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Sobreviver ao desaparecimento, reimaginar e humanizar os povos nativos | Matika Wilbur | TEDxSeattle

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    Pertenço à tribo Swinomish e Tulalip.
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    Venho aqui hoje para trazer
    uma mensagem dos silenciados.
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    Para mostrar parte da beleza
    da América nativa.
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    E para encorajar a consciência coletiva
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    a reinventar a forma
    como nos vemos uns aos outros.
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    Conseguiremos reaprender
    a ver-nos como seres humanos?
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    Será que a fotografia
    tem impacto na nossa vida
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    e na vida dos que nos rodeiam?
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    Se tem, será que podemos
    usar essa imagem
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    para encorajar e nos inspirarmos
    uns aos outros?
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    Façam uma coisa por mim:
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    tentem lembrar-se da última vez que viram
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    um nativo americano
    nos meios de comunicação.
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    Foi isto que viram?
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    Se foi, não é de admirar,
    porque, entre 1990 e 2000,
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    houve 5868 filmes
    de grande êxito de bilheteira.
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    Doze desses filmes incluíam
    índios americanos.
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    E todos eles mostravam os índios
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    como espirituais
    ou em harmonia com a natureza.
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    Dez deles como empobrecidos
    ou derrotados pela sociedade,
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    dez deles como em conflito
    permanente com os brancos.
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    Contudo, a imagem
    do fotógrafo profissional,
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    do músico, do professor, do médico
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    estavam amplamente ausentes.
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    O que é interessante é como esta imagem
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    se manifesta na nossa psique.
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    Quando mostramos esta imagem
    a jovens nativos,
  • 1:32 - 1:35
    eles dizem que sentem
    um amor próprio mais baixo
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    e se sentem deprimidos
    quanto ao que podem vir a ser
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    ou gostariam de vir a ser.
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    Curiosamente, quando a mostramos
    a jovens brancos,
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    o seu amor próprio aumenta.
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    Se a sociedade só nos vê
    como estas imagens,
  • 1:50 - 1:55
    isso significa que os nossos problemas
    modernos não existem.
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    Nem os nossos esforços no ensino
    e no desenvolvimento económico
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    através da soberania
    e da construção da nação.
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    Como podemos ser vistos
    enquanto pessoas modernas, com êxito,
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    se somos representados,
    permanentemente,
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    como uma etnia de peles-e-penas
    que está a desaparecer?
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    Nos últimos dez anos,
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    o meu trabalho tem sido
    combater estas imagens,
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    para criar modelos positivos
    de papéis indígenas neste século.
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    O meu trabalho mais recente, Projeto 562,
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    é dedicado a fotografar
    todas as nações indígenas
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    nos Estados Unidos da América.
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    Até agora, já percorri 80 000 km,
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    fotografei 106 tribos
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    e gastei milhares de rolos de filme.
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    Em cada tribo onde vou,
    entrevisto pessoas.
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    Faço-lhes perguntas
    sobre identidade e estereótipos.
  • 2:50 - 2:53
    O que significa ser um verdadeiro índio?
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    Como lidamos com o quociente de sangue?
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    Contem-me alguns dos problemas
    da vossa comunidade.
  • 3:00 - 3:02
    Mas, mais importante ainda,
  • 3:02 - 3:04
    podem contar-me a vossa história?
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    Tal como esta:
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    Temos aqui Leon Grant.
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    Leon é um índio Omaha.
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    Foi criado num rancho no Nebrasca.
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    Quando tinha 16 anos,
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    decidiu que queria estudar.
  • 3:18 - 3:23
    Por isso, deixou uma nota à sua gente
    enquanto eles estavam na cidade
  • 3:23 - 3:27
    e caminhou durante 40 dias
    até chegar a Phoenix, no Arizona.
  • 3:29 - 3:32
    Quando lá chegou, entrou num centro
    de estudos superiores,
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    formou-se, estudou Teologia
    e por fim, Direito.
