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Como podemos prever a próxima crise financeira

  • 0:01 - 0:03
    Era uma vez uma época
  • 0:03 - 0:08
    em que vivíamos numa economia
    de crescimento financeiro e prosperidade.
  • 0:10 - 0:13
    Chamavam-lhe "A Grande Moderação",
  • 0:13 - 0:16
    a crença equivocada
    da maior parte dos economistas,
  • 0:16 - 0:20
    dos políticos e dos bancos centrais
  • 0:20 - 0:23
    de que nos tínhamos transformado
    num novo mundo
  • 0:23 - 0:27
    de crescimento e prosperidade sem fim.
  • 0:27 - 0:32
    Era confirmado pelo crescimento
    robusto e estável do PIB,
  • 0:32 - 0:35
    por um inflação baixa e controlada,
  • 0:35 - 0:37
    por uma baixa taxa de desemprego
  • 0:37 - 0:40
    e pela volatilidade financeira,
    controlada e baixa.
  • 0:40 - 0:47
    Mas a Grande Recessão, em 2007 e 2008,
  • 0:47 - 0:51
    o grande colapso, estilhaçou essa ilusão.
  • 0:51 - 0:56
    A perda dumas centenas de milhares
    de milhões de dólares no setor financeiro
  • 0:56 - 1:01
    transformou-se numa perda
    de cinco biliões de dólares
  • 1:01 - 1:02
    no PIB mundial
  • 1:02 - 1:06
    e quase 30 biliões de dólares de perdas
  • 1:06 - 1:09
    no mercado mundial de ações.
  • 1:09 - 1:15
    Esta Grande Recessão foi encarada
  • 1:15 - 1:20
    como uma surpresa total,
  • 1:20 - 1:22
    aparecida de repente,
  • 1:22 - 1:24
    como se se devesse à fúria dos deuses.
  • 1:24 - 1:26
    Ninguém era responsável.
  • 1:26 - 1:28
    Portanto, depois de refletirmos nisso,
  • 1:28 - 1:32
    criámos o Observatório
    das Crises Financeiras.
  • 1:32 - 1:36
    Tínhamos como objetivo
    diagnosticar em tempo real
  • 1:36 - 1:38
    as bolhas financeiras
  • 1:38 - 1:42
    e identificar de antemão
    o seu momento crítico.
  • 1:44 - 1:47
    Qual é o fundamento científico
    deste observatório financeiro?
  • 1:48 - 1:51
    Desenvolvemos uma teoria
    chamada "reis-dragões".
  • 1:52 - 1:55
    Os "reis-dragões" representam
    acontecimentos extremos
  • 1:55 - 1:58
    que têm uma classe própria.
  • 1:58 - 2:01
    São acontecimentos especiais.
    São valores atípicos.
  • 2:01 - 2:05
    São gerados por mecanismos específicos
  • 2:05 - 2:07
    que podem torná-los previsíveis,
  • 2:07 - 2:10
    porventura até controláveis.
  • 2:10 - 2:14
    Consideremos a série cronológica
    dos preços financeiros,
  • 2:14 - 2:16
    uma dada ação, a ação perfeita,
  • 2:16 - 2:18
    ou um índice mundial.
  • 2:19 - 2:21
    Temos estes altos e baixos.
  • 2:21 - 2:24
    Uma boa medida do risco
    deste mercado financeiro
  • 2:24 - 2:26
    são os picos e depressões
  • 2:26 - 2:29
    que representam o cenário
    da pior das hipóteses,
  • 2:29 - 2:32
    quando se compra em alta
    e se vende em baixa.
  • 2:33 - 2:36
    Podemos olhar para as estatísticas,
    para a frequência da ocorrência
  • 2:36 - 2:39
    dos picos e depressões
    de diferentes dimensões,
  • 2:39 - 2:41
    conforme representada neste gráfico.
  • 2:41 - 2:46
    Mas é interessante que 99%
    dos picos e depressões
  • 2:46 - 2:48
    de diferentes amplitudes
  • 2:48 - 2:51
    podem ser representados
    por uma lei do poder universal
  • 2:51 - 2:55
    representada por esta linha vermelha.
  • 2:55 - 2:59
    Ainda mais interessante,
    há valores atípicos, há exceções
  • 2:59 - 3:01
    que estão acima desta linha vermelha,
  • 3:01 - 3:05
    que ocorrem, pelo menos, 100 vezes
    mais frequentemente
  • 3:05 - 3:09
    do que a extrapolação
    tinha previsto que ocorressem,
  • 3:09 - 3:11
    baseando-se na calibração
  • 3:11 - 3:14
    dos 99% picos e depressões restantes.
