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A linguagem da mentira — Noah Zandan

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    "Desculpe, a chamada foi ao ar".
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    "Não foi nada. Estou bem".
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    "Essas acusações
    são totalmente infundadas".
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    "A empresa desconhecia totalmente
    qualquer problema".
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    "Amo-te".
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    Ouvimos 10 a 200 mentiras por dia.
  • 0:27 - 0:30
    Passámos grande parte da história
    a tentar formas de as detetar,
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    desde os aparelhos de tortura medievais
    até aos polígrafos,
  • 0:33 - 0:35
    monitores da pressão arterial
    e da respiração,
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    analisadores da tensão vocal,
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    da dilatação dos olhos,
    exames infravermelhos ao cérebro
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    e até, o encefalograma de 200 quilos.
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    Embora esses aparelhos funcionem,
    em certas circunstâncias,
  • 0:45 - 0:48
    a maior parte deles pode ser enganado
    com alguma preparação
  • 0:48 - 0:52
    e nenhum deles é suficientemente fiável
    para ser aceite em tribunal.
  • 0:52 - 0:55
    E se o problema não estiver na técnica
  • 0:55 - 0:59
    mas no pressuposto de que a mentira
    desencadeia alterações fisiológicas?
  • 0:59 - 1:02
    E se adotássemos
    uma abordagem mais direta,
  • 1:02 - 1:05
    usando a ciência da comunicação
    para analisar as mentiras?
  • 1:05 - 1:10
    A nível psicológico, em parte mentimos
    para dar uma melhor imagem de nós mesmos,
  • 1:10 - 1:13
    ligando as nossas fantasias à pessoa
    que gostaríamos de ser,
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    em vez da pessoa que somos.
  • 1:15 - 1:20
    Enquanto o nosso cérebro sonha,
    vai deixando escapar muitos sinais.
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    O nosso consciente só controla
    cerca de 5% da função cognitiva,
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    incluindo a comunicação,
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    enquanto os outros 95% ocorrem
    sem termos consciência disso.
  • 1:29 - 1:32
    Segundo a literatura sobre
    a monitorização da realidade,
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    as histórias baseadas
    nas experiências imaginadas
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    são qualitativamente diferentes
    das que se baseiam nas experiências reais.
  • 1:38 - 1:42
    Isto sugere que criar uma história falsa
    sobre um tópico pessoal requer trabalho
  • 1:42 - 1:45
    e resulta num padrão diferente
    do uso da linguagem.
  • 1:45 - 1:48
    Uma tecnologia, conhecida
    por análise de texto linguístico,
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    ajudou a identificar quatro
    desses padrões comuns
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    na linguagem subconsciente do engano.
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    O primeiro: os mentirosos
    referem-se menos a si mesmos,
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    quando fazem afirmações falsas.
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    Escrevem ou falam mais sobre os outros,
    usando a terceira pessoa,
  • 2:02 - 2:06
    para se distanciarem
    e se desligarem da sua mentira,
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    que soa mais falsa:
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    "Não houve nenhuma festa nesta casa"
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    ou "Não dei nenhuma festa".
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    O segundo: os mentirosos
    tendem a ser mais negativos,
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    porque, a nível subconsciente,
    sentem-se culpados por estarem a mentir.
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    Um mentiroso pode dizer uma coisa assim:
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    "Desculpe, a estúpida bateria do telefone
    foi-se abaixo. Odeio esta porcaria".
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    O terceiro: os mentirosos explicam
    os acontecimentos com termos simples,
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    porque o nosso cérebro debate-se
    para construir uma mentira complexa.
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    O juízo e a apreciação
  • 2:33 - 2:36
    são coisas complexas
    para o nosso cérebro calcular.
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    Em tempos um Presidente dos EUA
    ficou conhecido por dizer:
  • 2:39 - 2:42
    "Não tive relações sexuais
    com essa mulher",
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    E, afinal, embora os mentirosos
    façam descrições simples,
  • 2:45 - 2:48
    tendem a usar uma estrutura da frase
    mais comprida e mais enrolada,
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    inserindo palavras desnecessárias