  • 3:36 - 3:40
    Depois, criou centros em todo o país
    para índios americanos.
  • 3:40 - 3:42
    Porque, como Leon
    me disse naquela altura,
  • 3:42 - 3:46
    os índios ainda eram considerados
    cidadãos menores.
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    Isto é uma foto da minha prima Anna.
  • 3:49 - 3:53
    Anna é Swonomish, Hualapai, Havasupai,
  • 3:53 - 3:57
    Cherokee, Chemehuevi, e Salish.
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    Outro dia, eu estava a falar
    com a Anna e disse-lhe:
  • 4:01 - 4:05
    "Anna, achas que ainda há
    racismo nos EUA?"
  • 4:05 - 4:07
    A Anna começou a chorar.
  • 4:08 - 4:11
    E eu: "Oh, Anna!"
    e ela disse:
  • 4:12 - 4:15
    "Sabes, Matika, se queres mesmo saber,
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    "basta-te ir à cantina.
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    "Vês logo a segregação.
  • 4:22 - 4:25
    "Penso que é uma coisa
    que nunca vai mudar".
  • 4:25 - 4:28
    E eu: "Querida, claro que pode mudar!"
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    Fui-me sentar naquela cantina,
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    para me identificar com ela.
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    Eu gosto muito dela.
    É Marva "Sii~xuuttesna" Jones.
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    Marva é da aldeia de Nilichinden,
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    que é uma tribo do norte da Califórnia
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    com um nome colonizado
    de "The Smith River Rancheria."
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    Porém, a população é Tolowa.
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    Marva é genial. Vocês iam adorá-la.
  • 4:53 - 4:54
    (Risos)
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    Reparem na tatuagem dela: 111.
  • 4:57 - 5:02
    Quando lhe perguntei
    o que é que significava, ela disse:
  • 5:02 - 5:05
    "Sempre soube que queria obter o meu 111,
  • 5:05 - 5:09
    "especialmente, depois de saber a história
    da sua proibição na Califórnia.
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    "A tatuagem dos índios
    independentes, na Califórnia
  • 5:11 - 5:13
    "foi ilegalizada no início do século XX.
  • 5:13 - 5:15
    "Sempre pensei que ia ter uma.
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    "Ao conhecer a nossa história,
    senti-me animada a obter o 111.
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    "Era tradicionalmente aplicado
    segundo o método do golpe.
  • 5:21 - 5:25
    "Para mim, significa o meu compromisso
    com quem sou.
  • 5:26 - 5:28
    "Significa a minha capacidade
  • 5:28 - 5:30
    "de transmitir a mensagem
    dos meus antepassados
  • 5:30 - 5:33
    "e a obra que o meu povo
    criou para a minha comunidade.
  • 5:33 - 5:37
    "Também significa coragem e força.
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    "Tenho-a desde 20 de janeiro de 2011.
  • 5:41 - 5:42
    "Vai fazer dois anos.
  • 5:42 - 5:45
    "Nunca pensei que as pessoas
    ficassem a olhar para mim
  • 5:45 - 5:47
    "onde quer que eu vá.
  • 5:47 - 5:48
    "Não estava preparada para isso.
  • 5:48 - 5:52
    "Não foi para isso que a arranjei.
    Não gosto de chamar as atenções,
  • 5:52 - 5:54
    "quer negativas, quer positivas,
    metade para cada lado.
  • 5:54 - 5:57
    "Aeroportos, lojas, locais públicos,
  • 5:57 - 5:59
    "Sinto que deixei de olhar
    para as pessoas.
  • 6:00 - 6:02
    "Ficamos a pensar que as pessoas
    estão a julgar-nos.
  • 6:02 - 6:04
    "Podemos notar quando elas
    não gostam de nós.
  • 6:04 - 6:08
    "Por vezes, elas reconhecem-nos
    e dizem: 'Bonita tatuagem, irmã'.
