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Como os empréstimos estudantis exploram os estudantes visando o lucro | Sajay Samuel | TEDxSPU

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    Quatrocentos anos atrás,
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    milhares de pessoas, buscando
    uma vida melhor no Novo Mundo,
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    vieram para cá em regime de servidão.
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    Muito pobres para pagarem
    a passagem, eles se endividaram,
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    e em troca se comprometeram
    com trabalhos forçados por até sete anos.
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    Hoje, 14 milhões de americanos
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    estão endividados com sua passagem
    para a nova economia.
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    Muito pobres para pagar uma faculdade,
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    eles devem aos credores
    mais de US$ 1 trilhão.
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    Eles aceitam qualquer trabalho
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    para quitar uma dívida
    da qual eles são a garantia.
  • 1:00 - 1:02
    Nos Estados Unidos,
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    até mesmo um apostador falido
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    recebe uma segunda chance.
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    Mas é quase impossível um americano
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    ter suas dívidas estudantis perdoadas.
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    Houve um tempo, nos Estados Unidos,
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    em que fazer faculdade não significava
    formar-se com dívidas.
  • 1:27 - 1:32
    O pai do meu amigo Paul formou-se
    na Colorado State University,
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    pela lei de reajustamento de militares.
  • 1:35 - 1:36
    Para a geração dele,
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    o ensino superior era de graça,
    ou praticamente de graça,
  • 1:39 - 1:42
    porque era pensado como um bem público.
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    Não é mais.
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    Quando Paul se formou,
    na mesma universidade,
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    ele pagou por seu diploma em Letras
    trabalhando em meio período.
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    Trinta anos atrás,
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    as taxas universitárias
    eram acessíveis, razoáveis,
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    e as dívidas acumuladas
    eram quitadas durante a graduação.
  • 2:04 - 2:05
    Não são mais.
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    A filha de Paul seguiu seus passos,
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    mas com uma diferença:
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    quando ela se formou, há cinco anos,
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    ela tinha uma dívida imensa.
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    Estudantes como Kate
    precisam fazer um empréstimo
  • 2:20 - 2:24
    porque o custo do ensino superior
    se tornou inacessível para muitas,
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    se não para a maioria,
    das famílias americanas.
  • 2:28 - 2:30
    E então?
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    Contrair uma dívida
    para pagar um ensino caro
  • 2:33 - 2:36
    não é tão ruim, se você puder quitá-la
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    com o aumento de renda
    que você recebe com ele.
  • 2:40 - 2:42
    E é aqui que a coisa complica.
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    Uma pessoa com nível superior
    ganhava 10% mais, em 2001,
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    do que Kate ganhava em 2013.
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    Então...
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    taxas universitárias em alta,
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    financiamentos públicos caindo,
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    rendas familiares reduzidas,
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    rendas pessoais fracas.
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    É de admirar que mais de um quarto
    dos que devem pagar,
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    não têm como pagar
    seu empréstimo estudantil?
  • 3:13 - 3:16
    O pior dos tempos
    pode ser o melhor dos tempos,
  • 3:16 - 3:20
    porque certas verdades aparecem
    de maneira que não se pode ignorar.
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    Hoje quero falar sobre três delas.
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    O total de US$ 1,2 trilhão de dívidas
    com diplomas deixa muito óbvio
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    que o ensino superior é um bem de consumo
    que pode ser comprado.
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    Todos falam sobre ensino
    exatamente como os economistas,
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    como um investimento
    para melhorar o capital humano,
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    treinando pessoas para o trabalho.
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    Como um investimento
    para ordenar e classificar pessoas,
  • 3:52 - 3:55
    para que empregadores possam
    contratá-las mais facilmente.
  • 3:56 - 3:59
    O U.S. News & World Report
    classifica os cursos superiores
  • 3:59 - 4:03
    da mesma forma que consumidores
    avaliam máquinas de lavar.
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    A linguagem é desagradável.
  • 4:06 - 4:10
    Professores são chamados
    de "provedores de serviço",
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    estudantes são chamados
    de "consumidores".
  • 4:13 - 4:17
    Sociologia, Shakespeare,
    futebol e ciência,
  • 4:17 - 4:19
    todos são "conteúdo".
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    A dívida estudantil é lucrativa.