  • 3:16 - 3:20
    Isto deve-se a fortes dependências,
  • 3:20 - 3:23
    tais como uma perda seguida por uma perda,
  • 3:23 - 3:26
    a que se segue uma perda
    a que se segue uma perda.
  • 3:26 - 3:30
    Estes tipos de dependências
  • 3:30 - 3:35
    são em grande parte indetetáveis
    por ferramentas normais de gestão de riscos
  • 3:35 - 3:40
    que as ignoram e veem lagartos
    quando deviam ver "reis-dragões".
  • 3:42 - 3:46
    O mecanismo de raiz de um "rei-dragão"
  • 3:46 - 3:49
    é uma lenta maturação para a instabilidade,
  • 3:49 - 3:50
    que é uma bolha,
  • 3:50 - 3:53
    e o clímax da bolha
    é frequentemente o colapso.
  • 3:53 - 3:57
    Isto é semelhante
    ao lento aquecimento da água
  • 3:57 - 4:00
    neste tubo de ensaio
    até chegar ao ponto de ebulição,
  • 4:00 - 4:02
    em que ocorre a instabilidade da água
  • 4:02 - 4:05
    e se dá a fase de transição para o vapor.
  • 4:06 - 4:09
    Este processo, que não tem nada de linear
  • 4:09 - 4:12
    — não pode ser previsto
    pelas técnicas habituais —
  • 4:12 - 4:16
    é o reflexo de um comportamento
    coletivo emergente
  • 4:16 - 4:18
    que é fundamentalmente endógeno.
  • 4:18 - 4:21
    Portanto, a causa do colapso,
    a causa da crise
  • 4:21 - 4:24
    tem de ser encontrada
    numa instabilidade interna do sistema
  • 4:24 - 4:29
    e qualquer minúscula perturbação
    vai provocar essa instabilidade.
  • 4:31 - 4:34
    Há quem possa estar a pensar
  • 4:34 - 4:37
    se isto não estará relacionado
    com o conceito de cisne negro
  • 4:37 - 4:39
    de que se ouve falar frequentemente.
  • 4:40 - 4:42
    Lembrem-se, um cisne negro é uma ave rara
  • 4:42 - 4:45
    que vemos uma única vez
    e que subitamente destrói a nossa crença
  • 4:45 - 4:48
    de que todos os cisnes são brancos.
  • 4:48 - 4:51
    Transmite dessa forma
    a ideia de imprevisibilidade,
  • 4:51 - 4:53
    da impossibilidade de saber
  • 4:53 - 4:56
    que os acontecimentos extremos
    são fundamentalmente desconhecidos.
  • 4:56 - 5:00
    Nada está mais longe do conceito
    de "rei-dragão" que eu proponho,
  • 5:00 - 5:04
    que é exatamente o oposto,
    que os acontecimentos mais extremos
  • 5:04 - 5:08
    são, na realidade, passíveis
    de ser conhecidos e previstos.
  • 5:08 - 5:11
    Portanto, podemos ter esse poder,
    assumir a responsabilidade
  • 5:11 - 5:13
    e fazer previsões sobre eles.
  • 5:13 - 5:16
    Deixemos que o meu "rei-dragão"
    queime este conceito de cisne negro.
  • 5:16 - 5:18
    (Risos)
  • 5:18 - 5:20
    Há muitos sinais precoces de aviso
  • 5:20 - 5:23
    que são previstos por esta teoria.
  • 5:23 - 5:25
    Vou concentrar-me apenas num deles:
  • 5:25 - 5:28
    o crescimento super-exponencial
    com "feedback" positivo.
  • 5:28 - 5:29
    O que é que isto significa?
  • 5:29 - 5:32
    Imaginem que temos um investimento
  • 5:32 - 5:35
    que tem 5% de retorno no primeiro ano,
  • 5:35 - 5:38
    no segundo ano 10%, no terceiro ano 20%,
  • 5:38 - 5:40
    no ano seguinte 40%. Não é maravilhoso?
  • 5:40 - 5:43
    Isto é um crescimento super-exponencial.
  • 5:44 - 5:45
    Um crescimento exponencial normal
  • 5:45 - 5:49
    corresponde a uma taxa de crescimento
    constante, digamos, de 10%.
