Return to Video

Lições em negócios… da prisão |TED@NewYork

  • 0:00 - 0:03
    B.J. era um de muitos reclusos
  • 0:03 - 0:05
    com grandes planos para o futuro.
  • 0:05 - 0:08
    Ele tinha uma visão.
  • 0:08 - 0:10
    Quando saísse, ia deixar o esquema da droga
    para sempre e endireitar-se,
  • 0:10 - 0:16
    e estava a trabalhar em combinar
    as suas duas paixões numa única visão.
  • 0:16 - 0:17
    Ia gastar 7500 euros
  • 0:17 - 0:20
    num "website" que mostrasse
    exclusivamente mulheres a praticar sexo
  • 0:20 - 0:26
    em cima ou dentro
    de carros desportivos de luxo.
  • 0:26 - 0:29
    (Risos)
  • 0:29 - 0:33
    Era a minha primeira semana
    numa prisão federal
  • 0:33 - 0:37
    e rapidamente aprendi
    que não era o que vemos na TV.
  • 0:37 - 0:40
    De facto, estava rodeado
    de homens espertos e ambiciosos
  • 0:40 - 0:42
    cujos instintos de negócio eram,
    em muitos casos,
  • 0:42 - 0:44
    tão apurados como os dos diretores-gerais
  • 0:44 - 0:49
    com quem tinha banqueteado
    seis meses antes
  • 0:49 - 0:51
    quando era uma estrela em ascensão
    no Senado do Missouri.
  • 0:51 - 0:54
    Ora, 95% dos tipos com quem estive preso
  • 0:54 - 0:58
    tinham sido passadores de droga cá fora,
  • 0:58 - 1:00
    mas quando falavam sobre o que faziam,
  • 1:00 - 1:02
    faziam-no num dialeto diferente.
  • 1:02 - 1:06
    Mas os conceitos de negócio
    de que eles falavam
  • 1:06 - 1:10
    não eram diferentes
    dos que se aprendem
  • 1:10 - 1:14
    numa aula de primeiro ano
    do MBA em Wharton:
  • 1:14 - 1:16
    incentivos promocionais,
    nunca cobrar a um novo cliente,
  • 1:16 - 1:19
    discussões de grupo sobre
    o lançamento de novos produtos,
  • 1:19 - 1:22
    expansão territorial.
  • 1:22 - 1:24
    Mas eles não perdiam muito tempo
    a reviver os bons velhos tempos.
  • 1:24 - 1:27
    Na maior parte do tempo,
    apenas se tentava sobreviver.
  • 1:27 - 1:30
    É muito mais difícil
    do que possam pensar.
  • 1:30 - 1:32
    Ao contrário do que a maioria pensa,
  • 1:32 - 1:35
    as pessoas não pagam,
    os contribuintes não pagam
  • 1:35 - 1:37
    pela vida de quem está na prisão.
  • 1:37 - 1:39
    Temos de pagar pela nossa vida.
  • 1:39 - 1:41
    Pagar pelo sabão, desodorizante,
  • 1:41 - 1:42
    escova de dentes, pasta de dentes, tudo isso.
  • 1:42 - 1:45
    E é difícil por várias razões.
  • 1:45 - 1:47
    Primeiro, tudo está sobrevalorizado
    em 30 a 50%
  • 1:47 - 1:50
    em relação ao que se paga cá fora,
  • 1:50 - 1:54
    e, segundo, não se ganha muito dinheiro.
  • 1:54 - 1:56
    Eu descarregava camiões,
    era o meu trabalho a tempo inteiro.
  • 1:56 - 2:00
    Descarregava camiões
    num armazém de comida,
  • 2:00 - 2:01
    por € 4, não à hora, mas ao mês.
  • 2:01 - 2:03
    Então como é que se sobrevive?
  • 2:03 - 2:06
    Aprendemos a negociar,
    todo o tipo de negócios.
  • 2:06 - 2:11
    Há negócios legais.
  • 2:11 - 2:15
    Tudo se paga em selos,
    é a moeda corrente.
  • 2:15 - 2:18
    Cobra-se a outro recluso
    por se limpar a cela dele.
  • 2:18 - 2:22
    Há negócios ligeiramente ilegais,
    como operar uma barbearia na nossa cela.
  • 2:22 - 2:26
    Há negócios razoavelmente ilegais,
    como fazer tatuagens na nossa cela.
  • 2:26 - 2:29
    E há negócios bastante ilegais,
    onde se contrabandeia
  • 2:29 - 2:31
    para o interior drogas,
    pornografia, telemóveis.
  • 2:31 - 2:36
