Dança vs. PowerPoint, uma proposta modesta
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0:06 - 0:09(Música)
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0:26 - 0:28Boa tarde.
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0:28 - 0:31Como sabem, enfrentamos
tempos económicos difíceis. -
0:32 - 0:34Venho apresentar-vos
uma proposta modesta -
0:34 - 0:37para diminuir o fardo financeiro.
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0:37 - 0:39Esta ideia surgiu-me
quando falava -
0:39 - 0:41com um físico amigo,
no MIT. -
0:42 - 0:45Ele estava a ter dificuldade
em explicar-me uma coisa: -
0:45 - 0:49uma bela experiência
que usa "lasers" para arrefecer a matéria. -
0:49 - 0:51Ele deixou-me confuso
desde o início, -
0:51 - 0:53porque a luz não
arrefece as coisas. -
0:53 - 0:56Aquece-as.
Está a acontecer agora mesmo. -
0:57 - 0:59A razão por que
me conseguem ver aqui -
0:59 - 1:03é que esta sala está cheia
com mais de 100 triliões de fotões -
1:03 - 1:06e eles movem-se aleatoriamente através
do espaço, quase à velocidade da luz. -
1:06 - 1:08Todos eles são cores diferentes,
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1:08 - 1:10ondulam a frequências diferentes,
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1:10 - 1:13e fazem ricochete em todas as superfícies,
inclusive em mim, -
1:13 - 1:15e alguns voam diretamente
para os vossos olhos,. -
1:15 - 1:19É por isso que o vosso cérebro está
a formar uma imagem de mim, aqui de pé. -
1:19 - 1:21Agora, um "laser" é diferente.
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1:21 - 1:24Também usa fotões,
mas estão todos sincronizados, -
1:24 - 1:27e se os concentrarmos num raio,
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1:27 - 1:29o que obtemos é uma ferramenta
incrivelmente útil. -
1:29 - 1:31O controlo de um "laser"
é tão preciso -
1:31 - 1:34que podemos fazer uma operação cirúrgica
no interior de um olho, -
1:34 - 1:37podemos armazenar
quantidades maciças de dados, -
1:37 - 1:39e podemos usá-lo para fazer
esta bela experiência -
1:39 - 1:41que o meu amigo me tentava explicar.
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1:41 - 1:44Primeiro, capturamos átomos
numa garrafa especial. -
1:44 - 1:47Ela usa campos eletromagnéticos
para isolar os átomos -
1:47 - 1:50do ruído do ambiente.
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1:50 - 1:52E os próprios átomos
são bastante violentos, -
1:52 - 1:56mas se dispararmos "lasers" que
estejam sintonizados na frequência certa, -
1:56 - 1:59um átomo rapidamente absorve
esses fotões -
1:59 - 2:01e tende a abrandar.
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2:01 - 2:04Aos poucos, vai arrefecendo,
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2:04 - 2:07até que acaba
por se aproximar do zero absoluto. -
2:09 - 2:12Se usarmos o tipo certo de átomos
e se os arrefecermos o suficiente, -
2:12 - 2:15acontece uma coisa
verdadeiramente bizarra. -
2:15 - 2:18Deixamos de ter um sólido,
um líquido ou um gás. -
2:18 - 2:21Surge um novo estado da matéria
chamado "superfluido". -
2:22 - 2:24Os átomos perdem a sua
identidade individual, -
2:24 - 2:27as regras do mundo quântico
impõem-se, -
2:27 - 2:31e é isso que dá aos superfluidos
estas propriedades assustadoras. -
2:31 - 2:35Por exemplo, se fizermos incidir
luz através de um superfluido, -
2:35 - 2:38ele é capaz de
fazer abrandar os fotões -
2:38 - 2:41para 60 quilómetros por hora.
-
2:48 - 2:51Outra propriedade assustadora
é que ele flui -
2:51 - 2:53sem qualquer viscosidade
ou fricção, -
2:53 - 2:56de modo que, se tirarmos
a tampa da garrafa, -
2:56 - 2:58ele não permanecerá
no seu interior. -
2:58 - 3:00Uma fina película
rasteja pela parede interior acima, -
3:00 - 3:05desliza por sobre o gargalo
e pela parte exterior. -
3:05 - 3:08Evidentemente, no momento em que
atinge o ambiente exterior -
3:08 - 3:11e a sua temperatura se eleva,
mesmo que uma mera fração de grau, -
3:11 - 3:14imediatamente regressa
à matéria normal. -
3:14 - 3:17Os superfluidos são uma das coisas
mais frágeis alguma vez descobertas. -
3:17 - 3:19E este é o grande prazer
da ciência: -
3:19 - 3:23a derrota da nossa intuição
através da experimentação. -
3:24 - 3:26Mas a experiência não é
o fim da história, -
3:26 - 3:29porque ainda temos de transmitir
esse conhecimento aos outros. -
3:29 - 3:31Eu tenho um doutoramento
em biologia molecular. -
3:31 - 3:35Ainda assim, mal compreendo do
que está a falar a maioria dos cientistas. -
3:35 - 3:38Portanto, quando o meu amigo estava
a tentar explicar essa experiência, -
3:38 - 3:41parecia que,
quanto mais ele falava, -
3:41 - 3:43menos eu entendia.