  • 6:08 - 6:10
    "Mas outras pessoas dizem:
  • 6:10 - 6:12
    " 'Quem é esta maluca?'
  • 6:12 - 6:15
    " 'Porque é que fizeste isso?'
  • 6:15 - 6:17
    "Pensei que podia dizer que era tribal.
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    "Mas acho que as pessoas não sabem.
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    "Por isso, criou-me uma nova
    sensação de paciência".
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    Esta é uma foto de um Apache
    dançarino da Montanha Branca.
  • 6:28 - 6:30
    Tive a rara oportunidade
    de tirar esta foto
  • 6:30 - 6:32
    quando estive em Albuquerque,
    no Novo México.
  • 6:32 - 6:35
    Representam os espíritos
    dos deuses da montanha
  • 6:35 - 6:38
    e dançam por razões
    tradicionais, sagradas.
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    Esta é Starflower Montoya.
  • 6:42 - 6:44
    Stare é das tribos Barona e Taos Pueblo.
  • 6:44 - 6:46
    Está a usar a manta tradicional
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    que recebeu durante a cerimónia
    da maioridade.
  • 6:50 - 6:51
    Quando perguntei a Star
  • 6:51 - 6:54
    como navegamos, enquanto índios
    em 2013, ela disse:
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    "A minha avó é que diz bem:
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    " 'Tens de usar o mocassim num pé
    e o ténis no outro pé'."
  • 7:01 - 7:04
    (Risos)
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    Este é Paul Chávez.
  • 7:07 - 7:10
    Paul é Paiute de Bishop e Apache,
  • 7:10 - 7:12
    que se situa no Owens Valley.
  • 7:12 - 7:15
    É um dos locais mais bonitos
    em que já estive.
  • 7:15 - 7:19
    Paul passou a vida dedicado
    à preservação da cultura nativa.
  • 7:19 - 7:22
    Primeiro, trabalhando como chefe
    tribal, criando programas TANF,
  • 7:22 - 7:25
    por toda a comunidade índia
    e trabalhando com jovens nativos.
  • 7:25 - 7:28
    Quando visitei Paul, na região Paiute,
  • 7:28 - 7:31
    fiquei surpreendida
    pela história do "paya",
  • 7:31 - 7:33
    que significa "água" em paiute.
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    Antes da colonização, o povo Paiute
  • 7:37 - 7:42
    construiu e geriu 100 km
    de complicados sistemas de irrigação
  • 7:42 - 7:45
    durante milénios, muito antes
    de a cidade de Los Angeles conseguir
  • 7:45 - 7:48
    o seu maior sistema
    de abastecimento de água
  • 7:48 - 7:51
    através da moderna engenharia,
    há apenas cem anos.
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    Depois das Guerras dos Índios de 1863,
  • 7:53 - 7:55
    os Paiutes sobreviventes
    voltaram para a sua terra
  • 7:55 - 7:59
    e encontraram o seu sistema hidráulico
    nas mãos dos colonos brancos.
  • 8:02 - 8:04
    Hoje, 150 anos depois,
  • 8:04 - 8:07
    a tribo Paiute ainda continua em litigação
    por aquele sistema hidráulico.
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    É um ótimo exemplo da luta
    pela sobrevivência das nossas tribos.
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    Quando falei com Paul
    sobre estas questões, ele disse:
  • 8:16 - 8:21
    "O importante é que estamos aqui.
    Sobrevivemos.
  • 8:21 - 8:24
    "Se pensares nisso,
    cada nativo vivo hoje,
  • 8:24 - 8:27
    "é o resultado da sobrevivência
    dos nossos antepassados.
  • 8:27 - 8:29
    "Por isso, tens de te interrogar:
  • 8:29 - 8:30
    "Porque é que estás aqui?
  • 8:30 - 8:32
    "Porque é que eu estou aqui?
