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Um novo jeito de impedir o roubo de identidade

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    Eu resolvi falar de identidade.
  • 0:03 - 0:06
    É um tópico bem interessante para mim.
  • 0:06 - 0:09
    E a razão disso foi que,
    quando me pediram para dar a palestra,
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    eu tinha acabado de ler em algum lugar,
    não me lembro onde,
  • 0:13 - 0:16
    alguém do Facebook dizendo
  • 0:16 - 0:19
    "temos que fazer todo mundo
    usar o verdadeiro nome",
  • 0:19 - 0:20
    e pronto, fim do problema.
  • 0:20 - 0:22
    E isso está muito errado.
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    Esse é um jeito basicamente reacionário
    de se ver a identidade,
  • 0:26 - 0:28
    e que iria nos causar
    um sem-número de problemas.
  • 0:28 - 0:30
    E o que me ocorreu
  • 0:30 - 0:34
    foi explicar quatro tipos
    de problemas dessa visão
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    e então propor uma solução,
  • 0:36 - 0:38
    com sorte, uma que vocês
    achem interessante.
  • 0:38 - 0:40
    Então só para definir o problema,
  • 0:40 - 0:42
    o que significa autenticidade?
  • 0:42 - 0:44
    Esse sou eu,
  • 0:44 - 0:48
    uma foto minha no celular
    olhando um quadro.
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    Esse quadro foi pintado
  • 0:50 - 0:52
    por um falsificador muito famoso,
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    e já que eu sou péssimo
    para falar em público,
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    eu já esqueci o nome que estava no cartão.
  • 0:56 - 1:00
    Ele foi preso na Penitenciária Wakefield,
    se não me engano,
  • 1:00 - 1:04
    por falsificar obras primas
    de impressionistas franceses, eu acho.
  • 1:04 - 1:07
    E ele é tão bom nisso
    que, dentro da prisão,
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    todo mundo de lá, o diretor e tal,
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    queria que ele pintasse obras-primas
    para pendurar nas paredes,
  • 1:12 - 1:13
    de tão boas que eram.
  • 1:13 - 1:14
    Isso é uma obra-prima
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    que é uma falsificação de uma obra-prima,
  • 1:16 - 1:20
    e preso na tela há um chip
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    que mostra que ela é uma verdadeira farsa,
    se é que me entendem.
  • 1:24 - 1:25
    (Risos)
  • 1:25 - 1:28
    Quando falamos de autenticidade,
  • 1:28 - 1:32
    o negócio é um pouco mais abstrato
    do que parece, e esse é um bom exemplo.
  • 1:33 - 1:37
    Escolhi quatro problemas
    que vão demonstrar a situação.
  • 1:37 - 1:39
    O primeiro problema, pensei eu,
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    seriam cartões com chip, certo?
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    [Derrubando o sistema por dentro]
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    [Soluções offline não funcionam online]
  • 1:44 - 1:45
    Todos têm um cartão com chip.
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    E por que é um bom exemplo?
  • 1:47 - 1:50
    Porque demonstra como
    uma visão saudosista da identidade
  • 1:50 - 1:54
    sabota a segurança
    de um sistema bem construído.
  • 1:54 - 1:56
    Esse cartão que vocês têm no bolso,
  • 1:56 - 1:59
    ele tem um chip que custou milhões
    para ser desenvolvido
  • 1:59 - 2:01
    e que é extremamente seguro.
  • 2:01 - 2:03
    Você pode escaneá-lo
    com microscópios eletrônicos,
  • 2:03 - 2:05
    pode tentar triturá-lo, blá, blá, blá.
  • 2:05 - 2:09
    Esses chips nunca foram invadidos,
    não importa o que o jornal diz.
  • 2:09 - 2:12
    E só de zoeira, nós pegamos
    esse chip superseguro,
  • 2:12 - 2:16
    o prendemos em uma fita magnética
    ridiculamente fácil de falsificar
  • 2:16 - 2:19
    e para os criminosos mais preguiçosos,
    fazemos o cartão em alto-relevo.
  • 2:19 - 2:23
    Então, se você for um ladrão com pressa
    que precise copiar o cartão de alguém,
  • 2:23 - 2:26
    é só colocar um papel em cima
    e sombrear com lápis,
  • 2:26 - 2:27
    só para acelerar as coisas.
