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Rebecca Onie: E se o nosso sistema de saúde nos mantivesse saudáveis?

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    No meu primeiro ano na universidade,
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    eu me inscrevi para um estágio na minha unidade
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    nos Serviços Legais da Grande Boston.
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    Apresentei-me no primeiro dia,
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    pronta para fazer café e tirar fotocópias,
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    mas fui alocada junto a este advogado justo, profundamente inspirado,
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    chamado Jeff Purcell,
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    que me lançou na linha de frente
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    desde o primeiro dia.
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    E durante o período de nove meses,
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    eu tive a chance
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    de ter dezenas de entrevistas
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    com famílias de baixa renda, em Boston,
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    as quais vinham com problemas de habitação,
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    mas sempre tinham problemas de saúde subjacentes.
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    Então eu tive um cliente que veio,
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    prestes a ser despejado, porque não tinha pago o seu aluguel.
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    Mas ele não tinha pago o aluguel, claro,
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    porque estava pagando pelo seu medicamento contra o HIV
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    e não podia pagar os dois.
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    Nós tinhamos mães que vinham
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    porque as filhas tinham asma
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    e acordavam todas as manhãs cobertas de baratas.
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    E uma das nossas estratégias de litígio
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    era me mandar para a casa desses clientes
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    com estas grandes garrafas de vidro.
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    E eu colhia as baratas
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    e as colava neste papelão
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    que levávamos ao tribunal nos nossos casos.
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    E nós sempre ganhávamos
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    por que os juízes sempre ficavam chocados.
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    Muito mais eficiente, tenho que dizer,
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    do que qualquer outra coisa que aprendi depois no curso de Direito.
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    Mas, ao longo desses nove meses,
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    fiquei frustrada com a sensação de que
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    era como se nós estivéssemos intervindo muito depois
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    na vida de nossos clientes --
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    isto é, no momento em que nos procuraram,
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    eles já estavam em crise.
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    E no final do meu primeiro ano na universidade,
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    eu li um artigo sobre o trabalho
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    que o Dr. Barry Zuckerman estava fazendo
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    como Presidente da Pediatria
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    no Centro Médico de Boston.
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    E a sua primeira contratação foi um advogado para o serviço jurídico
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    para representar os pacientes.
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    Então, telefonei para o Barry
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    e, com a sua bênção, em outubro de 1995,
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    fui à sala de espera
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    da clínica pediátrica do Centro Médico de Boston.
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    Nunca vou esquecer,
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    as tevês passando esses intermináveis desenhos.
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    E a exaustão das mães,
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    que tinham pegado dois, três, às vezes quatro ônibus
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    para trazer seus filhos para o médico,
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    era muito vísível.
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    Os médicos, parecia,
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    nunca tinham tempo suficiente para todos os pacientes,.
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    como eles deveriam.
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    E durante o período de seis meses.,
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    eu os encontrava nos cantos dos corredores
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    e fazia uma pergunta ingênua mas fundamental:
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    "Se você tivesse recursos ilimitados,
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    qual seria a principal coisa que você daria aos seus pacientes?"
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    E eu ouvia a mesma resposta sempre,
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    uma resposta que temos ouvido centenas de vezes desde então.
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    Eles diziam: "Todos os dias temos pacientes que vêm para a clínica --
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    a criança tem uma infecção no ouvido,
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    eu receito antibiótico.
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    Mas a questão principal é que não há comida em casa.
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    A questáo principal
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    é qua a criança está vivendo com outras 12 pessoas
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    em um apartamento de dois quartos.
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    E eu nem pergunto sobre esses problemas
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    porque não há nada que eu possa fazer.
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    Eu tenho 13 minutos com cada paciente.
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    Pacientes estão se empilhando na sala de espera da clínica.
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    Eu não tenho idéia de onde é a despensa de alimentos mais próxima.
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    E eu não tenho nenhuma ajuda."
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    Naquela clínica, mesmo hoje,
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    há dois assistentes sociais
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    para 24 mil pacientes pediátricos, .
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    o que é melhor do que muitas outras clínicas por aí.
