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Como é que a Fórmula 1 pode ajudar... bebés?

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    As corridas de automóveis
    são uma atividade antiga e divertida.
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    Fazemos um novo carro todos os anos
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    e depois gastamos o resto da temporada
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    a tentar perceber o que é que construímos
  • 0:10 - 0:13
    para o melhorar,
    para o tornar mais rápido.
  • 0:14 - 0:17
    Depois, no ano seguinte,
    começamos de novo.
  • 0:17 - 0:20
    O carro que vocês veem à vossa frente
    é muito complicado.
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    O chassis é formado por cerca
    de 11 000 componentes,
  • 0:24 - 0:27
    o motor por outros 6000,
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    a parte elétrica por cerca de 8500.
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    Assim, há quase 25 000 coisas
    que podem correr mal.
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    A corrida de carros é, sobretudo,
    dar atenção aos pormenores.
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    Outra coisa sobre a Fórmula 1,
    em particular,
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    é que estamos sempre a trocar de carro.
  • 0:45 - 0:47
    Estamos sempre a tentar
    torná-lo mais rápido.
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    Assim, de quinze em quinze dias,
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    fazemos cerca de 5000 novos componentes
    para adaptar aos carros.
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    Uns 5 a 10% dos carros de corrida
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    serão diferentes de 15 em 15 dias.
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    Como é que conseguimos fazer isso?
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    Começamos a nossa vida
    com o carro de corrida.
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    Temos muitos sensores no carro
    para medir as coisas.
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    Neste carro de corrida
    aqui, à vossa frente,
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    há cerca de 120 sensores
    quando ele entra numa corrida.
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    Vão medir todas as coisas possíveis
    em todo o carro.
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    Os dados são registados.
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    Registamos nos sistemas de dados
    cerca de 500 parâmetros diferentes,
  • 1:25 - 1:28
    cerca de 13 000 parâmetros
    de comportamento e de incidentes
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    para dizer quando as coisas não estão
    a funcionar de maneira adequada
  • 1:33 - 1:36
    e enviamos esses dados para a garagem
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    usando telemetria a um ritmo
    de dois a quatro "megabits" por segundo.
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    Durante as duas horas de corrida,
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    cada carro irá enviar
    750 milhões de números.
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    É o dobro das palavras que cada um de nós
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    profere durante a vida inteira.
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    É uma quantidade enorme de dados.
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    Mas não basta ter dados e medi-los.
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    É preciso fazer alguma coisa com isso.
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    Gastámos muito tempo e esforço
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    para transformar os dados em histórias
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    para poder dizer qual o estado do motor,
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    como os pneus se vão desgastando,
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    qual é a situação
    do consumo de combustível.
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    Tudo isso é reunir dados
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    e transformá-los em conhecimento
    para podermos agir.
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    Ok, então vamos dar uma olhadela
    nalguns dados.
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    Vamos agarrar nalguns dados
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    de outro paciente com três meses de idade.
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    É uma criança e o que vemos aqui
    são dados reais.
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    Do lado direito,
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    — onde tudo começa a ficar
    um pouco catastrófico —
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    é o paciente a entrar em paragem cardíaca.
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    Foi considerado um incidente imprevisível.
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    Foi um ataque cardíaco
    que ninguém conseguiu prever.
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    Mas, quando observamos as informações,
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    podemos ver que as coisas estão a começar
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    a tornar-se um pouco imprecisas,
    cinco minutos antes da paragem cardíaca.
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    Podemos observar pequenas alterações
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    em coisas como o ritmo
    do movimento cardíaco.
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    São todas indetetáveis
    segundo os limites normais
  • 3:01 - 3:03
    que seriam aplicados aos dados.
  • 3:03 - 3:06
    Porque é que não o conseguimos ver?
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    Este incidente seria previsível?
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    Podemos olhar melhor
    para os padrões dos dados
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    para conseguirmos fazer melhor?
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    Esta é uma criança
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    com quase a mesma idade
    do carro de corrida neste palco,
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    três meses de idade.
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    É um paciente com um problema de coração.
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    Quando olhamos para alguns
    dos dados no ecrã, em cima,
  • 3:30 - 3:34
    coisas como o ritmo cardíaco,
    a pulsação, o oxigénio, a respiração,
  • 3:34 - 3:37
    são todas invulgares
    para uma criança normal,
  • 3:37 - 3:40
    mas são muito normais para aquela criança.
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    Portanto, um dos desafios
    que temos nos cuidados de saúde
  • 3:44 - 3:47
    é como olhar para um paciente
    à nossa frente,
  • 3:47 - 3:50
    ter qualquer coisa que seja específico nele
  • 3:50 - 3:53
    e conseguir detetar quando as coisas
    começam a mudar,
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    quando as coisas começam a deteriorar-se.
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    Tal como como numa corrida de carros,
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    com qualquer paciente,
    quando as coisas começam a correr mal,