  • 2:27 - 2:30
    E para dar mais graça,
    isso até no meu cartão de débito,
  • 2:30 - 2:33
    nós imprimimos o nome, o código SALT
    e tudo mais bem na frente.
  • 2:33 - 2:35
    E por quê?
  • 2:36 - 2:40
    Não há nenhuma razão evidente para
    o seu nome estar em um cartão chipado.
  • 2:40 - 2:41
    E se pararmos para pensar,
  • 2:41 - 2:45
    a coisa é ainda mais perversa
    do que parece à princípio.
  • 2:45 - 2:47
    Porque as únicas pessoas que se beneficiam
  • 2:47 - 2:49
    do seu nome estar no cartão
    são os criminosos.
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    Você sabe o seu nome, não sabe?
  • 2:51 - 2:52
    (Risos)
  • 2:52 - 2:54
    E quando você vai na loja
    comprar alguma coisa,
  • 2:54 - 2:57
    pede-se a senha, o seu nome não importa.
  • 2:57 - 2:59
    O único país onde você
    tem que assinar o recibo,
  • 2:59 - 3:01
    no momento, são os EUA.
  • 3:01 - 3:04
    E sempre que eu vou para lá
    e preciso pagar com a fita magnética,
  • 3:04 - 3:05
    eu sempre assino Carlos Tethers,
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    só por segurança,
  • 3:07 - 3:09
    assim, se protestarem uma compra
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    e no recibo disser Dave Birch,
  • 3:11 - 3:15
    eu tenho certeza que foi um criminoso,
    já que eu não assino como Dave Birch.
  • 3:15 - 3:16
    (Risos)
  • 3:18 - 3:20
    Então, se vocês perderem o cartão na rua,
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    um bandido pode achá-lo e lê-lo.
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    Eles sabem seu nome,
    pelo nome eles acham o endereço,
  • 3:24 - 3:26
    e aí eles podem sair
    fazendo compras online.
  • 3:26 - 3:29
    Por que colocamos nomes nos cartões?
  • 3:29 - 3:32
    Porque achamos que identidade
    tem a ver com nomes,
  • 3:32 - 3:36
    e porque estamos presos
    à noção do cartão de identidade,
  • 3:36 - 3:38
    com a qual somos obcecados.
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    E eu sei que ela caiu por terra
    já faz alguns anos,
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    mas se você é político,
    trabalha no governo ou algo assim,
  • 3:44 - 3:46
    e pensar sobre identidade,
  • 3:46 - 3:49
    você só consegue pensar
    em cartões com nomes escritos.
  • 3:49 - 3:52
    E isso é muito subversivo
    no mundo moderno.
  • 3:52 - 3:54
    O segundo exemplo que me ocorreu
  • 3:54 - 3:57
    são as salas de chat.
  • 3:57 - 3:59
    Eu tenho muito orgulho dessa foto,
    esse é o meu filho
  • 3:59 - 4:03
    tocando na banda dele com os amigos
    na primeira apresentação,
  • 4:03 - 4:05
    acho que o nome é esse, quando lhe pagam.
  • 4:05 - 4:06
    (Risos)
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    E eu adoro essa foto.
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    Eu gosto muito mais daquela
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    quando entrou na faculdade de medicina
  • 4:12 - 4:14
    (Risos)
    Mas eu vou com essa para o assunto.
  • 4:14 - 4:15
    E por que eu a uso?
  • 4:15 - 4:20
    Porque foi algo muito interessante
    de se ver, sendo mais velho.
  • 4:20 - 4:21
    Ele e os amigos,
  • 4:21 - 4:24
    eles se juntaram, alugaram um salão,
    tipo um salão de igreja,
  • 4:24 - 4:26
    pegaram todos os amigos que tinham bandas,
  • 4:26 - 4:27
    juntaram eles,
  • 4:27 - 4:29
    e fizeram tudo pelo Facebook.
  • 4:29 - 4:32
    Venderam ingressos,
    daí a primeira banda do...
  • 4:32 - 4:34
    eu ia dizer "cardápio",
  • 4:34 - 4:35
    mas não deve ser a palavra certa, não é?