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    Menos para você.
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    Sua dívida engorda o lucro da indústria
    de empréstimos universitários.
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    Os dois gorilas de 360 quilos,
  • 4:32 - 4:34
    Sallie Mae e Navient,
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    registraram em conjunto um lucro
    de US$ 1,2 bilhão no ano passado.
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    E assim como as hipotecas imobiliárias,
  • 4:43 - 4:46
    empréstimos estudantis podem ser
    empacotados, embalados, fatiados,
  • 4:46 - 4:48
    picados e vendidos em Wall Street.
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    E as faculdades e universidades
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    que investem nesses
    empréstimos securitizados
  • 4:54 - 4:55
    lucram em dobro.
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    Primeiro com as mensalidades,
  • 4:57 - 4:59
    e depois de novo,
    com os juros da dívida.
  • 5:01 - 5:03
    Com todo esse dinheiro para ganhar,
  • 5:03 - 5:08
    estamos surpresos que alguns
    no negócio de ensino superior
  • 5:08 - 5:11
    comecem a se envolver
    com publicidade falsa,
  • 5:11 - 5:12
    propaganda enganosa?
  • 5:14 - 5:18
    Em explorar a ignorância
    que eles pretendiam educar?
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    Terceiro:
  • 5:21 - 5:23
    diplomas são uma marca.
  • 5:23 - 5:26
    Há muitos anos meu professor escreveu:
  • 5:26 - 5:28
    "Quando estudantes
    são tratados como consumidores,
  • 5:28 - 5:31
    eles se tornam prisioneiros
    do vício e da inveja".
  • 5:35 - 5:40
    Assim como podemos vender e revender
    novas versões de iPhone aos consumidores,
  • 5:40 - 5:43
    também podemos vender mais e mais ensino.
  • 5:45 - 5:48
    A faculdade é o novo
    ensino médio, isso já foi dito.
  • 5:49 - 5:51
    Mas por que parar por aqui?
  • 5:51 - 5:54
    Pode-se incrementar a venda
    com certificações, "recertificações",
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    graus de mestre e de doutorado.
  • 5:59 - 6:03
    O ensino superior é anunciado
    como um objeto de status.
  • 6:04 - 6:05
    Compre um diploma,
  • 6:05 - 6:08
    como você faz com um Lexus
    ou uma bolsa Louis Vuitton,
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    para se diferenciar dos outros.
  • 6:10 - 6:13
    Assim você pode ser
    o objeto de inveja dos outros.
  • 6:18 - 6:20
    Diplomas são uma marca.
  • 6:21 - 6:24
    Mas essas verdades
    muitas vezes se escondem
  • 6:24 - 6:27
    na lábia ruidosa dos vendedores.
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    Não passa um dia sem que um político
    na televisão nos diga:
  • 6:35 - 6:40
    "Um diploma universitário é essencial
    na escalada para a classe-média".
  • 6:40 - 6:44
    E a prova habitual que oferecem
    é o "bônus" do ensino superior:
  • 6:44 - 6:49
    uma pessoa formada recebe em média
    56% mais do que uma com ensino médio.
  • 6:50 - 6:52
    Vamos olhar esse número com mais cuidado,
  • 6:52 - 6:57
    porque à primeira vista parece
    que isso desmente as histórias que ouvimos
  • 6:57 - 7:01
    sobre pessoas formadas trabalhando
    como garçons e caixas de supermercado.
  • 7:02 - 7:07
    De cada 100 pessoas matriculadas
    em algum curso superior,
  • 7:07 - 7:10
    45 não o concluem em tempo hábil,
  • 7:10 - 7:13
    por inúmeras razões,
    inclusive financeiras.
  • 7:14 - 7:18
    Dos 55 que concluem,
    dois ficarão desempregados
  • 7:18 - 7:21
    e outros 18 ficarão subempregados.
  • 7:24 - 7:27
    Então, pessoas com nível superior
    recebem mais que pessoas com nível médio,
  • 7:27 - 7:30
    mas será que isso compensa
    as taxas exorbitantes
  • 7:30 - 7:33
    e os salários perdidos
    enquanto cursam a faculdade?
