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Eu também vivo neste planeta | Ivanke | TEDxRíodelaPlataED

  • 0:14 - 0:19
    Há uns anos, tive vontade
    de me aproximar mais das crianças,
  • 0:20 - 0:24
    não só através dos meus desenhos,
    de jogos ou de livros,
  • 0:24 - 0:26
    mas estando ali, cara a cara,
  • 0:26 - 0:31
    fazendo "workshops", desenhando
    com eles e vendo-os criar.
  • 0:31 - 0:35
    Por outro lado, há muito
    que queria ajudá-los
  • 0:35 - 0:37
    mas não sabia bem como.
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    Se aproximando-me de uma ONG
    ou fazendo um projeto só meu.
  • 0:42 - 0:43
    Até que, uma noite,
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    estava à espera dum autocarro
    que nunca mais chegava,
  • 0:48 - 0:51
    e, de repente, sem estar
    a pensar em nada de especial,
  • 0:51 - 0:54
    apareceu na minha cabeça
    um letreiro luminoso
  • 0:54 - 0:55
    que dizia:
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    "Uma volta ao mundo, fazendo 'workshops'
    gratuitos de arte para crianças".
  • 1:03 - 1:04
    Era uma loucura.
  • 1:04 - 1:07
    Eu não sabia como começar
    nem como organizar uma coisa dessas.
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    Não tinha dinheiro, nada.
  • 1:10 - 1:13
    Mas parecia-me o melhor plano do mundo.
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    Quando apanhei o autocarro,
    já sabia que iria fazê-lo.
  • 1:18 - 1:21
    Confiei e trabalhei muito neste projeto.
  • 1:22 - 1:26
    Então, decidi que ia pensar nisso.
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    Para pensá-lo, para amá-lo,
  • 1:29 - 1:32
    pensei no que gostaria de ter
    quando era miúdo.
  • 1:32 - 1:36
    Assim, pensei em cada "workshop",
    em cada pormenor.
  • 1:36 - 1:39
    Começaria pelo norte da Argentina
  • 1:39 - 1:41
    e seguiria pela América Latina,
  • 1:41 - 1:44
    pela África, pela Ásia e pela Europa.
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    Fazendo "workshops" nas escolas,
    nos hospitais de crianças, nos orfanatos,
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    nas bibliotecas, nos mercados,
    no meio da rua.
  • 1:53 - 1:55
    Na selva, na montanha.
  • 1:56 - 2:01
    Nas grandes cidades e nas aldeias
    pequeninas e distantes.
  • 2:02 - 2:05
    Lugares que não estivessem
    nos guias de viagem,
  • 2:05 - 2:07
    nem nas agências de turismo.
  • 2:08 - 2:10
    Sinto que subestimamos
  • 2:10 - 2:12
    que subestimamos as crianças,
  • 2:12 - 2:16
    quanto ao que elas são capazes
    de sentir, de pensar e de dizer.
  • 2:17 - 2:20
    Olhamos para elas como uma espécie
    de depósito que temos de encher
  • 2:20 - 2:22
    com conteúdos e informações.
  • 2:23 - 2:26
    Obviamente, estão numa fase de formação,
  • 2:26 - 2:29
    mas também têm coisas a dizer.
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    Sinto que, no geral,
    não existe esse espaço de escuta.
  • 2:33 - 2:35
    Este é o meu objetivo principal,
  • 2:35 - 2:38
    dar um espaço de expressão
    a esses miúdos
  • 2:39 - 2:42
    e, depois, outros miúdos,
    de outros lados,
  • 2:42 - 2:44
    conheçam esses miúdos.
  • 2:44 - 2:46
    Pelo que vi, onde quer que eles estejam,
  • 2:46 - 2:49
    veem os mesmos filmes,
    os mesmos desenhos animados,
  • 2:49 - 2:50
    jogam os mesmo jogos,
  • 2:50 - 2:53
    mas o que é que conhecem
    uns dos outros?
  • 2:53 - 2:56
    Que é que um miúdo da Argentina
    sabe de um miúdo do Equador?
  • 2:56 - 2:58
    Ou um miúdo de França
    de um miúdo do Quénia?
  • 2:59 - 3:00
    A verdade é que não sabe nada.
  • 3:01 - 3:03
    Então, antes de começar
    a desenhar nos "workshops",
  • 3:04 - 3:05
    sempre lhes mostramos vídeos
  • 3:06 - 3:08
    dos miúdos dos países anteriores.
