Porque é que a luz precisa de escuridão
-
0:02 - 0:05Há uma bela afirmação no ecrã que diz;
-
0:05 - 0:10"A luz cria ambiente,
cria a sensação de um espaço, -
0:10 - 0:13"e a luz é também
a expressão duma estrutura." -
0:13 - 0:16Bem, não é da minha autoria.
-
0:16 - 0:20Era, é claro, de Le Corbusier,
o famoso arquiteto. -
0:19 - 0:24Podem ver o que ele queria dizer
num dos seus belos edifícios -
0:24 - 0:29— a capela de Notre Dame
du Haut Ronchamp — -
0:29 - 0:30onde ele criou esta luz
-
0:30 - 0:33que apenas pôde criar
porque há também escuridão. -
0:35 - 0:39Eu acho que isso é a quintessência
desta palestra de 18 minutos -
0:40 - 0:45Não há boa iluminação que seja saudável
e nos dê bem-estar -
0:45 - 0:47sem uma escuridão adequada.
-
0:49 - 0:53Esta é a forma como normalmente
iluminaríamos os nossos escritórios. -
0:53 - 0:55Temos códigos e padrões que nos dizem
-
0:55 - 0:58que as luzes devem ter grande quantidade
de unidades de brilho -
0:58 - 0:59e grande uniformidade.
-
1:01 - 1:05É assim que criamos iluminação uniforme
de uma parede a outra, -
1:05 - 1:07numa grelha regular de lâmpadas.
-
1:09 - 1:11Isto é muito diferente
do que acabei de vos mostrar -
1:11 - 1:13de Le Corbusier.
-
1:14 - 1:17Se aplicássemos estes códigos e padrões
ao Panteão em Roma, -
1:17 - 1:19ele nunca teria este aspeto,
-
1:19 - 1:25porque esta bela característica da luz
que ali anda à volta por si mesma -
1:26 - 1:29só pode surgir porque também
há escuridão no mesmo edifício. -
1:30 - 1:34Santiago Calatrava disse
mais ou menos a mesma coisa: -
1:34 - 1:39"Luz: ponho-a nos meus edifícios
para conforto". -
1:39 - 1:41Ele não queria dizer o conforto
de um jantar de cinco pratos, -
1:41 - 1:43em oposição a uma refeição de um prato.
-
1:43 - 1:45Queria falar do conforto,
-
1:45 - 1:48da qualidade do edifício para as pessoas.
-
1:48 - 1:53Ele queria dizer que conseguimos ver o céu
e conseguimos experimentar o sol. -
1:54 - 1:58Ele criou estes edifícios deslumbrantes
em que conseguimos ver o céu, -
1:59 - 2:01e em que conseguimos experimentar o sol,
-
2:01 - 2:03que nos dão uma vida melhor
no ambiente construído, -
2:03 - 2:10apenas por causa da relevância da luz,
do seu brilho e também das suas sombras. -
2:12 - 2:14Tudo se resume, é claro, ao sol.
-
2:14 - 2:17Esta imagem do sol pode sugerir
-
2:17 - 2:19que o sol é algo de maléfico e agressivo.
-
2:19 - 2:23Mas não devemos esquecer
que toda a energia neste planeta -
2:23 - 2:25vem, na verdade, do sol.
-
2:25 - 2:29E a luz é apenas uma manifestação
dessa energia. -
2:30 - 2:33O sol é para a dinâmica,
para as mudanças de cor. -
2:33 - 2:36O sol é para a beleza
no nosso meio ambiente, -
2:36 - 2:40como neste edifício
— o High Museum em Atlanta — -
2:40 - 2:44que foi criado por Renzo Piano de Itália,
juntamente com Arup Lighting, -
2:44 - 2:47uma equipa brilhante
de "designers" de iluminação, -
2:47 - 2:53que criaram uma modulação
de luz muito subtil através do espaço, -
2:53 - 2:56correspondendo ao que o sol faz lá fora,
-
2:56 - 2:58apenas devido a todas estas
belas aberturas no telhado. -
2:58 - 3:02Então, de forma indireta,
conseguimos ver o sol. -
3:04 - 3:06Criaram um elemento integral do edifício
-
3:06 - 3:12para melhorar a qualidade do espaço
que rodeia os visitantes do museu. -
3:12 - 3:16Criaram esta persiana que veem aqui,
-
3:16 - 3:19que tapa o sol,
-
3:19 - 3:22mas que se abre para a boa luz do céu.