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3:44 - 3:46Porque, se estamos a tentar
dar a alguém uma visão geral -
3:46 - 3:50de uma ideia complexa, para
capturarmos realmente a sua essência, -
3:50 - 3:53quanto menos palavras usarmos,
melhor. -
3:54 - 3:57De facto, o ideal pode ser
não usarmos palavras. -
3:57 - 4:00Lembro-me de pensar
que o meu amigo podia ter explicado -
4:00 - 4:02a experiência completa
com uma dança. -
4:02 - 4:05Claro, parece nunca haver bailarinos
por perto quando precisamos deles. -
4:06 - 4:08Agora, a ideia não é tão louca
como parece. -
4:08 - 4:12Há quatro anos, iniciei um concurso
chamado "Dance o seu Doutoramento". -
4:12 - 4:14Em vez de explicarem a sua investigação
com palavras, -
4:14 - 4:17os cientistas têm de a explicar
com dança. -
4:17 - 4:19Surpreendentemente,
isso parece resultar. -
4:19 - 4:23A dança pode realmente facilitar
a compreensão da ciência. -
4:23 - 4:24Mas não se fiquem pela minha palavra.
-
4:24 - 4:27Vão à Internet e procurem
"Dance o seu Doutoramento". -
4:27 - 4:30Há centenas de cientistas bailarinos
à vossa espera. -
4:30 - 4:33O que de mais surpreendente aprendi
ao realizar este concurso -
4:33 - 4:36foi que alguns cientistas
estão agora a trabalhar -
4:36 - 4:38diretamente com bailarinos
na sua investigação. -
4:38 - 4:40Por exemplo,
na Universidade do Minnesota, -
4:40 - 4:43há um engenheiro biomédico
chamado David Odde, -
4:43 - 4:46e ele trabalha com bailarinos para
estudar a forma como as células se movem. -
4:46 - 4:48Fazem isso, mudando de forma.
-
4:48 - 4:51Quando um sinal químico
chega a um dos lados -
4:51 - 4:54leva a célula a expandir a sua forma
desse lado, -
4:54 - 4:58porque a célula está constantemente
a tocar e a puxar o ambiente. -
4:58 - 5:01Isso permite às células
avançarem nas direções certas. -
5:01 - 5:05Mas o que parece lento e gracioso,
a partir do exterior, -
5:05 - 5:07no interior é mais parecido
com o caos, -
5:07 - 5:10porque as células controlam a sua forma
-
5:10 - 5:12com um esqueleto de fibras
de proteína rígida, -
5:12 - 5:15e essas fibras estão sempre
a cair aos pedaços. -
5:15 - 5:18Mas, assim que explodem,
-
5:18 - 5:21mais proteínas se ligam às extremidades
e aumentam-nas, -
5:21 - 5:23de forma que estão
em constante mudança -
5:23 - 5:25simplesmente para ficarem
exatamente na mesma. -
5:25 - 5:29O David constrói modelos matemáticos disto
e depois testa-os no laboratório, -
5:29 - 5:31mas antes, trabalha com bailarinos
-
5:31 - 5:35para descobrir que tipo
de modelos deve construir. -
5:35 - 5:38Trata-se basicamente
de "brainstorming" eficiente -
5:38 - 5:40e quando visitei o David
para saber da sua investigação, -
5:40 - 5:43ele usou bailarinos
para ma explicar -
5:43 - 5:47em vez do método habitual:
o "PowerPoint". -
5:48 - 5:50E isto leva-me
à minha modesta proposta. -
5:50 - 5:53Eu penso que más apresentações
de "PowerPoint" -
5:53 - 5:56são uma ameaça séria
à economia global. -
5:56 - 5:57(Risos)
-
5:57 - 6:01(Aplausos)
-
6:06 - 6:09Bom, depende de como quantificarmos,
evidentemente, -
6:09 - 6:13mas uma estimativa situou a perda
em 250 milhões de dólares por dia. -
6:13 - 6:15Pressupõe apresentações
de meia-hora -
6:15 - 6:18para uma assistência média
de quatro pessoas -
6:18 - 6:20com salários de 35 000 dólares,
-
6:20 - 6:24e presume que
cerca de um quarto das apresentações -
6:24 - 6:26seja uma completa perda de tempo.
-
6:26 - 6:28Atendendo a que, aparentemente,
-
6:28 - 6:32se criam cerca de 30 milhões de
apresentações em "PowerPoint", por dia, -
6:32 - 6:34isso somaria realmente uma perda anual
-
6:34 - 6:37de 100 mil milhões de dólares.