  • 3:08 - 3:11
    Por exemplo, uma tarde em Tóquio,
  • 3:11 - 3:16
    um grupo de miúdos japoneses
    ficaram a conhecer um pouco da Argentina,
  • 3:16 - 3:18
    do Peru, do México.
  • 3:18 - 3:21
    A partir desta vontade de conhecê-los,
  • 3:21 - 3:23
    nasce outra parte do projeto:
  • 3:23 - 3:25
    a cadeia de presentes.
  • 3:26 - 3:30
    Nela, fazemos um vídeo,
    onde se apresenta um miúdo
  • 3:30 - 3:33
    que nos conta qualquer coisa
    da sua vida,
  • 3:33 - 3:36
    da sua família, do local onde vive.
  • 3:36 - 3:40
    Diz-nos qual o seu jogo preferido,
    a sua comida preferida
  • 3:40 - 3:42
    e conta-nos um sonho.
  • 3:43 - 3:44
    Peço-lhe que, entre as suas coisas,
  • 3:44 - 3:49
    escolha uma coisa para dar a um miúdo
    ou a uma miúda do país seguinte
  • 3:50 - 3:51
    e também faz um desenho
  • 3:51 - 3:54
    para esse miúdo ou miúda
    do país seguinte.
  • 3:54 - 3:57
    A cadeia começou na Argentina,
  • 3:58 - 4:00
    continuou por mais 15 países
  • 4:01 - 4:03
    e ainda faltam imensos.
  • 4:03 - 4:06
    Assim, graças aos olhares
    de outras crianças,
  • 4:06 - 4:08
    conhecem outras realidades.
  • 4:08 - 4:12
    A vida de William, que tem nove irmãos,
  • 4:12 - 4:15
    não é a mesma de Tzo Luo que,
    como quase todos os chineses,
  • 4:15 - 4:16
    é filho único.
  • 4:17 - 4:22
    Christopher, que vive rodeado
    de coelhos e vacas
  • 4:23 - 4:27
    é muito diferente de Simone,
    que vive numa cidade enorme.
  • 4:28 - 4:32
    A vida de Mikija que,
    depois da escola,
  • 4:32 - 4:34
    pode ir brincar com as amigas,
  • 4:34 - 4:37
    é muito diferente da de Mario
    que tem de ir trabalhar.
  • 4:38 - 4:41
    Sempre me apaixono
    e me custa sair de cada lugar.
  • 4:42 - 4:44
    Mas creio que a tarefa está cumprida,
  • 4:44 - 4:48
    se, pelo menos, crio uma marca,
    uma pequena impressão.
  • 4:49 - 4:50
    Reparem.
  • 4:50 - 4:51
    (Vídeo)
  • 4:51 - 4:53
    O que sinto quando desenho,
    é que sou uma artista.
  • 4:54 - 4:57
    É quando uma pessoa
    liberta as suas ideias.
  • 4:57 - 5:00
    Assim, posso desabafar
  • 5:00 - 5:03
    todos os meus sentimentos,
    exprimi-los através do desenho
  • 5:03 - 5:05
    e sinto-me muito melhor.
  • 5:05 - 5:09
    Estamos num mundo onde podemos
    fazer tudo o que queremos.
  • 5:09 - 5:15
    Os meus desenhos exprimem
    a minha alegria e tudo o que eu quiser.
  • 5:16 - 5:18
    Os meus desenhos são a minha imaginação.
  • 5:18 - 5:23
    (Em japonês): Quando desenho,
    sinto que entro num mundo novo,
  • 5:23 - 5:26
    onde vive aquilo que estou a desenhar
  • 5:26 - 5:28
    e divirto-me muito neste mundo.
  • 5:29 - 5:33
    Quando desenhei
    o super-herói senti-me valente.
  • 5:33 - 5:35
    Senti-me...
  • 5:36 - 5:40
    acompanhada de outras pessoas.
  • 5:41 - 5:44
    Podemos desenhar num tronco,
  • 5:44 - 5:46
    em pedras, em paus,
  • 5:46 - 5:48
    em madeira, em cimento,
  • 5:49 - 5:51
    em qualquer parte.
  • 5:51 - 5:56
    (Em japonês): Às vezes,
    há coisas que não sei como dizer,
  • 5:57 - 5:58
    então, desenho-as.
  • 5:59 - 6:03
    Quando pinto, é um sonho.
