Return to Video

Em que momento você está morto? – Randall Hayes

  • 0:07 - 0:10
    Até onde podemos detectar
    os sinais passados de nossa existência,
  • 0:10 - 0:15
    os humanos sempre foram
    fascinados pela morte e pela ressurreição.
  • 0:15 - 0:19
    Quase todas as religiões trazem
    uma interpretação para elas.
  • 0:19 - 0:20
    Desde os mais antigos mitos
  • 0:20 - 0:26
    aos últimos sucessos cinematográficos,
    os mortos continuam a reviver.
  • 0:26 - 0:28
    Mas será que a ressurreição
    é mesmo possível?
  • 0:28 - 0:34
    E qual é, afinal, a diferença real
    entre um ser vivo e um corpo sem vida?
  • 0:34 - 0:38
    Para compreender o que é a morte,
    precisamos entender o que é a vida.
  • 0:38 - 0:41
    Uma teoria antiga
    era a ideia do vitalismo,
  • 0:41 - 0:44
    que afirmava que
    os serem vivos eram especiais
  • 0:44 - 0:47
    porque continham
    uma substância especial, ou energia,
  • 0:47 - 0:50
    que era a essência da vida.
  • 0:50 - 0:52
    Fosse chamada de chi,
  • 0:52 - 0:52
    sangue vital,
  • 0:52 - 0:54
    ou humores,
  • 0:54 - 0:57
    a crença em tal essência era comum
    no mundo inteiro,
  • 0:57 - 1:00
    e ainda persiste
    em histórias de criaturas
  • 1:00 - 1:03
    que de alguma forma
    sugam a vida de outras,
  • 1:03 - 1:07
    ou em fontes mágicas
    que podem reconstituí-la.
  • 1:07 - 1:10
    O vitalismo começou a cair
    em declínio no mundo ocidental
  • 1:10 - 1:14
    por influência da Revolução Científica
    no século 17.
  • 1:14 - 1:15
    René Descartes introduziu a noção
  • 1:15 - 1:20
    de que o corpo humano não era
    essencialmente diferente de uma máquina
  • 1:20 - 1:23
    que ganhou vida
    de uma alma de origem divina
  • 1:23 - 1:26
    localizada na glândula pineal do cérebro.
  • 1:26 - 1:32
    Em 1907, Dr. Duncan McDougall
    chegou a declarar que a alma tinha massa,
  • 1:32 - 1:38
    e pesava os pacientes imediatamente antes
    e após a morte, na tentativa de prová-lo.
  • 1:38 - 1:40
    Embora seus experimentos
    fossem desacreditados,
  • 1:40 - 1:42
    como o resto do vitalismo,
  • 1:42 - 1:45
    influências dessa teoria
    ainda aparecem na cultura popular.
  • 1:45 - 1:48
    Mas aonde essas teorias desacreditadas
    nos levam?
  • 1:48 - 1:51
    Hoje em dia sabemos que a vida
    não está contida
  • 1:51 - 1:54
    em alguma substância ou centelha mágica.
  • 1:54 - 1:58
    mas sim nos processos
    biológicos contínuos.
  • 1:58 - 2:00
    Para entender esses processos,
  • 2:00 - 2:04
    devemos ir até o nível
    das células individuais.
  • 2:04 - 2:06
    Dentro de cada célula,
  • 2:06 - 2:09
    reações químicas estão sempre ocorrendo.
  • 2:09 - 2:13
    Elas aproveitam a glicose e o oxigênio
    que o corpo converte
  • 2:13 - 2:17
    na molécula que transporta energia,
    conhecida como ATP
  • 2:17 - 2:20
    As células usam essa energia
    para tudo, desde o reparo,
  • 2:20 - 2:21
    ao crescimento,
  • 2:21 - 2:22
    à reprodução.
  • 2:22 - 2:26
    Consome-me muita energia
    para produzir as moléculas necessárias,
  • 2:26 - 2:30
    e muito mais para levá-las
    aonde elas precisam estar.
  • 2:30 - 2:32
    O fenômeno universal da entropia,
  • 2:32 - 2:36
    implica que as moléculas tendem
    a se dispersar randomicamente,
  • 2:36 - 2:40
    movendo-se de áreas de alta
    para outras de baixa concentração,
  • 2:40 - 2:44
    ou mesmo desfazendo-se
    em moléculas menores e átomos.
  • 2:44 - 2:47
    Então as células devem controlar
    a entropia constantemente
  • 2:47 - 2:50
    usando energia para manter suas moléculas
  • 2:50 - 2:52
    em formações muito complicadas
  • 2:52 - 2:56
    necessárias para que
    as funções biológicas se realizem.
  • 2:56 - 3:00
    A destruição desses arranjos quando
    a célula inteira sucumbe à entropia
