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The Basics of Non Violent Communication DVD 1 Part 1: The Purpose of Nonviolent Communication & Expressing Observations and Feelings

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    Fundamentos da Comunicação Não-Violenta, com o Doutor Marshall B. Rosenberg.
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    Esta apresentação foi filmada num workshop introdutório de um dia, que decorreu em Abril de 2000 em São Francisco, Califórnia.
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    Parte 1: O Objectivo da Comunicação Não-Violenta e a Expressão de Observações e Sentimentos
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    ... mas primeiro, vamos começar por
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    clarificar o objectivo da
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    Comunicação Não-Violenta.
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    A sua finalidade é ajudar-vos a fazer
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    aquilo que vocês já sabem fazer.
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    Porque é que precisamos de aprender hoje
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    o que já sabemos fazer?
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    Porque às vezes esquecemos-nos de o fazer.
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    Esquecemos-nos porque fomos educados para esquecer.
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    Agora, o que é que quero dizer com isto
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    que já sabemos como fazer?
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    A finalidade deste processo é ajudar-nos
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    a relacionarmo-nos de uma forma que
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    torna possível a generosidade autêntica.
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    A generosidade autêntica possível.
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    O que quero dizer com generosidade autêntica?
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    Deixem-me mostrar-vos uma canção para esclarecer
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    o que quero dizer por generosidade autêntica.
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    "Eu nunca me sinto
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    mais generoso
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    do que quando recebes de mim.
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    Quando compreendes a alegria que sinto
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    por cuidar de ti.
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    E sabes que a minha generosidade não pretende
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    endividar-te para comigo,
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    mas porque quero viver
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    o amor
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    que sinto por ti.
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    Receber com bondade
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    poderá ser a maior dádiva.
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    Não me é possível
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    distinguir um do outro.
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    Quando me dás, eu dou-te a minha aceitação
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    e quando recebes de mim
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    sinto a tua generosidade.
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    Todos vocês conhecem esta generosidade.
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    Sabem como fazê-lo.
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    E é nisto que estou interessado,
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    recordarmo-nos de permanecer com essa capacidade de generosidade
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    momento a momento, em qualquer ligação.
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    Mas todos sabemos também que é fácil perdê-la.
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    É fácil perder a ligação,
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    então, em vez de
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    desfrutarmos da capacidade de ser generosos,
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    o que é possível em cada momento,
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    em cada contacto que temos.
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    Apesar da sua preciosidade, esquecemo-nos.
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    E em vez de jogar o jogo desta canção
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    que designo de "tornar a vida maravilhosa."
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    É o jogo mais divertido que já conheci.
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    Pelo contrário, na maior parte do tempo
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    jogamos outro jogo
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    chamado "quem tem razão?"
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    Alguma vez jogaram a esse jogo?
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    [risos]
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    É um jogo em que todos perdem,
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    então, não é incrível,
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    que todos nós conheçamos esta capacidade de ser generoso
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    de que tratava a canção?
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    É possível a cada momento,
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    nós... nós... descobrirmos que
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    é a acção mais enriquecedora possível,
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    e na maior parte das vezes acabamos a jogar ao "quem tem razão?"
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    Agora, o jogo do "quem tem razão?"
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    envolve duas das coisas
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    mais tortuosas que os seres humanos
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    já descobriram. Primeiro, o castigo.
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    Porque, estão a ver, se estiverem errados
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    no jogo do "quem tem razão?"
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    então merecem sofrer.
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    Conseguem imaginar uma noção mais diabólica
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    de educação das pessoas?
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    Então... se vocês ainda não se abstiveram do castigo,
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    Estou certo de que acabará por
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    deixar de fazer parte da vossa consciência.
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    Acaba-se com o castigo.
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    Não o farão nas vossas famílias,
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    vamos deixar de o aplicar aos criminosos, apenas aumenta a violência,
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    vamos encontrar outras maneiras de lidar com outras nações
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    para além do castigo.
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    Acabou-se o castigo.
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    Acabou-se a recompensa.
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    Faz parte do mesmo jogo.
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    Faz parte do jogo do "quem tem razão?"
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    Se tens razão, és recompensado.
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    Se estiveres errado, és castigado.
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    Nunca mais. Nunca mais.
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    Já criou violência suficiente no planeta.
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    Acaba-se com a sugestão de culpa. Vêem?
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    Acaba-se com a vergonha.
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    Acabará a noção de dever e de obrigação.
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    Precisamente o tema desta canção, generosidade natural.
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    Então, onde é que errámos?
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    Onde errámos, de acordo com
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    Walter Wink, um teólogo,
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    que escreveu no seu livro "The Powers That Be" [Os Poderes que Existem],
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    Errámos há cerca de 5000 anos.
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    Nós... nós perdemos...
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    Errámos, porque
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    começamos a ter uns "palpites".
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    O palpite de que
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    os seres humanos são naturalmente maus.
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    Quando se acredita que os seres humanos são naturalmente maus,
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    então, se as coisas não acontecem como gostaríamos,
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    qual é o processo de correcção?
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    O processo de correcção é penitência. Estão a ver?
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    Se as pessoas são más, crê-se que a forma de provocar a mudança
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    quando as pessoas se comportam de uma maneira de que você não gosta
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    é fazer com que as pessoas se odeiem
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    por causa do que estão a fazer.
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    Assim, por estas razões políticas
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    e teológicas,
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    começamos a desenvolver uma "Eu-linguagem",
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    que chamo de Eu-linguagem do chacal. É uma...
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    linguagem que nos arranca da vida
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    e, hum,
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    facilita muito ser-se violento.
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    Facilita muito ser-se violento. Na verdade,
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    nesse livro que mencionei,
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    Wink diz que as culturas de domínio...
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    uma das coisas que se tem que ensinar às pessoas
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    é fazer da violência algo agradável. Percebem?
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    E temos feito um bom trabalho nesse campo. Tornámos a violência agradável na nossa cultura.
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    Duas horas por noite, entre as 7 e as 9, quando
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    as crianças estão, na sua maioria, a ver televisão,
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    em 75% dos programas que assistem,
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    o herói ou mata alguém
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    ou bate em alguém. Estão a ver?
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    E quando é que isto acontece? No clímax do programa.
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    Fomos educados já há algum tempo
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    para tornar a violência agradável,
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    Assim, mesmo que eu pense que esta canção seja sobre
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    o que realmente está mais perto da nossa natureza,
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    esta generosidade natural,
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    fomos educados para tornar a violência em algo agradável,
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    e fomos educados de forma a podermos
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    ser violentos para com as nossas crianças.
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    Então, como é a linguagem do chacal?
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    Estão a ver? A linguagem do chacal, como já mencionei, é uma linguagem de
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    julgamentos moralistas.
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    Pensa-se em termos de quem está certo, quem está errado,
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    quem é bom, quem é mau,
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    e quando se fala de mudança,
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    sim, às vezes queremos mudança,
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    como é que se obtém mudança no sistema-chacal?
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    Vejam um pai a tentar provocar a mudança numa criança.
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    Este é um pai a ensinar uma criança pequena,
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    que diz algumas das palavras mais importantes em "chacal":
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    - "Pede desculpa."
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    - "Desculpa..."
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    - "Não estás realmente arrependido. Noto que não estás realmente arrependido."
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    [choro]
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    - "Desculpa"
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    - "OK, eu perdoo-te."
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    Conseguem imaginar um jogo destes?
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    Conseguem imaginar um pai a responder a uma criança desta maneira?
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    E se um pai faz isso com uma criança da própria família,
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    o que farão
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    a pessoas de outras culturas que se comportam
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    de uma maneira que não lhes agrada?
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    Então, é claro que vai haver violência sempre que houver este tipo de pensamento.
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    Nas culturas que não têm este [tipo de] pensamento,
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    Não se vê violência, percebem?
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    Portanto... Foi esse o nosso erro.
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    Mesmo que pudéssemos jogar ao
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    "Tornar a vida maravilhosa" a cada momento,
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    fomos educados durante bastante tempo
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    para jogar outro jogo: "quem tem razão?"
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    Então, quais são as partes deste jogo do "quem tem razão?"