  • 6:03 - 6:06
    (Aplausos)
  • 6:11 - 6:13
    Lamento que, geralmente,
  • 6:13 - 6:17
    nas escolas, a arte está muito abandonada
  • 6:17 - 6:19
    e é considerada uma coisa menor,
  • 6:19 - 6:21
    puramente recreativa,
  • 6:21 - 6:23
    não como uma coisa formativa.
  • 6:24 - 6:27
    Oxalá se dançasse mais nas escolas,
  • 6:27 - 6:30
    se cantasse mais
    e se desenhasse mais.
  • 6:31 - 6:33
    Em cada local onde vamos,
  • 6:33 - 6:38
    proponho às crianças que inventem
    um super-herói, local, da sua terra.
  • 6:39 - 6:41
    Convido-os a pensar nos seus desenhos
  • 6:42 - 6:45
    e. sobretudo, nas necessidades
    da sua comunidade.
  • 6:46 - 6:48
    No norte da Colômbia,
  • 6:48 - 6:50
    havia uma seca impressionante,
  • 6:50 - 6:52
    não chovia há meses,
  • 6:52 - 6:54
    as colheitas estavam perdidas
  • 6:54 - 6:56
    e faltava a água.
  • 6:56 - 6:59
    Mas um miúdo desenhou a solução:
  • 6:59 - 7:04
    criou um super-herói
    que disparava uns raios para o céu
  • 7:04 - 7:06
    e assim, fazia chover.
  • 7:07 - 7:10
    Depois, no Equador,
    fomos à Amazónia.
  • 7:10 - 7:13
    Estivemos na selva
    com uma comunidade indígena.
  • 7:13 - 7:17
    Foi incrível vê-los pintar
    pela primeira vez na vida.
  • 7:19 - 7:22
    Não imaginam a cara deles,
    quando descobriram
  • 7:22 - 7:25
    que, misturando o azul e o amarelo,
  • 7:25 - 7:28
    podiam fazer o verde das árvores.
  • 7:29 - 7:32
    O que, para alguns,
    era uma coisa corriqueira,
  • 7:32 - 7:35
    para outros pode ser
    completamente inédito.
  • 7:36 - 7:38
    Depois, chegámos à Guatemala
  • 7:38 - 7:41
    e pintámos com miúdos
    do Mercado Central.
  • 7:42 - 7:45
    Crianças que não vão à escola
    porque têm de trabalhar ali,
  • 7:45 - 7:46
    ajudando os pais.
  • 7:47 - 7:51
    As frutas e as verduras que
    fazem parte das suas obrigações diárias,
  • 7:51 - 7:52
    pelo menos nessa tarde,
  • 7:52 - 7:55
    transformaram-se num montão
    de personagens e animais.
  • 7:56 - 7:58
    Trata-se de dar um novo significado
  • 7:58 - 8:01
    e é isso que sempre procuro fazer.
  • 8:02 - 8:06
    No México, no Dia dos Mortos,
  • 8:07 - 8:09
    quando toda a comunidade se reúne
  • 8:09 - 8:12
    com os seus entes queridos
    que já não estão,
  • 8:13 - 8:15
    fomos ao cemitério
  • 8:15 - 8:18
    e encontrámos muitos miúdos ali às voltas.
  • 8:18 - 8:20
    Fizemos uma ronda com alguns deles,
  • 8:20 - 8:23
    e eu perguntei-lhes o que,
    para eles, era a vida
  • 8:23 - 8:25
    e o que, para eles, era a morte.
  • 8:27 - 8:31
    Depois, pegámos nos lápis
    e nas folhas e pusemo-nos a desenhar.
  • 8:31 - 8:35
    Havia um desenho para a vida
    e outro para a morte.
  • 8:35 - 8:37
    Estava tão bom o que sucedia,
    como fluía,
  • 8:37 - 8:40
    as coisas que os miúdos diziam
  • 8:40 - 8:44
    que fiquei a pensar em como
    continuamos a subestimá-los.
  • 8:44 - 8:46
    Como continua a haver temas tabus
  • 8:46 - 8:49
    nas escolas, e também em casa.
  • 8:50 - 8:53
    Creio que seria genial
    poder conversar com eles
  • 8:53 - 8:55
    sobre a sexualidade,
  • 8:55 - 8:57
    sobre a violência entre sexos
  • 8:57 - 9:00
    — tremendamente presente
    em cada lugar onde vamos —
  • 9:00 - 9:02
    ou sobre a própria morte.
