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A estrutura familiar dos elefantes — Caitlin O'Connell-Rodwell

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    Se eu quisesse resumir
    numa única frase
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    a investigação sobre elefantes
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    que fiz, durante 20 anos,
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    que frase seria essa?
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    Que é que eu poderia dizer?
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    Diria que os elefantes
    são tal e qual como nós!
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    O que é que eu quero dizer com isso?
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    É preciso muita paciência
    para andar lá fora, pelo terreno,
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    a tentar descobrir
    padrões de comportamento
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    desses animais muito lentos
    e muito inteligentes.
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    Mas, com o tempo, percebemos
    que eles são muito parecidos connosco.
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    Devem pensar:
    "Como é que pode dizer uma coisa dessas?
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    "Eles têm umas orelhas enormes,
    têm um nariz muito comprido.
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    "Como é que pode dizer
    que são parecidos connosco?"
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    Na realidade, as famílias
    são muito parecidas com as nossas.
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    A família é muito importante
    para os elefantes.
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    Crescem em famílias muito unidas
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    e têm famílias numerosas.
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    Fazem reuniões como a nossa família
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    em que se juntam todas as tias
    e planificam a comida a levar.
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    Os rapazes ficam a pensar:
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    "Vamos jogar jogos de vídeo, em grupo?
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    "Vamos discutir?"
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    Pois é, é muito semelhante.
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    Há gritos de alegria,
    é espantoso de ver.
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    Mas, logo que a família toda se junta,
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    é como um casamento ou coisa parecida.
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    De repente, sobressai
    a estrutura da política familiar
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    e os indivíduos de estatuto mais modesto
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    — os que estão atrás da seta ao fundo —
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    os indivíduos mais modestos
    sabem qual é o seu lugar
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    Vão beber na parte mais lamacenta da poça
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    porque está ali toda a família
    e não podem beber a melhor água
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    porque ela está reservada
    para os parentes mais importantes.
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    O que também é semelhante
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    é que há anciãos no grupo
    que toda a gente respeita.
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    Esta é a matriarca, e a outra fêmea
    está a aproximar-se
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    e faz aquilo a que se chama
    "uma tromba na boca".
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    Coloca a tromba na boca dela,
    o que é um sinal de respeito.
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    É uma espécie de aperto de mão,
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    mas é também uma saudação.
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    Esta saudação aprende-se
    desde tenra idade.
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    Os rituais e os laços familiares
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    também facilitam
    as atividades coordenadas.
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    Esta é uma fêmea jovem
    cuja cria caiu no canal.
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    Ela não sabe o que fazer
    e entra em pânico.
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    A fêmea mais velha,
    ou seja a matriarca, diz:
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    "Não há problema",
    e apanha a cria.
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    Isto nem sempre é verdade
    para famílias diferentes
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    que não se coordenam muito bem.
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    As fêmeas mais jovens
    não sabem bem o que fazer,
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    mas as mais velhas ajudam-nas,
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    ajoelham-se e retiram a cria em conjunto.
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    Outra coisa que é muito semelhante
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    é quando os machos chegam à adolescência,
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    os elefantes machos,
    por volta dos 12 a 15 anos,
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    O elefante maior, nesta fotografia,
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    é um elefante que está prestes
    a abandonar a família.
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    Já é muito grande, muito atrevido,
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    as fêmeas adultas estão fartas dele,
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    mas ele também é independente,
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    quer sair dali e ir brincar com os amigos.
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    Acontece então que temos
    esta sociedade masculina,
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    uma sociedade masculina muito ritual.
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    Greg é o macho dominante,
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    podemos vê-lo no centro.
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    Tem uma grande quantidade
    de seguidores, que o respeitam
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    É muito interessante
    como os líderes muito bons,
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    os indivíduos dominantes muito bons,
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    sabem como usar a cenoura e o chicote.
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    Este aqui é especialista nisso.
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    Também há outros machos
    que querem criar o seu séquito,
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    mas não conseguem,
    porque são demasiado agressivos.
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    Quando Greg não está por perto,
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    tentam, com falinhas mansas,
    atrair os subalternos para o seu grupo
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    e acabam por ser menos agressivos.
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    É muito interessante ver
    como a política funciona
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    nestas sociedades masculina e feminina.
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    Voltando aqui às senhoras,
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    num grupo familiar, temos uma mãe,
    talvez até uma avó,
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    as filhas e toda a sua descendência,
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    as crias masculinas e femininas.
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    O que é muito interessante
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    é como o carácter faz a diferença.
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    Cada matriarca
    tem um carácter muito diferente.
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    Estas duas têm um carácter
    curioso, vacilante,
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    enquanto estas duas
    são muito agressivas.
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    "Primeiro atacamos, depois perguntamos".
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    Mas também há matriarcas que dizem:
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    "Esqueçam! Eu vou à frente
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    "e, quando chegar à mata,
    logo vejo se é segura".