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    Acabei de falar de uma delas.
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    Uma parte são os julgamentos moralistas são uma parte...
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    Ansiando por nos subir à cabeça
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    e que funcionam em termos básicos de certo e errado,
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    bom e mau,
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    normal/anormal.
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    Eu aprendi muito bem a jogar este jogo.
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    Falo vários dialectos de "chacal".
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    [risos]
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    Eu cresci a falar... Eu cresci em Detroit.
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    Falávamos um dialecto bastante duro de "chacal".
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    Podem chamá-lo "chacal de Detroit".
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    Por exemplo, se estou a conduzir
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    e alguém está a conduzir de uma maneira que não me agrada,
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    mais uma vez quero instalar uma mudança, estão a ver?
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    Abro o vidro e grito "Idiota!"
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    [risos]
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    Em teoria, a pessoa devia arrepender-se.
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    Vêem? [Risos]
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    "Confesso que estava errado, senhor.
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    Vou mudar o meu comportamento erróneo."
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    É uma bela teoria. E não funcionou.
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    Tentei mais que uma vez. Não funciona.
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    Então pensei que talvez fosse por causa
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    desse dialecto particular de chacal.
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    Então decidi começar a utilizar um chacal mais culto,
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    então fui para a universidade e obtive o grau de doutor
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    em chacal profissional.
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    [risos]
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    Agora, quando alguém conduz de uma maneira que não me agrada,
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    Abro o vidro e grito "psicopata!"
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    [risos]
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    Ainda não funciona!
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    Vêem?
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    Há outra parte desta linguagem de chacal.
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    "Amtssprache"
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    "Amtssprache". Isso é muito importante. Estão a ver?
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    Uma linguagem que nega a escolha,
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    que nega a responsabilidade pelas nossas acções.
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    Uso a palavra "amtssprache" para esta parte,
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    depois de ler uma entrevista com o criminoso de guerra nazi
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    Adolf Eichmann
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    Durante o seu julgamento por crimes de guerra em Jerusalém.
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    perguntaram a Eichmann: "foi difícil conduzir dezenas de
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    milhares de pessoas à morte?"
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    e Eichmann respondeu candidamente.
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    Ele disse: "para dizer a verdade, foi fácil.
  • 11:10 - 11:12
    A nossa linguagem facilitou."
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    Essa entrevista foi chocante,
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    a resposta chocou o entrevistador,
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    e o entrevistador perguntou "que linguagem?"
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    Eichmann disse "de facto, eu e os meus colegas oficiais nazis,
  • 11:25 - 11:27
    tínhamos o nosso próprio nome para a nossa linguagem.
  • 11:27 - 11:30
    chamámo-la Amtssprache"
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    Amt em alemão significa "escritório", e Sprache significa "linguagem"
  • 11:33 - 11:37
    Eu chamar-lhe-ia "linguagem burocrática".
  • 11:37 - 11:39
    Pediram-lhe para dar alguns exemplos.
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    Eichmann disse: "é uma linguagem
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    pela qual se nega a responsabilidade pelas suas... suas próprias acções.
  • 11:47 - 11:52
    Então, se alguém perguntar porquê, você diz "Tive que o fazer".
  • 11:52 - 11:54
    assim não se sente tão mal. Se você tiver que fazê-lo,
  • 11:54 - 11:57
    percebem, não são responsáveis.
  • 11:57 - 11:59
    "Mas porque é que o teve de fazer, chacal?"
  • 11:59 - 12:01
    "Ordens superiores".
  • 12:02 - 12:04
    "Política da empresa".
  • 12:04 - 12:06
    "Fui obrigado"
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    "Não podia fazer de outra forma"
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    Uma linguagem muito perigosa esta, Amtssprache.
  • 12:12 - 12:14
    Muito perigosa.
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    Temos "escolas-girafa".
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    Eu uso a palavra "girafa", vejam, como um
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    símbolo de não-violência.
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    Vamos ver hoje que
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    a linguagem que vamos estudar é a linguagem do coração.
  • 12:27 - 12:29
    Então, uso a linguagem da girafa para isso,
  • 12:29 - 12:31
    porque as girafas têm o maior coração
  • 12:31 - 12:33
    de entre os animais terrestres, então...
  • 12:38 - 12:40
    a girafa exige...
  • 12:42 - 12:45
    estar sempre consciente de escolha. Estão a ver?
  • 12:45 - 12:48
    Nunca fazemos nada que não escolhamos fazer.
  • 12:50 - 12:53
    Mas eu estava a ensinar "girafa" a um grupo de pais
  • 12:53 - 12:55
    e professores numa comunidade,
  • 12:55 - 12:58
    e nós temos "escolas-girafa" em todo o mundo.
  • 12:58 - 13:01
    Temos 5 em Israel, 4 na Palestina,
  • 13:02 - 13:05
    algumas na Sérvia, e assim por diante.
  • 13:05 - 13:07
    E nas "escolas-girafa", claro, queremos
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    certificar-nos de que os professores e pais
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    nunca usem Amtssprache.
  • 13:12 - 13:15
    Uma das linguagens mais perigosas do mundo.
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    Para ensinar uma criança tem que se fazer algo.
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    Então, uma vez, eu estava a dizer isto em St. Louis, Missouri,
  • 13:23 - 13:25
    a um grupo de pais e professores,
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    e uma mãe ficou muito chateada. Ela disse
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    "Mas há algumas coisas que você tem que fazer, quer goste de as fazer ou não.
  • 13:31 - 13:34
    É o nosso dever como pais ensinar aos nossos filhos o que eles têm de fazer.
  • 13:34 - 13:36
    Quero dizer, há coisas que eu faço todos os dias que odeio fazer,
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    mas simplesmente há algumas coisas que você tem que fazer".
  • 13:41 - 13:44
    "Bem", eu disse, "Pode dar-me um exemplo?"
  • 13:44 - 13:47
    Ela disse: "Bem, é fácil, há muitos. Deixe-me pensar.
  • 13:47 - 13:50
    Ok. Por exemplo quando eu for embora daqui hoje.
  • 13:50 - 13:52
    Tenho que ir para casa e cozinhar.
  • 13:52 - 13:54
    Odeio cozinhar.
  • 13:54 - 13:59
    Odeio mesmo, mas tenho feito isso todos os dias durante 20 anos,
  • 13:59 - 14:02
    mesmo quando estava doente".
  • 14:02 - 14:03
    [risos]
  • 14:03 - 14:05
    Bem, disse eu, "vou ficar muito contente hoje
  • 14:06 - 14:07
    por lhe mostrar outra maneira de pensar,
  • 14:08 - 14:12
    Outra linguagem que, espero , abra possibilidades mais felizes para si"
  • 14:13 - 14:17
    Bem, tenho prazer em informar que ela era uma veloz estudante de 'girafa'.
  • 14:17 - 14:19
    Nessa mesma noite, ela foi para casa
  • 14:19 - 14:24
    e anunciou à sua família que não queria cozinhar mais.
  • 14:24 - 14:25
    [risos]
  • 14:25 - 14:28
    Recebi alguns comentários da família dela.
  • 14:29 - 14:31
    [risos]
  • 14:31 - 14:33
    As reacções chegaram duas semanas mais tarde, quando eu
  • 14:33 - 14:36
    visitei outra vez essa cidade
  • 14:36 - 14:38
    e estava a fazer um workshop ao fim da tarde,
  • 14:38 - 14:43
    e quem é que aparece? Os dois filhos mais velhos dela. Ela tinha 4 filhos.
  • 14:43 - 14:47
    Vieram no início para se apresentar, e
  • 14:47 - 14:49
    eu disse: "Ei, ainda bem que vieram.
  • 14:49 - 14:52
    Estou muito curioso sobre a vossa família
  • 14:52 - 14:54
    A vossa mãe tem-me telefonado regularmente
  • 14:54 - 14:57
    a contar tudo o que ela mudou na sua vida
  • 14:57 - 14:59
    desde a formação.
  • 15:00 - 15:02
    Por exemplo "o que é que aconteceu na primeira noite, quando chegou a casa
  • 15:02 - 15:05
    e anunciou que não queria cozinhar mais?"