-
3:22 - 3:26E aqui vemos como eles conceberam
um belo processo de "design" -
3:26 - 3:27com modelos físicos,
-
3:27 - 3:30com métodos quantitativos e qualitativos,
-
3:30 - 3:35para chegar a uma solução final
verdadeiramente integrada -
3:35 - 3:37e totalmente abrangente
com a arquitetura. -
3:37 - 3:40Permitiram-se alguns erros
ao longo do caminho. -
3:40 - 3:42Como vemos aqui,
há alguma luz direta no chão, -
3:42 - 3:45mas eles conseguiram facilmente
descobrir de onde vinha. -
3:45 - 3:50E deram às pessoas naquele edifício
a possibilidade de desfrutar o sol, -
3:51 - 3:53a parte boa do sol.
-
3:53 - 3:57Desfrutar o sol pode acontecer
de muitas maneiras diferentes. -
3:58 - 3:59Pode ser simplesmente assim,
-
3:59 - 4:03ou talvez assim,
o que é bastante peculiar, -
4:03 - 4:05mas isto é em 1963,
-
4:05 - 4:09a observação de um eclipse do sol
nos EUA. -
4:09 - 4:12A luz lá em cima é brilhante demais,
-
4:12 - 4:15por isso estas pessoas encontraram
uma solução intrigante. -
4:15 - 4:18Penso que esta é uma imagem ilustrativa
do que estou a tentar dizer. -
4:18 - 4:22A bela dinâmica do sol,
trazendo estes elementos para o edifício, -
4:23 - 4:26cria uma qualidade
no nosso ambiente construído -
4:26 - 4:27que melhora as nossas vidas.
-
4:28 - 4:31Tem tanto a ver com a escuridão
como com a luminosidade, é claro, -
4:31 - 4:34porque de outra forma
não vemos esta dinâmica. -
4:35 - 4:39Por oposição ao primeiro escritório
que vos mostrei no início da palestra, -
4:39 - 4:43este é um escritório
muito conhecido, o White Group. -
4:43 - 4:46Estão na área da consultoria
sobre energia verde, ou algo do género. -
4:46 - 4:48Eles realmente fazem o que pregam,
-
4:48 - 4:50porque este escritório não tem
nenhum tipo de luz elétrica. -
4:50 - 4:55Tem apenas num dos lados
esta grande janela de vidro -
4:55 - 4:58que deixa entrar a luz do sol
pelo espaço dentro -
4:58 - 5:02e criar uma bela qualidade
e uma grande escala dinâmica. -
5:02 - 5:05Pode estar ali bastante escuro
e fazem o vosso trabalho, -
5:05 - 5:07e pode estar muito luminoso
e fazem o vosso trabalho. -
5:07 - 5:11Mas na verdade o olho humano
revela-se extraordinariamente adaptável -
5:11 - 5:13a todas estas diferentes condições de luz
-
5:13 - 5:15que no seu conjunto criam um ambiente
-
5:15 - 5:20que nunca é chato e nunca é aborrecido,
e nos ajuda a melhorar a nossa vida. -
5:21 - 5:24Devo fazer uma breve apresentação
deste homem. -
5:24 - 5:28Este é Richard Kelly
nascido há 100 anos, -
5:28 - 5:32que é a razão por que o menciono agora,
afinal, é um ano de aniversário. -
5:32 - 5:37Nos anos 30, Richard Kelly
foi a primeira pessoa a descrever -
5:37 - 5:40uma metodologia
para o "design" moderno de iluminação. -
5:40 - 5:42Inventou três termos,
-
5:42 - 5:45que são, "brilho focal,"
"luminescência ambiente" -
5:45 - 5:47e "jogo dos brilhos"
-
5:47 - 5:52através de ideias muito distintas
sobre a luz na arquitetura -
5:52 - 5:55que, todas juntas,
compõem esta bela experiência. -
5:55 - 5:57Para começar, o brilho focal.
-
5:57 - 5:59Ele queria dizer mais ou menos isto:
-
5:59 - 6:01quando a luz fornece direção ao espaço
-
6:01 - 6:03e nos ajuda a nos orientarmos.