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    Então a Health Leads nasceu dessas conversas --
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    um modelo simples
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    no qual médicos e enfermeiras
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    podem receitar alimentos nutritivos,
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    calor no inverno
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    e outros recursos básicos para os seus pacientes
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    da mesma maneira que eles receitam medicamentos.
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    Os pacientes então levam as suas receitas
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    para a nossa mesa na sala de espera da clínica
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    onde nós temos um núcleo de bem treinados colegas estudantes de Direito
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    que trabalham lado a lado com essas famílias
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    para conectá-las
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    com os recursos disponíveis existentes na área da comunidade.
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    Assim, começamos com uma mesa de jogo na sala de espera da clínica --
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    totalmente no estilo barraca de limonada.
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    Mas hoje temos mil estudantes universitários de Direito
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    que estão trabalhando para conectar quase 9 mil pacientes e suas famílias
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    com os recursos que eles precisam para ser saudáveis.
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    Há 18 meses
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    eu recebi este e-mail que mudou a minha vida.
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    E o e-mail era do Dr. Jack Geiger,
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    que escreveu para me felicitar pelo Health Leads
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    e para compartilhar, como ele disse,
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    um pouco do contexto histórico.
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    Em 1965, o Dr. Geiger fundou
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    um dos dois primeiros centros de saúde comunitários neste país,
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    numa área extremamente pobre no delta do Mississippi.
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    E tantos dos seus pacientes vinham
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    apresentando subnutrição
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    que ele começou a receitar alimentos para eles.
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    E eles levavam estas receitas ao supermercado local
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    que fornecia os alimentos
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    e então cobrava do orçamento farmacêutico da clínica
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    E quando o Office of Economic Opportunity (Escritório de Oportunidades Econômicas) em Washington, DC -
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    que estava subsidiando a clínica de Geiger --
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    descobriu isso,
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    ficaram furiosos.
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    E mandaram um burocrata para
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    dizer a Geiger que esperavam que ele usasse o dinheiro
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    para cuidados médicos --
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    ao que Geiger, famosa e logicamente, respondeu:
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    "A última vez que eu verifiquei meus livros médicos,
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    a terapia específica para subnutrição era comida ."
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    (Risos)
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    Então quando eu recebi este e-mail do Dr.Geiger,
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    eu sabia que podia me sentir orgulhosa
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    por ser parte da história.
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    Mas a verdade é que
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    eu estava arrasada.
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    Aqui estamos nós,
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    45 anos depois de Geiger ter receitado comida para seus pacientes,
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    e tenho médicos me dizendo,
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    "Nesses assuntos, nós aplicamos a política do 'não pergunte, não diga'."
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    Quarenta e cinco anos depois de Geiger,
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    Health Leads tem que reinventar
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    as receitas para os recursos básicos.
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    Eu tenho passado horas e mais horas
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    tentando dar sentido a este estranho Dia da Marmota (analogia sobre fazer previsões).
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    Como é que -- se por décadas
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    tivemos uma ferramenta boa e eficiente para manter pacientes,
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    especialmente pacientes de baixa renda, saudáveis --
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    nós não empregamos isso?
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    Se sabemos o que é necessário para ter um sistema de saúde,
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    ao invés de um sistema de doença,
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    por que não o fazemos?
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    Essas perguntas, no meu entendimento,
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    não são difíceis porque as respostas são complicadas,
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    elas são difíceis porque exigem que sejamos honestos com nós mesmos.
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    A minha crença é que é muito doloroso
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    articular nossas aspirações para nosso sistema de saúde
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    ou mesmo admitir que temos alguma.
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    Porque se o fizéssemos,
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    elas estariam tão distantes
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    da nossa realidade atual.
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    Mas isto não muda a minha crença
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    de que todos nós, profundamente,
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    aqui nesta sala e em todo o pais,
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    compartilhamos um conjunto semelhante de desejos.
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    Que se formos honestos com nós mesmos
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    e escutarmos silenciosamente,
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    que nós todos abrigamos
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    uma aspiração muito forte pelo nosso sistema de saúde
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    para que nos mantenha saudáveis.