  • 15:06 - 15:07
    O filho mais velho disse-me:
  • 15:07 - 15:11
    "Marshall, eu disse a mim mesmo, graças a Deus"
  • 15:11 - 15:13
    [risos]
  • 15:21 - 15:23
    Pedi-lhe: "ajuda-me a perceber isso."
  • 15:23 - 15:24
    Ele respondeu "eu disse a mim mesmo,
  • 15:24 - 15:29
    talvez agora deixe de se queixar todas as refeições", está a ver?
  • 15:29 - 15:32
    Estão a ver, a generosidade natural, quando comecei o dia com aquela canção,
  • 15:32 - 15:36
    qualquer coisa que façamos na vida que não vem dessa energia,
  • 15:36 - 15:39
    pagamos por isso, e todos os outros pagam também.
  • 15:40 - 15:43
    Tudo que fazemos por medo de um castigo,
  • 15:43 - 15:45
    é pago por todos.
  • 15:45 - 15:49
    Tudo que fazemos por uma recompensa, é pago por todos.
  • 15:49 - 15:52
    Tudo que fazemos para que as pessoas gostem de nós,
  • 15:52 - 15:54
    é pago por todos.
  • 15:54 - 15:57
    Tudo que fazemos por culpa, vergonha,
  • 15:57 - 16:00
    dever, obrigação, é pago por todos.
  • 16:00 - 16:02
    Não foi para isso que fomos criados.
  • 16:02 - 16:05
    Mas sim para desfrutar do acto de dar.
  • 16:05 - 16:07
    Dar a partir do coração.
  • 16:10 - 16:12
    - Hã... Marshall?
  • 16:12 - 16:14
    - Sim? - Estou aqui.
  • 16:14 - 16:16
    O meu filho trouxe-me a um dos seus seminários,
  • 16:16 - 16:18
    e conheci-o há uns 10 anos atrás, - Sim.
  • 16:19 - 16:20
    - Em Oakland. - Sim.
  • 16:20 - 16:22
    - Agora, estou a tentar trazer o meu filho de volta.
  • 16:22 - 16:26
    Estou aqui, e ele
  • 16:27 - 16:29
    disse ontem à noite, quando eu lhe disse que vinha aqui,
  • 16:29 - 16:33
    "bem, porque não vais? Eu tenho alguns compromissos.
  • 16:33 - 16:36
    Talvez possas ensinar-me alguma coisa".
  • 16:36 - 16:39
    Então pensei que poderia vir para aprender algo.
  • 16:39 - 16:40
    Talvez eu possa ensinar-lhe.
  • 16:40 - 16:43
    Mas apesar de querer ensinar-lhe, não sei como fazê-lo.
  • 16:44 - 16:45
    Gostaria de ensinar-lhe a,
  • 16:46 - 16:48
    pelo menos, disponibilizar-me uma hora por dia
  • 16:48 - 16:51
    para comunicar com ele. Ele não o faz de bom grado.
  • 16:51 - 16:54
    E se tento exigir isso dele,
  • 16:54 - 16:56
    torna-se pior. - Sim.
  • 16:56 - 16:58
    - Como posso fazer isso?
  • 16:59 - 17:01
    - Bem, essa seria uma boa situação para trabalharmos hoje,
  • 17:02 - 17:04
    porque vou pedir a todos que
  • 17:04 - 17:06
    pensem agora numa situação, em que
  • 17:06 - 17:08
    alguém se está a comportar de uma maneira de que não vos agrada.
  • 17:08 - 17:10
    Portanto, neste caso, é o seu filho que, quando
  • 17:10 - 17:13
    você lhe pede para comunicar, ele diz que não.
  • 17:14 - 17:17
    A primeira coisa que sugiro é que vocês não podem ensinar nada a ninguém.
  • 17:17 - 17:17
    lsso mesmo.
  • 17:17 - 17:22
    E ter isso como um objectivo, é criar problemas.
  • 17:22 - 17:25
    Então, vamos mudar o objectivo.
  • 17:26 - 17:29
    Vamos tentar nunca ensinar nada a alguém ou mudar alguém.
  • 17:30 - 17:31
    Se esse for o objectivo,
  • 17:31 - 17:34
    irão criar resistência.
  • 17:34 - 17:37
    Então, essa é a minha primeira sugestão de hoje.
  • 17:37 - 17:41
    Nunca tente ensinar seja o que for, ou mudar alguém.
  • 17:42 - 17:44
    Está claro? - Sim.
  • 17:44 - 17:45
    - OK.
  • 17:45 - 17:48
    - O fazer, então? Desistir? - Oh, não, não, não,
  • 17:48 - 17:54
    Vejam, este é... este é o pensamento que tem sido inculcado em nós pelos chacais, vêem?
  • 17:54 - 17:56
    O jogo do "quem tem razão?", vitória-derrota.
  • 17:56 - 17:58
    Então, se não podemos mudar
  • 17:58 - 18:00
    e vencer, então a opção que consideramos
  • 18:00 - 18:03
    é ser estúpido e perder. Estão a ver?
  • 18:03 - 18:07
    Fomos educados para pensar dessas duas formas, vitória-derrota.
  • 18:07 - 18:09
    certo-errado.
  • 18:09 - 18:10
    Não, vou mostrar-vos uma maneira.
  • 18:10 - 18:12
    Outra opção.
  • 18:12 - 18:16
    OK. Vamos lá. Vamos dar-vos a oportunidade de praticar isto.
  • 18:16 - 18:19
    Alguns de vocês já pensaram em situações,
  • 18:19 - 18:23
    em que querem que alguém comunique convosco, mas diz que não.
  • 18:23 - 18:27
    Então, pensem em alguém que agora se está a comportar
  • 18:27 - 18:30
    de uma maneira que não torna a vossa vida maravilhosa,
  • 18:30 - 18:35
    e vocês gostariam de chegar àquele lugar de que fala a canção,
  • 18:35 - 18:37
    onde as necessidades de todos podem ser satisfeitas,
  • 18:37 - 18:41
    e as pessoas dão umas às outras a partir do coração, de bom grado.
  • 18:42 - 18:43
    Não por coerção. Percebem?
  • 18:43 - 18:47
    Vamos ver se podemos mostrar um processo para chegar lá, nesta situação,
  • 18:47 - 18:50
    Para satisfazermos as necessidades de todos,
  • 18:51 - 18:55
    e onde as pessoas dão de bom grado, sem qualquer coerção.
  • 18:55 - 18:57
    Então, talvez quando estiverem em casa,
  • 18:57 - 19:01
    hoje, talvez escolham trabalhar com uma criança com quem vivam
  • 19:01 - 19:05
    que diz coisas-de-chacal horríveis, como
  • 19:05 - 19:07
    "não."
  • 19:07 - 19:08
    [risos]
  • 19:08 - 19:12
    Oh, vocês riem-se. Experimentem viver com uma durante algum tempo.
  • 19:13 - 19:16
    "Escova os dentes, por favor", "não"
  • 19:17 - 19:21
    Talvez estejam a viver com um parceiro que fala "chacal",
  • 19:21 - 19:24
    que vos diz coisas-chacais horríveis, como
  • 19:24 - 19:27
    "magoas-me quando dizes isso."
  • 19:28 - 19:31
    Vamos ver hoje como é um acto violento
  • 19:31 - 19:34
    dizer que os outros nos fazem sentir da forma como nos sentimos. Percebem?
  • 19:35 - 19:39
    Dar a entender que os outros são capazes de nos fazer sentir magoados ou zangados.
  • 19:41 - 19:46
    Talvez no trabalho alguém se esteja a comportar de uma maneira que não nos agrada. Chegam atrasados.
  • 19:46 - 19:49
    Não estão a produzir tão bem como gostaríamos.
  • 19:50 - 19:53
    Talvez o vosso vizinho tenha andado a molestar sexualmente crianças.