  • 5:49 - 5:53
    A questão é que, muitas vezes,
    durante as bolhas,
  • 5:53 - 5:56
    há "feedbacks" positivos
    que podem aparecer várias vezes
  • 5:56 - 6:00
    de tal forma que os crescimentos
    anteriores reforçam,
  • 6:00 - 6:03
    empurram para a frente,
    aumentam o crescimento seguinte
  • 6:03 - 6:06
    graças a este tipo de crescimento
    super-exponencial,
  • 6:06 - 6:09
    que é muito forte, mas pouco duradouro.
  • 6:09 - 6:12
    A ideia fundamental
    é que a solução matemática
  • 6:12 - 6:16
    desta classe de modelos apresenta
    singularidades de tempo finito,
  • 6:16 - 6:19
    o que significa que há um momento crítico
  • 6:19 - 6:22
    em que o sistema vai entrar em colapso,
    vai mudar de regime.
  • 6:22 - 6:26
    Pode ser um colapso, ou apenas
    uma mudança de patamar, ou outra coisa.
  • 6:26 - 6:28
    A ideia fundamental
    é que o momento crítico,
  • 6:28 - 6:30
    as informações sobre o momento crítico
  • 6:30 - 6:36
    estão contidas no início do desenvolvimento
    deste crescimento super-exponencial.
  • 6:36 - 6:40
    Aplicámos esta teoria muito cedo,
    foi esse o nosso primeiro êxito,
  • 6:40 - 6:44
    para o diagnóstico da rotura
    dos elementos fundamentais
  • 6:44 - 6:46
    na fusão do ferro.
  • 6:46 - 6:49
    Usando a emissão acústica,
    esse pequeno ruído
  • 6:49 - 6:52
    que ouvimos uma estrutura a emitir,
    a cantar para nós,
  • 6:52 - 6:55
    quando estão sob tensão
    e revelam os estragos que estão a ocorrer,
  • 6:55 - 6:58
    há um fenómeno coletivo
    de "feedback" positivo,
  • 6:58 - 7:00
    estragos maiores
    produzem estragos maiores,
  • 7:00 - 7:02
    de forma que podemos, de facto, prever
  • 7:02 - 7:04
    — dentro de um conjunto
    de probabilidades —
  • 7:04 - 7:06
    quando é que a rotura vai ocorrer.
  • 7:06 - 7:08
    Neste momento, isto está a ter tanto êxito
  • 7:08 - 7:12
    que é usado na fase inicial do voo.
  • 7:13 - 7:16
    Porventura, ainda mais surpreendentemente,
    o mesmo tipo de teoria
  • 7:16 - 7:18
    aplica-se à biologia e à medicina,
  • 7:18 - 7:22
    aos partos, ao ato de dar à luz,
    aos ataques epiléticos.
  • 7:23 - 7:26
    A partir dos sete meses de gravidez,
  • 7:26 - 7:31
    a mãe começa a sentir
    contrações episódicas do útero
  • 7:31 - 7:35
    que são o sinal dessas maturações
  • 7:35 - 7:39
    para a instabilidade,
    para dar à luz o bebé,
  • 7:39 - 7:41
    o "rei-dragão".
  • 7:41 - 7:44
    Assim, se medirmos o sinal precursor
  • 7:44 - 7:50
    podemos identificar os problemas
    antes e após a sua maturidade,
  • 7:50 - 7:51
    com antecedência.
  • 7:51 - 7:55
    Os ataques epiléticos também
    surgem em dimensões muito variáveis.
  • 7:55 - 7:59
    Quando o cérebro entra
    num estado supercrítico,
  • 7:59 - 8:03
    temos os "reis-dragões"
    com um grau de previsibilidade
  • 8:03 - 8:07
    e isso pode ajudar o paciente
    a lidar com a doença.
  • 8:07 - 8:10
    Aplicámos esta teoria a muitos sistemas,
  • 8:10 - 8:13
    a deslizamentos de terras,
    a colapsos de glaciares,
  • 8:13 - 8:16
    até mesmo à dinâmica
    da previsão do êxito:
  • 8:16 - 8:20
    êxitos de bilheteira,
    vídeos do YouTube, filmes, etc.
  • 8:21 - 8:25
    Mas talvez a aplicação mais importante
    seja nas finanças,
  • 8:26 - 8:30
    e creio que esta teoria esclarece
    a razão profunda
  • 8:30 - 8:32
    para a crise financeira
    por que estivemos a passar.
