas do útero -
7:31 - 7:35que são o sinal dessas maturações
-
7:35 - 7:39para a instabilidade,
para dar à luz o bebé, -
7:39 - 7:41o "rei-dragão".
-
7:41 - 7:44Assim, se medirmos o sinal precursor
-
7:44 - 7:50podemos identificar os problemas
antes e após a sua maturidade, -
7:50 - 7:51com antecedência.
-
7:51 - 7:55Os ataques epiléticos também
surgem em dimensões muito variáveis. -
7:55 - 7:59Quando o cérebro entra
num estado supercrítico, -
7:59 - 8:03temos os "reis-dragões"
com um grau de previsibilidade -
8:03 - 8:07e isso pode ajudar o paciente
a lidar com a doença. -
8:07 - 8:10Aplicámos esta teoria a muitos sistemas,
-
8:10 - 8:13a deslizamentos de terras,
a colapsos de glaciares, -
8:13 - 8:16até mesmo à dinâmica
da previsão do êxito: -
8:16 - 8:20êxitos de bilheteira,
vídeos do YouTube, filmes, etc. -
8:21 - 8:25Mas talvez a aplicação mais importante
seja nas finanças, -
8:26 - 8:30e creio que esta teoria esclarece
a razão profunda -
8:30 - 8:32para a crise financeira
por que estivemos a passar. -
8:32 - 8:36Isto tem raízes em 30 anos
da história de bolhas, -
8:36 - 8:40que começam em 1980, com a bolha mundial
-
8:40 - 8:42que rebentou em 1987,
-
8:42 - 8:44seguida de muitas outras bolhas.
-
8:44 - 8:48A maior de todas foi a bolha
da "nova economia" da Internet -
8:48 - 8:49que rebentou em 2000,
-
8:49 - 8:51as bolhas do mercado imobiliário
em muitos países, -
8:51 - 8:54as bolhas dos derivativos financeiros,
por todo o lado, -
8:54 - 8:56as bolhas das bolsas,
também por todo o lado, -
8:56 - 9:00as bolhas de produtos básicos
e todas as bolhas de dívida e de crédito -
9:00 - 9:02— bolhas, bolhas, bolhas.
-
9:03 - 9:05Tivemos uma bolha mundial.
-
9:06 - 9:11Isto é uma medida de sobrevalorização
mundial de todos os mercados, -
9:11 - 9:14que exprime aquilo a que eu chamo
-
9:14 - 9:17a ilusão duma máquina de dinheiro perpétua
-
9:17 - 9:20que, inesperadamente, avariou em 2007.
-
9:21 - 9:25O problema é que nós vemos,
hoje, o mesmo processo, -
9:25 - 9:28em especial, através dum
desanuviamento quantitativo, -
9:28 - 9:31da ideia duma máquina
de dinheiro perpétua -
9:31 - 9:34para lutar contra a crise,
desde 2008, -
9:34 - 9:37nos EUA, na Europa, no Japão.
-
9:38 - 9:40Isto tem implicações muito importantes
-
9:40 - 9:44para entendermos o fracasso
do desanuviamento quantitativo -
9:44 - 9:46assim como das medidas de austeridade,
-
9:46 - 9:50se não atacarmos o âmago da questão,
-
9:50 - 9:54a causa estrutural desta ideia
de uma máquina de dinheiro perpétua. -
9:55 - 9:57Tudo isto são grandes afirmações.
-
9:57 - 10:00Por que razão hão de acreditar em mim?
-
10:00 - 10:03Talvez porque, nos últimos 15 anos,
-
10:03 - 10:05tenhamos saído da nossa torre de marfim,
-
10:05 - 10:08e começámos a publicar,
antecipadamente -
10:08 - 10:12— sublinho o termo "antecipadamente" —
-
10:12 - 10:15antes de o colapso ter confirmado
a existência da bolha, -
10:15 - 10:17ou seja, dos excessos financeiros.
-
10:17 - 10:20Estas são algumas das principais bolhas
-
10:20 - 10:24por que passámos na história recente.
-
10:25 - 10:28De novo, muitas histórias interessantes
para cada uma delas. -
10:28 - 10:30Vou contar-vos apenas
uma ou duas histórias -
10:30 - 10:32que tratam de bolhas enormes.
-
10:32 - 10:35Todos conhecemos o milagre chinês.
-
10:35 - 10:38É a expressão do mercado de ações
-
10:38 - 10:40duma bolha enorme, um fator de três,
-
10:40 - 10:44de 300% em poucos anos apenas.