  • 4:35 - 4:39
    A primeira banda da lista a aparecer
  • 4:39 - 4:42
    nessa apresentação pública
    musical ou sei lá o que,
  • 4:42 - 4:44
    recebe o dinheiro
    dos primeiros 20 ingressos.
  • 4:44 - 4:46
    A segunda banda recebe o dos 20 seguintes
  • 4:46 - 4:47
    e por aí vai.
  • 4:47 - 4:48
    Eles estavam no fim da lista,
  • 4:49 - 4:51
    tipo em quinto lugar,
    eu achava que eles não tinham chance.
  • 4:51 - 4:54
    E ele acabou ganhando 20 mangos.
    Não é fantástico?
  • 4:54 - 4:56
    O que eu quero dizer é:
    o esquema funcionou perfeitamente,
  • 4:56 - 4:58
    exceto na internet.
  • 4:58 - 5:00
    Lá estão eles, no Facebook,
  • 5:00 - 5:03
    mandando mensagens, organizando tudo
  • 5:03 - 5:05
    e eles não sabem quem ninguém é, certo?
  • 5:05 - 5:07
    Esse é o problema que
    estamos tentando resolver.
  • 5:07 - 5:09
    Se esolvessem usar seus nomes reais,
  • 5:09 - 5:12
    vocês não teriam que se preocupar
    com eles na internet.
  • 5:12 - 5:14
    Quando ele chegou para mim e disse:
  • 5:14 - 5:17
    "Ah, eu queria entrar num chat
    para falar de guitarras" ou algo assim,
  • 5:17 - 5:22
    eu falei: "Olha, eu não queria
    que você fizesse isso,
  • 5:22 - 5:24
    nem todo mundo lá vai ser seu amigo,
  • 5:24 - 5:26
    algumas dessas pessoas na sala de chat
  • 5:26 - 5:29
    podem ser pervertidos,
    professores ou picaretas".
  • 5:29 - 5:31
    (Risos)
  • 5:31 - 5:34
    Quer dizer, é o que
    costuma aparecer no jornal, não é?
  • 5:34 - 5:37
    Eu quero saber quem são
    todas essas pessoas no chat.
  • 5:37 - 5:39
    Tudo bem, você pode ir lá,
  • 5:39 - 5:42
    mas só se todo mundo lá dentro
    estiver usando nomes verdadeiros
  • 5:42 - 5:46
    e mandarem cópias completas
    das folhas de antecedentes.
  • 5:47 - 5:49
    Mas, claro, se alguém do chat
    pedisse o nome verdadeiro dele,
  • 5:49 - 5:52
    eu diria não. Não fale seu nome.
  • 5:52 - 5:56
    Porque sabe-se lá se são pervertidos,
    professores e tal.
  • 5:57 - 5:59
    Então há esse paradoxo esquisito
  • 5:59 - 6:01
    em que eu aceito, feliz,
    que ele vá para um lugar
  • 6:01 - 6:03
    onde eu saiba quem é todo mundo,
  • 6:03 - 6:05
    mas não querendo que ninguém
    saiba quem ele é.
  • 6:05 - 6:08
    Então ficamos com esse problema
    em torno da identidade,
  • 6:08 - 6:11
    em que você quer transparência
    de todo mundo, menos de você mesmo.
  • 6:11 - 6:13
    E assim, não há progresso.
    Ficamos empacados.
  • 6:13 - 6:15
    O negócio dos chats não funciona direito,
  • 6:15 - 6:18
    e esse é um jeito muito ruim
    de se pensar sobre identidade.
  • 6:19 - 6:22
    Eu vi no meu RSS algo a ver com...
  • 6:22 - 6:25
    Eu acabei de falar algo feio
    do meu feed, não acabei?
  • 6:25 - 6:27
    Eu tinha que parar de falar assim.
  • 6:27 - 6:29
    Por razões misteriosas que não faço ideia,
  • 6:29 - 6:31
    algo sobre líderes de torcida
    apareceu na minha caixa.
  • 6:31 - 6:34
    Li essa história sobre elas,
    realmente fascinante.
  • 6:34 - 6:36
    Aconteceu alguns anos atrás
    nos Estados Unidos.
  • 6:36 - 6:39
    Em uma escola de ensino médio,
  • 6:39 - 6:43
    uma equipe de líderes de torcida
    falou mal da técnica delas,
  • 6:43 - 6:46
    coisa que todo jovem faz, o tempo todo,
    com todos os seus professores.