  • 8:33 - 8:37
    "Cheguei à conclusão de que estamos
    aqui para continuar enquanto tribo.
  • 8:37 - 8:40
    "Se assim não for, seremos
    os nossos colonizadores.
  • 8:40 - 8:42
    "Misturamo-nos.
  • 8:42 - 8:44
    "É essa a nossa luta, não fazermos isso,
  • 8:45 - 8:48
    "porque ser nativo aqui,
    ou onde quer que estejamos,
  • 8:48 - 8:51
    "tem o valor de sermos quem somos.
  • 8:52 - 8:54
    "Não só enquanto tribo,
  • 8:54 - 8:56
    "mas para a sustentabilidade da Terra.
  • 8:57 - 9:00
    "Tem muito a ver com as nossas
    formas tradicionais de sustentabilidade.
  • 9:00 - 9:02
    "A parte mais importante de ser soberano
  • 9:02 - 9:04
    "é acreditar na nossa soberania.
  • 9:04 - 9:06
    "Acreditar que somos uma nação.
    É essa a base.
  • 9:06 - 9:10
    "Depois, o passo seguinte
    é agir sobre isso".
  • 9:13 - 9:15
    Esta é Jane Blackman.
  • 9:15 - 9:18
    Jane é da tribo Pala
    no sul da Califórnia
  • 9:18 - 9:20
    e é uma católica devota.
  • 9:21 - 9:24
    Jane quis tirar a foto na missão.
  • 9:26 - 9:28
    Temos aqui uma fotografia
    de Hayes Lewis.
  • 9:28 - 9:32
    Hayes é o superintendente
    da escola distrital dos Zuni.
  • 9:32 - 9:34
    E é muito interessante.
  • 9:34 - 9:38
    A tribo Zuni separou-se
    do município vizinho.
  • 9:38 - 9:43
    Quando falámos sobre as razões
    para terem decidido isso,
  • 9:43 - 9:47
    falámos da forma como a política federal
    tinha afetado o ensino, ele disse:
  • 9:47 - 9:48
    "O próximo passo para o desenvolvimento
  • 9:48 - 9:52
    "é a mudança de política
    e da estrutura do ensino
  • 9:52 - 9:53
    "que fará a diferença.
  • 9:53 - 9:56
    "Se olharmos para a estrutura
    do ensino tal como ela é,
  • 9:56 - 9:59
    "com as suas políticas, práticas e regras,
    que diferença é que isso faz
  • 9:59 - 10:04
    "se não voltarmos para a comunidade
    e a recriarmos de baixo para cima?"
  • 10:07 - 10:09
    Este é Guylish Bommelyn.
  • 10:09 - 10:11
    Guylish também é Tolowa.
  • 10:11 - 10:13
    Fala Athabascan .
  • 10:14 - 10:17
    Ensina a sua língua
    na escola tribal local.
  • 10:18 - 10:21
    Desde que ando nesta jornada,
    encontrei quem fala Athabascan
  • 10:21 - 10:25
    no Alasca, na Califórnia, no Arizona
  • 10:25 - 10:27
    e no Novo México.
  • 10:29 - 10:33
    As tribos do sul dizem
    que as do norte se cansaram de andar.
  • 10:33 - 10:36
    (Risos)
  • 10:37 - 10:40
    Esta é Mary Evelyn Baumgarten.
  • 10:40 - 10:43
    Mary é encantadora.
  • 10:43 - 10:48
    Mary é professora reformada
    da Universidade do Novo México,
  • 10:48 - 10:50
    onde ensinou educação indígena.
  • 10:50 - 10:53
    Mary tem a paixão de ensinar professores
  • 10:53 - 10:55
    a trabalhar com comunidades indígenas.