  • 3:00 - 3:03
    é o que leva finalmente à morte.
  • 3:03 - 3:07
    Essa é a razão pela qual os organismos
    não podem voltar a viver
  • 3:07 - 3:09
    depois de terem morrido.
  • 3:09 - 3:11
    Podemos bombear ar para o pulmão de alguém
  • 3:11 - 3:13
    mas o efeito será nulo
  • 3:13 - 3:16
    se os diversos outros processos
    envolvidos no ciclo respiratório
  • 3:16 - 3:18
    tiverem deixado de funcionar.
  • 3:18 - 3:21
    De modo análogo, o choque
    elétrico de um desfibrilador
  • 3:21 - 3:24
    não faz funcionar novamente
    um coração já morto,
  • 3:24 - 3:28
    apenas resincroniza as células musculares
    de um coração que bate de modo anormal
  • 3:28 - 3:31
    e as faz voltar ao ritmo normal.
  • 3:31 - 3:34
    Isso pode evitar que uma pessoa morra,
    mas não fará reviver um cadáver.
  • 3:34 - 3:37
    ou um monstro costurado a partir
    de vários cadáveres.
  • 3:37 - 3:41
    Parece que os muitos milagres da medicina
  • 3:41 - 3:45
    podem retardar ou evitar a morte,
    mas não revertê-la.
  • 3:45 - 3:47
    Mas não é tão simples como parece
  • 3:47 - 3:51
    porque os progressos constantes
    da tecnologia e da medicina
  • 3:51 - 3:54
    permitiram diagnósticos,
    o coma, por exemplo,
  • 3:54 - 3:57
    que descrevem condições
    potencialmente reversíveis,
  • 3:57 - 4:01
    sob as quais muitas pessoas
    foram consideradas mortas antes.
  • 4:01 - 4:06
    No futuro, o ponto sem retorno
    pode ser empurrado para mais longe.
  • 4:06 - 4:09
    Sabemos que alguns animais
    prolongam sua existência
  • 4:09 - 4:11
    ou sobrevivem em condições extremas
  • 4:11 - 4:14
    reduzindo a velocidade
    de seus processos biológicos
  • 4:14 - 4:17
    chegando ao ponto onde
    eles ficam virtualmente pausados.
  • 4:17 - 4:20
    A pesquisa em criônica
    espera alcançar os mesmos resultados,
  • 4:20 - 4:24
    congelando pessoas que morrem
    e ressuscitando-as mais tarde,
  • 4:24 - 4:26
    quando novas tecnologias
    sejam capazes de curá-las.
  • 4:26 - 4:31
    Vejam, se as células forem congeladas,
    o movimento molecular fica bem limitado,
  • 4:31 - 4:33
    e a difusão praticamente cessa.
  • 4:33 - 4:38
    Mesmo se todos os processos celulares
    já tiverem parado,
  • 4:38 - 4:42
    é concebível que isso seja revertido
    por um enxame de nanorobôs,
  • 4:42 - 4:45
    que moveriam as moléculas de volta
    às posições adequadas,
  • 4:45 - 4:49
    e injetariam ATP simultaneamente
    em todas as células,
  • 4:49 - 4:53
    e presumivelmente fazendo o corpo
    simplesmente recomeçar de onde parou.
  • 4:53 - 4:56
    Então se considerarmos a vida
    não como uma centelha mágica,
  • 4:56 - 5:01
    mas como um estado incrivelmente complexo
    de organização que se autoperpetua,
  • 5:01 - 5:04
    a morte é apenas
    o processo de aumento da entropia
  • 5:04 - 5:07
    que destrói esse frágil equilíbrio.
  • 5:07 - 5:10
    O momento em que alguém está morto
  • 5:10 - 5:12
    não é uma constante imutável,
  • 5:12 - 5:15
    mas simplesmente uma questão
    de quanto dessa entropia
  • 5:15 - 5:18
    somos atualmente capazes de reverter.
Title:
Em que momento você está morto? – Randall Hayes
Speaker:
Randall Hayes
Description:

Assista à aula completa: http://ed.ted.com/lessons/at-what-moment-are-you-dead-randall-hayes

Até onde podemos detectar os sinais passados de nossa existência, os humanos sempre foram fascinados pela morte e pela ressurreição. Será que a ressurreição é possível? E qual é, afinal, a diferença real entre um ser vivo e um corpo sem vida? Randall Hayes mergulha nas teorias científicas que procuram responder a essas antigas questões.

Aula de Randall Hayes, animação de Anton Bogaty.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:34

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions Compare revisions