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A surpreendente necessidade de estranheza

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    "Não fale com estranhos."
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    Você já ouviu essa frase
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    de amigos, família, na escola
    e na mídia por décadas.
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    É uma norma. É uma norma social.
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    Mas é um tipo especial de normal social,
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    porque é uma norma social que quer nos dizer
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    com quem devemos nos relacionar
    e com quem não devemos.
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    "Não fale com estranhos" diz:
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    "Fique longe de quem não é familiar.
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    Fique com as pessoas que você conhece.
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    Fique com pessoas como você."
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    Qual é a graça disso?
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    Não é exatamente o que fazemos, né,
    se estamos em nossa melhor forma?
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    Em nossa melhor forma, estendemos a mão às pessoas
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    que não são como nós,
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    pois quando fazemos isso,
    aprendemos com as pessoas
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    que não são como nós.
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    Minha frase para esse valor
    de estar com pessoas "não como nós"
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    é "estranheza",
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    e meu ponto é que no mundo
    digitalmente intensivo de hoje,
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    estranhos sinceramente não são o ponto.
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    O ponto sobre o qual
    deveríamos nos preocupar é:
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    quanta estranheza estamos tendo?
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    Por que estranheza?
    Porque nossa relações sociais
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    estão cada vez mais mediadas por dados,
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    e dados tornam nossas relações sociais
    em relações digitais,
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    e isso significa
    que nossas relações digitais
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    agora dependem
    extraordinariamente de tecnologia
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    para dá-las um sentido de robustez,
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    um sentido de descoberta,
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    um sentido de surpresa e imprevisibilidade.
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    Por que não estranhos?
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    Porque estranhos são parte de um mundo
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    com limites muito rígidos.
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    Eles pertencem a um mundo
    de pessoas que eu conheço
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    contra pessoas que não conheço,
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    e no contexto de minhas relações digitais,
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    já estou fazendo coisas
    com pessoas que não conheço.
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    A questão não é se eu te conheço ou não.
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    A questão é, o que eu posso fazer com você?
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    O que posso aprender com você?
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    O que podemos fazer juntos
    que nos beneficia os dois?
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    Eu passo muito tempo pensando
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    em como o panorama digital está mudando,
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    como novas tecnologias
    criam novas restrições
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    e novas oportunidades para as pessoas.
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    As mudanças mais importantes
    que encaramos hoje em dia
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    têm a ver com dados e o que os dados fazem
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    para moldar os tipos de relações digitais
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    que serão possíveis no futuro.
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    As economias do futuro dependem disso.
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    Nossas vidas sociais
    no futuro dependem disso.
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    A ameaça com que
    se preocupar não são estranhos.
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    A ameaça com que se preocupar
    é se estamos atingindo
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    ou não nossa cota de estranheza.
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    Agora, psicólogos e sociólogos do século XX
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    pensavam sobre estranhos,
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    mas eles não estavam pensando
    tão dinamicamente em relações humanas,
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    estavam pensando em estranhos
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    no contexto de influenciar práticas.
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    Stanley Milgram dos anos 60 e 70,
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    o criador dos experimentos do mundo pequeno,
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    que mais tarde ficaram conhecidos
    como seis graus de separação,
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    deixaram claro que quaisquer duas pessoas
    escolhidas arbitrariamente
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    estavam provavelmente conectadas
    entre 5 e 6 passos intermediários.
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    Seu ponto era que estranhos estão por aí.
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    Podemos chegar até eles. Existem caminhos
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    que nos permitem chegar até eles.
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    Mark Granovetter,
    sociólogo de Stanford, em 1973
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    em sua composição seminal
    "A Força dos Vínculos Frágeis",
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    deixa claro que esses vínculos frágeis
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    que são parte de nossos círculos,
    esses estranhos,
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    são de fato mais eficientes
    em difundir informação para nós
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    do que nossos vínculos fortes,
    as pessoas mais próximas.
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    Ele faz ainda uma outra crítica
    a nossos vínculos fortes
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    quando ele diz que essas pessoas
    que são tão próximas,
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    esses vínculos fortes em nossas vidas,
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    têm, na verdade,
    um efeito homogenizador sobre nós.
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    Eles produzem uniformidade.
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    Meus colegas e eu na Intel
    passamos os últimos anos
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    observando a maneira
    como plataformas digitais
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    estão reformulando nossas vidas cotidianas,
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    que tipo de novas rotinas são possíveis.