  • 6:46 - 6:48
    E a técnica de torcida ficou sabendo.
  • 6:48 - 6:50
    Ela ficou muito chateada,
  • 6:50 - 6:52
    e chegou em uma das garotas e disse:
  • 6:52 - 6:54
    "você vai me dar a sua senha do Facebook".
  • 6:54 - 6:58
    Sempre leio sobre casos assim,
    em que, até em universidades
  • 6:58 - 6:59
    e instituições de ensino,
  • 6:59 - 7:01
    os jovens têm que falar suas senhas.
  • 7:01 - 7:03
    Então você tem que dizer
    a sua senha do Facebook.
  • 7:03 - 7:04
    Ela era adolescente!
  • 7:04 - 7:06
    O que ela devia ter dito é:
  • 7:06 - 7:08
    "Amanhã cedo, meu advogado
    vai entrar em contato.
  • 7:08 - 7:09
    Isso é uma violação ultrajante
  • 7:09 - 7:12
    do meu direito constitucional
    à privacidade
  • 7:12 - 7:14
    e eu vou te processar
    até o último centavo."
  • 7:14 - 7:16
    Isso é o que ela devia ter dito,
    mas ela é jovem,
  • 7:16 - 7:17
    então ela entrega a senha.
  • 7:17 - 7:20
    A professora não pode
    entrar na conta da aluna
  • 7:20 - 7:22
    porque a escola bloqueou
    o acesso ao Facebook,
  • 7:22 - 7:24
    então ela tem que esperar
    até chegar em casa.
  • 7:24 - 7:25
    A garota contou para as amigas
  • 7:25 - 7:27
    e adivinhem,
  • 7:27 - 7:30
    então as outras garotas
    entraram no Facebook pelo celular
  • 7:30 - 7:31
    e deletaram seus perfis.
  • 7:31 - 7:34
    Quando a professora entrou,
    não tinha nada.
  • 7:34 - 7:36
    O que eu quero dizer é,
  • 7:36 - 7:40
    os jovens não veem a identidade como nós.
  • 7:40 - 7:43
    Ainda mais na adolescência,
    a identidade é algo fluido.
  • 7:43 - 7:45
    Você pode ter várias delas.
  • 7:45 - 7:47
    E se você tiver uma identidade
    que não gosta,
  • 7:47 - 7:51
    porque ela foi, de algum modo, subvertida,
    ou se tornou insegura ou inapropriada,
  • 7:51 - 7:53
    você a apaga e cria outra.
  • 7:53 - 7:56
    A noção de você ter uma identidade
    que você recebe de alguém,
  • 7:56 - 7:57
    do governo ou seja quem for,
  • 7:57 - 8:00
    e você tem que ficar com ela
    e usá-la em todo lugar,
  • 8:00 - 8:01
    isso é completamente errado.
  • 8:01 - 8:04
    Por que você iria querer saber
    quem alguém é no Facebook,
  • 8:04 - 8:07
    a menos que sua intenção fosse
    maltratá-los e perturbá-los?
  • 8:07 - 8:09
    E mesmo assim não funciona muito bem.
  • 8:09 - 8:12
    O meu quarto exemplo são aqueles casos
  • 8:12 - 8:14
    em que você realmente...
  • 8:14 - 8:18
    Só para constar, esse sou eu
    no protesto do G20.
  • 8:18 - 8:21
    Eu não participei do protesto,
    mas eu tinha uma reunião em um banco
  • 8:21 - 8:25
    no mesmo dia, e eu recebi um e-mail deles
  • 8:25 - 8:29
    me alertando para não usar terno,
    porque iria provocar os manifestantes.
  • 8:29 - 8:31
    Eu fico bem de terno, se me permitem,
  • 8:31 - 8:33
    então dá para ver porque isso causaria
  • 8:33 - 8:34
    um furor anticapitalista.
  • 8:34 - 8:35
    (Risos)
  • 8:35 - 8:39
    Então eu pensei,
    se não quero provocar os manifestantes,
  • 8:39 - 8:41
    o mais óbvio a se fazer
    é ir vestido de manifestante.