-
6:37 - 6:40Claro, isso é apenas
o tempo que perdemos -
6:40 - 6:42a assistir às apresentações.
-
6:43 - 6:46Há outros custos,
porque o "PowerPoint" é uma ferramenta, -
6:46 - 6:50e, como qualquer ferramenta,
pode ser, e é, usado abusivamente. -
6:50 - 6:53Para pedir emprestado um conceito
à CIA do meu país, -
6:53 - 6:55ajuda-nos a "amaciar" a assistência.
-
6:56 - 6:59Distrai-a com imagens engraçadas,
dados irrelevantes. -
7:00 - 7:03Permite-nos criar uma
ilusão de competência, -
7:03 - 7:06a ilusão de simplicidade,
-
7:06 - 7:10e, mais destrutivamente,
a ilusão de compreensão. -
7:12 - 7:16Atualmente, o meu país
tem uma dívida de 15 biliões de dólares. -
7:16 - 7:19Os nossos líderes
estão a trabalhar incansavelmente -
7:19 - 7:22para tentarem encontrar maneiras
de poupar dinheiro. -
7:22 - 7:24Uma ideia é reduzir drasticamente
o apoio público às artes. -
7:24 - 7:27Por exemplo, o nosso
Fundo Nacional para as Artes, -
7:27 - 7:29com o seu orçamento
de 15 mil milhões de dólares -
7:29 - 7:33— cortando-se nesse programa, reduzir-se-ia
imediatamente a dívida nacional -
7:33 - 7:36em cerca de um milésimo por cento.
-
7:36 - 7:38Esses números
não podem ser contestados. -
7:38 - 7:43No entanto, eliminar
o apoio público às artes -
7:43 - 7:45trará alguns inconvenientes.
-
7:46 - 7:50Os artistas de rua engrossarão
as fileiras dos desempregados. -
7:50 - 7:53Muitos voltar-se-ão para
a toxicodependência e a prostituição, -
7:53 - 7:56e isso baixará inevitavelmente o valor
da propriedade nas periferias urbanas. -
7:56 - 8:00Tudo isso pode aniquilar as poupanças
que desejamos fazer à partida. -
8:00 - 8:03Agora, pois, proporei humildemente
as minhas próprias ideias, -
8:03 - 8:07que, acredito, não serão suscetíveis
da menor objeção. -
8:07 - 8:09Uma vez eliminado
o apoio público aos artistas, -
8:09 - 8:11voltemos a dar-lhes trabalho,
-
8:11 - 8:14usando-os em vez do "PowerPoint".
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8:14 - 8:17Como teste, proponho que comecemos
com bailarinos norte-americanos. -
8:17 - 8:19Afinal, são os mais perecíveis
do seu género, -
8:19 - 8:22propensos a lesões
e muito lentos na recuperação, -
8:22 - 8:24devido ao nosso sistema de saúde.
-
8:24 - 8:25(Risos) (Aplausos)
-
8:25 - 8:27Em vez de dançarmos
os nossos doutoramentos, -
8:27 - 8:31devíamos usar a dança para explicar
todos os nossos problemas complexos. -
8:31 - 8:34Imaginem os nossos políticos
a usarem a dança -
8:34 - 8:38para explicar por que razão
devemos invadir um país estrangeiro, -
8:38 - 8:41ou salvar um banco de investimento.
-
8:41 - 8:42Ajudará de certeza.
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8:43 - 8:47Claro que um dia, num futuro longínquo,
-
8:47 - 8:49pode ser inventada
uma tecnologia de persuasão -
8:49 - 8:52ainda mais poderosa do que
o "PowerPoint", -
8:52 - 8:56tornando os bailarinos desnecessários
como ferramentas de retórica. -
8:56 - 8:59No entanto, acredito que,
nesse dia, -
8:59 - 9:02já tenhamos ultrapassado a presente
situação de calamidade financeira. -
9:02 - 9:05Talvez, nessa altura,
possamos dar-nos ao luxo -
9:05 - 9:08de simplesmente
nos sentarmos na assistência -
9:08 - 9:10sem outra finalidade
-
9:10 - 9:14que não seja testemunhar
a forma humana em movimento. -
9:24 - 9:27(Música)
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10:27 - 10:30(Aplausos)
- Title:
- Dança vs. PowerPoint, uma proposta modesta
- Speaker:
- John Bohannon
- Description:
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Use bailarinos em vez de "PowerPoint". É essa a "proposta modesta" do escritor na área da ciência John Bohannon. Nesta fascinante palestra coreografada, ele defende a sua causa através do exemplo, auxiliado por bailarinos do Black Label Movement.
(Filmado no TEDxBrussels) - Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 10:57
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal | ||
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal | ||
Dimitra Papageorgiou approved Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal | ||
Isabel Vaz Belchior accepted Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal | ||
Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal | ||
Ilona Bastos edited Portuguese subtitles for Dance vs. powerpoint, a modest proposal |