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    Estivemos observando
    especificamente os tipos
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    de plataformas digitais que nos permitiram
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    pegar nossos pertences,
    aquelas coisas que costumavam ser
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    muito restrita a nós
    e a nossos amigos em nossas casas,
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    e disponibilizá-las a pessoas
    que não conhecemos.
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    Sejam nossas roupas, sejam nossos carros,
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    sejam nossa bicicletas,
    sejam nossos livros ou música,
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    Somos capazes de pegar
    nossos pertences agora
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    e disponibilizá-los
    a pessoas que nunca vimos.
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    E nós tiramos uma conclusão
    muito importante,
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    que foi à medida que as relações das pessoas
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    com as coisas em suas vidas mudam,
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    também mudam suas relações
    com outras pessoas.
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    E mesmo assim sistema de recomendação
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    após sistema de recomendação
    continua errando o alvo.
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    Continua tentando prever o que eu preciso
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    com base em alguma caracterização
    passada de quem eu seja,
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    do que eu já tenha feito.
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    Tecnologia de segurança
    após tecnologia de segurança
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    continua a projetar proteção de dados
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    em termos de ameaças e ataques,
  • 4:52 - 4:55
    me mantendo trancada
    em tipos muito rígidos de relações.
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    Categorias como "amigos" e "família"
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    e "contatos" e "colegas"
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    não me dizem nada sobre
    minhas verdadeiras relações.
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    Um jeito mais eficiente
    de pensar sobre minhas relações
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    pode ser em termos
    de proximidade e distância,
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    em que a qualquer ponto no tempo,
    com qualquer pessoa,
  • 5:13 - 5:16
    estou tanto próxima
    quanto distante deste indivíduo,
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    tudo em função do que
    eu preciso fazer agora.
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    As pessoas não são próximas ou distantes.
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    As pessoas são sempre
    uma combinação dos dois,
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    e essa combinação está em constante mudança.
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    E se tecnologias pudessem intervir
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    para perturbar o equilíbrio
    de certos tipos de relações?
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    E se as tecnologias pudessem intervir
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    para me ajudar a encontrar
    a pessoa de que eu preciso agora?
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    A estranheza é essa calibração
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    de proximidade e distância
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    que me possibilita encontrar
    a pessoa de que eu preciso agora,
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    que me possibilita encontrar
    as fontes de intimidade,
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    de descoberta e de inspiração
    de que eu preciso agora.
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    Estranheza não se trata
    de encontrar estranhos.
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    Simplesmente deixa claro que precisamos
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    perturbar nossas zonas de familiaridade.
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    Então sacudir essas zonas de familiaridade
    é um jeito de pensar sobre estranheza,
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    e é um problema enfrentado não somente
    por indivíduos hoje em dia,
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    mas também por organizações,
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    organizações que estão tentando abraçar
    massivamente novas oportunidades.
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    Seja você um partido político
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    insistindo para seu prejuízo
    numa noção muito rígida
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    de quem pertence e quem não,
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    seja você o governo
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    protegendo instituições
    sociais como casamento
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    e restringindo o acesso
    de alguns a essas instituições,
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    seja você uma adolescente em seu quarto
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    que está lutando
    pela sua relação com seus pais,
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    estranheza é uma maneira de pensar
    em como construímos o caminho
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    para novos tipos de relações.
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    Nós temos que mudar as normas.
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    Nós temos que mudar
    as normas para possibilitar
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    novos tipos de tecnologias
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    como base para novos tipos de negócios.
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    Que perguntas interessantes
    estão diante de nós
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    nesse mundo em que não há estranhos?
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    Como podemos pensar diferente
    sobre nossas relações com as pessoas?
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    Como podemos pensar diferente
    sobre nossas relações
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    com grupos de pessoas distribuídos?
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    Como podemos pensar diferente
    sobre nossas relações com tecnologias,
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    coisas que efetivamente
    se tornam participantes sociais
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    em seu próprio direito?
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    A variedade de relações
    digitais é extraordinária.
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    No contexto dessa ampla
    variedade de relações digitais,
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    buscar em segurança por estranheza
    pode muito bem ser
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    uma nova base para aquela inovação.
  • 7:36 - 7:38
    Obrigada.
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    (Aplausos)
Title:
A surpreendente necessidade de estranheza
Speaker:
Maria Bezaitis
Description:

No nosso mundo digital, as relações sociais se tornaram mediadas por dados. Mesmo sem perceber, estamos nos protegendo contra a estranheza -- pessoas e ideias que não se encaixam nos padrões de quem já conhecemos, do que já gostamos e de onde já estivemos. Um chamado para a tecnologia para nos entregar ao que e quem precisamos, mesmo se for desconhecido. (Filmado no TED@Intel.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:00

Portuguese, Brazilian subtitles

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