A surpreendente necessidade de estranheza
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0:00 - 0:04"Não fale com estranhos."
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0:04 - 0:06Você já ouviu essa frase
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0:06 - 0:10de amigos, família, na escola
e na mídia por décadas. -
0:10 - 0:13É uma norma. É uma norma social.
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0:13 - 0:15Mas é um tipo especial de normal social,
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0:15 - 0:18porque é uma norma social que quer nos dizer
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0:18 - 0:22com quem devemos nos relacionar
e com quem não devemos. -
0:22 - 0:25"Não fale com estranhos" diz:
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0:25 - 0:29"Fique longe de quem não é familiar.
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0:29 - 0:31Fique com as pessoas que você conhece.
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0:31 - 0:34Fique com pessoas como você."
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0:34 - 0:37Qual é a graça disso?
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0:37 - 0:40Não é exatamente o que fazemos, né,
se estamos em nossa melhor forma? -
0:40 - 0:43Em nossa melhor forma, estendemos a mão às pessoas
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0:43 - 0:44que não são como nós,
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0:44 - 0:47pois quando fazemos isso,
aprendemos com as pessoas -
0:47 - 0:49que não são como nós.
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0:49 - 0:54Minha frase para esse valor
de estar com pessoas "não como nós" -
0:54 - 0:55é "estranheza",
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0:55 - 0:59e meu ponto é que no mundo
digitalmente intensivo de hoje, -
0:59 - 1:03estranhos sinceramente não são o ponto.
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1:03 - 1:05O ponto sobre o qual
deveríamos nos preocupar é: -
1:05 - 1:08quanta estranheza estamos tendo?
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1:08 - 1:11Por que estranheza?
Porque nossa relações sociais -
1:11 - 1:14estão cada vez mais mediadas por dados,
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1:14 - 1:18e dados tornam nossas relações sociais
em relações digitais, -
1:18 - 1:20e isso significa
que nossas relações digitais -
1:20 - 1:24agora dependem
extraordinariamente de tecnologia -
1:24 - 1:27para dá-las um sentido de robustez,
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1:27 - 1:29um sentido de descoberta,
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1:29 - 1:32um sentido de surpresa e imprevisibilidade.
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1:32 - 1:34Por que não estranhos?
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1:34 - 1:36Porque estranhos são parte de um mundo
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1:36 - 1:38com limites muito rígidos.
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1:38 - 1:41Eles pertencem a um mundo
de pessoas que eu conheço -
1:41 - 1:44contra pessoas que não conheço,
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1:44 - 1:46e no contexto de minhas relações digitais,
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1:46 - 1:50já estou fazendo coisas
com pessoas que não conheço. -
1:50 - 1:54A questão não é se eu te conheço ou não.
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1:54 - 1:56A questão é, o que eu posso fazer com você?
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1:56 - 1:59O que posso aprender com você?
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1:59 - 2:03O que podemos fazer juntos
que nos beneficia os dois? -
2:03 - 2:05Eu passo muito tempo pensando
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2:05 - 2:08em como o panorama digital está mudando,
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2:08 - 2:11como novas tecnologias
criam novas restrições -
2:11 - 2:13e novas oportunidades para as pessoas.
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2:13 - 2:16As mudanças mais importantes
que encaramos hoje em dia -
2:16 - 2:19têm a ver com dados e o que os dados fazem
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2:19 - 2:21para moldar os tipos de relações digitais
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2:21 - 2:23que serão possíveis no futuro.
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2:23 - 2:26As economias do futuro dependem disso.
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2:26 - 2:29Nossas vidas sociais
no futuro dependem disso. -
2:29 - 2:32A ameaça com que
se preocupar não são estranhos. -
2:32 - 2:34A ameaça com que se preocupar
é se estamos atingindo -
2:34 - 2:37ou não nossa cota de estranheza.
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2:37 - 2:39Agora, psicólogos e sociólogos do século XX
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2:39 - 2:41pensavam sobre estranhos,
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2:41 - 2:44mas eles não estavam pensando
tão dinamicamente em relações humanas, -
2:44 - 2:46estavam pensando em estranhos
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2:46 - 2:48no contexto de influenciar práticas.