-
6:03 - 6:05Ou mais ou menos isto:
-
6:05 - 6:07o "design" de iluminação
feito para a General Motors, -
6:07 - 6:09para o salão automóvel.
-
6:09 - 6:10Entramos naquele espaço e pensamos:
-
6:10 - 6:13"Uau! Isto é impressionante,"
-
6:13 - 6:16tudo por causa deste ponto focal,
esta imensa fonte de luz ali no meio. -
6:17 - 6:19Para mim é algo que vem do teatro,
-
6:19 - 6:21e voltarei a este assunto daqui a bocado.
-
6:21 - 6:24É o a luz do holofote sobre o artista
que nos ajuda a focar. -
6:25 - 6:27Também pode ser o sol
que irrompe através das nuvens -
6:27 - 6:30e ilumina uma porção da terra,
-
6:30 - 6:34realçando-a, em comparação
com o ambiente sombrio. -
6:36 - 6:38Ou, no ambiente das lojas,
-
6:38 - 6:43iluminando a mercadoria e criando realces
que nos ajudam a orientarmo-nos. -
6:43 - 6:46A iluminação ambiente
é uma coisa muito diferente. -
6:46 - 6:49Richard Kelly via-a
como uma coisa infinita, -
6:49 - 6:51uma coisa sem qualquer foco,
-
6:51 - 6:56uma coisa em que todos os detalhes
se dissolvem no infinito. -
6:56 - 7:01Eu vejo-a como um tipo de luz confortável
-
7:01 - 7:03que nos ajuda a relaxar e a contemplar.
-
7:04 - 7:06Também pode ser algo assim:
-
7:06 - 7:08o Museu Nacional de Ciências em Londres,
-
7:08 - 7:13onde este azul abrange
todas as exposições e galerias -
7:13 - 7:15num enorme gesto.
-
7:15 - 7:18Finalmente o jogo de brilhos de Kelly.
-
7:19 - 7:22Há realmente um certo jogo
no horizonte de Hong Kong, -
7:22 - 7:25ou talvez o candeeiro no teatro da ópera,
-
7:25 - 7:26ou no teatro aqui,
-
7:26 - 7:28que é uma decoração,
-
7:28 - 7:30a cereja no topo do bolo, algo lúdico,
-
7:30 - 7:35algo que é apenas um acréscimo
ao ambiente arquitetónico, diria eu. -
7:35 - 7:37Este três elementos distintos,
-
7:37 - 7:40em conjunto, compõem um ambiente de luz
-
7:40 - 7:42que nos ajuda a sentirmo-nos melhor.
-
7:42 - 7:44Só os podemos criar
a partir da escuridão. -
7:44 - 7:46Vou explicar isso melhor.
-
7:46 - 7:48Penso que é algo que Richard Kelly,
aqui à esquerda, -
7:48 - 7:51estava a explicar
a Ludwig Mies Van der Rohe. -
7:51 - 7:54Por detrás deles, vemos o Seagram Building
-
7:54 - 7:59que mais tarde se tornou um ícone
do "design" moderno de iluminação. -
7:59 - 8:02Naquela época, houve algumas
primeiras tentativas -
8:02 - 8:04também para a terapia de luz,.
-
8:04 - 8:07Aqui vemos uma foto da Biblioteca
de Medicina dos EUA. -
8:07 - 8:09onde as pessoas se põem ao sol
para melhorarem. -
8:10 - 8:12É uma história um pouco diferente,
-
8:12 - 8:13este aspeto da luz ligado à saúde,
-
8:13 - 8:16diferente do que vos estou a contar hoje.
-
8:16 - 8:18Na medicina moderna,
-
8:18 - 8:24há um verdadeiro conhecimento da luz
de uma forma quase bioquímica. -
8:24 - 8:28E há a ideia de que,
quando olhamos para as coisas, -
8:28 - 8:30é a luz amarela que nos ajuda mais,
-
8:30 - 8:32é a ela que somos mais sensíveis.