  • 8:32 - 8:36
    Isto tem raízes em 30 anos
    da história de bolhas,
  • 8:36 - 8:40
    que começam em 1980, com a bolha mundial
  • 8:40 - 8:42
    que rebentou em 1987,
  • 8:42 - 8:44
    seguida de muitas outras bolhas.
  • 8:44 - 8:48
    A maior de todas foi a bolha
    da "nova economia" da Internet
  • 8:48 - 8:49
    que rebentou em 2000,
  • 8:49 - 8:51
    as bolhas do mercado imobiliário
    em muitos países,
  • 8:51 - 8:54
    as bolhas dos derivativos financeiros,
    por todo o lado,
  • 8:54 - 8:56
    as bolhas das bolsas,
    também por todo o lado,
  • 8:56 - 9:00
    as bolhas de produtos básicos
    e todas as bolhas de dívida e de crédito
  • 9:00 - 9:02
    — bolhas, bolhas, bolhas.
  • 9:03 - 9:05
    Tivemos uma bolha mundial.
  • 9:06 - 9:11
    Isto é uma medida de sobrevalorização
    mundial de todos os mercados,
  • 9:11 - 9:14
    que exprime aquilo a que eu chamo
  • 9:14 - 9:17
    a ilusão duma máquina de dinheiro perpétua
  • 9:17 - 9:20
    que, inesperadamente, avariou em 2007.
  • 9:21 - 9:25
    O problema é que nós vemos,
    hoje, o mesmo processo,
  • 9:25 - 9:28
    em especial, através dum
    desanuviamento quantitativo,
  • 9:28 - 9:31
    da ideia duma máquina
    de dinheiro perpétua
  • 9:31 - 9:34
    para lutar contra a crise,
    desde 2008,
  • 9:34 - 9:37
    nos EUA, na Europa, no Japão.
  • 9:38 - 9:40
    Isto tem implicações muito importantes
  • 9:40 - 9:44
    para entendermos o fracasso
    do desanuviamento quantitativo
  • 9:44 - 9:46
    assim como das medidas de austeridade,
  • 9:46 - 9:50
    se não atacarmos o âmago da questão,
  • 9:50 - 9:54
    a causa estrutural desta ideia
    de uma máquina de dinheiro perpétua.
  • 9:55 - 9:57
    Tudo isto são grandes afirmações.
  • 9:57 - 10:00
    Por que razão hão de acreditar em mim?
  • 10:00 - 10:03
    Talvez porque, nos últimos 15 anos,
  • 10:03 - 10:05
    tenhamos saído da nossa torre de marfim,
  • 10:05 - 10:08
    e começámos a publicar,
    antecipadamente
  • 10:08 - 10:12
    — sublinho o termo "antecipadamente" —
  • 10:12 - 10:15
    antes de o colapso ter confirmado
    a existência da bolha,
  • 10:15 - 10:17
    ou seja, dos excessos financeiros.
  • 10:17 - 10:20
    Estas são algumas das principais bolhas
  • 10:20 - 10:24
    por que passámos na história recente.
  • 10:25 - 10:28
    De novo, muitas histórias interessantes
    para cada uma delas.
  • 10:28 - 10:30
    Vou contar-vos apenas
    uma ou duas histórias
  • 10:30 - 10:32
    que tratam de bolhas enormes.
  • 10:32 - 10:35
    Todos conhecemos o milagre chinês.
  • 10:35 - 10:38
    É a expressão do mercado de ações
  • 10:38 - 10:40
    duma bolha enorme, um fator de três,
  • 10:40 - 10:44
    de 300% em poucos anos apenas.
  • 10:45 - 10:46
    Em setembro de 2007,
  • 10:46 - 10:48
    eu fui convidado para orador principal
  • 10:48 - 10:52
    numa conferência de gestão
    de um grande fundo especulativo.
  • 10:53 - 10:56
    Nessa conferência apresentei a previsão
  • 10:56 - 10:59
    de que, no final de 2007,
  • 10:59 - 11:02
    esta bolha iria mudar de regime.
  • 11:02 - 11:05
    Podia haver um colapso.
    Certamente não era sustentável.
  • 11:06 - 11:10
    Como é que julgam que os gestores
    daquele fundo especulativo,
  • 11:10 - 11:16
    muito inteligentes, muito motivados,
    muito bem informados,
  • 11:16 - 11:18
    reagiram a esta previsão?
  • 11:18 - 11:20
    Estão a ver, tinham ganho
    milhares de milhões
  • 11:20 - 11:23
    a navegar nesta bolha, até ali.