  • 7:35 - 7:37
    Agora até os economistas admitem
  • 7:37 - 7:42
    que cursar uma faculdade só vale a pena
    para aqueles que a concluem.
  • 7:43 - 7:48
    Mas só porque os salários de nível médio
    têm sido reduzidos ao mínimo, por décadas.
  • 7:50 - 7:52
    Por décadas
  • 7:52 - 7:56
    tem sido negado aos trabalhadores
    com diploma de ensino médio
  • 7:56 - 7:59
    uma parte justa do que eles produzem.
  • 7:59 - 8:02
    E se eles tivessem recebido como deveriam,
  • 8:02 - 8:06
    ir para a faculdade teria sido
    um mau investimento para muitos.
  • 8:06 - 8:08
    Bônus do ensino superior?
  • 8:09 - 8:12
    Acho que é um desconto do ensino médio.
  • 8:13 - 8:18
    Dois de cada três candidatos matriculados
    não conseguem um trabalho adequado.
  • 8:18 - 8:21
    E o futuro para eles
    não parece muito promissor,
  • 8:21 - 8:24
    na verdade é francamente desolador.
  • 8:24 - 8:26
    E são eles que vão sofrer
  • 8:28 - 8:30
    as formas mais severas
    de dívidas estudantis.
  • 8:31 - 8:34
    E são eles, curiosa e tristemente,
  • 8:34 - 8:37
    os mais bombardeados com essa história
    de bônus do ensino superior.
  • 8:39 - 8:41
    Isso não é apenas um marketing cínico,
  • 8:41 - 8:43
    isso é cruel.
  • 8:44 - 8:46
    Então o que fazer?
  • 8:46 - 8:52
    E se os pais e os estudantes tratassem
    o ensino superior como um bem de consumo?
  • 8:53 - 8:55
    Todo mundo parece fazer isso.
  • 8:56 - 8:58
    Então, como qualquer outro bem de consumo,
  • 8:58 - 9:00
    você exigiria saber
    pelo que está pagando.
  • 9:00 - 9:04
    Quando você compra remédios,
    recebe uma lista de efeitos colaterais.
  • 9:04 - 9:06
    Quando compra um produto
    do ensino superior,
  • 9:06 - 9:10
    deveria haver um aviso que permitisse
    aos consumidores escolherem,
  • 9:10 - 9:12
    tomarem decisões embasadas.
  • 9:12 - 9:16
    Quando você compra um carro,
    dizem para você qual o consumo esperado.
  • 9:16 - 9:18
    Quem sabe o que esperar
  • 9:18 - 9:21
    de um diploma, digamos,
    em Estudos Canadenses?
  • 9:22 - 9:23
    A propósito, isso existe.
  • 9:26 - 9:28
    E se houvesse um aplicativo para isso?
  • 9:31 - 9:35
    Um que associasse o custo
    de um curso superior
  • 9:35 - 9:37
    ao rendimento esperado.
  • 9:37 - 9:40
    Vamos chamá-lo de Taxa Universitária
    Baseada na Renda.
  • 9:40 - 9:41
    Um de vocês pode fazer isso.
  • 9:41 - 9:43
    (Risos)
  • 9:43 - 9:44
    Descubram sua realidade.
  • 9:44 - 9:47
    (Risos)
  • 9:47 - 9:51
    Existem três vantagens, três benefícios,
    na Taxa Universitária Baseada na Renda.
  • 9:52 - 9:55
    Qualquer usuário pode calcular
    quanto dinheiro vai receber
  • 9:55 - 9:58
    com uma determinada
    faculdade e curso superior.
  • 9:58 - 10:00
    Esses usuários bem-informados
  • 10:00 - 10:03
    dificilmente serão vítimas de vigaristas,
  • 10:03 - 10:05
    da lábia dos vendedores.
  • 10:06 - 10:08
    E vão escolher com sabedoria.
  • 10:08 - 10:11
    Por que alguém pagaria
    por uma faculdade mais do que, digamos,
  • 10:11 - 10:14
    15% da renda adicional que recebe?
  • 10:16 - 10:19
    Há um segundo benefício
    na Taxa Universitária Baseada na Renda.
  • 10:19 - 10:22
    Vinculando o custo à renda,
  • 10:22 - 10:26
    administradores de faculdades
    teriam que gerenciar melhor os custos,
  • 10:26 - 10:28
    e encontrar formas inovadoras para isso.