-
8:32 - 8:35Mas os nossos ritmos circadianos,
-
8:35 - 8:37que são os ritmos que nos ajudam
a acordar e a dormir -
8:37 - 8:40e a estar despertos e relaxados
e assim por diante, -
8:40 - 8:42são muito mais desencadeados
pela luz azul. -
8:42 - 8:47E ao modular a quantidade de azul
no nosso ambiente, -
8:47 - 8:50podemos ajudar as pessoas
a relaxar ou a estar despertas, -
8:50 - 8:52a adormecer, ou a ficar acordadas.
-
8:52 - 8:56E é assim que,
talvez num futuro próximo, -
8:56 - 9:02a luz possa ajudar as pessoas
a melhorar mais depressa nos hospitais, -
9:02 - 9:04a recuperar mais rapidamente.
-
9:04 - 9:05Talvez no avião
-
9:05 - 9:07possamos superar o "jet lag" dessa forma.
-
9:07 - 9:11Talvez na escola, possamos ajudar
as crianças a aprender melhor -
9:11 - 9:13porque podem concentrar-se
mais no seu trabalho. -
9:13 - 9:16E podemos imaginar muito mais aplicações.
-
9:16 - 9:22Mas gostaria de falar mais
na combinação de luz e escuridão -
9:23 - 9:25como uma qualidade na nossa vida.
-
9:26 - 9:29A luz também serve
para a interação social, -
9:29 - 9:33para criar relações
com todos os aspetos à nossa volta. -
9:34 - 9:36É o lugar onde nos juntamos
-
9:36 - 9:39quando temos coisas
para dizer uns aos outros. -
9:39 - 9:41Tem tudo a ver com este planeta.
-
9:41 - 9:44Mas quando olhamos para este planeta
à noite, ele tem este aspeto. -
9:44 - 9:48Penso que esta é a imagem mais chocante
na minha palestra. -
9:48 - 9:51Porque toda esta luz aqui
se dirige para o céu. -
9:51 - 9:55Nunca chega ao solo
a que se destinava. -
9:55 - 9:58Nunca é para o benefício das pessoas.
-
9:58 - 10:00Apenas estraga a escuridão.
-
10:00 - 10:02Por isso, numa escala global,
tem este aspeto. -
10:02 - 10:06É algo de surpreendente,
o que vemos aqui, -
10:06 - 10:11a quantidade de luz que sobe para o céu
e nunca chega ao solo. -
10:11 - 10:14Porque se olharmos para a Terra
como ela devia ser, -
10:14 - 10:16seria algo como esta imagem
muito inspiradora -
10:16 - 10:19em que a escuridão
é para a nossa imaginação -
10:19 - 10:21e para a contemplação
-
10:21 - 10:24e para nos ajudar
a relacionarmo-nos com tudo. -
10:24 - 10:26No entanto, o mundo está a mudar,
-
10:26 - 10:29e a urbanização é um grande motor de tudo.
-
10:29 - 10:31Tirei esta foto há duas semanas
em Guangzhou -
10:31 - 10:32e apercebi-me de que 10 anos antes,
-
10:32 - 10:36não havia nenhum destes edifícios.
-
10:37 - 10:39Era uma cidade muito mais pequena,
-
10:39 - 10:43e o ritmo da urbanização
é incrivelmente enorme. -
10:43 - 10:45Temos de compreender
estas questões principais: -
10:45 - 10:49Como é que as pessoas se movimentam
através destes novos espaços urbanos? -
10:49 - 10:51Como é que partilham a sua cultura?
-
10:51 - 10:53Como é que resolvemos
coisas como a mobilidade? -
10:53 - 10:55E como é que a luz pode ajudar aqui?
-
10:55 - 10:57Porque as novas tecnologias,
-
10:57 - 10:59parecem estar numa posição interessante
-
10:59 - 11:03para contribuir para as soluções
da urbanização -
11:03 - 11:06e para nos proporcionar
melhores ambientes. -
11:06 - 11:08Não foi assim há tanto tempo
-
11:08 - 11:11que a nossa iluminação era feita
com este tipo de lâmpadas. -
11:11 - 11:13Claro, tínhamos as lâmpadas
de vapor metálico, -
11:13 - 11:16as lâmpadas florescentes
e coisas do género. -
11:16 - 11:18Agora temos as lâmpadas LED,
-
11:18 - 11:21mas aqui vemos a mais recente,
e vemos como é incrivelmente pequena. -
11:21 - 11:25É precisamente isto que nos oferece
uma oportunidade única, -
11:25 - 11:29porque este minúsculo tamanho
permite-nos pôr a luz -
11:29 - 11:31onde quer que precisemos dela.