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    temos pouco tempo para fazer a diferença.
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    Portanto, pegámos num sistema de dados,
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    que usamos de 15 em 15 dias na Fórmula 1,
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    e instalámo-lo nos computadores
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    no Birmingham Children's Hospital.
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    Transmitimos dados dos instrumentos
    ao lado da cama,
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    na Unidade Pediátrica
    de Cuidados Intensivos,
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    para podermos olhar
    para os dados em tempo real
  • 4:22 - 4:25
    e, mais importante ainda,
    para armazenar os dados
  • 4:25 - 4:28
    para depois começarmos
    a aprender com eles.
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    Adicionámos uma aplicação
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    que nos permitia trazer à tona
    os padrões dos dados, em tempo real,
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    para podermos ver o que estava a acontecer
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    e depois conseguir determinar
    quando as coisas começavam a mudar.
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    Nas corridas de carros, somos todos
    um pouco ambiciosos,
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    audaciosos e, às vezes,
    um pouco arrogantes.
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    Por isso, decidimos que também
    iríamos observar as crianças,
  • 4:52 - 4:55
    enquanto elas eram levadas
    para os Cuidados Intensivos.
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    Porquê esperar
    que elas chegassem ao hospital
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    e só depois começarmos a observar?
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    Instalámos uma ligação em tempo real
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    entre a ambulância e o hospital,
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    usando apenas os 3G normais
    de telefonia pra enviar dados
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    para que a ambulância
    se tornasse numa cama extra
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    dos Cuidados Intensivos.
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    Começámos a olhar para os dados.
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    As linhas sinuosas em cima,
    todas as cores,
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    são o tipo normal de dados
    que se veem num monitor
  • 5:24 - 5:29
    — ritmo cardíaco, pulsação,
    oxigénio no sangue
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    e respiração.
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    As linhas em baixo, a azul e a vermelha,
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    são as que interessam.
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    A linha vermelha mostra
    uma versão automatizada
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    do limite de alerta precoce
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    que o Birmingham Children's Hospital
    já estava a utilizar.
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    Já o utiliza desde 2008
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    e já tinha impedido paragens cardíacas
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    e problemas desses dentro do hospital.
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    A linha azul é uma indicação
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    de quando os padrões começam a mudar
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    e, imediatamente,
    antes sequer de começarmos
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    a aplicar a interpretação clínica,
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    podemos ver o que os dados
    estão a dizer-nos.
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    Estão a dizer-nos
    que há qualquer coisa de errado.
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    O trecho com as marcas.
    a vermelho e a verde,
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    está a comparar diversos
    componentes dos dados
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    uns com os outros.
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    No verde vemos o que é normal
    para aquela criança.
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    Chamamos-lhe a nuvem da normalidade.
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    Quando as coisas começam a mudar,
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    quando as condições
    começam a deteriorar-se,
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    mudamos para a linha vermelha.
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    Aqui não há ciência inovadora.
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    Está a mostrar, de modo diferente,
    dados que já existem,
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    para amplificar, para fornecer pistas
    aos médicos e às enfermeiras,
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    para que eles possam ver
    o que está a acontecer.
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    Do mesmo modo que um bom piloto de corrida
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    se baseia em sinais para decidir
    quando usar os travões,
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    quando virar numa curva,
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    também nós precisamos de ajudar
    os nossos médicos e enfermeiras
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    a perceberem quando as coisas
    começam a correr mal.
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    Temos um programa muito ambicioso.
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    Acreditamos que a corrida
    está prestes a fazer uma coisa diferente.
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    Estamos a pensar em grande.
    É a coisa certa a fazer.
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    Temos uma abordagem em que,
    se tiver êxito,
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    não há razão para ficar
    dentro do hospital.
  • 7:11 - 7:13
    Pode ultrapassar as paredes.
  • 7:13 - 7:15
    Com a ligação "wireless" nos dias de hoje
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    não há razão para que pacientes,
    médicos e enfermeiros
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    tenham que estar sempre no mesmo lugar,
  • 7:21 - 7:22
    ao mesmo tempo.
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    Entretanto, agarramos
    no nosso bebé de três meses,
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    mantemo-lo sob vigilância,
    mantendo-o seguro
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    e agindo mais depressa e melhor.
  • 7:33 - 7:35
    Muito obrigado.
  • 7:35 - 7:38
    (Aplausos)
Title:
Como é que a Fórmula 1 pode ajudar... bebés?
Speaker:
Peter van Manen
Description:

Durante uma corrida de Fórmula 1, um carro envia centenas de milhões de dados para a sua garagem para análise e avaliação em tempo real. Então porque não usar esse sistema de dados detalhado e rigoroso noutro lugar, como... em hospitais pediátricos? Peter van Manen conta-nos mais.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
07:56

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