  • 19:53 - 19:58
    Escolham quem quiserem, alguém que se comporta de uma maneira que não vos agrada,
  • 19:58 - 20:00
    e vocês gostariam de ver como
  • 20:00 - 20:05
    chegaríamos ao objectivo de criar a qualidade da ligação
  • 20:05 - 20:08
    que irá satisfazer as necessidades de todos
  • 20:08 - 20:11
    através da generosidade natural. Esse é o nosso objectivo.
  • 20:11 - 20:15
    OK? Agora, abram as vossas fotocópias
  • 20:17 - 20:19
    na última página.
  • 20:19 - 20:22
    Na penúltima página. No topo está escrito
  • 20:22 - 20:27
    "Expressar como somos e o que gostaríamos"
  • 20:37 - 20:40
    e no ponto "a" diz para pensar em alguém
  • 20:40 - 20:45
    que faz algo que torna a sua vida menos maravilhosa"
  • 20:45 - 20:48
    então esta pessoa na qual peço que pensem
  • 20:48 - 20:51
    a qual se comporta actualmente de uma forma que vos é pouco agradável,
  • 20:51 - 20:54
    e gostaria que respondessem a esta pergunta.
  • 20:54 - 20:58
    Escrevam aqui uma coisa que a pessoa faz de que vocês não gostem.
  • 20:59 - 21:01
    Vamos trabalhar numa acção específica
  • 21:01 - 21:04
    que a pessoa faz e de que vocês não gostam.
  • 21:04 - 21:07
    Para que se familiarizem com o processo hoje.
  • 21:07 - 21:12
    Talvez a pessoa faça várias coisas, mas vamos mostrar-vos como funciona o processo
  • 21:12 - 21:18
    mostrando-vos como comunicar com a pessoa sobre algo específico que eles façam.
  • 21:18 - 21:24
    Então escrevam em "a" uma coisa que esta pessoa faz que vocês não gostam.
  • 21:26 - 21:29
    - Quando eu estava aqui em São Francisco
  • 21:29 - 21:34
    a trabalhar com o sistema escolar nos anos 70,
  • 21:34 - 21:37
    o superintendente das escolas pediu-me para ir a uma escola primária.
  • 21:37 - 21:43
    Ele disse que os pais se estavam a queixar sobre a qualidade do relacionamento entre os professores
  • 21:43 - 21:47
    e o director. Disseram que a tensão dentro da escola
  • 21:47 - 21:52
    era tanta, que os pais queriam tirar os filhos de lá.
  • 21:52 - 21:57
    Então ele perguntou se eu podia ir lá, a ver se melhorava comunicação entre a equipa
  • 21:57 - 22:00
    e o director.
  • 22:00 - 22:03
    O plano era encontrar-me com os professores primeiro
  • 22:03 - 22:05
    e, em seguida, juntar os professores e o director.
  • 22:06 - 22:09
    Então, na minha reunião com os professores, eu comecei com a questão
  • 22:09 - 22:12
    que acabei de vos perguntar. Perguntei aos professores
  • 22:12 - 22:16
    "Podem dizer-me uma coisa que o director faz
  • 22:16 - 22:20
    que dificulta o vosso trabalho com ele?"
  • 22:20 - 22:22
    Estava a pedir uma observação.
  • 22:22 - 22:24
    Um comportamento concreto.
  • 22:24 - 22:27
    Uma coisa que ele faz?
  • 22:27 - 22:30
    O primeiro professor a responder disse isto:
  • 22:31 - 22:33
    "Tem uma grande boca" [é um 'desbocado']
  • 22:35 - 22:39
    Agora, podem ver a diferença entre a pergunta que fiz e a resposta que tive?
  • 22:40 - 22:44
    Eu não perguntei "qual o tamanho da boca do director?"
  • 22:44 - 22:46
    [risos]
  • 22:47 - 22:50
    Portanto, este professor estava a dar-me uma avaliação,
  • 22:50 - 22:53
    uma análise que assumia um erro. Percebem?
  • 22:53 - 22:57
    Temos sido tão treinados a pensar dessa forma
  • 22:57 - 23:01
    que às vezes não conseguimos separar facto e opinião.
  • 23:01 - 23:04
    Tudo o que vemos é a imagem do inimigo.
  • 23:06 - 23:08
    Quer se trate de um indivíduo ou de uma nação,
  • 23:08 - 23:10
    fomos treinados para pensar
  • 23:10 - 23:13
    em termos de imagens dos erros dos nossos inimigos.
  • 23:15 - 23:19
    Isso esconde a realidade. Não vemos o comportamento.
  • 23:19 - 23:22
    Vemos apenas a imagem do inimigo.
  • 23:22 - 23:24
    No seu livro "Out Of Weakness" [Por Causa da Fraqueza]
  • 23:24 - 23:29
    Andrew Schmookler diz que, quando as culturas são ensinadas a pensar desta forma,
  • 23:29 - 23:31
    e não para olhar para a pessoa em si,
  • 23:32 - 23:35
    mas para uma imagem, para uma opinião,
  • 23:37 - 23:40
    as bombas nunca estão longe. Percebem?
  • 23:41 - 23:44
    Então, chamei a atenção do senhor para isto,
  • 23:44 - 23:46
    que aquilo não era uma resposta à minha pergunta,
  • 23:46 - 23:50
    Eu queria saber uma coisa que o director tivesse feito.
  • 23:50 - 23:54
    O homem tinha emperrado. Simplesmente não conseguia perceber.
  • 23:54 - 23:56
    A mulher sentada ao lado dele tentou ajudar. Ela disse:
  • 23:56 - 23:57
    "Bem, eu sei a que é que ele se refere"
  • 23:57 - 23:59
    Eu disse, "OK, ajude-o.
  • 23:59 - 24:01
    O que é que o director faz?"
  • 24:01 - 24:03
    "Ele fala demais."
  • 24:04 - 24:07
    Não, "demais" é um juízo de valor.
  • 24:07 - 24:10
    Pedi uma observação, não um julgamento.
  • 24:10 - 24:12
    Vêem, isto é como as pessoas que falam 'chacal' pensam.
  • 24:12 - 24:16
    Eles foram educados para pensar que existe realmente uma tal coisa,
  • 24:16 - 24:19
    uma "quantidade certa" para tudo.
  • 24:21 - 24:22
    E "demais", e "muito pouco",
  • 24:23 - 24:25
    e que reconhecem cada uma das quantidades. Percebem?
  • 24:25 - 24:27
    Então pensam dessa forma.
  • 24:28 - 24:31
    Isto não facilita a resolução de conflitos entre eles, quando
  • 24:31 - 24:33
    as pessoas têm a ideia de que existe uma quantidade certa e
  • 24:34 - 24:37
    um "demais" e um "muito pouco" e que sabem reconhecê-las.
  • 24:37 - 24:39
    Especialmente quando misturam isto com uma observação.
  • 24:39 - 24:41
    Eu estava só a perguntar "o que é que a pessoa faz?"
  • 24:41 - 24:45
    e, novamente, pela segunda vez, essa pessoa não conseguia ver o comportamento
  • 24:45 - 24:48
    separado do juízo de valor.
  • 24:49 - 24:50
    Uma terceira pessoa tentou ajudar.
  • 24:51 - 24:53
    "Bem, eu sei do que estão a falar" "OK, o que é?"
  • 24:53 - 24:57
    "Ele pensa que é o único que tem alguma coisa válida a dizer".
  • 24:58 - 25:00
    Não. Dizerem-me o que vocês acham que ele pensa
  • 25:00 - 25:06
    é uma avaliação que estão a fazer baseada no que acham que ele está a pensar.
  • 25:06 - 25:09
    Eu perguntei "o que é que ele faz?"
  • 25:10 - 25:11
    Uma quarta mulher disse:
  • 25:11 - 25:14
    "Ele quer ser sempre o centro das atenções."
  • 25:14 - 25:18
    Eu disse, "agora está a dar-me uma opinião ou um diagnóstico dos motivos dele."
  • 25:18 - 25:23
    "Mesmo que seja correcto, é um diagnóstico dos motivos dele. Não é um comportamento observável."
  • 25:23 - 25:26
    "A minha pergunta era 'o que é que ele faz?"
  • 25:27 - 25:30
    Agora, todo o corpo docente fica calado.
  • 25:30 - 25:33
    Ninguém consegue responder à pergunta.