-
11:31 - 11:33Podemos até deixá-la
onde não é precisa de todo -
11:33 - 11:35e onde podemos preservar a escuridão.
-
11:35 - 11:37Penso que esta é uma proposta interessante
-
11:37 - 11:41e uma forma nova de iluminar
o ambiente arquitetónico -
11:41 - 11:43tendo em mente o nosso bem-estar.
-
11:43 - 11:47O problema é que, embora
eu queira explicar como isto funciona, -
11:47 - 11:50posso ter quatro delas no meu dedo,
-
11:50 - 11:52por isso não conseguem vê-las.
-
11:52 - 11:56Por isso pedi ao nosso laboratório
para resolver este problema e eles: -
11:56 - 11:57"Podemos fazer alguma coisa."
-
11:57 - 12:00Criaram para mim o maior LED do mundo
-
12:00 - 12:02especialmente para o TEDx em Amsterdão.
-
12:02 - 12:03Então, cá está ele.
-
12:03 - 12:07É a mesma coisa que podem ver ali,
mas 200 vezes maior. -
12:07 - 12:10Vou muito rapidamente
mostrar-vos como funciona. -
12:11 - 12:12Passo a explicar.
-
12:13 - 12:19Todos os LED que são feitos atualmente
dão luz azul. -
12:20 - 12:23Ora isto não é muito agradável
nem confortável. -
12:23 - 12:27Por isso, cobrimos o LED
-
12:27 - 12:29com uma capa de fósforo.
-
12:30 - 12:32O fósforo é ativado pelo azul
-
12:32 - 12:36e torna a luz branca, quente e agradável.
-
12:36 - 12:38Então, quando se adiciona a lente,
-
12:38 - 12:41podemos empacotar a luz
e enviá-la para onde for precisa -
12:41 - 12:45sem ter de desperdiçar nenhuma luz
para o céu ou para outro sítio qualquer. -
12:45 - 12:48Podemos preservar a escuridão
e criar a luz. -
12:48 - 12:52Queria apenas mostrar-vos isto
para perceberem como funciona. -
12:53 - 12:55(Aplausos)
-
12:55 - 12:56Obrigado.
-
12:57 - 12:58Podemos prosseguir.
-
12:58 - 13:01Temos que repensar a forma
como iluminamos as cidades. -
13:01 - 13:06Temos de voltar a pensar
sobre a luz como solução padrão. -
13:06 - 13:09Porque estão todas estas estradas
permanentemente iluminadas? -
13:09 - 13:10É mesmo necessário?
-
13:10 - 13:12Poderemos ser muito mais seletivos
-
13:12 - 13:15e criar melhores ambientes
que também beneficiem da escuridão? -
13:15 - 13:17Poderemos ser mais delicados com a luz?
-
13:17 - 13:20Como aqui — este é um nível
de luz muito baixo. -
13:20 - 13:24Poderemos envolver mais as pessoas
nos projetos de iluminação que criamos, -
13:24 - 13:26para que queiram ligar-se a eles,
como aqui? -
13:26 - 13:29Ou poderemos criar esculturas
onde seja inspirador -
13:29 - 13:31estar dentro delas ou à volta delas?
-
13:31 - 13:33Poderemos preservar a escuridão?
-
13:33 - 13:36Porque, hoje em dia, encontrar
um lugar como este na Terra -
13:36 - 13:38é muito difícil.
-
13:39 - 13:42Encontrar um céu estrelado como este
ainda é mais difícil. -
13:42 - 13:45Até nos oceanos, estamos a criar
grande quantidade de luz -
13:45 - 13:47que podíamos banir,
-
13:47 - 13:50para que a vida animal pudesse ter
um bem-estar muito maior. -
13:50 - 13:54É sabido que as aves migratórias,
por exemplo, ficam muito desorientadas -
13:54 - 13:56por causa destas plataformas em alto-mar.
-
13:56 - 13:58Descobrimos que, quando fazemos
estas luzes verdes, -
13:58 - 14:00as aves encontram o caminho certo.
-
14:00 - 14:03Deixam de ficar perturbadas.