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2:48 - 2:51Stanley Milgram dos anos 60 e 70,
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2:51 - 2:53o criador dos experimentos do mundo pequeno,
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2:53 - 2:56que mais tarde ficaram conhecidos
como seis graus de separação, -
2:56 - 3:00deixaram claro que quaisquer duas pessoas
escolhidas arbitrariamente -
3:00 - 3:03estavam provavelmente conectadas
entre 5 e 6 passos intermediários. -
3:03 - 3:06Seu ponto era que estranhos estão por aí.
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3:06 - 3:08Podemos chegar até eles. Existem caminhos
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3:08 - 3:11que nos permitem chegar até eles.
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3:11 - 3:14Mark Granovetter,
sociólogo de Stanford, em 1973 -
3:14 - 3:17em sua composição seminal
"A Força dos Vínculos Frágeis", -
3:17 - 3:20deixa claro que esses vínculos frágeis
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3:20 - 3:23que são parte de nossos círculos,
esses estranhos, -
3:23 - 3:26são de fato mais eficientes
em difundir informação para nós -
3:26 - 3:30do que nossos vínculos fortes,
as pessoas mais próximas. -
3:30 - 3:34Ele faz ainda uma outra crítica
a nossos vínculos fortes -
3:34 - 3:36quando ele diz que essas pessoas
que são tão próximas, -
3:36 - 3:38esses vínculos fortes em nossas vidas,
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3:38 - 3:42têm, na verdade,
um efeito homogenizador sobre nós. -
3:42 - 3:44Eles produzem uniformidade.
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3:44 - 3:47Meus colegas e eu na Intel
passamos os últimos anos -
3:47 - 3:50observando a maneira
como plataformas digitais -
3:50 - 3:52estão reformulando nossas vidas cotidianas,
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3:52 - 3:54que tipo de novas rotinas são possíveis.
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3:54 - 3:56Estivemos observando
especificamente os tipos -
3:56 - 3:58de plataformas digitais que nos permitiram
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3:58 - 4:02pegar nossos pertences,
aquelas coisas que costumavam ser -
4:02 - 4:05muito restrita a nós
e a nossos amigos em nossas casas, -
4:05 - 4:08e disponibilizá-las a pessoas
que não conhecemos. -
4:08 - 4:11Sejam nossas roupas, sejam nossos carros,
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4:11 - 4:14sejam nossa bicicletas,
sejam nossos livros ou música, -
4:14 - 4:17Somos capazes de pegar
nossos pertences agora -
4:17 - 4:20e disponibilizá-los
a pessoas que nunca vimos. -
4:20 - 4:23E nós tiramos uma conclusão
muito importante, -
4:23 - 4:25que foi à medida que as relações das pessoas
-
4:25 - 4:27com as coisas em suas vidas mudam,
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4:27 - 4:31também mudam suas relações
com outras pessoas. -
4:31 - 4:32E mesmo assim sistema de recomendação
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4:32 - 4:37após sistema de recomendação
continua errando o alvo. -
4:37 - 4:39Continua tentando prever o que eu preciso
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4:39 - 4:42com base em alguma caracterização
passada de quem eu seja, -
4:42 - 4:45do que eu já tenha feito.
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4:45 - 4:47Tecnologia de segurança
após tecnologia de segurança -
4:47 - 4:49continua a projetar proteção de dados
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4:49 - 4:52em termos de ameaças e ataques,
-
4:52 - 4:55me mantendo trancada
em tipos muito rígidos de relações. -
4:55 - 4:58Categorias como "amigos" e "família"
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4:58 - 5:00e "contatos" e "colegas"
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5:00 - 5:04não me dizem nada sobre
minhas verdadeiras relações. -
5:04 - 5:06Um jeito mais eficiente
de pensar sobre minhas relações -
5:06 - 5:09pode ser em termos
de proximidade e distância, -
5:09 - 5:13em que a qualquer ponto no tempo,
com qualquer pessoa, -
5:13 - 5:16estou tanto próxima
quanto distante deste indivíduo, -
5:16 - 5:21tudo em função do que
eu preciso fazer agora. -
5:21 - 5:23As pessoas não são próximas ou distantes.