  • 25:33 - 25:37
    E uma das mulheres disse para mim: "Caramba, Marshall, isto é difícil."
  • 25:37 - 25:42
    Sim. De facto, o filósofo Krishnamurti diz que
  • 25:43 - 25:50
    "Observar sem avaliar é a mais elevada forma de inteligência humana"
  • 25:50 - 25:54
    Assim, aqueles de nós que foram ensinados a pensar nestas imagens do inimigo
  • 25:54 - 26:00
    Imediatamente a pensar em termos de certo-errado, bom-mau, normal-anormal, adequado-inadequado,
  • 26:00 - 26:02
    demasiado disto, demasiado daquilo...
  • 26:03 - 26:07
    Não conseguimos ver a realidade. Tudo o que vemos são as nossas imagens do inimigo.
  • 26:10 - 26:13
    Bem, com grande ajuda... com grande esforço da minha parte,
  • 26:13 - 26:15
    finalmente consegui que se livrassem das imagens
  • 26:15 - 26:19
    e respondessem a esta simples pergunta, "o que é que ele faz?"
  • 26:19 - 26:22
    Eram várias coisas, mas havia algo em particular que queriam abordar
  • 26:22 - 26:24
    para começar a trabalhar com ele, que era isto,
  • 26:24 - 26:27
    durante as reuniões semanais de professores,
  • 26:28 - 26:30
    independentemente do que estava agendado,
  • 26:30 - 26:35
    ele tornava a reunião numa experiência de guerra ou numa experiência da sua infância,
  • 26:35 - 26:39
    as as reuniões duravam em média mais 20 minutos do que o programado.
  • 26:39 - 26:42
    OK. Isso respondeu à questão acerca do que ele fazia.
  • 26:42 - 26:45
    Ele falava sobre as experiências de guerra, experiências da infância,
  • 26:45 - 26:48
    em vez de seguir a ordem de trabalhos.
  • 26:48 - 26:51
    Eu perguntei, "Chamaram-lhe a atenção para isso?"
  • 26:51 - 26:54
    eles disseram, "Bem, agora vemos que, quando tentamos falar com ele sobre isso,
  • 26:54 - 26:58
    misturamos os outros juízos de valor, e ele torna-se defensivo."
  • 26:58 - 27:01
    Então pensaram que seria uma boa ideia falar com ele sobre isto,
  • 27:01 - 27:05
    mas pediram-me para ir à reunião, por precaução.
  • 27:05 - 27:07
    Então assisti à reunião seguinte do pessoal docente,
  • 27:07 - 27:10
    e vi muito rapidamente aquilo a que se referiam,
  • 27:10 - 27:14
    porque assim que um problema fosse abordado, o director dizia,
  • 27:14 - 27:16
    "Oh, isso lembra-me de uma vez que..."
  • 27:16 - 27:19
    e começava a contar uma história.
  • 27:20 - 27:24
    e eu estava à espera que alguém o confrontasse sobre isto, "em girafa",
  • 27:25 - 27:29
    mas em vez disso, começou a haver imensas "chacalices" não-verbais.
  • 27:29 - 27:33
    As pessoas estavam assim, a revirar os olhos,
  • 27:34 - 27:36
    a dar cotoveladas na pessoa ao lado,
  • 27:37 - 27:38
    a bocejar,
  • 27:39 - 27:41
    a olhar para os relógios,
  • 27:41 - 27:44
    a segurar os relógios ao lado das orelhas.
  • 27:44 - 27:45
    [risos]
  • 27:49 - 27:53
    E assisti a este cenário durante algum tempo, e disse: "hmhm. Desculpem, mas...
  • 27:53 - 27:56
    ninguém vai dizer nada?"
  • 27:57 - 27:59
    Agora há um silêncio, e o homem que
  • 27:59 - 28:02
    falou no nosso primeiro encontro, eu estava mesmo a vê-lo a ganhar coragem,
  • 28:03 - 28:05
    e ele olha para o director e diz: "Ed,
  • 28:05 - 28:07
    você tem uma grande boca."
  • 28:07 - 28:09
    [risos]
  • 28:10 - 28:14
    Então, vamos se o que escreveram responde à pergunta que fiz.
  • 28:14 - 28:17
    É um comportamento observável? Ou misturaram avaliações?
  • 28:17 - 28:22
    E estes meus dois amigos aqui vão-nos ajudar a fazer esta avaliação.
  • 28:22 - 28:24
    Este animal foi ensinado
  • 28:24 - 28:27
    mais ou menos como um cão-policia para farejar estupefacientes,
  • 28:27 - 28:31
    se houver alguma mistura de 'chacal', ele vai uivar,
  • 28:31 - 28:34
    Se responderam à pergunta, este animal vai dançar.
  • 28:34 - 28:37
    Então o que é que escreveu o senhor?
  • 28:37 - 28:39
    - O meu pai culpa a minha esposa...
  • 28:39 - 28:41
    - [uivos]
  • 28:41 - 28:42
    - pelas minhas escolhas.
  • 28:43 - 28:44
    - Ele faz o quê?
  • 28:44 - 28:47
    - O meu pai culpa a minha esposa pelas minhas escolhas.
  • 28:47 - 28:52
    - Sim. 'Culpa' é um juízo de valor. Estão a ver?
  • 28:52 - 28:56
    Já está a misturar uma avaliação.
  • 28:56 - 28:58
    Pai, achas que estás a culpá-la?
  • 28:58 - 29:01
    "Não. Acho que estou a chamar-lhe a atenção para os factos."
  • 29:01 - 29:05
    Estão a ver? O papá não vê isso como 'culpar'.
  • 29:05 - 29:08
    "Não, estou a educar." Obrigado, papá. Sim. OK.
  • 29:08 - 29:12
    Então, como dizemos isto? Precisamos de uma citação directa.
  • 29:12 - 29:16
    Precisamos de dar... para descrever um comportamento observável, temos de dizer
  • 29:16 - 29:18
    "O meu pai diz..." o quê?
  • 29:19 - 29:21
    - " Todos os problemas dele..."
  • 29:22 - 29:25
    - "És responsável por todos os problemas dele."
  • 29:26 - 29:31
    Ele diz isso à sua esposa: "és responsável por todos os problemas dele."
  • 29:31 - 29:35
    - É isso. - Sim. OK. Essa é uma citação directa. Isso é o que ele diz.
  • 29:35 - 29:39
    Isso é linguagem girafa. Você fez uma citação directa. OK?
  • 29:40 - 29:44
    Vêem? Assim que virem... tiverem a palavra "culpa" na vossa consciência,
  • 29:45 - 29:46
    isso mudará toda a energia com que
  • 29:47 - 29:49
    abordam a pessoa, porque no fundo estão
  • 29:49 - 29:51
    a criticá-los por estarem a culpar,
  • 29:51 - 29:54
    o que, como sabemos, é errado, percebem?
  • 29:55 - 29:58
    - Sim? - Sou eu que tenho o microfone...
  • 29:58 - 30:02
    Ultimamente, o meu filho não tem feito os trabalhos de casa de História.
  • 30:02 - 30:04
    - Hmhm. OK.
  • 30:07 - 30:12
    - O meu pai faz... julgamentos severos e comentários insultuosos.
  • 30:13 - 30:16
    - Oh, meu Deus. Você matou o meu pobre chacal.
  • 30:16 - 30:18
    [risos]
  • 30:27 - 30:30
    - Ele poderia ter lidado com "severos", que foi apenas um julgamento, mas
  • 30:30 - 30:32
    "insultuosos", severos e insultuosos...
  • 30:32 - 30:35
    como vêem, são dois julgamentos.
  • 30:35 - 30:37
    - Ele usa mesmo palavras insultuosas.
  • 30:37 - 30:40
    »Não, tal coisa não existe. Depois de hoje, na verdade,
  • 30:41 - 30:43
    a sério, às 4 e meia da tarde,
  • 30:43 - 30:48
    nunca mais ouvirão nenhum insulto. Deixarão de existir. Não existirão mais insultos.