-
14:03 - 14:04Acontece que, mais uma vez,
-
14:04 - 14:09aquela sensibilidade espetral
é muito importante aqui. -
14:09 - 14:12Em todos estes exemplos, penso eu,
-
14:12 - 14:14podemos começar a criar a luz
a partir da escuridão, -
14:14 - 14:17e usar a escuridão como uma tela,
-
14:17 - 14:19como fazem os artistas visuais,
-
14:19 - 14:21tal como Edward Hopper nesta pintura.
-
14:21 - 14:24Penso que há bastante suspense
nesta pintura. -
14:25 - 14:28Quando a vejo, começo por pensar,
quem são aquelas pessoas? -
14:28 - 14:30De onde vieram? O que estão a fazer?
-
14:30 - 14:31O que aconteceu agora?
-
14:31 - 14:34O que irá acontecer
nos próximos 5 minutos? -
14:34 - 14:36Incorpora todas estas histórias
e este suspense -
14:36 - 14:38por causa da escuridão e da luz.
-
14:38 - 14:40Edward Hopper era um verdadeiro mestre
-
14:40 - 14:43na criação da narrativa,
trabalhando com a luz e a escuridão. -
14:43 - 14:45Podemos aprender com isso
-
14:45 - 14:48e criar ambientes arquitetónicos
mais interessantes e inspiradores. -
14:48 - 14:51Podemos fazer isso
em espaços comerciais como este. -
14:51 - 14:54Podemos mesmo assim ir até lá fora
-
14:54 - 14:59e desfrutar do maior espetáculo
do universo -
14:59 - 15:02que, claro, é o próprio universo.
-
15:02 - 15:08Ofereço-vos esta imagem do céu,
maravilhosa e informativa -
15:08 - 15:11que vai desde o centro da cidade,
-
15:11 - 15:14onde só conseguem ver
uma ou duas estrelas e mais nada, -
15:14 - 15:16até às zonas rurais,
-
15:16 - 15:18onde podem desfrutar
-
15:18 - 15:22desta grandiosa e bela exibição
de constelações e de estrelas. -
15:23 - 15:25Na arquitetura,
funcionamos de igual forma. -
15:26 - 15:29Ao apreciar a escuridão
quando desenhamos a luz, -
15:29 - 15:32criamos ambientes muito mais interessantes
-
15:32 - 15:34que melhoram a nossa vida.
-
15:34 - 15:37Este é o exemplo mais conhecido,
-
15:37 - 15:39A Igreja da Luz, de Tadao Ando.
-
15:39 - 15:41Mas penso também
-
15:41 - 15:44no spa de Peter Zumthor em Vals,
-
15:44 - 15:47onde a luz e o escuro,
em combinações muito suaves, -
15:47 - 15:50se alteram uma à outra
para definir o espaço. -
15:50 - 15:53Ou na estação de metro
de Richard McCormack em Londres, -
15:53 - 15:55onde podemos ver o céu,
-
15:55 - 15:57apesar de estarmos debaixo de terra.
-
15:57 - 16:00Finalmente, quero assinalar
-
16:00 - 16:02que muita desta inspiração vem do teatro.
-
16:02 - 16:06Penso que é fantástico estarmos hoje
a fazer um TEDx -
16:06 - 16:08num teatro, pela primeira vez,
-
16:08 - 16:13porque devemos
um grande obrigado ao teatro. -
16:13 - 16:15Não haveria uma cenografia tão inspiradora
-
16:15 - 16:17sem o teatro.
-
16:17 - 16:19Penso que o teatro é um lugar
-
16:19 - 16:22onde melhoramos a vida com a luz.
-
16:24 - 16:24Muito obrigado.
-
16:25 - 16:28(Aplausos)
- Title:
- Porque é que a luz precisa de escuridão
- Speaker:
- Rogier van der Heide
- Description:
-
O arquiteto de iluminação, Rogier van der Heide, oferece uma nova e bela maneira de olhar o mundo — prestando atenção à luz (e à escuridão). Exemplos de edifícios clássicos ilustram a visão profundamente bem pensada do papel que tem a luz à nossa volta.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:31
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why light needs darkness | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why light needs darkness | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why light needs darkness | ||
Nuno Miranda Ribeiro added a translation |