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    Mas a matriarca mais sábia,
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    a matriarca que tem mais êxito,
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    em todos os estudos que fizemos,
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    é aquela que avalia o perigo
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    e decide se vale a pena fugir dele
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    ou se, afinal não representa
    grande problema.
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    Para os elefantes,
    é muito importante ser social
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    e, claro, logo de início,
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    tal como no desenvolvimento
    inicial da criança,
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    a socialização é muito importante.
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    Tomar banho, comer, brincar,
    sempre em conjunto,
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    viver juntos, é muito importante
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    para o desenvolvimento social.
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    E quem não tentou suplantar os irmãos
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    para ser o primeiro
    a chegar à poça de água?
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    Estas relações, logo de início,
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    são como os melhores amigos para sempre.
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    Estas fêmeas vão viver juntas toda a vida.
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    Se for um macho e uma fêmea,
    podem conhecer-se durante toda a vida,
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    mas é muito importante desenvolver
    estes laços desde muito cedo.
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    São as relações
    que os vão salvar mais tarde.
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    Vou mostrar-vos uma cena
    que parece o recreio duma escola.
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    Se tomarem atenção
    ao que está a acontecer aqui
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    vemos um macho agressivo,
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    que está a puxar pela tromba da cria.
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    Depois temos o diplomata
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    que se aproxima e diz:
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    "Não faças isso! Para com isso!"
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    Depois, temos os espetadores.
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    Como é que temos estes
    três temperamentos diferentes
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    dentro da mesma família?
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    É fascinante pensar
    que os elefantes são como nós.
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    Por isso, senti curiosidade e pensei:
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    "E se medíssemos a diferença de carácter
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    "da cria duma fêmea dominante
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    "em comparação com a cria
    duma fêmea de estatuto inferior,
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    "para ver o que acontece,
    enquanto elas crescem?"
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    Começámos a fazer isso.
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    Vemos aqui este sujeitinho
    de orelhas espetadas
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    que está a atacar-nos.
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    A diferença entre o carácter dele
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    e o carácter do que recua,
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    que se refugia ao pé da mãe,
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    que não sabe bem o que se passa ali.
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    Mas o outro avança com toda a confiança.
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    Começámos a medir a distância
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    a que uma cria se afastava da mãe,
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    quantas vezes tocam uns nos outros,
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    quantas vezes começam a brincar
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    e depois observámos a predominância
    das fêmeas, mães deles.
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    Descobrimos que a socialização
    das crias dominantes
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    é uma socialização mais significativa
    do que a das crias de estatuto inferior.
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    Segundo parece, não é porque
    as crias de estatuto inferior
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    não queiram brincar,
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    mas não têm permissão para interagir
    com as crias de estatuto superior.
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    São afastados das fêmeas dominantes
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    o que é uma desvantagem.
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    Somos muito parecidos com os elefantes,
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    os elefantes são muito parecidos connosco,
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    seja para o bem ou para o mal,
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    porque também vejo isso
    acontecer aos seres humanos
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    e talvez devêssemos
    aprender uma lição com eles.
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    Uma última coisa que descobrimos
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    é que são os machos que assumem os riscos,
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    são mais independentes
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    e normalmente passam mais tempo
    afastados das mães.
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    Isso também é verdade
    nas sociedades humanas
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    e com outros animais sociais.
  • 7:03 - 7:05
    Espero ter-vos convencido
  • 7:05 - 7:09
    que temos uma vida
    muito semelhante à dos elefantes
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    e que os elefantes têm temperamentos
    muito individuais, duradouros
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    que temos avaliado ao longo dos anos.
  • 7:15 - 7:17
    O agressivo tem sempre
    tendência para ser agressivo
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    a não ser que haja
    qualquer problema social
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    e ele decida ser mais conciliador,
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    de contrário, não vai cair
    nas graças de ninguém.
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    Depois temos os gigantes simpáticos
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    que serão sempre simpáticos.
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    Os jovens machos precisam
    de tutoria dos mais velhos
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    e esses gigantes simpáticos
    são muito bons para isso,
  • 7:34 - 7:35
    ajudando-os.
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    Abandonar a família
    é difícil para os machos,
  • 7:38 - 7:42
    mas sobrevivem e aprendem
    a escolher os amigos.
  • 7:43 - 7:45
    Para terminar, só queria dizer
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    que, como eles são
    tão parecidos connosco,
  • 7:47 - 7:49
    e têm esses temperamentos,
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    espero que, quando os virem na TV,
  • 7:51 - 7:53
    ou viajarem e tiverem a sorte
    de os ver na Natureza,
  • 7:53 - 7:55
    talvez possam pensar neles
  • 7:55 - 7:58
    como criaturas que merecem a nossa atenção
  • 7:58 - 8:00
    e também merecem a nossa proteção.
  • 8:00 - 8:02
    Obrigada.
Title:
A estrutura familiar dos elefantes — Caitlin O'Connell-Rodwell
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/the-family-structure-of-elephants-caitlin-o-connell-rodwell

A bióloga Caitlin O'Connell-Rodwell chegou a uma grande conclusão depois de estudar elefantes durante 20 anos — eles são como nós. Nesta palestra TEDYouth, O'Connell pormenoriza o trabalho dela, observando estes animais sociais incríveis, examinando caracteres individuais (e muito familiares) que brincam, se relacionam e discutem em grandes famílias muito unidas, curiosamente parecidas com as nossas.

Palestra de Caitlin O'Connell-Rodwell.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
08:12

Portuguese subtitles

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