  • 30:48 - 30:50
    Vou-vos mostrar a utilidade de uma das tecnologias de hoje
  • 30:51 - 30:55
    que remove os insultos e o criticismo das ondas... das ondas sonoras.
  • 30:57 - 30:59
    [risos]
  • 30:59 - 31:01
    De modo que não importa o que o seu pai diz,
  • 31:01 - 31:03
    nunca mais ouvirá declarações severas
  • 31:04 - 31:09
    ou insultos, porque hoje vamos mostrar-vos como utilizar esta tecnologia.
  • 31:09 - 31:10
    [risos]
  • 31:16 - 31:18
    E com esta tecnologia,
  • 31:18 - 31:22
    ser-vos-á impossível ouvir críticas,
  • 31:22 - 31:25
    comentários duros, insultos...
  • 31:26 - 31:27
    Com estas orelhas,
  • 31:28 - 31:32
    tudo que poderão ouvir é aquilo que os seres humanos estão sempre a dizer:
  • 31:32 - 31:34
    "Por favor" e "obrigado",
  • 31:34 - 31:38
    É só isso... vamos mostrar-vos hoje
  • 31:38 - 31:43
    que tudo o que costumava soar como críticas, julgamentos, culpa,
  • 31:43 - 31:48
    são simplesmente expressões trágicas e suicidas de "por favor".
  • 31:51 - 31:55
    - O meu irmão grita-me para que eu entre no carro para ir para escola,
  • 31:55 - 31:58
    e acaba por me fazer chegar tarde à escola.
  • 31:58 - 31:59
    - Quem grita?
  • 32:00 - 32:02
    - Este aqui.
  • 32:03 - 32:08
    »Mas, estão a ver? 'grita'... 'grita' é... hmmm... de certa forma uma avaliação.
  • 32:08 - 32:10
    Ele fala num tom de voz.
  • 32:11 - 32:13
    - Sim. - Ok. É o tom de voz.
  • 32:13 - 32:17
    Perguntaram-me em "Lincoln High School"... "Lincoln High School" fica em San Francisco?
  • 32:17 - 32:20
    Há muitos anos atrás, fui convidado para trabalhar lá com o corpo docente. Estava com uma série de
  • 32:20 - 32:25
    tensões entre eles, a nivel racial, étnico.
  • 32:25 - 32:29
    havia imensas tensões, e o director pediu-me para trabalhar lá, e
  • 32:29 - 32:31
    comecei o dia com a seguinte pergunta:
  • 32:32 - 32:35
    "digam-me alguma coisa que outro professor faça de que você não gostem."
  • 32:35 - 32:38
    Um homem vira-se para a mulher ao lado dele e diz:
  • 32:38 - 32:41
    "Eu não gosto quando gritas nas nossas reuniões de professores".
  • 32:41 - 32:43
    Ela pergunta: "quem é que grita?"
  • 32:43 - 32:45
    [risos]
  • 32:47 - 32:50
    Ela vinha de uma cultura diferente deste homem.
  • 32:50 - 32:53
    Gritar na cultura dela era muito diferente.
  • 32:53 - 32:57
    Cerca de 10 minutos depois, quando ela começou a gritar com ele segundo a definição dela,
  • 32:57 - 32:59
    eu vi a diferença, percebem?
  • 33:00 - 33:04
    Então ele levanta a voz quando te pede para preparares para ir para a escola. Sim.
  • 33:05 - 33:07
    - Ou, por exemplo, fica furioso comigo...
  • 33:07 - 33:10
    - Fica furioso... talvez seja exacto, mas é um diagnóstico.
  • 33:10 - 33:15
    Não sabemos se ele está furioso. Pode estar com medo que faltes à escola, percebes?
  • 33:15 - 33:18
    Pode soar como raiva. Talvez seja, talvez não. Mas
  • 33:18 - 33:20
    "Levanta a voz,"
  • 33:20 - 33:23
    "há fumo a sair dos ouvidos dele..."
  • 33:23 - 33:27
    Isso podem ver. Percebem? É observável.
  • 33:27 - 33:28
    Sim?
  • 33:28 - 33:32
    »O meu aluno do quinto ano, Jesse, recusa-se a fazer os seus exercícios.
  • 33:32 - 33:36
    - [uivos!] 'Recusa' é um diagnóstico.
  • 33:39 - 33:43
    Talvez um diagnóstico preciso, mas não explicita o que ele faz.
  • 33:44 - 33:47
    - Ele diz: "não, não quero fazê-lo." - Diz "não, não quero fazê-lo."
  • 33:47 - 33:49
    Esse é o comportamento.
  • 33:56 - 34:00
    - O meu marido não me diz coisas que me afectariam profundamente.
  • 34:01 - 34:05
    - OK. Esse é o primeiro marido 'chacal' de que já ouvi falar.
  • 34:06 - 34:07
    [risos]
  • 34:08 - 34:12
    - Esta é uma experiência nova para mim hoje.
  • 34:14 - 34:17
    - Um aluno meu fala alto incessantemente
  • 34:18 - 34:20
    e nunca se senta ou está sempre a mexer-se.
  • 34:20 - 34:22
    - Ouvi cerca de 3 juízos de valor aí.
  • 34:22 - 34:25
    Hmm... vamos devagar agora, porque ouvi 3 diagnósticos.
  • 34:25 - 34:28
    Repita lá, para ouvirmos os 3 diagnósticos.
  • 34:28 - 34:30
    - Fala alto incessantemente...
  • 34:31 - 34:34
    - Alto é uma interpretação. Mais alto do que você gostaria.
  • 34:34 - 34:37
    Se quiser dizê-lo, diga dessa forma. "Mais alto do que eu gostaria"
  • 34:37 - 34:38
    - Nunca se senta.
  • 34:38 - 34:43
    - 'Nunca' é um diagnóstico. "Não fica sentado no seu lugar depois de lhe ter mandado".
  • 34:43 - 34:48
    Poderá [ficar sentado] no futuro. Não sabemos, de modo que isso é um diagnóstico.
  • 34:48 - 34:52
    'Não' neste momento. 'Não' quando lhe peço para ficar sentado.
  • 34:52 - 34:54
    - E está sempre a mexer-se.
  • 34:54 - 34:58
    - "E está sempre a mexer-se." [Mm-hmm]
  • 34:58 - 35:03
    - OK. Desde que cheguei à apresentação introdutória, na terça à noite,
  • 35:03 - 35:07
    prestei muita atenção a avaliações auditivas.
  • 35:07 - 35:10
    - Sim. - Comigo, e especialmente com outras pessoas.
  • 35:10 - 35:14
    E então comecei a perguntar-me, sabem, se aquelas comunicações são todas violentas?
  • 35:14 - 35:18
    Ou haverá alguma maneira de que algumas sejam,
  • 35:18 - 35:20
    de acordo com este modelo, não-violentas?
  • 35:20 - 35:22
    - Eu diria que qualquer
  • 35:22 - 35:26
    avaliação dos outros que implique erro [alheio]
  • 35:27 - 35:30
    é uma expressão trágica de uma necessidade não satisfeita.
  • 35:32 - 35:36
    trágica no sentido... por 2 motivos. Em primeiro lugar,
  • 35:36 - 35:40
    diminui a probabilidade de conseguirmos o que queremos.
  • 35:40 - 35:43
    Mesmo que não se diga em voz alta, mesmo se pensarmos,
  • 35:43 - 35:47
    se pensarmos sequer que o que alguém faz é errado,
  • 35:47 - 35:51
    isso diminui as hipóteses de obtermos o que queremos.
  • 35:53 - 35:55
    E segundo, aumenta a probabilidade de violência.
  • 35:55 - 35:58
    O que poderá ser mais trágico que isso?
  • 35:58 - 36:03
    Do que expressarmo-nos de uma forma que torna difícil obtermos o que queremos,
  • 36:03 - 36:05
    e aumenta a violência?
  • 36:06 - 36:08
    Qualquer coisa que queiramos dizer que
  • 36:08 - 36:11
    implica erro por parte da outra pessoa, estou a sugerir, é
  • 36:11 - 36:15
    uma expressão suicida e trágica de uma necessidade não satisfeita.