  • 8:41 - 8:43
    Então fui todo de preto,
  • 8:43 - 8:46
    com essa balaclava preta,
    e luvas também pretas,
  • 8:46 - 8:49
    que tirei para
    assinar o livro de visitantes.
  • 8:49 - 8:52
    Estou de calça preta, botas pretas,
    vestido todo de preto.
  • 8:52 - 8:54
    Entrei no banco às 10 horas,
    falei: "Oi, eu sou Dave Birch,
  • 8:54 - 8:56
    tenho um horário às três".
  • 8:56 - 8:57
    Tudo bem, me deixaram entrar.
  • 8:57 - 8:59
    Aquele é o meu crachá de visitante.
  • 8:59 - 9:00
    (Risos)
  • 9:00 - 9:03
    Essa bobagem de ter que dar
    seu nome verdadeiro
  • 9:03 - 9:06
    no Facebook ou onde for,
    gera esse tipo de segurança.
  • 9:06 - 9:10
    Gera uma encenação de segurança,
    onde não há nada concreto
  • 9:10 - 9:14
    mas as pessoas estão atuando
    em uma peça sobre segurança.
  • 9:14 - 9:17
    Contanto que todo mundo
    saiba suas falas, todo mundo está feliz.
  • 9:17 - 9:19
    Mas não é segurança de verdade.
  • 9:20 - 9:23
    Especialmente porque odeio bancos
    mais do que aqueles que protestam,
  • 9:23 - 9:24
    já que eu trabalho para eles.
  • 9:24 - 9:27
    Eu sei que a coisa é pior
    do que esse povo acha.
  • 9:27 - 9:28
    (Risos)
  • 9:30 - 9:34
    Mas imaginem que eu trabalhasse
  • 9:34 - 9:38
    ao lado de alguém
    que está fazendo algo errado.
  • 9:38 - 9:42
    Como se chamam aquelas pessoas que
    pegam dinheiro dos bancos e não...?
  • 9:43 - 9:45
    Investidores, isso.
  • 9:45 - 9:47
    Imaginem que eu estivesse
    do lado de um investidor corrupto.
  • 9:47 - 9:50
    e eu quisesse denunciá-lo
    para o dono do banco.
  • 9:50 - 9:52
    Então eu entro no sistema
    para dedurar o cara,
  • 9:52 - 9:53
    falando: "Esse cara é corrupto".
  • 9:53 - 9:55
    Essa mensagem não tem sentido
  • 9:55 - 9:58
    se você não souber
    que eu trabalho no banco.
  • 9:58 - 10:00
    Se a mensagem vier de qualquer um,
  • 10:00 - 10:02
    não tem valor nenhum.
  • 10:02 - 10:05
    Não há razão para mandá-la.
  • 10:06 - 10:09
    Mas se eu tiver que provar quem eu sou,
  • 10:09 - 10:11
    eu nunca vou mandar a mensagem.
  • 10:11 - 10:14
    É o mesmo que a enfermeira
    denunciando o cirurgião bêbado.
  • 10:14 - 10:17
    Eu só vou fazer a denúncia
    se ela for anônima,
  • 10:17 - 10:22
    então o sistema tem que
    me providenciar anonimato,
  • 10:22 - 10:24
    ou não vamos conseguir
    chegar onde queremos.
  • 10:25 - 10:28
    Quatro problemas.
    O que vamos fazer a respeito?
  • 10:29 - 10:32
    O que costumamos fazer
  • 10:32 - 10:34
    é pensar sobre o espaço de Orwell
  • 10:34 - 10:38
    e tentar fazer versões eletrônicas
    dos cartões de identidade
  • 10:38 - 10:40
    de que nos livramos em 1953.
  • 10:40 - 10:42
    Imaginemos que se tivéssemos um cartão,
  • 10:42 - 10:44
    podem chamar de login do Facebook,
  • 10:44 - 10:45
    que provasse quem você é
  • 10:45 - 10:48
    e tivesse que portá-lo o tempo todo,
    o problema estaria resolvido.
  • 10:48 - 10:50
    E, por tudo isso que acabei de dizer,
  • 10:50 - 10:53
    não está resolvido, e talvez acabe
    até piorando alguns deles.