  • 10:55 - 10:58
    Depois de uma longa conversa
    sobre a história de internatos
  • 10:58 - 11:02
    neste país, e sobre assimilação,
    disse-me:
  • 11:02 - 11:05
    "Quando é que vamos deixar
    de pedir às nossas crianças
  • 11:05 - 11:10
    "que escolham entre ensino cultural
    e ensino ocidental?
  • 11:11 - 11:15
    "Penso que estamos preparados
    para acabar com o processo de assimilação.
  • 11:16 - 11:19
    "Já chegou o tempo da mudança".
  • 11:21 - 11:24
    Este é Anthony "Thosh" Collins
  • 11:24 - 11:26
    da tribo Salt River Pima.
  • 11:26 - 11:28
    Thosh é cantor.
  • 11:28 - 11:30
    Esta é a matraca dele.
  • 11:30 - 11:34
    Thosh dedica-se ao bem-estar do seu corpo
  • 11:34 - 11:37
    comendo sobretudo alimentos vegetais.
  • 11:37 - 11:40
    Quando estou com Thosh,
    é sempre mais fácil para mim
  • 11:40 - 11:43
    optar pela salada
    em vez da torrada francesa.
  • 11:43 - 11:46
    (Risos)
  • 11:47 - 11:49
    Eu estava em Albuquerque, no Novo México.
  • 11:49 - 11:52
    Fomos à Reunião das Nações.
  • 11:52 - 11:53
    Cheguei lá e pensei:
  • 11:54 - 11:56
    "Oh, meu Deus! Há 21 tribos
    no Novo México.
  • 11:56 - 11:58
    "Quem é que eu vou fotografar?
  • 11:58 - 12:00
    "Como vou contactar com estas pessoas?"
  • 12:00 - 12:01
    Então, pus no Facebook:
  • 12:02 - 12:04
    "Ando à procura de amigos...
    tenho de ir a estas tribos..."
  • 12:05 - 12:09
    Percebi que a mãe do meu amigo Dan
    era da nação Navajo.
  • 12:09 - 12:12
    Valerie ligou-me e disse: "Eu levo-te".
  • 12:12 - 12:14
    Andámos, andámos, andámos
  • 12:14 - 12:18
    percorremos uma estrada poeirenta
    até chegarmos aqui
  • 12:18 - 12:20
    à casa de Ray e Fannie Mitchell.
  • 12:20 - 12:23
    Ray e Fannie têm 82 e 83 anos.
  • 12:23 - 12:26
    Estão casados há 65 anos.
  • 12:28 - 12:30
    Só falam "diné".
  • 12:31 - 12:33
    Por isso, a filha traduziu para mim.
  • 12:34 - 12:37
    Ray é trabalhador reformado
    dos caminhos-de-ferro.
  • 12:37 - 12:39
    Reformou-se para ser agricultor.
  • 12:39 - 12:43
    Fannie é tecelã.
  • 12:44 - 12:46
    Aqui onde vivem na Nação Navajo
  • 12:46 - 12:49
    vivem sem água nem eletricidade.
  • 12:49 - 12:50
    Vivem num acampamento de ovelhas.
  • 12:51 - 12:52
    Fanny tosquia as ovelhas,
  • 12:52 - 12:55
    tinge a lã e tece tapetes.
  • 12:55 - 12:57
    Quando eu estava para me ir embora,
  • 12:57 - 13:01
    sentia-me muito triste,
    porque era o dia dos meus anos
  • 13:01 - 13:04
    e eu estava aborrecida
    por ser mais velha um ano.
  • 13:04 - 13:08
    Mas também porque estava longe
    da minha família e dos meus amigos.
  • 13:10 - 13:13
    Depois, cheguei aqui
    e eles fizeram estufado de carneiro
  • 13:13 - 13:16
    e tortilhas caseiras
  • 13:16 - 13:18
    e rezaram pela minha viagem
  • 13:18 - 13:21
    e fizeram-me sentir
    como se fosse da família.
  • 13:21 - 13:24
    Senti-me abençoada.