  • 11:23 - 11:28
    Disseram-me: "Didier, ok,
    o mercado pode estar sobrevalorizado,
  • 11:28 - 11:30
    "mas esqueceu-se duma coisa.
  • 11:30 - 11:33
    "Vêm aí os Jogos Olímpicos de Pequim
  • 11:33 - 11:35
    "em agosto de 2008, e é muito claro
  • 11:35 - 11:37
    "que o governo chinês
    está a controlar a economia
  • 11:37 - 11:39
    "e a fazer o necessário
  • 11:39 - 11:42
    "para evitar quaisquer ondas
    e controlar o mercado de ações".
  • 11:43 - 11:46
    Três semanas depois da minha exposição,
  • 11:46 - 11:48
    o mercado perdeu 20%
  • 11:48 - 11:50
    e entrou numa fase de volatilidade,
  • 11:50 - 11:53
    de agitação, até à perda total de mercado
  • 11:53 - 11:55
    de 70% até ao fim do ano.
  • 11:55 - 11:58
    Como é possível estar
    tão enganados, coletivamente,
  • 11:58 - 12:02
    interpretando mal ou ignorando a ciência,
  • 12:02 - 12:05
    de que, quando se desenvolve
    uma instabilidade
  • 12:05 - 12:06
    e o sistema está maduro,
  • 12:06 - 12:11
    qualquer perturbação faz com que
    ele seja impossível de controlar?
  • 12:11 - 12:15
    O mercado chinês entrou em colapso,
    mas recuperou.
  • 12:16 - 12:20
    Em 2009, também identificámos
    que esta nova bolha,
  • 12:20 - 12:23
    uma mais pequena, era insustentável,
  • 12:23 - 12:27
    por isso publicámos de novo
    uma previsão, com antecedência,
  • 12:27 - 12:31
    afirmando que, por volta de agosto de 2009,
    o mercado ia corrigi-la,
  • 12:31 - 12:34
    não ia continuar na mesma via.
  • 12:34 - 12:37
    Os nossos críticos, quando leram
    a previsão, disseram:
  • 12:38 - 12:40
    "Não, não é possível.
  • 12:40 - 12:42
    "O governo chinês está atento.
  • 12:42 - 12:45
    "Aprenderam a lição. Vão controlar.
  • 12:45 - 12:47
    "Querem beneficiar com o crescimento".
  • 12:47 - 12:50
    Parece que os críticos não estudaram
    previamente a lição.
  • 12:51 - 12:54
    A crise aconteceu. O mercado corrigiu.
  • 12:54 - 12:56
    Então, os mesmos críticos disseram:
  • 12:56 - 12:58
    "Pois é, você publicou a sua previsão,
  • 12:58 - 13:00
    "influenciou o mercado.
  • 13:00 - 13:02
    "Não foi uma previsão".
  • 13:02 - 13:03
    (Risos)
  • 13:03 - 13:06
    Devo ser um homem muito poderoso.
  • 13:07 - 13:09
    Ora bem, isto é interessante.
  • 13:09 - 13:11
    Mostra que tem sido impossível, até agora,
  • 13:11 - 13:14
    desenvolver uma ciência da economia
  • 13:14 - 13:17
    porque somos seres sensíveis
    que prevemos
  • 13:17 - 13:20
    e há um problema de profecias
    auto-cumpridas.
  • 13:21 - 13:24
    Então, inventámos
    uma nova forma de fazer ciência.
  • 13:24 - 13:27
    Criámos a experiência da Bolha Financeira.
  • 13:27 - 13:30
    A ideia é a seguinte.
    Acompanhamos os mercados.
  • 13:30 - 13:33
    Identificamos os excessos, as bolhas.
  • 13:34 - 13:36
    Fazemos o nosso trabalho.
  • 13:36 - 13:41
    Escrevemos um relatório onde pomos
    a nossa previsão sobre o momento crítico.
  • 13:41 - 13:45
    Não publicamos o relatório.
    Mantemo-lo secreto.
  • 13:44 - 13:47
    Mas com as técnicas
    modernas de encriptação
  • 13:48 - 13:51
    temos um "hash", publicamos
    uma chave pública.
  • 13:51 - 13:54
    Seis meses depois, publicamos o relatório
  • 13:54 - 13:57
    e há a sua autenticação.
  • 13:57 - 14:02
    Tudo isto é feito num arquivo internacional
  • 14:02 - 14:05
    para não podermos ser acusados
    de publicar só os êxitos.