  • 36:15 - 36:17
    Digam a necessidade.
  • 36:18 - 36:22
    Aprender a ter consciência das necessidades, que vamos abordar agora.
  • 36:22 - 36:26
    É assim que avaliamos, na comunicação não-violenta.
  • 36:26 - 36:29
    Avaliamos a partir do coração.
  • 36:29 - 36:34
    Fazemos julgamentos, mas fazemos julgamentos que servem necessidades.
  • 36:34 - 36:39
    Julgamos se as acções das pessoas estão a satisfazer necessidades ou não.
  • 36:39 - 36:42
    Não julgamos moralmente as pessoas pelo que fizeram.
  • 36:43 - 36:45
    Julgamos se estão a servir a vida ou não,
  • 36:45 - 36:48
    porque as necessidades são a nossa ligação directa com a vida.
  • 36:48 - 36:50
    São a vida que corre...
  • 36:50 - 36:54
    as necessidades são a nossa expressão interior de busca da vida.
  • 36:55 - 36:58
    Assim, podemos avaliar com esta referência,
  • 36:58 - 37:01
    e isso necessita de dois tipos de instrução,
  • 37:01 - 37:03
    sentimentos e necessidades.
  • 37:04 - 37:08
    Então, vamos certificar-nos de que todos falamos a mesma língua quando uso o termo
  • 37:08 - 37:10
    "sentimentos e necessidades".
  • 37:11 - 37:13
    Então, em "b" diz,
  • 37:13 - 37:17
    "Imaginem que falam directamente para alguém,
  • 37:18 - 37:23
    e expliquem como se sentem quando a pessoa age conforme descrito acima,
  • 37:24 - 37:28
    e use este formulário. "Mais uma vez, estamos a falar com a outra pessoa.
  • 37:28 - 37:32
    agora estamos a contar-lhes o que fizeram, e dizemos, "quando fazes isto,
  • 37:32 - 37:37
    sinto-me..." como? Como é que se sentem
  • 37:37 - 37:41
    quando a pessoa faz o que você escreveu em "a"?
  • 37:41 - 37:43
    Escrevam isso.
  • 37:48 - 37:51
    - Quando fazes isto, sinto-me furioso.
  • 37:52 - 37:56
    - OK. Raiva é um sentimento
  • 37:56 - 37:59
    criado pelo pensamento não natural. Falaremos disso depois.
  • 38:00 - 38:01
    [risos]
  • 38:03 - 38:09
    - Quando não estás pronto para sair à hora combinada, sinto-me ansiosa e impaciente.
  • 38:11 - 38:14
    - Quando falas assim tão alto, sinto-me intimidada.
  • 38:15 - 38:16
    - [uivos]
  • 38:16 - 38:20
    - 'Intimidada' é um diagnóstico. Tenham cuidado com palavras que são
  • 38:20 - 38:26
    mais parecidas com descrições de outros... com o que pensam que outros vos fazem, como intimidar-vos.
  • 38:26 - 38:30
    Por isso, tomem nota das seguintes palavras que não se relacionam com sentimentos.
  • 38:30 - 38:33
    Não confundam estas palavras com sentimentos.
  • 38:33 - 38:38
    Sinto-me incompreendido. Sinto-me usado.
  • 38:38 - 38:41
    Sinto-me manipulado. Sinto-me julgado.
  • 38:42 - 38:45
    Sinto-me criticado. Sinto-me ignorado.
  • 38:47 - 38:50
    Por exemplo, não há momentos em que acham que alguém vos está a ignorar?
  • 38:50 - 38:53
    Não se sentem aliviados?
  • 38:53 - 38:55
    [risos]
  • 38:56 - 38:58
    E outras vezes, não sentem raiva? Vêem?
  • 38:58 - 39:02
    Então, palavras como essas dizem muito pouco sobre o que está vivo em vocês.
  • 39:03 - 39:05
    Dizem muito mais sobre como estão a interpretar
  • 39:06 - 39:07
    o comportamento da outra pessoa,
  • 39:07 - 39:10
    e acima de tudo, nunca confundam a palavra "rejeitado" como um sentimento.
  • 39:10 - 39:12
    Sinto-me rejeitado. Não.
  • 39:12 - 39:16
    Isso não é um sentimento. Isso é uma interpretação suicida.
  • 39:16 - 39:19
    Ok, quem tem o microfone? Aqui está.
  • 39:19 - 39:22
    - Magoado, decepcionado, desmoralizado.
  • 39:23 - 39:25
    - sim.
  • 39:31 - 39:33
    - Sinto-me irritado e traído.
  • 39:33 - 39:36
    - Irritado, sim. [Uivo]... para traído.
  • 39:36 - 39:40
    'traído' é uma daquelas palavras do género de intimidado, ignorado, incompreendido,
  • 39:40 - 39:42
    usado, manipulado.
  • 39:42 - 39:46
    É mais um diagnóstico do outro do que um sentimento [nosso].
  • 39:46 - 39:49
    - E que tal contraído?
  • 39:49 - 39:50
    - Contraído?
  • 39:52 - 39:55
    Se quer dizer tenso ou algo assim. OK. Se for isso.
  • 39:58 - 40:04
    - Quando me ligas e me dizes em voz alta que vais cortar no financiamento,
  • 40:04 - 40:06
    Sinto-me com furiosa e assustada.
  • 40:08 - 40:10
    - Mmhmm.
  • 40:11 - 40:14
    - Quando deixas os pratos na pia, sinto-me
  • 40:14 - 40:19
    impotente em relação ao meu ambiente e ao meu tempo, o que é frustrante e assustador.
  • 40:21 - 40:25
    - Quando começas a falar alto enquanto estou a falar,
  • 40:25 - 40:29
    sinto-me magoado porque acho que não me estás a escutar.
  • 40:30 - 40:31
    - Sim, a parte do sentimento é formidável, mas
  • 40:31 - 40:36
    falha quando utiliza o "acho que" depois de "sinto"
  • 40:36 - 40:41
    Sempre que pensam, as vossas hipóteses de obterem o que querem diminuem imenso.
  • 40:42 - 40:43
    [risos]
  • 40:44 - 40:47
    Especialmente quando utilizam a palavra 'tu' depois de 'penso',
  • 40:47 - 40:54
    Assim, penso que não só não vos escutarão, como prevejo também uma reacção defensiva-agressiva.
  • 40:54 - 40:58
    Assim, será difícil as pessoas preocuparem-se com os vossos sentimentos
  • 40:58 - 41:02
    se, depois disso, fizerem um diagnóstico que assume erro [da sua parte].
  • 41:02 - 41:07
    Falaremos disso mais tarde, porque a seguir vamos ver que nós... nós...
  • 41:07 - 41:11
    Depois dos sentimentos, há dois sítios onde não vamos.
  • 41:11 - 41:13
    E um é a nossa cabeça.
  • 41:13 - 41:17
    Percebem? Ficamos no coração com os sentimentos. Não vamos à cabeça.
  • 41:17 - 41:20
    Ficamos no coração e ligamo-nos às necessidades.
  • 41:20 - 41:21
    Mais tarde, porém.
  • 41:22 - 41:25
    Se quisermos utilizar a comunicação não-violenta,
  • 41:25 - 41:29
    queremos ter a certeza de que não usamos o sentimento
  • 41:29 - 41:31
    de forma violenta.
  • 41:31 - 41:35
    Porque os sentimentos podem ligar-nos ao nível do coração
  • 41:35 - 41:37
    ou podem contribuir
  • 41:37 - 41:40
    para mais divisão e violência.
  • 41:40 - 41:46
    Certamente nunca queremos expressar os nossos sentimentos desta forma,
  • 41:47 - 41:50
    "Sinto-me assim porque tu..."
  • 41:51 - 41:55
    OK? Nunca queremos expressar os nossos sentimentos dessa forma.
  • 41:55 - 41:57
    "Fazes-me sentir..."
  • 41:59 - 42:03
    No entanto, vai ser um hábito difícil de perder, porque
  • 42:03 - 42:05
    numa cultura 'chacal',
  • 42:05 - 42:11
    os sentimentos são instrumentalizados para manipular as pessoas através da culpa.