-
10:45 - 10:46Em setembro de 2007,
-
10:46 - 10:48eu fui convidado para orador principal
-
10:48 - 10:52numa conferência de gestão
de um grande fundo especulativo. -
10:53 - 10:56Nessa conferência apresentei a previsão
-
10:56 - 10:59de que, no final de 2007,
-
10:59 - 11:02esta bolha iria mudar de regime.
-
11:02 - 11:05Podia haver um colapso.
Certamente não era sustentável. -
11:06 - 11:10Como é que julgam que os gestores
daquele fundo especulativo, -
11:10 - 11:16muito inteligentes, muito motivados,
muito bem informados, -
11:16 - 11:18reagiram a esta previsão?
-
11:18 - 11:20Estão a ver, tinham ganho
milhares de milhões -
11:20 - 11:23a navegar nesta bolha, até ali.
-
11:23 - 11:28Disseram-me: "Didier, ok,
o mercado pode estar sobrevalorizado, -
11:28 - 11:30"mas esqueceu-se duma coisa.
-
11:30 - 11:33"Vêm aí os Jogos Olímpicos de Pequim
-
11:33 - 11:35"em agosto de 2008, e é muito claro
-
11:35 - 11:37"que o governo chinês
está a controlar a economia -
11:37 - 11:39"e a fazer o necessário
-
11:39 - 11:42"para evitar quaisquer ondas
e controlar o mercado de ações". -
11:43 - 11:46Três semanas depois da minha exposição,
-
11:46 - 11:48o mercado perdeu 20%
-
11:48 - 11:50e entrou numa fase de volatilidade,
-
11:50 - 11:53de agitação, até à perda total de mercado
-
11:53 - 11:55de 70% até ao fim do ano.
-
11:55 - 11:58Como é possível estar
tão enganados, coletivamente, -
11:58 - 12:02interpretando mal ou ignorando a ciência,
-
12:02 - 12:05de que, quando se desenvolve
uma instabilidade -
12:05 - 12:06e o sistema está maduro,
-
12:06 - 12:11qualquer perturbação faz com que
ele seja impossível de controlar? -
12:11 - 12:15O mercado chinês entrou em colapso,
mas recuperou. -
12:16 - 12:20Em 2009, também identificámos
que esta nova bolha, -
12:20 - 12:23uma mais pequena, era insustentável,
-
12:23 - 12:27por isso publicámos de novo
uma previsão, com antecedência, -
12:27 - 12:31afirmando que, por volta de agosto de 2009,
o mercado ia corrigi-la, -
12:31 - 12:34não ia continuar na mesma via.
-
12:34 - 12:37Os nossos críticos, quando leram
a previsão, disseram: -
12:38 - 12:40"Não, não é possível.
-
12:40 - 12:42"O governo chinês está atento.
-
12:42 - 12:45"Aprenderam a lição. Vão controlar.
-
12:45 - 12:47"Querem beneficiar com o crescimento".
-
12:47 - 12:50Parece que os críticos não estudaram
previamente a lição. -
12:51 - 12:54A crise aconteceu. O mercado corrigiu.
-
12:54 - 12:56Então, os mesmos críticos disseram:
-
12:56 - 12:58"Pois é, você publicou a sua previsão,
-
12:58 - 13:00"influenciou o mercado.
-
13:00 - 13:02"Não foi uma previsão".
-
13:02 - 13:03(Risos)
-
13:03 - 13:06Devo ser um homem muito poderoso.
-
13:07 - 13:09Ora bem, isto é interessante.
-
13:09 - 13:11Mostra que tem sido impossível, até agora,
-
13:11 - 13:14desenvolver uma ciência da economia
-
13:14 - 13:17porque somos seres sensíveis
que prevemos -
13:17 - 13:20e há um problema de profecias
auto-cumpridas. -
13:21 - 13:24Então, inventámos
uma nova forma de fazer ciência. -
13:24 - 13:27Criámos a experiência da Bolha Financeira.
-
13:27 - 13:30A ideia é a seguinte.
Acompanhamos os mercados. -
13:30 - 13:33Identificamos os excessos, as bolhas.
-
13:34 - 13:36Fazemos o nosso trabalho.
-
13:36 - 13:41Escrevemos um relatório onde pomos
a nossa previsão sobre o momento crítico. -
13:41 - 13:45Não publicamos o relatório.
