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Porque é que o corpo humano é assimétrico? — Leo Q. Wan

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    A simetria está presente em toda a Natureza
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    e, normalmente, associamo-la à beleza:
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    uma folha perfeitamente desenhada
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    ou uma borboleta com desenhos
    intrincados espelhados em cada asa.
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    Mas acontece que a assimetria
    também é muito importante,
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    e mais vulgar do que se pode pensar,
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    desde os caranguejos
    com uma pinça gigantesca
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    até às espécies de caracóis cujas cascas
    enrolam sempre na mesma direção.
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    Há espécies de feijões que só trepam
    pelas treliças para a direita,
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    e outras para a esquerda.
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    Apesar de o corpo humano
    parecer ser simétrico, por fora,
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    por dentro, a história é outra.
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    A maior parte dos nossos órgãos vitais
    estão dispostos assimetricamente.
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    O coração, o estômago, o baço e o pâncreas
    situam-se mais para a esquerda.
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    A vesícula biliar e a maior parte
    do fígado estão à direita.
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    Até os pulmões são diferentes.
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    O da esquerda tem dois lóbulos
    e o da direita tem três.
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    Os dois lados do cérebro parecem iguais,
    mas funcionam de modo diferente.
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    É fundamental garantir que esta assimetria
    está distribuída de forma correta.
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    A inversão de todos
    os nossos órgãos internos
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    — uma situação a que
    se chama situs inversus —
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    normalmente não é prejudicial.
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    Mas uma inversão incompleta pode ser fatal,
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    principalmente se incluir o coração.
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    Donde virá esta assimetria
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    se um embrião novo parece idêntico
    do lado esquerdo e do lado direito?
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    Uma teoria concentra-se
    numa pequena cova do embrião
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    chamada nodo.
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    O nodo está forrado de pequenos pelos
    chamados cílios,
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    que se inclinam,
    e oscilam rapidamente,
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    todos na mesma direção.
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    Esta rotação sincronizada empurra
    o fluido do lado direito do embrião
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    para o lado esquerdo.
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    Na borda esquerda dos nodos,
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    outros cílios sentem este fluxo de fluido
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    e ativam genes específicos
    no lado esquerdo do embrião.
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    Estes genes fazem com que as células
    produzam determinadas proteínas,
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    e, ao fim de poucas horas,
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    os lados direito e esquerdo do embrião
    ficam quimicamente diferentes.
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    Apesar de continuarem a parecer iguais,
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    estas diferenças químicas acabam
    por se traduzir em órgãos assimétricos.
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    A assimetria aparece primeiro no coração.
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    Começa com um tubo reto
    ao longo do centro do embrião
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    mas, quando o embrião
    tem cerca de três semanas,
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    o tubo começa a dobrar-se em forma de C
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    e roda para o lado direito do corpo.
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    Desenvolve estruturas
    diferentes de cada lado,
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    acabando por ficar como
    o conhecido coração assimétrico.
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    Entretanto, os outros órgãos principais
    emergem a partir de um tubo central
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    e evoluem para as suas posições definitivas.
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    Mas há organismos, como os porcos,
    que não têm estes cílios embrionários
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    mas, apesar disso,
    têm órgãos internos assimétricos.
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    Será que todas as células
    são intrinsecamente assimétricas?
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    Provavelmente.
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    As colónias bacterianas desenvolvem-se
    com ramos arrendados
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    que se curvam todos na mesma direção
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    e as células humanas em cultura
    num recipiente em forma de anel
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    tendem a alinhar-se
    como os sulcos duma rosquilha.
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    Se aumentarmos ainda mais,
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    vemos que muitos dos componentes
    básicos das células,
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    como os ácidos nucleicos, as proteínas
    e os açúcares, são assimétricos.
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    As proteínas têm formas
    complexas assimétricas,
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    e essas proteínas controlam
    para onde migram as células
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    e para que lado encaracolam
    os cílios embrionários.
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    Estas biomoléculas têm uma propriedade
    chamada quiralidade.
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    o que significa que uma molécula
    e a sua imagem especular não são idênticas.
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    As nossa mãos, a direita e a esquerda,
    parecem semelhantes,
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    mas tentem enfiar a mão direita
    na luva esquerda
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    e terão a prova de que não são.
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    Esta assimetria a nível molecular
    reflete-se nas células assimétricas,
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    nos embriões assimétricos,
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    e, por fim, nos organismos assimétricos.
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    Embora a assimetria possa parecer bela,
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    a assimetria tem um fascínio muito próprio,
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    que se encontra nas suas curvas graciosas,
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    na sua complexidade organizada
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    e nas suas imperfeições surpreendentes.
Title:
Porque é que o corpo humano é assimétrico? — Leo Q. Wan
Speaker:
Leo Q. Wan
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/why-are-human-bodies-asymmetrical-leo-q-wan

A simetria está presente em toda a Natureza. Normalmente, associamo-la à beleza: uma folha perfeitamente desenhada ou uma borboleta com desenhos intrincados espelhados em cada asa. Mas acontece que a assimetria também é muito importante e mais vulgar do que se pode pensar. Leo Q. Wan leva-nos ao interior do corpo humano para mostrar como a assimetria biológica pode ser fascinante.

Lição de Leo Q. Wan, animação de Echo Bridge Pictures.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
04:19

Portuguese subtitles

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