  • 10:53 - 10:56
    Quanto mais vezes você é obrigado
    a usar sua identidade real,
  • 10:56 - 10:58
    certamente para fins de transação,
  • 10:58 - 11:00
    mais provável será seu roubo
    e uso em fraudes
  • 11:00 - 11:03
    O objetivo é fazer as pessoas
    pararem de usar a identidade
  • 11:03 - 11:06
    em transações que não precisam delas,
  • 11:06 - 11:07
    que, aliás, são quase todas.
  • 11:07 - 11:09
    Quase todas as transações da vida
  • 11:09 - 11:11
    não envolvem "quem é você?".
  • 11:11 - 11:13
    Elas são coisas como:
    você pode dirigir esse veículo,
  • 11:13 - 11:17
    você pode entrar nesse prédio,
    você tem mais de 18 anos etc. etc.
  • 11:18 - 11:19
    A minha sugestão é: Eu, como o James,
  • 11:19 - 11:23
    acho que é necessário
    um novo aumento de interesse na P&D.
  • 11:23 - 11:26
    Acho que é um problema com solução.
    É algo que podemos agir para resolver.
  • 11:26 - 11:29
    Naturalmente, nessas horas,
    eu me volto para Doctor Who.
  • 11:29 - 11:32
    Porque lá, como em várias outras esferas,
  • 11:32 - 11:35
    o Doutor já nos mostrou a resposta.
  • 11:35 - 11:38
    Acho que cabe a mim dizer
    a alguns convidados estrangeiros
  • 11:38 - 11:42
    que o Doutor é
    o maior cientista vivo na Inglaterra,
  • 11:42 - 11:44
    (Risos)
  • 11:44 - 11:47
    e um farol de verdade
    e iluminação para todos nós.
  • 11:47 - 11:50
    Esse é o Doutor, com seu papel psíquico.
  • 11:50 - 11:53
    Qual é? Vocês já devem ter visto
    o papel psíquico do Doutor.
  • 11:53 - 11:55
    Ninguém vai lhe chamar de nerd.
  • 11:55 - 11:57
    Quem já viu o papel psíquico?
  • 11:57 - 12:00
    Ah, claro, vocês estavam sempre
    na biblioteca, estudando, não é?
  • 12:00 - 12:01
    É isso que vão dizer?
  • 12:01 - 12:03
    O papel psíquico do Doutor
  • 12:03 - 12:05
    é um objeto que você mostra a alguém
  • 12:05 - 12:07
    e a pessoa, dentro do cérebro dela,
  • 12:07 - 12:09
    vê o que ela precisa ver.
  • 12:09 - 12:11
    Eu quero mostrar um passaporte britânico,
  • 12:11 - 12:12
    eu ergo o papel,
  • 12:12 - 12:14
    e você vê um passaporte britânico.
  • 12:14 - 12:15
    Eu quero entrar em uma festa,
  • 12:15 - 12:17
    ergo o papel
  • 12:17 - 12:18
    e mostro um convite.
  • 12:18 - 12:20
    Você vê o que quer ver.
  • 12:20 - 12:24
    O que estou dizendo é que
    precisamos de uma versão eletrônica disso,
  • 12:24 - 12:26
    só que com uma mudança pequenininha:
  • 12:26 - 12:30
    ele só vai lhe mostrar o passaporte
    se eu tiver mesmo um.
  • 12:30 - 12:32
    Só vai mostrar o convite
    se eu tiver mesmo um.
  • 12:32 - 12:35
    Só vai te dizer que eu sou maior de 18
    se eu for maior mesmo.
  • 12:35 - 12:38
    E só isso.
  • 12:38 - 12:42
    Se você for o segurança da boate,
    você precisa saber que eu sou maior de 18,
  • 12:42 - 12:45
    e ao invés de mostrar
    minha carteira de motorista,
  • 12:45 - 12:46
    que mostra que eu sei dirigir,
  • 12:46 - 12:49
    qual é o meu nome, meu endereço,
    todas essas coisas,
  • 12:49 - 12:51
    eu mostro meu papel psíquico
  • 12:51 - 12:54
    e ele lhe diz se eu sou
    maior de idade ou não.
  • 12:54 - 12:55
    Certo.
  • 12:55 - 12:57
    E isso é só uma viagem minha?
  • 12:57 - 12:59
    Claro que não, ou
    eu não estaria falando com vocês.
  • 12:59 - 13:01
    Para criar algo assim e fazê-lo funcionar,
  • 13:01 - 13:04
    eu vou só mencionar essas coisas,
    não vou dar detalhes,
  • 13:04 - 13:06
    precisamos de um plano,
    no caso, de construir isso
  • 13:06 - 13:09
    como uma infraestrutura
    que todos possam usar
  • 13:09 - 13:10
    para resolver esses problemas todos.
  • 13:10 - 13:12
    Vamos criar um método,
  • 13:12 - 13:14
    que terá que ser universal,
  • 13:14 - 13:15
    para ser usado em qualquer lugar.
  • 13:15 - 13:18
    Eu vou mostrar um pouco da tecnologia
    conforme formos avançando.
  • 13:18 - 13:20
    Esse é um caixa eletrônico japonês,
  • 13:20 - 13:22
    o leitor de digitais
    fica dentro do celular
  • 13:22 - 13:24
    e quando você quer tirar dinheiro,
  • 13:24 - 13:26
    você coloca o celular no caixa
    e passa o dedo.
  • 13:26 - 13:30
    O celular lê a impressão,
    diz que sim, é o Fulano,
  • 13:30 - 13:32
    e o caixa entrega o dinheiro.
  • 13:32 - 13:35
    O processo tem de ter
    aplicação em qualquer lugar.
  • 13:35 - 13:37
    Tem que ser completamente conveniente.
  • 13:37 - 13:40
    Aqui sou eu entrando na boate.
  • 13:40 - 13:43
    Tudo que o aparelho na porta vai saber é:
  • 13:43 - 13:47
    essa pessoa tem mais de 18 anos
    e não foi expulsa da boate?
  • 13:47 - 13:50
    A ideia é: encosto o cartão na porta
  • 13:50 - 13:52
    e se eu puder entrar,
    ele mostra minha foto,
  • 13:52 - 13:54
    se eu não puder entrar,
    ele mostra um X vermelho.
  • 13:54 - 13:56
    Nenhuma outra informação é revelada.
  • 13:56 - 13:59
    Nenhum acessório especial
    tem que ser necessário.
  • 13:59 - 14:02
    Isso só pode gerar uma conclusão,
    na linha do que o Ross disse,
  • 14:02 - 14:03
    com a qual concordo
  • 14:03 - 14:05
    Se é para não depender
    de nenhum acessório,
  • 14:05 - 14:08
    tem que funcionar nos celulares.
    É o único jeito de dar certo.
  • 14:08 - 14:10
    Há 6,6 bilhões de linhas móveis no mundo,
  • 14:10 - 14:13
    e a minha estatística favorita,
    só 4 bilhões de escovas de dente.
  • 14:13 - 14:15
    Isso quer dizer alguma coisa,
    só não sei o quê.
  • 14:15 - 14:16
    (Risos)
  • 14:16 - 14:18
    Deixo isso nas mãos dos futurologistas.
  • 14:19 - 14:21
    Tem que ser um método expansível,
  • 14:21 - 14:24
    portanto tem que ser algo
    que qualquer um possa criar em cima.
  • 14:24 - 14:27
    Todo mundo deve ser capaz
    de usar essa infraestrutura,
  • 14:27 - 14:29
    sem depender de permissões,
    licenças, nada;
  • 14:29 - 14:31
    todo mundo deve poder
    escrever código para isso.
  • 14:33 - 14:35
    Vocês sabem o que é simetria,
  • 14:35 - 14:37
    eu não preciso mostrar fotos dela.
  • 14:37 - 14:38
    É assim que vamos fazer.
  • 14:38 - 14:41
    usando a proximidade de nossos celulares.
  • 14:41 - 14:42
    Eu vou dizer para vocês
  • 14:42 - 14:45
    que a tecnologia para implementar
    o papel psíquico do Doctor Who
  • 14:45 - 14:46
    já existe, e se algum de vocês
  • 14:46 - 14:49
    já tem um dos novos
    cartões de débito da Barclay,
  • 14:49 - 14:50
    com a interface sem contato,
  • 14:50 - 14:51
    você já tem essa tecnologia.
  • 14:51 - 14:53
    Se você já foi à Londres
  • 14:53 - 14:55
    e usou um cartão Oyster,
  • 14:55 - 14:57
    parece familiar para alguém?
  • 14:57 - 14:58
    A tecnologia já existe.
  • 14:58 - 15:00
    Os primeiros telefones
    com essa tecnologia,
  • 15:00 - 15:02
    o Google Nexus, o S2,
  • 15:02 - 15:03
    o Samsung Wifi 7.9,
  • 15:03 - 15:06
    os primeiros telefones
    com essa tecnologia embutida
  • 15:06 - 15:06
    já estão à venda.
  • 15:06 - 15:08
    Então, a ideia de o cara
    da companhia de gás
  • 15:08 - 15:10
    poder aparecer na casa da minha mãe,
  • 15:10 - 15:12
    mostrar o celular para ela
  • 15:12 - 15:14
    e ela poder encostar o próprio celular
  • 15:14 - 15:17
    que vai dar verde se ele é
    realmente da companhia de gás
  • 15:17 - 15:20
    e poder entrar, ou dar vermelho
    se ele não for e fim da história.
  • 15:20 - 15:22
    Nós temos a tecnologia para fazer isso.
  • 15:22 - 15:25
    E mais, apesar de alguns desses usos
    parecerem meio contraintuitivos,
  • 15:25 - 15:28
    como comprovar a minha maioridade
    sem dizer quem eu sou,
  • 15:28 - 15:32
    a criptografia para isso não apenas existe
    como é muito bem conhecida e compreendida.
  • 15:32 - 15:35
    Assinaturas digitais,
    certificados de chave pública,
  • 15:35 - 15:37
    essas tecnologias já estão aí há um tempo,
  • 15:37 - 15:40
    nós só não tínhamos um jeito
    de colocá-las no bolso.
  • 15:40 - 15:42
    Então, a tecnologia já existe.
  • 15:42 - 15:44
    Nós sabemos que funciona.
  • 15:45 - 15:49
    Temos alguns exemplos da tecnologia
    sendo usada experimentalmente.
  • 15:49 - 15:52
    Essa é a Londres Fashion Week,
    onde criamos um sistema com a O2,
  • 15:52 - 15:55
    esse é o Festival Wireless no Hyde Park,
  • 15:55 - 15:57
    dá para ver as pessoas
    entrando com os braceletes VIP,
  • 15:57 - 16:01
    é só uma questão de ser verificado
    pelo celular Nokia lendo os braceletes.
  • 16:01 - 16:02
    Essas coisas são prosaicas,
  • 16:02 - 16:05
    o método funciona nesses ambientes.
    Eles não precisam ser especiais.
  • 16:06 - 16:07
    Por fim,
  • 16:09 - 16:12
    Eu sei que vocês são capazes disso,
  • 16:12 - 16:15
    porque se vocês viram
    aquele episódio de Doctor Who,
  • 16:15 - 16:17
    o especial de Páscoa,
  • 16:17 - 16:20
    em que ele vai para Marte em um ônibus,
  • 16:20 - 16:22
    novamente, aos estudantes estrangeiros,
  • 16:22 - 16:24
    isso não acontece todo episódio.
  • 16:24 - 16:26
    Foi uma ocasião especial.
  • 16:26 - 16:29
    Bom, no episódio em que ele vai
    para Marte em um ônibus londrino,
  • 16:29 - 16:31
    eu não posso mostrar o trecho
  • 16:31 - 16:34
    devido às ridiculamente paleolíticas
    restrições de copyright da BBC,
  • 16:34 - 16:37
    mas nesse episódio do ônibus em Marte,
  • 16:37 - 16:42
    mostram claramente o Doctor Who
    subindo no ônibus com o leitor Oyster
  • 16:42 - 16:45
    usando o papel psíquico.
  • 16:45 - 16:48
    E isso prova que o papel
    tem uma interface MSE.
  • 16:48 - 16:49
    Muito obrigado.
  • 16:49 - 16:50
    (Aplausos)
Title:
Um novo jeito de impedir o roubo de identidade
Speaker:
David Birch
Description:

Garçons precisam da sua idade, vendedores precisam da senha do seu cartão, mas quase ninguém precisa saber o seu nome, exceto ladrões de identidade. O especialista em identificação David Birch propõe um método de identificação mais seguro, mais "fracionado", que quase nunca iria precisar do seu nome verdadeiro.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:01

Portuguese, Brazilian subtitles

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