  • 42:11 - 42:15
    A maneira de as manipular é convencer as pessoas
  • 42:15 - 42:19
    de que vos fazem sentir-se assim, e que por isso devem sentir-se culpadas e mudar.
  • 42:20 - 42:24
    Vêem? É um formato diferente deste jogo violento.
  • 42:24 - 42:28
    Portanto, se por exemplo forem pais e quiserem usar os sentimentos de forma violenta
  • 42:28 - 42:33
    e não para favorecer a conexão, então expressar-se-iam assim.
  • 42:33 - 42:37
    "Quando não limpas o teu quarto, magoas-me a sério".
  • 42:37 - 42:39
    [risos]
  • 42:40 - 42:41
    OK?
  • 42:42 - 42:45
    Ou, "Irritas-me quando dizes isso."
  • 42:49 - 42:54
    No intervalo, estava a falar de um dos meus dias mais felizes como pai
  • 42:54 - 42:59
    quando meu filho mais velho foi para uma escola de chacal, pela primeira vez.
  • 43:01 - 43:05
    ele tinha frequentado durante 6 anos uma escola de girafa que eu tinha ajudado a criar,
  • 43:05 - 43:12
    e, hmm... mas então, eu queria que ele aprendesse a desfrutar de 'chacais' também, então,
  • 43:12 - 43:16
    hmm... e nas "escolas girafa", também queremos estar cientes
  • 43:16 - 43:19
    de que as crianças não estarão sempre neste ambiente,
  • 43:19 - 43:22
    por isso queremos que eles aprendam a manter os seus próprios valores
  • 43:23 - 43:26
    independentemente da estrutura em que se encontrem. Percebem?
  • 43:26 - 43:31
    No primeiro dia chega da escola, e não parecia estar muito contente. Eu disse,
  • 43:32 - 43:34
    "Que tal a nova escola, Rick?"
  • 43:34 - 43:39
    E ele respondeu: "tudo bem, papá, mas... ufa! caramba... alguns desses professores, papá..."
  • 43:39 - 43:41
    Perguntei, "o que aconteceu?"
  • 43:41 - 43:43
    Ele respondeu: "Papá, eu nem tinha chegado à porta da entrada,
  • 43:44 - 43:45
    estava a caminho da porta de entrada,
  • 43:45 - 43:48
    e um professor vem a correr e diz:
  • 43:48 - 43:51
    "não acredito, olhem para esta menininha."
  • 43:53 - 43:56
    Adivinham a que é que o professor estava a reagir?
  • 43:56 - 43:59
    Sim, o meu filho tinha o cabelo ao nível dos ombros.
  • 43:59 - 44:03
    Estão a ver, numa escola de chacal, como todos sabemos, a autoridade sabe o que está certo.
  • 44:03 - 44:07
    Percebem? Há uma maneira certa e uma maneira errada de usar o cabelo, como um menino.
  • 44:07 - 44:11
    Uma maneira correcta para tudo. E quem é que a sabe? O professor.
  • 44:11 - 44:16
    E o que fazem se alguém não faz isto? Usam a vergonha, a culpa, e assim por diante.
  • 44:16 - 44:21
    Usa a palavra "menina" como se fosse um insulto. Bem-vindo à terra do chacal.
  • 44:21 - 44:27
    Então começo a irritar-me, pronto para praticar um pouco de terapia da pancada com este professor,
  • 44:27 - 44:29
    [risos]
  • 44:29 - 44:32
    esquecendo todos os meus ensinamentos,
  • 44:33 - 44:35
    e perguntei ao meu filho: "como lidaste com isso?"
  • 44:36 - 44:40
    e ele disse: "Lembrei-me, papá, do que disseste, que quando estás nesse
  • 44:40 - 44:45
    tipo de ambiente, nunca deves dar-lhes o poder de te fazerem submeter ou rebelar. "
  • 44:46 - 44:48
    uma das coisas que queremos ensinar às crianças desde muito cedo,
  • 44:49 - 44:51
    não importa em que estrutura se encontrem,
  • 44:52 - 44:56
    nunca percam a noção de que são livres de escolher o que fazem.
  • 44:56 - 45:00
    Não permitam que as instituições determinem as vossas acções.
  • 45:01 - 45:03
    Eu disse, "ena, se te lembraste disso, isso é uma grande dádiva
  • 45:03 - 45:07
    Adorei teres-te lembrado disso nessas circunstâncias.
  • 45:07 - 45:09
    o que fizeste a seguir?"
  • 45:09 - 45:14
    "Coloquei as minhas orelhas de girafa, papá, tentei ouvir o que ele estava a sentir e a precisar"
  • 45:14 - 45:17
    Perguntei, "lembraste-te de fazer isso? O que é que ouviste?"
  • 45:17 - 45:22
    "Óbvio, papá. Ele parecia bastante irritado e queria que eu cortasse o meu cabelo".
  • 45:23 - 45:27
    "Uau, estou mesmo contente que te tenhas lembrado disso. Como é que te fez sentir?"
  • 45:27 - 45:33
    Ele disse: "Pai, senti-me triste pelo homem. Era careca e parecia ter problemas com o cabelo."
  • 45:34 - 45:35
    [risos]
  • 45:45 - 45:48
    Então, queremos para as crianças a mesma coisa que queremos ensinar aos adultos.
  • 45:49 - 45:52
    As instituições não vos podem forçar a nada. Hmm...
  • 45:53 - 45:56
    As outras pessoas não vos podem forçar a nada.
  • 45:56 - 46:00
    Jamais algum ser humano fez algo coisa que não tenha escolhido fazer.
  • 46:01 - 46:03
    Uma vez, um palestiniano na aldeia de Hebron discordou de mim.
  • 46:04 - 46:07
    Ele disse: "Não concordo consigo, Marshall, que só nós escolhamos o que fazer.
  • 46:07 - 46:09
    Onde estava a minha escolha há dois dias?
  • 46:09 - 46:12
    Um soldado aponta uma arma à minha cabeça e diz: tira a roupa ou disparo.
  • 46:12 - 46:15
    Onde estava a minha escolha?"
  • 46:15 - 46:18
    Eu disse, "parece-me bastante óbvio.
  • 46:18 - 46:21
    Você teve a escolha de tirar a roupa ou não."
  • 46:21 - 46:24
    Ele riu. Ele disse: "OK, eu percebo isso.
  • 46:24 - 46:26
    Escolhi não tirar a minha roupa.
  • 46:27 - 46:32
    Escolhi... aquele soldado sabia que eu não tinha armas. Fazia aquilo para me desonrar.
  • 46:32 - 46:35
    Escolhi arriscar a minha vida para proteger a minha honra. "OK, então...
  • 46:35 - 46:38
    Não digo que gostemos sempre das escolhas que fazemos, mas
  • 46:38 - 46:42
    ninguém nos pode obrigar a fazer algo que não escolhamos fazer.
  • 46:42 - 46:46
    Então eu disse, "aparentemente, o soldado também optou por não disparar.
  • 46:46 - 46:49
    Ou então é fraco atirador."
  • 46:49 - 46:51
    [risos]
  • 46:51 - 46:54
    Foram os meus filhos que me ensinaram isto, de que ninguém faz nada que não escolha fazer.
  • 46:54 - 46:57
    Desde os seus 2 anos que me foram ensinando
  • 46:58 - 47:01
    que não consiguia obrigá-los a fazer nada.
  • 47:01 - 47:03
    Só tinha o poder de fazê-los arrepender-se de não o fazer.
  • 47:04 - 47:05
    [risos]
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    E depois ensinaram-me outra lição. Que sempre que eu fazia isso,
  • 47:09 - 47:13
    eles faziam com que eu desejasse não tê-los feito arrepender-se.
  • 47:13 - 47:17
    Ensinaram-me que a violência gera violência. Percebem?
Title:
The Basics of Non Violent Communication DVD 1 Part 1: The Purpose of Nonviolent Communication & Expressing Observations and Feelings
Description:

Workshop by Marshall Rosenberg

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Video Language:
English
Duration:
47:19
Dario WurmD added a translation

Portuguese subtitles

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