  • 14:06 - 14:09
    Vou contar-vos
    uma análise muito recente.
  • 14:09 - 14:13
    Em 17 de maio de 2013,
    apenas há duas semanas,
  • 14:13 - 14:15
    identificámos que o mercado
    de ações dos EUA
  • 14:15 - 14:17
    estava numa via insustentável
  • 14:17 - 14:21
    e publicámos no nosso "site",
    a 21 de maio,
  • 14:21 - 14:23
    que ia haver uma mudança de regime.
  • 14:23 - 14:27
    No dia seguinte, o mercado começou
    a mudar de regime, de rumo.
  • 14:29 - 14:29
    Não é um colapso.
  • 14:29 - 14:32
    É apenas o terceiro ou quarto ato
  • 14:32 - 14:34
    duma enorme bolha em perspetiva.
  • 14:35 - 14:38
    Ampliando a análise a nível do planeta
  • 14:38 - 14:39
    vemos a mesma coisa.
  • 14:39 - 14:42
    Para onde quer que olhemos,
    podemos observá-la:
  • 14:42 - 14:45
    na biosfera, na atmosfera, nos oceanos,
  • 14:45 - 14:49
    mostrando estas trajetórias
    super-exponenciais
  • 14:49 - 14:52
    que caracterizam uma via insustentável
  • 14:52 - 14:54
    e anunciam uma fase de transição.
  • 14:54 - 14:56
    Este diagrama à direita
  • 14:56 - 14:59
    mostra uma bela compilação de estudos
  • 14:59 - 15:02
    que sugerem que há a possibilidade
  • 15:02 - 15:06
    duma transição não-linear
    dentro de poucas décadas.
  • 15:07 - 15:09
    Portanto, há bolhas por toda a parte.
  • 15:10 - 15:13
    Por um lado, para mim, é excitante,
  • 15:13 - 15:16
    enquanto professor que persegue bolhas
  • 15:16 - 15:19
    e mata dragões, como os "media"
    por vezes me chamam.
  • 15:20 - 15:22
    Mas podemos mesmo matar os dragões?
  • 15:23 - 15:25
    Há muito pouco tempo, com colaboradores,
  • 15:25 - 15:28
    estudámos um sistema dinâmico
  • 15:28 - 15:31
    em que vemos o "rei-dragão"
    como estes grandes laços
  • 15:31 - 15:35
    e pudemos aplicar perturbações mínimas
    nas alturas certas
  • 15:35 - 15:38
    que eliminaram esses dragões,
    quando o controlo está ligado.
  • 15:40 - 15:42
    "Gouverner, c'est prévoir".
  • 15:43 - 15:48
    Governar é a arte de planear e de prever.
  • 15:48 - 15:51
    Mas será que não se trata, provavelmente,
  • 15:51 - 15:54
    de uma das maiores lacunas da humanidade
  • 15:54 - 15:58
    que tem a responsabilidade de orientar
  • 15:58 - 16:02
    as nossas sociedades e o nosso planeta
    para a sustentabilidade
  • 16:02 - 16:05
    em face dos crescente problemas e crises?
  • 16:06 - 16:09
    A teoria do "rei-dragão"
    dá-nos esperança.
  • 16:10 - 16:14
    Sabemos que a maior parte
    dos sistemas têm bolsas de previsibilidade.
  • 16:14 - 16:19
    É possível fazer diagnósticos
    de crises, com antecedência,
  • 16:19 - 16:22
    por isso podemos estar preparados,
    podemos tomar medidas,
  • 16:22 - 16:25
    podemos assumir responsabilidades,
  • 16:26 - 16:28
    para que nunca mais
  • 16:28 - 16:32
    crises extremas como a Grande Recessão
  • 16:32 - 16:35
    ou a crise europeia possa
    apanhar-nos de surpresa.
  • 16:36 - 16:37
    Obrigado.
  • 16:38 - 16:41
    (Aplausos)
Title:
Como podemos prever a próxima crise financeira
Speaker:
Didier Sornette
Description:

Podemos pensar que a crise financeira de 2007-2008 foi um colapso único, imprevisível. Mas Didier Sornette e o seu Observatório da Crise Financeira construíram um conjunto de sinais precoces de alerta para sistemas de crescimento instáveis, que despistam o momento em que qualquer bolha está prestes a rebentar. (E está a ver isso acontecer de novo, neste preciso momento).

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:01

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