O faraó que não seria esquecido - Kate Narev

Veja a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/the-pharaoh-that-wouldn-t-be-forgotten-kate-narev

Hatshepsut foi uma faraó feminina durante o Novo Reinado do Egito. Vinte anos após sua morte, alguém esmagou suas estáuas, pegou um cinzel e tentou apagar o nome da faraó e suas imagens da história. Mas quem fez isso? e Porque? Kate Nare investiga a história de Hatshepsut em busca de pistas para esse enigma do passado.

Três mil e quinhentos anos atrás no Egito,

um nobre faraó foi vítima
de um ataque violento.

Mas o ataque não foi físico.

O soberano já havia morrido há 20 anos.

O ataque foi histórico,

um ato de damnatio memoriae,
a condenação da memória.

Alguém destruiu as estátuas do faraó,

pegou um cinzel e tentou apagar
o nome e imagem do faraó da história.

Quem foi esse faraó,
e o que estava por trás do ataque?

Aqui vai uma dica:

O faraó Hatshepsut era uma mulher.

No curso normal das coisas,
ela nunca deveria ser um faraó.

Apesar de ser legalmente correto
uma mulher ser uma monarca,

esse fato causou distúrbio
em algumas crenças egípcias.

Primeiramente, o faraó era conhecido
como a encarnação do deus masculino Horus.

Depois, causar distúrbio numa tradição
de governo de homens

era um desafio para Maat,

uma palavra para "verdade",
expressando uma crença em ordem e justiça,

vital para os egípcios.

Hatshepsut talvez tenha tentado adaptar

a crença na relação entre ordem
e patriarquia através de seus títulos.

Ela mudou o nome para Maatkare,

e algumas vezes se referia
a ela mesma como Hatshepsu,

com o final da palavra no masculino.

Mas, aparentemente, seus esforços
não convenceram todo mundo,

e então, alguém apagou
a imagem de Hatshepsut,

e o mundo esqueceria o distúrbio à Maat,

e o Egito ficaria em harmonia novamente.

Hatshepsut, na verdade, não
era a herdeira legítima do trono,

mas uma regente,
um tipo de monarca substituto

O reinado tradicionalmente passava
de pai para filho.

Passou de Tutmés I
para seu filho, Tutmés II,

O marido de Hatshepsut.

Deveria ter passado de Tutmés II
diretamente para seu filho Tutmés III,

mas Tutmés III era muito pequeno
quando seu pai morreu.

Hatshepsut, a principal viúva
do faraó morto,

se ofereceu a ajudar, como regente,
no lugar de seu enteado,

mas acabou reinando em seu lugar
como uma verdadeira faraó.

Talvez Tutmés III
não tenha gostado disso.

Talvez tenha sido um dos
que tentou apagar suas imagens.

Também é possível que outra pessoa
quisesse desonrar Hatshepsut

por ela ter sido uma má faraó.

Mas as evidências sugerem
que ela se deu muito bem.

Exerceu plenamente todas as funções
tradicionais do ofício.

Ela foi uma grande construtora.

Seu monumental túmulo, Djeser-Djeseru,

foi um fenômeno de arquitetura na época

e continua sendo admirado hoje.

Ela melhorou a economia do Egito,

conduzindo uma missão comercial
bem sucedida às distantes terras de Punt.

Tinha fortes ligações religiosas.

Ela até dizia ser filha de Amon,
o mais importante deus egípcio.

E teve uma carreira militar bem sucedida,
com a Campanha Núbia,

e declarava ter lutado ao lado
de seus soldados durante a batalha.

Claro, temos que ser cuidadosos
quando avaliamos o sucesso

da carreira de Hatshepsut,

já que a maioria das evidências
foi escrita por ela mesma.

Ela conta sua própria história
em desenhos e nas inscrições

dos muros de seu túmulo

e da capela vermelha que
construiu para Amon.

Então, quem cometeu os crimes
contra a memória de Hatshepsut?

O suspeito mais popular é seu enteado,
sobrinho e cogovernante, Tutmés III.

Ele fez isso por raiva pelo fato de ela
ter roubado seu trono?

É improvável, já que o dano só foi feito

cerca de 20 anos depois
de Hatshepsut ter morrido.

É muito tempo para manter a ira viva
e agir em um ato de raiva.

Talvez Tutmés III tenha feito isso

para fazer seu reino parecer mais forte.

É mais provável que ele
ou outra pessoa tenha apagado as imagens,

para que as pessoas esquecessem

de que uma mulher tenha sentado
no trono egípcio.

A anomalia de gênero
era uma ameaça grande demais para Maat

e teria que ser apagada da história.

Felizmente, os antigos censores não foram
totalmente bem-sucedidos.

Evidências suficientes sobreviveram
para sabermos o que aconteceu,

e a história desta
poderosa e incomparável mulher

agora pode ser contada.