Mantemo-lo secreto. -
13:44 - 13:47Mas com as técnicas
modernas de encriptação -
13:48 - 13:51temos um "hash", publicamos
uma chave pública. -
13:51 - 13:54Seis meses depois, publicamos o relatório
-
13:54 - 13:57e há a sua autenticação.
-
13:57 - 14:02Tudo isto é feito num arquivo internacional
-
14:02 - 14:05para não podermos ser acusados
de publicar só os êxitos. -
14:06 - 14:09Vou contar-vos
uma análise muito recente. -
14:09 - 14:13Em 17 de maio de 2013,
apenas há duas semanas, -
14:13 - 14:15identificámos que o mercado
de ações dos EUA -
14:15 - 14:17estava numa via insustentável
-
14:17 - 14:21e publicámos no nosso "site",
a 21 de maio, -
14:21 - 14:23que ia haver uma mudança de regime.
-
14:23 - 14:27No dia seguinte, o mercado começou
a mudar de regime, de rumo. -
14:29 - 14:29Não é um colapso.
-
14:29 - 14:32É apenas o terceiro ou quarto ato
-
14:32 - 14:34duma enorme bolha em perspetiva.
-
14:35 - 14:38Ampliando a análise a nível do planeta
-
14:38 - 14:39vemos a mesma coisa.
-
14:39 - 14:42Para onde quer que olhemos,
podemos observá-la: -
14:42 - 14:45na biosfera, na atmosfera, nos oceanos,
-
14:45 - 14:49mostrando estas trajetórias
super-exponenciais -
14:49 - 14:52que caracterizam uma via insustentável
-
14:52 - 14:54e anunciam uma fase de transição.
-
14:54 - 14:56Este diagrama à direita
-
14:56 - 14:59mostra uma bela compilação de estudos
-
14:59 - 15:02que sugerem que há a possibilidade
-
15:02 - 15:06duma transição não-linear
dentro de poucas décadas. -
15:07 - 15:09Portanto, há bolhas por toda a parte.
-
15:10 - 15:13Por um lado, para mim, é excitante,
-
15:13 - 15:16enquanto professor que persegue bolhas
-
15:16 - 15:19e mata dragões, como os "media"
por vezes me chamam. -
15:20 - 15:22Mas podemos mesmo matar os dragões?
-
15:23 - 15:25Há muito pouco tempo, com colaboradores,
-
15:25 - 15:28estudámos um sistema dinâmico
-
15:28 - 15:31em que vemos o "rei-dragão"
como estes grandes laços -
15:31 - 15:35e pudemos aplicar perturbações mínimas
nas alturas certas -
15:35 - 15:38que eliminaram esses dragões,
quando o controlo está ligado. -
15:40 - 15:42"Gouverner, c'est prévoir".
-
15:43 - 15:48Governar é a arte de planear e de prever.
-
15:48 - 15:51Mas será que não se trata, provavelmente,
-
15:51 - 15:54de uma das maiores lacunas da humanidade
-
15:54 - 15:58que tem a responsabilidade de orientar
-
15:58 - 16:02as nossas sociedades e o nosso planeta
para a sustentabilidade -
16:02 - 16:05em face dos crescente problemas e crises?
-
16:06 - 16:09A teoria do "rei-dragão"
dá-nos esperança. -
16:10 - 16:14Sabemos que a maior parte
dos sistemas têm bolsas de previsibilidade. -
16:14 - 16:19É possível fazer diagnósticos
de crises, com antecedência, -
16:19 - 16:22por isso podemos estar preparados,
podemos tomar medidas, -
16:22 - 16:25podemos assumir responsabilidades,
-
16:26 - 16:28para que nunca mais
-
16:28 - 16:32crises extremas como a Grande Recessão
-
16:32 - 16:35ou a crise europeia possa
apanhar-nos de surpresa. -
16:36 - 16:37Obrigado.
-
16:38 - 16:41(Aplausos)
- Title:
- Como podemos prever a próxima crise financeira
- Speaker:
- Didier Sornette
- Description:
-
Podemos pensar que a crise financeira de 2007-2008 foi um colapso único, imprevisível. Mas Didier Sornette e o seu Observatório da Crise Financeira construíram um conjunto de sinais precoces de alerta para sistemas de crescimento instáveis, que despistam o momento em que qualquer bolha está prestes a rebentar. (E está a ver isso acontecer de novo, neste preciso momento).
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 17:01
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