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    e pormenores irrelevantes mas factuais
    a fim de amortecer a mentira.
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    Outro Presidente, confrontado
    com um escândalo, afirmou:
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    "Posso dizer, categoricamente,
    que esta investigação indica
  • 2:59 - 3:01
    "que ninguém da equipa da Casa Branca,
  • 3:01 - 3:04
    "ninguém desta administração,
    atualmente ao serviço,
  • 3:04 - 3:06
    "esteve envolvido
    neste incidente tão bizarro".
  • 3:07 - 3:10
    Vamos aplicar a análise linguística
    a alguns exemplos famosos.
  • 3:10 - 3:13
    Vejam Lance Armstrong, que ganhou
    por sete vezes a Volta a França.
  • 3:13 - 3:15
    Quando comparamos uma entrevista de 2005,
  • 3:15 - 3:18
    em que ele negou ter tomado drogas
    para melhorar o desempenho,
  • 3:18 - 3:21
    com uma entrevista de 2013,
    em que o reconheceu,
  • 3:21 - 3:25
    o uso dos pronomes pessoais
    aumentou em quase 3/4.
  • 3:25 - 3:28
    Notem o contraste
    entre as duas citações seguintes.
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    Primeira: "Ok, estão a ver, um tipo
    num laboratório francês, parisiense,
  • 3:32 - 3:36
    "abre a amostra, Jean-Francis, etc.
    e analisa-a.
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    "Depois recebe-se uma chamada
    dum jornal que diz:
  • 3:39 - 3:43
    "Descobrimos que deu positivo seis vezes,
    para a eritropoietina".
  • 3:43 - 3:45
    Segunda: "Eu perdi-me
    no meio daquilo tudo.
  • 3:45 - 3:48
    "Tenho a certeza que outras pessoas
    que não aguentariam,
  • 3:48 - 3:50
    "mas eu, certamente, não aguentaria,
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    "e eu estava habituado a controlar
    tudo na minha vida.
  • 3:53 - 3:55
    "Eu controlava tudo na minha vida".
  • 3:55 - 3:59
    Na sua negação, Armstrong descrevia
    uma situação hipotética
  • 3:59 - 4:00
    concentrada noutra pessoa qualquer,
  • 4:00 - 4:03
    afastando-se totalmente da situação.
  • 4:03 - 4:05
    Na sua confissão,
    é dono das suas afirmações,
  • 4:05 - 4:09
    analisando as suas emoções
    e motivações pessoais.
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    Mas o uso dos pronomes pessoais
    é apenas um indicador do engano.
  • 4:13 - 4:15
    Vamos ver outro exemplo do antigo senador
  • 4:15 - 4:18
    e candidato a Presidente, John Edwards:
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    "Eu só sei que o alegado pai
    disse publicamente
  • 4:21 - 4:23
    "que é o pai da criança.
  • 4:23 - 4:26
    "Também não fui envolvido
    em nenhuma atividade de qualquer tipo
  • 4:26 - 4:29
    "que exigisse, concordasse ou apoiasse
    pagamentos de qualquer género
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    "à mulher ou ao alegado pai da criança".
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    É uma bela maneira de grande fôlego
    de dizer: "A criança não é minha",
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    mas Edwards nunca chama
    as outras partes pelo nome,
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    diz sempre "aquela criança",
    "a mulher" e "o alegado pai".
  • 4:43 - 4:46
    Vejamos o que ele disse quando,
    depois, reconheceu a paternidade:
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    "Eu sou o pai de Quinn.
  • 4:48 - 4:50
    "Farei tudo o que puder
    para lhe proporcionar
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    "o amor e o apoio que ela merece".
  • 4:53 - 4:55
    A afirmação é curta e direta,
  • 4:55 - 4:58
    chamando a criança pelo nome
    e assumindo o papel dele na vida dela.
  • 4:58 - 5:02
    Como podemos aplicar esta técnica
    de deteção de mentiras na nossa vida?
  • 5:02 - 5:05
    Primeiro, lembrem-se que muitas mentiras
    que encontramos diariamente
  • 5:05 - 5:09
    são muito menos graves que estes exemplos
    e até podem ser inofensivas.
  • 5:10 - 5:13
    Mesmo assim vale a pena estar atento
    a estas pistas denunciadoras.
  • 5:13 - 5:16
    como autorreferências mínimas,
    linguagem negativa,
  • 5:16 - 5:20
    explicações simples
    e frases encaracoladas.
  • 5:20 - 5:23
    Pode ajudar-nos a evitar
    umas ações supervalorizadas,
  • 5:23 - 5:26
    um produto ineficaz,
    ou até uma relação terrível.
Title:
A linguagem da mentira — Noah Zandan
Speaker:
Noah Zandan
Description:

Vejam lição completa: http://ed.ted.com/lessons/the-language-of-lying-noah-zandan

Ouvimos entre 10 a 200 mentiras por dia. Embora tenhamos passado grande parte da nossa história a arranjar formas de detetar essas mentiras, procurando mudanças fisiológicas nos seus perpetradores, estes métodos são comprovadamente pouco fiáveis. Há uma abordagem mais direta? Noah Zandan usa alguns exemplos famosos de mentiras para ilustrar como podemos usar a ciência da comunicação para analisar as mentiras.

Lição de Noah Zandan, animação de The Moving Company Animation Studio.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
05:42
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The language of lying
Mafalda Ferreira accepted Portuguese subtitles for The language of lying
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The language of lying
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