  • 9:03 - 9:05
    Creio que este silêncio
  • 9:05 - 9:07
    a única coisa que faz é gerar miúdos
  • 9:07 - 9:10
    que continuam a repetir o mesmo modelo.
  • 9:12 - 9:16
    Gostava de vos contar
    algumas das coisas que aprendi.
  • 9:17 - 9:19
    Desde que este projeto nasceu,
  • 9:19 - 9:22
    muita gente se aproxima
    para me dar uma mão.
  • 9:23 - 9:25
    Em cada país e em cada aldeia
    aonde vamos,
  • 9:25 - 9:27
    abrem-nos as portas de casa,
  • 9:27 - 9:31
    convidam-nos para comer,
    para ficar, dão-nos os materiais.
  • 9:31 - 9:35
    E fazem-me sentir que,
    embora estando muito longe,
  • 9:35 - 9:38
    posso estar um pouco em casa.
  • 9:39 - 9:41
    Muitas vezes escuto o contrário.
  • 9:41 - 9:45
    Mas creio que o mundo não é
    essa coisa terrível, insegura,
  • 9:45 - 9:47
    onde ninguém se importa com o próximo.
  • 9:48 - 9:54
    Também aprendi que o mais importante
    para um miúdo poder criar
  • 9:55 - 9:57
    é dar-lhe confiança.
  • 9:58 - 10:00
    É dar-lhe confiança,
  • 10:00 - 10:02
    para ele pode desfrutar
    o que está a fazer
  • 10:02 - 10:05
    em vez de considerá-lo
    como um exame e paralisar.
  • 10:06 - 10:09
    Faço isto em qualquer atividade artística.
  • 10:09 - 10:11
    Para mim mesmo, para vocês,
  • 10:11 - 10:14
    que talvez pensem que não são capazes
  • 10:14 - 10:17
    de desenhar, de escrever,
    de cantar, de dançar.
  • 10:18 - 10:19
    Os miúdos mostraram-me
  • 10:19 - 10:22
    que, quando encontram o desfrute,
  • 10:22 - 10:23
    sem se julgarem,
  • 10:23 - 10:27
    sem se compararem com o que está ao lado,
  • 10:27 - 10:28
    são muito mais felizes.
  • 10:30 - 10:34
    Estamos em contacto
    com miúdos que passam mal.
  • 10:34 - 10:36
    Situações de abuso, de violência,
  • 10:36 - 10:38
    de abandono, de pobreza extrema.
  • 10:38 - 10:41
    Miúdos que não podem ir à escola
    porque têm de trabalhar.
  • 10:41 - 10:44
    Mesmo assim, nos "workshops",
    quando pintam os seus sonhos,
  • 10:44 - 10:46
    encontro-me com o que querem ser;
  • 10:46 - 10:49
    cantores, arquitetos,
    professoras, médicos,
  • 10:49 - 10:51
    como qualquer outro miúdo.
  • 10:52 - 10:56
    É muito fácil aplicar rótulos e estigmas.
  • 10:56 - 10:58
    Mas nenhum miúdo nasce ladrão,
  • 10:58 - 11:01
    nenhum miúdo é violento por gosto.
  • 11:01 - 11:04
    A única coisa de que precisam
    é de uma oportunidade.
  • 11:06 - 11:08
    Na selva, no Peru,
  • 11:08 - 11:12
    também fomos à Amazónia,
    a uma comunidade Awajun.
  • 11:12 - 11:15
    Recordo que a diretora da escola me disse:
  • 11:15 - 11:16
    "Não esperes grandes coisas
  • 11:16 - 11:21
    "porque estes miúdos sabem
    fazer artesanato, mas nunca desenham".
  • 11:22 - 11:26
    Foram umas das ilustrações
    mais surpreendentes de todas as viagens.
  • 11:26 - 11:29
    É incrível o poder de observação
    dos miúdos da selva
  • 11:29 - 11:33
    e como puderam desenhar
    o seu ambiente, tal qual é.
  • 11:33 - 11:36
    Cada pormenor, cada pássaro,
    cada árvore.
  • 11:37 - 11:40
    Aconteceu uma coisa parecida
    numa escola
  • 11:40 - 11:42
    onde havia miúdos cegos,
  • 11:42 - 11:45
    com síndroma de Down,
    com paralisia cerebral.