  • 13:29 - 13:31
    Eu ia para o famoso Grand Canyon
  • 13:31 - 13:34
    fotografar o povo Havasupai.
  • 13:35 - 13:36
    Liguei a Matthew.
  • 13:37 - 13:41
    Depois de obter autorização
    do conselho tribal para lá ir, disse:
  • 13:41 - 13:43
    "Gostava de chegar na sexta-feira".
  • 13:43 - 13:46
    Ele disse: " Sabes caminhar?"
  • 13:46 - 13:48
    (Risos)
  • 13:49 - 13:51
    E eu: "Tenho sapatos de corrida".
  • 13:51 - 13:54
    E ele: "Ok, ótimo.
    Sabes andar a cavalo?"
  • 13:54 - 13:57
    E eu: "Sei. Tenho botas de 'cowboy'."
  • 13:57 - 14:00
    (Risos)
  • 14:00 - 14:02
    E ele: "Vamos meter-te
    num helicóptero".
  • 14:03 - 14:05
    (Risos)
  • 14:06 - 14:09
    Levaram-me ao Grand Canyon.
  • 14:09 - 14:11
    Matthew disse-me:
  • 14:11 - 14:14
    "Matika, para lá chegares,
  • 14:14 - 14:16
    "só precisas de apanhar a antiga Route 66.
  • 14:16 - 14:18
    "Verás um sinal para Havasupai.
  • 14:18 - 14:19
    "Aí vira à direita.
  • 14:19 - 14:21
    "Continua até veres um helicóptero.
  • 14:21 - 14:23
    "Quando lá chegares
    diz ao piloto que és índia.
  • 14:23 - 14:25
    "Ele leva-te e desce-te lá".
  • 14:25 - 14:26
    (Risos)
  • 14:26 - 14:30
    E eu: "O quê? Estás bom da cabeça?"
  • 14:31 - 14:34
    O meu mentor disse-me:
  • 14:34 - 14:38
    "Coragem é ter medo,
    mas fazê-lo na mesma".
  • 14:38 - 14:40
    Então, reuni toda a minha coragem.
  • 14:40 - 14:45
    Entrei no carro, percorri a Route 66,
    procurei o sinal.
  • 14:45 - 14:47
    Virei à direita, encontrei o helicóptero,
  • 14:47 - 14:49
    mostrei-lhe o meu BI tribal,
  • 14:49 - 14:51
    entrei no helicóptero e cheguei lá.
  • 14:51 - 14:53
    Quando saí do helicóptero,
  • 14:53 - 14:56
    Benji e Matthew estavam à minha espera
  • 14:56 - 14:59
    e todos os meus receios
    se dissiparam.
  • 15:01 - 15:04
    Esta foto foi tirada
    por volta das 11 da noite,
  • 15:04 - 15:06
    depois de um dia inteiro
    a fotografar no Canyon
  • 15:06 - 15:09
    e em toda esta bonita aldeia.
  • 15:09 - 15:13
    O povo Havasupai considera-se
    o guardião do Grand Canyon.
  • 15:13 - 15:15
    "Havasupai" significa
  • 15:15 - 15:17
    "O povo da água azul-verde".
  • 15:18 - 15:21
    Este é Matthew no seu traje tradicional,
  • 15:21 - 15:22
    com a filha.
  • 15:23 - 15:24
    No dia seguinte, tirei estas fotos.
  • 15:25 - 15:27
    Este é Rex Tolusi.
  • 15:29 - 15:32
    Quando Benji me levou para falar com Rex,
  • 15:32 - 15:34
    Rex disse:
  • 15:34 - 15:38
    "Tenho muita dificuldade
    em falar com estranhos
  • 15:38 - 15:41
    "porque, em 2000,
  • 15:41 - 15:43
    "vieram aqui inspetores,
  • 15:43 - 15:46
    "fizeram colheitas de sangue.