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5:23 - 5:26As pessoas são sempre
uma combinação dos dois, -
5:26 - 5:30e essa combinação está em constante mudança.
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5:30 - 5:33E se tecnologias pudessem intervir
-
5:33 - 5:37para perturbar o equilíbrio
de certos tipos de relações? -
5:37 - 5:39E se as tecnologias pudessem intervir
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5:39 - 5:43para me ajudar a encontrar
a pessoa de que eu preciso agora? -
5:43 - 5:45A estranheza é essa calibração
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5:45 - 5:48de proximidade e distância
-
5:48 - 5:52que me possibilita encontrar
a pessoa de que eu preciso agora, -
5:52 - 5:55que me possibilita encontrar
as fontes de intimidade, -
5:55 - 5:59de descoberta e de inspiração
de que eu preciso agora. -
5:59 - 6:01Estranheza não se trata
de encontrar estranhos. -
6:01 - 6:04Simplesmente deixa claro que precisamos
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6:04 - 6:07perturbar nossas zonas de familiaridade.
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6:07 - 6:11Então sacudir essas zonas de familiaridade
é um jeito de pensar sobre estranheza, -
6:11 - 6:13e é um problema enfrentado não somente
por indivíduos hoje em dia, -
6:13 - 6:16mas também por organizações,
-
6:16 - 6:20organizações que estão tentando abraçar
massivamente novas oportunidades. -
6:20 - 6:22Seja você um partido político
-
6:22 - 6:25insistindo para seu prejuízo
numa noção muito rígida -
6:25 - 6:27de quem pertence e quem não,
-
6:27 - 6:29seja você o governo
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6:29 - 6:32protegendo instituições
sociais como casamento -
6:32 - 6:36e restringindo o acesso
de alguns a essas instituições, -
6:36 - 6:38seja você uma adolescente em seu quarto
-
6:38 - 6:41que está lutando
pela sua relação com seus pais, -
6:41 - 6:44estranheza é uma maneira de pensar
em como construímos o caminho -
6:44 - 6:47para novos tipos de relações.
-
6:47 - 6:50Nós temos que mudar as normas.
-
6:50 - 6:53Nós temos que mudar
as normas para possibilitar -
6:53 - 6:55novos tipos de tecnologias
-
6:55 - 6:58como base para novos tipos de negócios.
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6:58 - 7:02Que perguntas interessantes
estão diante de nós -
7:02 - 7:04nesse mundo em que não há estranhos?
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7:04 - 7:08Como podemos pensar diferente
sobre nossas relações com as pessoas? -
7:08 - 7:11Como podemos pensar diferente
sobre nossas relações -
7:11 - 7:13com grupos de pessoas distribuídos?
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7:13 - 7:18Como podemos pensar diferente
sobre nossas relações com tecnologias, -
7:18 - 7:21coisas que efetivamente
se tornam participantes sociais -
7:21 - 7:23em seu próprio direito?
-
7:23 - 7:27A variedade de relações
digitais é extraordinária. -
7:27 - 7:31No contexto dessa ampla
variedade de relações digitais, -
7:31 - 7:34buscar em segurança por estranheza
pode muito bem ser -
7:34 - 7:36uma nova base para aquela inovação.
-
7:36 - 7:38Obrigada.
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7:38 - 7:43(Aplausos)
- Title:
- A surpreendente necessidade de estranheza
- Speaker:
- Maria Bezaitis
- Description:
-
No nosso mundo digital, as relações sociais se tornaram mediadas por dados. Mesmo sem perceber, estamos nos protegendo contra a estranheza -- pessoas e ideias que não se encaixam nos padrões de quem já conhecemos, do que já gostamos e de onde já estivemos. Um chamado para a tecnologia para nos entregar ao que e quem precisamos, mesmo se for desconhecido. (Filmado no TED@Intel.)
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 08:00
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