  • 11:45 - 11:48
    Uma das coisas que fazemos
    nos "workshops"
  • 11:48 - 11:50
    são os autorretratos.
  • 11:50 - 11:52
    Em nenhum momento
    pensei em subestimá-los.
  • 11:52 - 11:54
    Fizemos o mesmo de sempre.
  • 11:54 - 11:57
    Se alguém podia duvidar
    da capacidade de expressão,
  • 11:58 - 12:01
    reparem nestes desenhos
    incríveis que fizeram.
  • 12:03 - 12:08
    Tal como penso que posso
    ensinar coisas a estes miúdos,
  • 12:08 - 12:10
    também aprendo com eles.
  • 12:11 - 12:13
    Também aprendo com eles.
  • 12:13 - 12:15
    Há pouco tempo, na Tailândia,
    eu ia pela rua fora,
  • 12:16 - 12:18
    encontrei uns miúdos
    e pusemo-nos a desenhar.
  • 12:19 - 12:22
    Senti-me atraído por uma
    das meninas, em especial,
  • 12:22 - 12:24
    e, durante um momento,
    fomos inseparáveis.
  • 12:26 - 12:29
    Vejo o desenho e vejo duas pessoas.
  • 12:29 - 12:34
    Perguntei-lhe quem eram
    e ela disse que era ela mesma e eu,
  • 12:34 - 12:37
    um tipo que ela nunca tinha visto na vida,
  • 12:37 - 12:40
    que só conhecia há um pouquito
    e, certamente, não voltaria a ver.
  • 12:40 - 12:44
    É impressionante como os miúdos
    se podem abrir tanto.
  • 12:44 - 12:48
    Assim, a nossa responsabilidade
    de adultos é muito grande.
  • 12:48 - 12:51
    Uma palavra pode abri-los muito
  • 12:51 - 12:53
    ou pode fechá-los muito.
  • 12:54 - 12:57
    Se lhes dissermos que o sol
    tem de ser amarelo,
  • 12:57 - 12:59
    que as pastagens têm de ser verdes,
  • 12:59 - 13:01
    que as pessoas têm de estar apoiadas
  • 13:01 - 13:03
    porque, senão, parece que estão a voar,
  • 13:03 - 13:05
    em vez de os ajudarmos a serem criativos
  • 13:05 - 13:09
    estamos a limitar a sua imaginação.
  • 13:10 - 13:15
    Na Ásia, embora contasse
    às vezes, com a ajuda de um intérprete,
  • 13:15 - 13:18
    já não podemos falar
    como na América Latina
  • 13:18 - 13:20
    e então recorremos a jogos,
  • 13:20 - 13:23
    a canções, a vídeos
    e, claro, a desenhos.
  • 13:24 - 13:27
    Creio que é fundamental,
    quando estamos com um grupo de miúdos,
  • 13:27 - 13:29
    podermos reinventar-nos,
  • 13:29 - 13:33
    sermos criativos, sermos permeáveis,
    perante o que se passa.
  • 13:33 - 13:36
    Nem todos os miúdos são iguais,
    mesmo que sejam irmãos.
  • 13:36 - 13:40
    Então, é o adulto que tem de adaptar-se,
  • 13:40 - 13:42
    em vez de ter uma fórmula
  • 13:42 - 13:45
    e pretender sempre o mesmo resultado.
  • 13:47 - 13:49
    Há mais de um ano
  • 13:49 - 13:51
    que me despedi do meu cão Tai
  • 13:51 - 13:53
    e saí de casa.
  • 13:53 - 13:57
    Percorri a América Latina
    e grande parte da Ásia.
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    De facto, acabo de chegar da Índia
  • 14:00 - 14:02
    e depois de amanhã volto para lá.
  • 14:03 - 14:06
    Ainda faltam muitos países.
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    Cedo estaremos com miúdos
    na faixa de Gaze, na Palestina.
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    Com miúdos refugiados,
    com miúdos em África.
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    A ONU e a UNICEF
    convidam-nos a fazer "workshops",
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    coisa que eu nunca teria imaginado.
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    Ao fim destes dois anos,
  • 14:21 - 14:24
    terei desenhado com miúdos de 40 países,
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    com mais de 10 000 miúdos dos 40 países
  • 14:28 - 14:30
    e ainda faltam uma data deles.
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    Mas vamos voltar
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    e vamos fazer o mesmo,
    aqui na Argentina,
  • 14:35 - 14:37
    de Ushuaia a La Quiaca,
    de ponta a ponta.