    E tal como cá fora,
  • 2:36 - 2:39
    há uma recompensa baseada no risco:
    quanto mais arriscada a tarefa,
  • 2:39 - 2:43
    mais rentável pode ser.
  • 2:43 - 2:45
    Querem um cigarro na prisão?
    Dois a quatro euros.
  • 2:45 - 2:49
    Querem um telemóvel à antiga que se abre
    e é quase do tamanho da nossa cabeça?
  • 2:49 - 2:52
    Duzentos e trinta euros.
  • 2:52 - 2:55
    Querem uma revista pornográfica?
  • 2:55 - 2:58
    Bem, pode chegar a custar 750 euros.
  • 2:58 - 3:02
    Por isso, como podem ver,
    um dos aspetos que definem
  • 3:02 - 3:05
    a vida na prisão é o engenho.
  • 3:05 - 3:11
    Quer fosse inventar refeições deliciosas
  • 3:11 - 3:16
    a partir de sobras roubadas do armazém,
  • 3:16 - 3:18
    esculpir o cabelo de pessoas
    com corta-unhas,
  • 3:18 - 3:20
    ou criar pesos com sacos da lavandaria
    cheios de pedras
  • 3:20 - 3:23
    amarrados a troncos de árvores,
  • 3:23 - 3:25
    os reclusos aprendem a criar
    com muito pouco
  • 3:25 - 3:28
    e muitos deles querem trazer para o exterior
  • 3:28 - 3:31
    esse engenho que aprenderam
  • 3:31 - 3:33
    e abrir restaurantes, barbearias,
  • 3:33 - 3:36
    negócios de treino pessoal.
  • 3:36 - 3:39
    Mas não há formação,
    nada que os prepare para isso,
  • 3:39 - 3:42
    não há, de todo, reabilitação na prisão,
  • 3:42 - 3:44
    ninguém que os ajude a criar
    um plano de negócio,
  • 3:44 - 3:47
    que lhes mostre uma forma
    de traduzir em empresas legais
  • 3:47 - 3:50
    os conceitos de negócio
    que eles assimilam instintivamente.
  • 3:50 - 3:53
    Não há sequer acesso à Internet.
  • 3:53 - 3:56
    E, mesmo quando saem cá para fora,
    a maioria dos estados
  • 3:56 - 3:58
    nem sequer tem uma lei
    que proíba os patrões
  • 3:58 - 4:04
    de discriminar as pessoas com cadastro.
  • 4:04 - 4:07
    Portanto, nenhum de nós
    se deveria surpreender
  • 4:07 - 4:09
    com o facto de dois
    em cada três ex-reclusos
  • 4:09 - 4:11
    serem reincidentes
    num espaço de cinco anos.
  • 4:11 - 4:16
    Escutem, eu menti aos Federais.
    Perdi um ano de vida graças a isso.
  • 4:16 - 4:19
    Mas quando saí, prometi que iria fazer
  • 4:19 - 4:22
    o que estivesse ao meu alcance para garantir
  • 4:22 - 4:24
    que tipos como aqueles com quem estive preso
  • 4:24 - 4:28
    não teriam que desperdiçar a sua vida ainda mais.
  • 4:28 - 4:31
    Portanto, espero que pensem em ajudar de alguma forma.
  • 4:31 - 4:33
    A melhor coisa que podemos fazer
    é descobrir maneiras
  • 4:33 - 4:36
    de nutrir o espírito empreendedor
  • 4:36 - 4:39
    e o tremendo potencial por descobrir
    que existe nas nossas prisões,
  • 4:39 - 4:44
    porque, se não o fizermos,
    eles não vão aprender novos ofícios que os ajudem, e voltarão novamente lá para dentro.E tudo o que aprenderão lá dentro
    são novos negócios duvidosos.
Title:
Lições em negócios… da prisão |TED@NewYork
Speaker:
Jeff Smith
Description:

Jeff Smith passou um ano na prisão. Mas o que descobriu lá dentro não foi o que esperava — encontrou nos companheiros um engenho sem limites e uma apetência para os negócios. Pergunta ele: Porque não aproveitamos este potencial empreendedor para ajudar ex-reclusos a contribuir para a sociedade quando voltarem ao exterior?
(Do evento TED Talent Search TED@NewYork.)

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
05:00

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions