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O poder da vulnerabilidade | Brené Brown | TedxHouston

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    Vou começar com isso.
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    Alguns anos atrás,
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    uma organizadora de eventos me ligou
    porque eu ia dar uma palestra num evento,
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    e ela disse: "Estou tendo dificuldade
    pra escrever sobre você no folheto".
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    Perguntei: "Qual é a dificuldade?"
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    Ela disse: "Vi você dando uma palestra,
    e direi que você é pesquisadora,
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    mas receio que, se disser isso,
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    ninguém virá, pois pensarão
    que é chata e irrelevante".
  • 0:26 - 0:28
    (Risos)
  • 0:28 - 0:29
    Pensei: "Tudo bem!"
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    E ela: "Mas gostei da sua palestra
    porque você conta histórias,
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    então vou dizer que você
    é contadora de histórias".
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    E claro que meu lado acadêmico e inseguro
    pensou: "Vai dizer que sou o quê?"
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    E ela: "Vou dizer que você
    é contadora de histórias".
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    E pensei: "Por que não 'fada mágica'?"
  • 0:47 - 0:49
    (Risos)
  • 0:50 - 0:53
    Eu disse: "Deixe-me pensar
    sobre isso um segundo".
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    E assim, tentei buscar
    minha coragem mais profunda
  • 0:57 - 1:00
    e pensei: "Eu sou contadora de histórias.
  • 1:00 - 1:03
    Sou pesquisadora qualitativa;
    eu coleciono histórias, é o que faço.
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    Talvez histórias sejam apenas
    dados com uma alma,
  • 1:06 - 1:09
    e talvez eu seja apenas
    uma contadora de histórias".
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    Eu disse: "Quer saber?
  • 1:10 - 1:14
    Por que não diz apenas que sou
    contadora de histórias pesquisadora?"
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    E ela riu e disse: "Isso não existe!"
  • 1:17 - 1:18
    (Risos)
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    Então sou contadora de histórias
    pesquisadora, e falarei com vocês hoje,
  • 1:22 - 1:25
    sobre expansão de percepção,
  • 1:25 - 1:27
    então quero falar com vocês
    e contar umas histórias
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    sobre parte da minha pesquisa
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    que expandiu fundamentalmente
    a minha percepção
  • 1:32 - 1:37
    e realmente mudou o modo que vivo,
    amo, trabalho e sou mãe.
  • 1:37 - 1:40
    E é aqui que minha história começa.
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    Quando era uma jovem pesquisadora,
    estudante de doutorado,
  • 1:43 - 1:45
    no meu primeiro ano tive
    um professor de pesquisas
  • 1:45 - 1:49
    que num de seus primeiros dias
    de aula nos disse:
  • 1:49 - 1:53
    "É o seguinte: se você não pode
    medir algo, ele não existe".
  • 1:54 - 1:57
    Achei que ele estava
    me passando uma cantada.
  • 1:57 - 2:00
    Eu disse: "Sério?"
    E ele respondeu: "Com certeza".
  • 2:00 - 2:03
    Então vocês precisam entender que tenho
    bacharelado em Assistência Social,
  • 2:03 - 2:06
    além de mestrado e estava fazendo
    meu doutorado em Assistência Social.
  • 2:06 - 2:09
    Toda a minha carreira acadêmica
    era cercada por pessoas
  • 2:09 - 2:14
    que acreditavam em:
    "A vida é uma bagunça, ame-a".
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    Eu sou mais do tipo:
    "A vida é uma bagunça, limpe-a,
  • 2:18 - 2:19
    (Risos)
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    organize-a, e coloque-a numa caixinha".
  • 2:22 - 2:24
    (Risos)
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    E pensar que havia encontrado meu caminho,
    para fundar uma carreira que me leva...
  • 2:30 - 2:32
    um dos grandes ditados
    na assistência social
  • 2:32 - 2:36
    é: "Apoie-se no desconforto do trabalho",
  • 2:36 - 2:39
    e eu pensava: "Golpeie
    a cabeça do desconforto,
  • 2:39 - 2:42
    mande-o embora e consiga tudo.
  • 2:42 - 2:44
    Esse era o meu mantra.
  • 2:44 - 2:46
    Eu fiquei muito animada com isso,
  • 2:46 - 2:49
    e achei que era a carreira pra mim,
  • 2:49 - 2:51
    porque sou interessada
    em alguns tópicos confusos
  • 2:51 - 2:54
    mas quero ser capaz de torná-los fáceis.
  • 2:54 - 2:56
    Quero compreendê-los.
  • 2:56 - 2:59
    Quero invadir essas coisas
    que eu sei que são importantes
  • 2:59 - 3:02
    e revelar o código
    para que todos possam ver.
  • 3:03 - 3:06
    Então eu comecei com conexão,
  • 3:06 - 3:10
    porque quando você é
    assistente social por dez anos,
  • 3:10 - 3:14
    você percebe que estamos aqui
    por causa da conexão.
  • 3:14 - 3:17
    É isso que dá propósito
    e significado a nossas vidas.
  • 3:18 - 3:19
    Isto é o que tem a ver.
  • 3:19 - 3:23
    Não importa se você fala com pessoas
    que trabalham com justiça social,
  • 3:23 - 3:25
    saúde mental, abuso e negligência.
  • 3:25 - 3:29
    O que sabemos é que a conexão,
    a capacidade de se sentir conectado
  • 3:29 - 3:32
    é como estamos conectados
    neurobiologicamente,
  • 3:32 - 3:34
    é por isso que estamos aqui.
  • 3:34 - 3:37
    Então pensei: "Quer saber?
    Vou começar com conexão".
  • 3:38 - 3:42
    Conhecem a situação na qual vocês
    são avaliados pela sua chefe?
  • 3:42 - 3:45
    Ela te fala sobre 37 coisas
    que você é realmente iincrível
  • 3:45 - 3:48
    e uma coisa na qual você tem
    uma "oportunidade de crescimento"?
  • 3:48 - 3:49
    (Risos)
  • 3:50 - 3:53
    Você só consegue pensar nessa
    "oportunidade de crescimento", certo?
  • 3:53 - 3:56
    Bem, aparentemente,
    meu trabalho foi assim, também,
  • 3:56 - 4:01
    pois quando você pergunta às pessoas
    sobre o amor, elas falam sobre sofrimento.
  • 4:01 - 4:04
    Quando você pergunta sobre a pertença,
  • 4:04 - 4:08
    elas falarão sobre suas experiências
    mais dolorosas sobre serem excluídas.
  • 4:08 - 4:10
    E quando você pergunta
    a elas sobre conexão,
  • 4:10 - 4:13
    as histórias que me contaram
    foram sobre a desconexão.
  • 4:14 - 4:17
    Cerca de seis semanas nesta pesquisa,
  • 4:17 - 4:22
    encontrei essa coisa anônima
    que absolutamente esclareceu a conexão,
  • 4:23 - 4:25
    de uma maneira que não entendi
    ou nunca tinha visto.
  • 4:25 - 4:30
    E então recuei com a pesquisa e pensei:
    "Preciso descobrir o que é isso".
  • 4:30 - 4:33
    E, no final das contas, era a vergonha.
  • 4:37 - 4:41
    E vergonha é muito fácil de entender
    como o medo da desconexão.
  • 4:41 - 4:43
    Existe algo sobre mim
  • 4:43 - 4:45
    que se outras pessoas souberem ou virem,
  • 4:45 - 4:49
    eu não serei digno de conexão?
  • 4:49 - 4:53
    O que posso dizer é:
    isso é universal, todos nós temos.
  • 4:53 - 4:57
    Quem não sente vergonha não é capaz
    de sentir empatia humana ou conexão.
  • 4:57 - 5:02
    Ninguém quer falar sobre isso, e quanto
    menos você falar sobre ela, mais você tem.
  • 5:03 - 5:06
    O que sustentou essa vergonha,
  • 5:06 - 5:09
    este "Não sou bom o suficiente",
    que todos nós já sentimos:
  • 5:09 - 5:12
    "Não sou completo o suficiente,
    não sou magro, rico, bonito,
  • 5:12 - 5:15
    inteligente ou promovido o suficiente".
  • 5:15 - 5:21
    O que nos sustentou foi
    uma vulnerabilidade dolorosa.
  • 5:21 - 5:26
    Esta ideia de que,
    para que a conexão aconteça,
  • 5:26 - 5:29
    temos que nos permitir
    sermos realmente vistos.
  • 5:31 - 5:34
    E sabem como me sinto
    quanto à vulnerabilidade, eu a odeio.
  • 5:34 - 5:38
    Então pensei que esta era minha chance
    de rebater com a minha vareta de medição.
  • 5:38 - 5:42
    Vou entrar e descobrir essas coisas;
  • 5:42 - 5:45
    vou passar um ano destruindo
    totalmente a vergonha.
  • 5:45 - 5:49
    Entenderei como a vulnerabilidade
    funciona e serei mais esperta do que ela.
  • 5:50 - 5:52
    Eu estava pronta e realmente animada!
  • 5:55 - 5:57
    Como sabem isso não vai acabar bem.
  • 5:57 - 5:59
    (Risos)
  • 6:00 - 6:01
    Vocês sabem.
  • 6:01 - 6:03
    Poderia falar muito sobre vergonha,
  • 6:03 - 6:05
    mas teria que emprestar
    o tempo de todos.
  • 6:05 - 6:09
    Mas aqui está o que posso dizer a vocês.
  • 6:09 - 6:12
    Esta pode ser uma das coisas
    mais importantes que aprendi
  • 6:12 - 6:14
    na década que fiz esta pesquisa.
  • 6:16 - 6:20
    Meu ano transformou-se em seis anos.
  • 6:20 - 6:25
    Milhares de histórias, centenas
    de entrevistas longas, grupos focais.
  • 6:25 - 6:29
    Num dado momento, as pessoas estavam
    me enviando páginas de seus diários,
  • 6:29 - 6:31
    suas histórias, milhares de dados
  • 6:33 - 6:34
    em seis anos.
  • 6:34 - 6:38
    E eu meio que entendi que isso
    é a vergonha, e como ela funciona.
  • 6:40 - 6:46
    Escrevi um livro, publiquei uma teoria,
    mas algo não estava bem.
  • 6:46 - 6:50
    É que se eu considerasse
    as pessoas que entrevistei,
  • 6:50 - 6:53
    e as dividisse em pessoas
  • 6:54 - 6:57
    que realmente têm um senso de dignidade,
  • 6:57 - 7:00
    e é a isso que se resume,
    um senso de dignidade,
  • 7:00 - 7:03
    elas têm um forte sentimento
    de amor e pertencimento.
  • 7:04 - 7:05
    E as pessoas que lutam por isso,
  • 7:05 - 7:09
    que estão sempre se perguntando
    se elas são boas o bastante.
  • 7:09 - 7:11
    Havia apenas uma variável
    que separava as pessoas
  • 7:11 - 7:17
    que tinham um forte sentimento de amor
    e pertença, e realmente lutavam por ele:
  • 7:17 - 7:20
    essas eram as pessoas que tinham
    um forte sentimento de amor e pertença,
  • 7:20 - 7:23
    acreditam que elas são dignas disso.
  • 7:23 - 7:24
    É isso aí.
  • 7:25 - 7:27
    Elas acreditam que são dignas.
  • 7:28 - 7:31
    E para mim, a parte mais difícil
  • 7:32 - 7:34
    da coisa que nos mantém desconectados,
  • 7:34 - 7:38
    o nosso medo de não sermos
    dignos de conexão, era algo
  • 7:38 - 7:42
    que pessoalmente e profissionalmente
    senti que precisava entender melhor.
  • 7:42 - 7:47
    Então peguei todas as entrevistas,
  • 7:47 - 7:49
    nas quais vi dignidade,
  • 7:49 - 7:52
    e vi pessoas vivendo dessa maneira,
    e apenas as observei.
  • 7:52 - 7:55
    O que essas pessoas tinham em comum?
  • 7:55 - 7:59
    Tenho um pequeno vício de suprimentos
    de escritório, mas isso é outra palestra.
  • 7:59 - 8:00
    (Risos)
  • 8:00 - 8:03
    Então eu tinha uma pasta manila
    e uma "sharpie",
  • 8:03 - 8:06
    e pensei: "Como vou chamar essa pesquisa?"
  • 8:06 - 8:10
    As primeiras palavras que me vieram
    à mente foram "com todo o coração".
  • 8:10 - 8:13
    Essas são pessoas vivendo desse profundo
    senso de dignidade com todo o coração.
  • 8:13 - 8:17
    Escrevi no topo da pasta manila,
    e comecei a observar os dados.
  • 8:17 - 8:23
    Na verdade, primeiro fiz uma análise
    muito intensa dos dados em quatro dias,
  • 8:23 - 8:27
    quando peguei essas entrevistas,
    histórias e os incidentes.
  • 8:27 - 8:30
    "Qual é o tema? Qual é o padrão?"
  • 8:30 - 8:34
    Meu marido deixou a cidade com as crianças
  • 8:34 - 8:37
    porque eu estava mergulhando
    nessa coisa louca de Jackson Pollock,
  • 8:37 - 8:40
    quando estou escrevendo
    e entro no meu estilo de pesquisadora.
  • 8:41 - 8:43
    E aqui está o que encontrei.
  • 8:46 - 8:49
    Essas pessoas compartilhavam
    uma sensação de coragem
  • 8:49 - 8:53
    e quero separar a coragem
    da bravura por um minuto.
  • 8:53 - 8:58
    Coragem, a definição original da palavra,
    quando surgiu pela primeira vez no inglês,
  • 8:58 - 9:00
    vem do latim "cor", que significa coração,
  • 9:00 - 9:02
    a definição original era contar
    a história de quem você é
  • 9:02 - 9:04
    com todo o seu coração.
  • 9:05 - 9:10
    Essas pessoas, muito simplesmente,
    tinham a coragem de serem imperfeitas.
  • 9:12 - 9:16
    Elas tinham a compaixão
    de serem gentis com elas primeiro
  • 9:16 - 9:18
    e depois com os outros, pois, no final,
  • 9:18 - 9:21
    não conseguimos praticar
    compaixão com os outros
  • 9:21 - 9:23
    se não nos tratarmos com bondade.
  • 9:23 - 9:25
    E o último foi que elas tinham conexão,
  • 9:25 - 9:27
    e esta foi a parte difícil.
  • 9:27 - 9:30
    Como resultado de autenticidade,
  • 9:30 - 9:33
    elas estavam dispostas a renunciar
    a quem pensavam que deveriam ser
  • 9:33 - 9:35
    para serem quem elas eram,
  • 9:35 - 9:39
    o que você tem que fazer,
    certamente, para ter conexão.
  • 9:42 - 9:46
    A outra coisa que elas tinham
    em comum era esta:
  • 9:49 - 9:52
    elas abraçavam totalmente
    a vulnerabilidade.
  • 9:54 - 9:57
    Elas acreditavam
  • 9:58 - 10:01
    que o que as fazia vulneráveis
    as tornava lindas.
  • 10:04 - 10:08
    Elas não falavam sobre vulnerabilidade
    como algo confortável
  • 10:08 - 10:11
    nem que era dolorosa
  • 10:11 - 10:14
    como eu havia ouvido antes
    na entrevista sobre a vergonha.
  • 10:14 - 10:17
    Elas apenas falaram
    sobre isso ser necessário.
  • 10:17 - 10:22
    Falaram sobre a disposição
    de dizer "eu te amo" primeiro.
  • 10:23 - 10:28
    A disposição de fazer algo
    que não dá garantias.
  • 10:30 - 10:35
    A disposição de respirar enquanto aguardam
    a ligação do médico após a mamografia.
  • 10:37 - 10:40
    Estar dispostas a investir
    num relacionamento
  • 10:40 - 10:42
    que pode ou não funcionar.
  • 10:43 - 10:45
    Elas achavam que isso era fundamental.
  • 10:46 - 10:49
    Eu pessoalmente achei que era traição.
  • 10:49 - 10:53
    Não podia acreditar que havia
    prometido lealdade à pesquisa,
  • 10:54 - 10:55
    quando nosso trabalho...
  • 10:55 - 10:58
    a definição de pesquisa
    é controlar e prever,
  • 10:58 - 11:02
    estudar fenômenos pela razão
    explícita de controlar e prever.
  • 11:02 - 11:08
    E agora minha missão de controlar
    e prever tinha provocado a resposta
  • 11:08 - 11:11
    que a maneira de se viver
    é com a vulnerabilidade.
  • 11:11 - 11:13
    E parar de controlar e prever.
  • 11:13 - 11:14
    Isso levou
  • 11:16 - 11:17
    a um pequeno colapso
  • 11:17 - 11:19
    (Risos)
  • 11:21 - 11:24
    que na verdade parecia algo assim:
    [Colapso. Despertar espiritual]
  • 11:24 - 11:25
    (Risos)
  • 11:25 - 11:26
    E foi isso mesmo.
  • 11:26 - 11:28
    E isso levou ao que chamei de colapso,
  • 11:28 - 11:31
    e minha terapeuta chamou
    de "despertar espiritual".
  • 11:31 - 11:32
    (Risos)
  • 11:32 - 11:36
    Despertar espiritual soa melhor,
    mas asseguro que foi um colapso.
  • 11:37 - 11:41
    Tive que rejeitar meus dados
    e procurar um terapeuta.
  • 11:41 - 11:45
    Vou dizer uma coisa: você sabe quem você é
    quando liga para os amigos e diz:
  • 11:45 - 11:49
    "Acho que preciso fazer terapia.
    Tem alguém pra recomendar?"
  • 11:50 - 11:53
    Porque uns cinco amigos meus disseram:
    "Eu não iria querer ser seu terapeuta".
  • 11:53 - 11:56
    (Risos)
  • 11:57 - 11:58
    Eu disse: "Como assim?"
  • 11:58 - 12:03
    E eles: "Só estou dizendo, sabe?
    Não traga sua vareta de medição!"
  • 12:03 - 12:05
    (Risos)
  • 12:06 - 12:07
    E eu: "Tudo bem!"
  • 12:08 - 12:11
    E então encontrei uma terapeuta.
  • 12:11 - 12:13
    E no meu primeiro encontro com ela, Diana,
  • 12:14 - 12:18
    levei na minha lista do modo
    de viver com o todo coração.
  • 12:18 - 12:21
    E ela se sentou e disse: "Como você está?"
  • 12:21 - 12:24
    E eu disse: "Estou ótima, estou bem".
  • 12:24 - 12:26
    E ela disse: "O que está acontecendo?"
  • 12:26 - 12:28
    E essa é uma terapeuta
    que atende terapeutas,
  • 12:28 - 12:32
    pois temos que ir àqueles
    cujos medidores de besteiras são bons.
  • 12:33 - 12:35
    (Risos)
  • 12:36 - 12:41
    Então eu disse: "É o seguinte:
    estou com dificuldades".
  • 12:41 - 12:43
    E ela disse: "Qual é a dificuldade?"
  • 12:44 - 12:46
    Eu disse: "Tenho um problema
    de vulnerabilidade.
  • 12:46 - 12:51
    Sei que a vulnerabilidade é o cerne
    da vergonha e do medo
  • 12:51 - 12:54
    e nossa luta pela dignidade,
    mas parece que é também
  • 12:54 - 12:57
    a fonte da alegria,
  • 12:57 - 13:01
    criatividade, pertença, amor,
  • 13:01 - 13:03
    e acho que tenho um problema,
  • 13:03 - 13:06
    e preciso de ajuda".
  • 13:06 - 13:11
    Eu disse: "É o seguinte: nenhuma questão
    de família ou merda da infância.
  • 13:11 - 13:13
    (Risos)
  • 13:13 - 13:17
    Só preciso de algumas estratégias".
  • 13:17 - 13:19
    (Risos)
  • 13:21 - 13:24
    (Aplausos)
  • 13:24 - 13:25
    Obrigada.
  • 13:28 - 13:30
    Então ela faz assim...
  • 13:30 - 13:32
    (Risos)
  • 13:33 - 13:35
    Então, eu disse: "É ruim, né?"
  • 13:35 - 13:39
    E ela disse: "Não é bom nem ruim.
  • 13:39 - 13:41
    (Risos)
  • 13:41 - 13:42
    É o que é".
  • 13:43 - 13:47
    E pensei: "Oh meu Deus,
    isso vai ser horrível!"
  • 13:47 - 13:48
    (Risos)
  • 13:49 - 13:51
    E foi e não foi.
  • 13:51 - 13:53
    E isso durou cerca de um ano.
  • 13:53 - 13:56
    E sabem como há pessoas
  • 13:56 - 13:59
    que, quando percebem que vulnerabilidade
    e ternura são importantes
  • 13:59 - 14:02
    elas se rendem e entram nessa:
  • 14:03 - 14:05
    a) Essa não sou eu.
  • 14:05 - 14:07
    b) Eu nem saio com gente assim.
  • 14:07 - 14:09
    (Risos)
  • 14:09 - 14:13
    Para mim foi uma briga de rua de um ano.
  • 14:13 - 14:15
    Foi um festival de socos.
  • 14:15 - 14:17
    Vulnerabilidade empurrava,
    eu empurrava de volta.
  • 14:17 - 14:22
    Perdi a luta, mas eu, provavelmente,
    ganhei minha vida de volta.
  • 14:22 - 14:25
    Então voltei para a pesquisa
    e passei os anos seguintes
  • 14:25 - 14:29
    tentando entendê-las,
    as pessoas com o coração todo,
  • 14:29 - 14:31
    que escolhas estavam fazendo
  • 14:31 - 14:35
    e o que estamos fazendo
    com a vulnerabilidade.
  • 14:35 - 14:37
    Por que lutamos tanto contra ela?
  • 14:37 - 14:40
    Estou sozinha lutando
    com a vulnerabilidade?
  • 14:41 - 14:42
    Não.
  • 14:42 - 14:44
    Então isso é o que aprendi.
  • 14:45 - 14:47
    Nós entorpecemos a vulnerabilidade.
  • 14:48 - 14:50
    Quando estamos esperando pela chamada...
  • 14:52 - 14:57
    É engraçado, na quarta-feira, eu acho,
    enviei algo pelo Twitter e Facebook:
  • 14:57 - 15:01
    "Como você define vulnerabilidade
    e o que te faz se sentir vulnerável?"
  • 15:01 - 15:04
    E em uma hora e meia tive 150 respostas.
  • 15:05 - 15:08
    Eu queria saber o que as pessoas achavam.
  • 15:10 - 15:14
    "Ter que pedir ajuda ao meu marido porque
    estou doente e somos recém-casados."
  • 15:14 - 15:16
    "Ter iniciativa no sexo com meu marido."
  • 15:16 - 15:19
    "Ter iniciativa no sexo com minha esposa."
  • 15:19 - 15:22
    "Ser rejeitado."
    "Convidar alguém pra sair."
  • 15:22 - 15:24
    "Esperar o médico retornar a ligação."
  • 15:24 - 15:25
    "Ser demitido."
  • 15:25 - 15:27
    "Demitir pessoas."
  • 15:27 - 15:29
    Este é o mundo em que vivemos.
  • 15:29 - 15:31
    Vivemos num mundo vulnerável.
  • 15:32 - 15:35
    E uma das maneiras de lidar com ele
    é que atenuamos a vulnerabilidade.
  • 15:35 - 15:39
    E acho que há provas,
    e não é a única razão
  • 15:39 - 15:42
    que essas provas existem,
    mas é um motivo enorme.
  • 15:42 - 15:46
    Nós somos o maior grupo
    de adultos individados,
  • 15:46 - 15:49
    obesos,
  • 15:49 - 15:50
    viciados,
  • 15:50 - 15:54
    e medicados da história dos EUA.
  • 15:58 - 16:00
    O problema é,
  • 16:02 - 16:04
    e aprendi isso com a pesquisa,
  • 16:04 - 16:08
    que você não pode atenuar
    a emoção seletivamente.
  • 16:08 - 16:11
    Você não pode dizer:
    "Aqui está o que está ruim.
  • 16:11 - 16:14
    Aqui está a vulnerabilidade,
    aqui está a dor, a vergonha,
  • 16:14 - 16:17
    o medo, a decepção;
    eu não quero sentir isso.
  • 16:17 - 16:21
    Eu vou tomar umas cervejas
    e comer bolinhos de bacalhau".
  • 16:21 - 16:22
    (Risos)
  • 16:23 - 16:25
    Eu não quero sentir isso!
  • 16:25 - 16:27
    E sei que esse riso é de reconhecimento,
  • 16:27 - 16:30
    meu trabalho é invadir suas vidas,
    eu sei: "Haha, meu Deus!"
  • 16:30 - 16:32
    (Risos)
  • 16:33 - 16:39
    Você não pode atenuar esses ressentimentos
    sem atenuar os outros afetos, ou emoções.
  • 16:39 - 16:41
    Não se atenua algo seletivamente.
  • 16:41 - 16:44
    Então, quando nós os atenuamos,
  • 16:44 - 16:45
    atenuamos a alegria,
  • 16:46 - 16:49
    a gratidão e a felicidade.
  • 16:50 - 16:54
    E então, ficamos infelizes,
    buscando um propósito e significado,
  • 16:54 - 16:56
    e, depois, nos sentimos vulneráveis,
  • 16:56 - 17:00
    e por isso tomamos umas cervejas
    e comemos bolinhos de bacalhau.
  • 17:00 - 17:02
    E torna-se um ciclo perigoso.
  • 17:04 - 17:09
    Acho que precisamos pensar
    no porquê e como nós atenuamos,
  • 17:09 - 17:12
    e não tem que ser apenas um vício.
  • 17:13 - 17:16
    A outra coisa que fazemos
    é tornar certo tudo o que é incerto.
  • 17:18 - 17:23
    Religião passou de uma crença
    na fé e mistério para a certeza.
  • 17:23 - 17:26
    "Estou certo, e você errado. Cale a boca."
  • 17:27 - 17:28
    É isso aí.
  • 17:29 - 17:31
    Simplesmente certo.
  • 17:31 - 17:33
    Quanto mais medo temos,
    mais vulneráveis somos,
  • 17:33 - 17:35
    mais medo temos.
  • 17:35 - 17:37
    É o que a política parece ser hoje.
  • 17:37 - 17:40
    Não há mais diálogo; não há conversa.
  • 17:40 - 17:42
    Só existe a culpa.
  • 17:42 - 17:45
    Sabem como a culpa é descrita na pesquisa?
  • 17:45 - 17:48
    "Uma maneira de descarregar
    dor e desconforto."
  • 17:51 - 17:53
    Nós nos aperfeiçoamos.
  • 17:53 - 17:57
    Se há alguém que quer ter
    uma vida assim, seria eu.
  • 17:57 - 17:59
    Mas não funciona.
  • 17:59 - 18:02
    Porque tiramos gordura das nossas bundas
    e colocamos nas nossas bochechas.
  • 18:02 - 18:04
    (Risos)
  • 18:06 - 18:10
    Espero que em cem anos as pessoas
    olhem pra trás e digam: "Uau!"
  • 18:10 - 18:11
    (Risos)
  • 18:13 - 18:16
    E nós aperfeiçoamos,
    mais perigosamente, nossos filhos.
  • 18:16 - 18:20
    Deixem-me dizer muito rapidamente
    o que pensamos sobre as crianças.
  • 18:20 - 18:22
    Elas são programadas para lutar
    quando chegam aqui.
  • 18:22 - 18:26
    Quando seguramos esses bebês perfeitos
    no colo, nosso trabalho não é dizer:
  • 18:26 - 18:29
    "Olhe pra essa criança; ela é perfeita.
  • 18:29 - 18:31
    Meu trabalho é mantê-la perfeita,
  • 18:31 - 18:35
    e garantir que entre para o time de tênis
    no quinto ano e na Yale no sétimo".
  • 18:35 - 18:38
    Mas não é; nosso trabalho
    é observar e dizer:
  • 18:38 - 18:41
    "Você é imperfeita
    e programada para lutar,
  • 18:41 - 18:43
    mas é digna de amor e de pertença".
  • 18:44 - 18:45
    Esse é o nosso trabalho.
  • 18:45 - 18:48
    Mostre-me uma geração
    de crianças criadas assim,
  • 18:48 - 18:51
    e acabaremos com os problemas
    que vemos hoje.
  • 18:51 - 18:52
    Nós fingimos
  • 18:54 - 18:57
    que o que fazemos não tem
    um efeito sobre as pessoas.
  • 18:58 - 19:00
    Fazemos isso em nossas vidas pessoais,
  • 19:00 - 19:01
    no mundo corporativo
  • 19:01 - 19:04
    seja em empréstimos,
    ou um derramamento de óleo,
  • 19:04 - 19:06
    ou um recall.
  • 19:06 - 19:10
    Fingimos que o que estamos fazendo não tem
    um enorme impacto sobre outras pessoas.
  • 19:10 - 19:14
    Gostaria de dizer para as empresas:
    "Esta não é a nossa primeira vez, gente".
  • 19:15 - 19:19
    Só precisamos que vocês
    sejam autênticos e reais e digam:
  • 19:19 - 19:22
    "Sentimos muito, vamos corrigir isso".
  • 19:25 - 19:27
    Mas há outra maneira,
    e deixarei vocês com isso.
  • 19:27 - 19:29
    Isto é o que descobri:
  • 19:29 - 19:34
    permitir que sejamos vistos,
    profunda e vulneravelmente vistos.
  • 19:36 - 19:40
    Amar com nossos corações inteiros,
    mesmo que não haja garantias.
  • 19:40 - 19:42
    E isso é realmente difícil,
  • 19:42 - 19:46
    eu posso dizer a vocês como mãe,
    isso é dolorosamente difícil.
  • 19:48 - 19:50
    Praticar gratidão e alegria
  • 19:50 - 19:54
    naqueles momentos de horror
    quando estamos querendo saber:
  • 19:54 - 19:57
    "Posso te amar tanto assim?
    Posso acreditar nisso com paixão?
  • 19:57 - 19:59
    Posso ser tão fervorosa com isso?"
  • 19:59 - 20:02
    Apenas pausar e, em vez de dramatizar
    sobre o que poderia acontecer,
  • 20:02 - 20:05
    dizer: "Eu sou muito grata,
  • 20:05 - 20:08
    porque me sentir vulnerável
    assim significa que estou viva.
  • 20:08 - 20:11
    E o último, que acredito ser,
    provavelmente, o mais importante,
  • 20:12 - 20:14
    é acreditar que somos suficientes.
  • 20:14 - 20:19
    Porque quando chegamos a um ponto
    em que dizemos: "Eu sou o suficiente",
  • 20:20 - 20:24
    então paramos de gritar,
    e começamos a ouvir.
  • 20:24 - 20:28
    Somos mais bondosos e gentis
    com pessoas ao nosso redor e conosco.
  • 20:29 - 20:31
    É tudo o que tenho. Obrigada.
  • 20:31 - 20:33
    (Aplausos)
Title:
O poder da vulnerabilidade | Brené Brown | TedxHouston
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Brené Brown estuda a conexão humana - nossa capacidade de sentir empatia, pertencer, amar. Nessa conversa pungente e engraçada, ela compartilha uma visão profunda de sua pesquisa, que a envolveu numa busca pessoal para conhecer a si mesma e compreender a humanidade. Uma conversa para compartilhar.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
20:45

Portuguese, Brazilian subtitles

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