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    Vamos fazer exposições itinerantes
    com os desenhos dos miúdos
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    e um livro, cheio de fotos, de relatos,
    e de desenhos dos miúdos.
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    Estamos a fazer um filme,
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    um documentário para poder partilhar
    isto com muito mais gente.
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    Tudo isto que se chama
    "Pequeños Grandes Mundos",
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    que começou por ser
    a viagem da minha vida,
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    e já se transformou
    no projeto da minha vida.
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    Mas começou por ser um sonho.
  • 15:09 - 15:12
    E, falando de sonhos,
    quero apresentar Elizabeth.
  • 15:12 - 15:13
    (Vídeo)
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    Quando eu era pequenina,
  • 15:15 - 15:17
    dizia que queria ser cantora,
  • 15:17 - 15:21
    que ia apanhar o lixo,
    que ia trabalhar com o meu pai.
  • 15:21 - 15:25
    Mas o meu pai dizia que não,
    que eu não servia para pregar pregos.
  • 15:25 - 15:27
    O meu pai é engenheiro.
  • 15:27 - 15:30
    Dizia-me que não, que eu não sei.
  • 15:31 - 15:34
    Assim, eu continuava.
  • 15:35 - 15:39
    O conselho que dou
    a todos os miúdos do mundo
  • 15:39 - 15:40
    é que sigam o vosso sonho
  • 15:41 - 15:44
    e que não deixem que ninguém
    se interponham no vosso caminho.
  • 15:44 - 15:46
    Se os vossos pais não os apoiarem,
  • 15:46 - 15:50
    vocês lutem pelos vossos sonhos.
  • 15:50 - 15:52
    O que mais me atrai agora
    é ser ginecologista
  • 15:53 - 15:56
    para ajudar todas as mulheres
    a terem filhos.
  • 15:57 - 16:00
    Mas às vezes, sinto
    que esse não é o meu sonho,
  • 16:00 - 16:03
    que tenho outro, mas não sei qual é.
  • 16:03 - 16:06
    Assim, tenho de esperar por ele,
  • 16:06 - 16:09
    até ele vir ter comigo
    ou eu ir ter com ele.
  • 16:09 - 16:12
    Pequenos grandes mundos!
  • 16:12 - 16:14
    Argentina!
  • 16:14 - 16:15
    Bolívia!
  • 16:15 - 16:16
    Peru!
  • 16:16 - 16:18
    Equador!
  • 16:18 - 16:19
    Colômbia!
  • 16:19 - 16:22
    Guatemala!
  • 16:22 - 16:24
    México!
  • 16:24 - 16:25
    Cuba!
  • 16:26 - 16:27
    Japão!
  • 16:28 - 16:29
    China!
  • 16:30 - 16:32
    Vietname!
  • 16:33 - 16:34
    Laos!
  • 16:35 - 16:38
    Tailândia!
  • 16:38 - 16:40
    Birmânia!
  • 16:40 - 16:42
    Camboja!
  • 16:42 - 16:45
    Indonésia!
  • 16:46 - 16:47
    Nepal!
  • 16:48 - 16:50
    Índia!
  • 16:50 - 16:53
    [Pequeños Grandes Mundos
    pequeniosgrandesmundos.org]
  • 16:53 - 16:56
    (Aplausos)
  • 17:06 - 17:10
    Todos os dias agradeço
    ter-me animado a fazer
  • 17:10 - 17:11
    "Pequeños grandes mundos"
  • 17:11 - 17:15
    e poder pintar com miúdo
    de tantos lados.
  • 17:15 - 17:18
    No outro dia, um miúdo de uma aldeia
    no meio duma montanha no Nepal,
  • 17:18 - 17:20
    disse-o de modo perfeito.
  • 17:20 - 17:22
    Desenhou um mundo e escreveu:
  • 17:22 - 17:24
    "Eu também vivo neste planeta".
  • 17:24 - 17:26
    Muito obrigado.
  • 17:26 - 17:28
    (Aplausos)
Title:
Eu também vivo neste planeta | Ivanke | TEDxRíodelaPlataED
Description:

O que se pode aprender a pintar com milhares de miúdos de todo o mundo? Ivanke decidiu um dia dar a volta ao mundo, fazendo "workshops" de pintura com miúdos nos locais mais distantes e abre uma janela para podermos ver esses pequenos grandes mundos que conheceu.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
Spanish
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:47

Portuguese subtitles

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