  • 15:46 - 15:48
    "Disseram que nos iam ajudar
    por causa dos diabetes.
  • 15:48 - 15:50
    "E depois, usaram o nosso sangue
  • 15:50 - 15:52
    "para tentar provar
    que não éramos do Canyon".
  • 15:54 - 15:58
    Então, não agarrei no microfone,
    não tirei a câmara da mala,
  • 15:58 - 16:00
    andei a passear com Rex
    durante algum tempo.
  • 16:05 - 16:08
    Falámos sobre o que se passa.
  • 16:08 - 16:10
    Eu disse: "Eu também cresci numa reserva.
  • 16:10 - 16:12
    "Eu também sofri com os efeitos
  • 16:12 - 16:16
    "dos nossos traumas intergerações,
  • 16:16 - 16:18
    "Também eu estou em recuperação".
  • 16:19 - 16:20
    Tivemos caminhos semelhantes
  • 16:20 - 16:22
    enquanto professores em escolas tribais.
  • 16:22 - 16:26
    Chorámos pelos alunos
    que tínhamos perdido.
  • 16:27 - 16:29
    Por fim, depois de Rex ter ouvido dizer
  • 16:29 - 16:32
    que eu sabia fazer um pão frito muito bom
  • 16:32 - 16:33
    (Risos)
  • 16:33 - 16:36
    disse: "Podes ligar o microfone".
  • 16:36 - 16:40
    "O que é que queres
    que eu diga às pessoas?"
  • 16:40 - 16:41
    Ele disse:
  • 16:42 - 16:46
    "Lembra-lhes que todos vimos
    da mesma Mãe Terra.
  • 16:46 - 16:48
    "Acho que podem ter esquecido.
  • 16:49 - 16:51
    "Diz-lhes que todos nós,
  • 16:51 - 16:54
    "os castanhos, os vermelhos,
    os amarelos, os roxos,
  • 16:54 - 16:58
    "pertencemos todos ao mesmo lugar.
  • 16:58 - 17:01
    "A nossa função é cuidar da nossa Mãe.
  • 17:01 - 17:04
    "Mas, sobretudo,
    diz-lhes que sobrevivemos".
  • 17:06 - 17:09
    Quando eu ia a conduzir
    para sair do Grand Canyon
  • 17:09 - 17:11
    na estrada para chegar aqui,
  • 17:11 - 17:15
    sentia-me tão assoberbada
    pela gratidão
  • 17:15 - 17:18
    que estava a chorar.
  • 17:18 - 17:23
    Comecei a pensar em toda aquela gente
    que me tinha apoiado na minha viagem,
  • 17:23 - 17:25
    os generosos contribuintes Kickstarter,
  • 17:25 - 17:27
    as pessoas que me tinham guiado,
  • 17:27 - 17:30
    que me tinham albergado,
    que tinham rezado por mim.
  • 17:30 - 17:33
    E me tinham desejado boa viagem.
  • 17:35 - 17:38
    Percebi que as pessoas são solidárias
  • 17:38 - 17:40
    porque acreditam numa causa.
  • 17:40 - 17:43
    Porque, lá no fundo,
  • 17:43 - 17:46
    todos queremos recordar
  • 17:46 - 17:48
    que pertencemos ao mesmo lugar,
  • 17:48 - 17:53
    que pertencemos uns aos outros.
  • 17:56 - 18:00
    Por isso, a jornada continua.
  • 18:01 - 18:02
    Obrigada.
  • 18:02 - 18:05
    (Aplausos)
Title:
Sobreviver ao desaparecimento, reimaginar e humanizar os povos nativos | Matika Wilbur | TEDxSeattle
Description:

Matika Wilbur é uma das principais fotógrafas do noroeste do Pacífico e professor no Liceu Tulalip Heritage.

Conta-nos como explora a identidade contemporânea nativa e documenta-a através da arte impecável de cada uma das suas fotografias.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:11

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