  • 10:28 - 10:30
    Por exemplo,
  • 10:30 - 10:34
    todos estudantes pagam aproximadamente
    a mesma mensalidade por qualquer curso.
  • 10:35 - 10:39
    Isso é claramente injusto e precisa mudar.
  • 10:39 - 10:41
    Um estudante de engenharia
  • 10:41 - 10:46
    usa mais recursos, instalações,
    laboratórios e capacidade,
  • 10:46 - 10:48
    do que um estudante de filosofia.
  • 10:49 - 10:51
    Então o estudante de filosofia
  • 10:51 - 10:53
    está subsidiando o de engenharia,
  • 10:54 - 10:56
    que, por sinal, recebe mais.
  • 10:56 - 11:00
    Por que duas pessoas deveriam
    comprar o mesmo produto,
  • 11:00 - 11:01
    pagar o mesmo valor,
  • 11:01 - 11:04
    mas uma pessoa receber
    a metade ou um terço do serviço?
  • 11:06 - 11:10
    De fato, formandos de alguns cursos
  • 11:10 - 11:13
    gastam 25% da sua renda
    pagando dívidas estudantis,
  • 11:13 - 11:15
    enquanto outros gastam 5%.
  • 11:17 - 11:21
    Esse tipo de injustiça terminaria
    se o preço dos cursos fosse mais correto.
  • 11:22 - 11:24
    Claro, todos esses dados...
  • 11:24 - 11:26
    E um de vocês vai fazer isso, certo?
  • 11:26 - 11:28
    Todos esses dados
    devem ser bem projetados
  • 11:28 - 11:30
    talvez auditados
    por empresas de contabilidade
  • 11:30 - 11:32
    para evitar mentiras estatísticas.
  • 11:32 - 11:35
    Sabemos sobre estatísticas, certo?
  • 11:36 - 11:37
    Mas seja como for,
  • 11:37 - 11:42
    o terceiro e maior benefício
    da Taxa Universitária Baseada na Renda,
  • 11:42 - 11:47
    é que ela libertaria os americanos
    do medo e do fato da ruína financeira
  • 11:47 - 11:50
    por terem comprado um produto defeituoso.
  • 11:51 - 11:53
    Talvez, com o tempo,
  • 11:53 - 11:56
    jovens e velhos americanos
    possam redescobrir,
  • 11:56 - 11:58
    como o senhor disse mais cedo,
  • 11:58 - 12:00
    sua curiosidade, seu amor por aprender.
  • 12:00 - 12:03
    Estudando o que amam
    e amando o que estudam,
  • 12:03 - 12:04
    seguindo suas paixões,
  • 12:05 - 12:07
    sendo estimulados por sua inteligência,
  • 12:07 - 12:11
    seguindo caminhos de investigação
    que realmente desejam.
  • 12:11 - 12:15
    Afinal, foram Eric e Kevin,
  • 12:15 - 12:17
    há dois anos,
  • 12:18 - 12:21
    justamente esse tipo de jovens,
  • 12:21 - 12:24
    que me instigaram e trabalharam
    comigo, e ainda o fazem,
  • 12:25 - 12:28
    no estudo sobre os estudantes
    endividados nos Estados Unidos.
  • 12:29 - 12:31
    Muito obrigado por sua atenção.
  • 12:31 - 12:34
    (Aplausos)
Title:
Como os empréstimos estudantis exploram os estudantes visando o lucro | Sajay Samuel | TEDxSPU
Description:

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

"Houve um tempo, nos Estados Unidos," diz o professor Sajay Samuel, "em que fazer faculdade não significava formar-se com dívidas." Hoje, o ensino superior se tornou um bem de consumo. Os custos dispararam, impondo aos estudantes uma dívida total de mais de US$ 1 trilhão, enquanto as universidades e empresas financeiras lucram massivamente. Samuel propõe uma solução radical: associar os custos das taxas universitárias aos vencimentos esperados para a formação, de forma que os estudantes possam tomar decisões baseados em informações sobre seu futuro, restabelecendo o amor pelos estudos e contribuindo para o mundo de forma significativa.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:37

Portuguese, Brazilian subtitles

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