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    Esta aspiração de que nosso sistema de saúde nos mantenha saudáveis
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    é muito poderosa.
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    E a forma como penso sobre isto
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    é que o sistema de saúde é como qualquer outro sistema.
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    É como um conjunto de escolhas que as pessoas fazem.
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    E se nós decidirmos
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    fazer um conjunto diferente de escolhas?
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    E se decidirmos pegar todas as partes do sistema de saúde
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    que foram afastadas de nós.
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    ficarmos firmes e dizermos: "Não.
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    Estas coisas são nossas.
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    Elas serão usadas para um propósito.
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    Elas serão usadas para realizar
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    nossas aspirações"?
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    E se tudo o que precisássemos
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    para realizar nossas aspirações para o sistema de saúde
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    estivesse aqui bem na nossa frente,
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    apenas esperando ser reinvindicado?
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    Foi aqui que a Health Leads começou.
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    Nós começamos com o receituário --
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    um pedaço comum de papel --
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    e nós perguntamos, não o que o paciente precisa para ficar saudável --
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    antibiótico, inalador de ar, medicação --
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    mas o que o paciente precisa para ser saudável,
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    para não ficar doente em primeiro lugar?
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    E nós escolhemos usar as receitas
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    para aquele propósito.
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    Assim, a apenas algumas milhas daqui,
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    no Centro Nacional de Medicina para Crianças,
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    quando os pacientes entram no consultório médico,
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    eles respondem a algumas perguntas.
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    Perguntam a eles: "Fica sem comida no final do mês?"
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    Você tem uma moradia segura?"
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    E quando a médica começa a visita,
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    ela sabe a altura, o peso, se há alimentos na casa,
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    se a família está morando num abrigo.
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    E isto não só conduz a um melhor conjunto de escolhas clínicas,
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    mas o médico também pode receitar aqueles recursos para o paciente,
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    usando a Health Leads como qualquer outra subespecialidade de referência.
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    O problema é que,
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    uma vez que você tenha o gosto de como é
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    realizar suas aspirações para o sistema de saúde,
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    você quer mais.
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    Então nós pensamos,
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    se podemos ter médicos individuais
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    receitando esses recursos básicos para seus pacientes,
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    nós poderíamos ter um completo sistema de saúde
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    mudando sua acepção?
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    E nós fizemos uma tentativa.
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    Então agora no Centro Hospitalar Harlem,
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    quando chegam pacientes com alto índice de massa corporal,
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    o registro médico eletrônico
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    automaticamente gera uma receita para o Health Leads.
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    E nossos voluntários podem então trabalhar com eles
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    para conectar os pacientes a alimentação saudável e programas de exercícios
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    nas suas comunidades.
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    Nós criamos a acepção de
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    que se você é um paciente daquele hospital
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    com um IMC (Índice de Massa Corporal) elevado,
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    as quatro paredes do consultório do médico
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    provavelmente não irão dar todas as coisas
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    que você precisa para ser saudável.
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    Você precisa mais.
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    Assim, de uma maneira,
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    isto é apenas um reclassificação básica
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    do registro médico eletrônico.
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    E de outra maneira,
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    é uma transformação radical
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    do registro médico eletrônico,
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    de um repositório estático de informação diagnóstica
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    para uma ferramenta de promoção de saúde.
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    No setor privado,
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    quando você consegue aquele valor adicional
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    de um investimento de custo fixo,
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    isso é chamado de companhia de um bilhão de dólares.
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    Mas no meu mundo,
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    é chamado redutor de obesidade e diabetes.
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    É chamado sistema de saúde --
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    um sistema em que médicos podem receitar soluções
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    para melhorar a saúde,
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    não apenas gerenciar a doença.
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    A mesma coisa na sala de espera da clínica.
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    Todos os dias neste país
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    três milhões de pacientes
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    passam por cerca de 150 mil salas de espera de clínicas neste país.
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    E o que eles fazem quando estão lá?
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    Eles sentam, eles observam o peixinho no aquário,
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    eles leem velhas edições
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    da revista Boa Limpeza.
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    Mas na maior parte do tempo nós apenas sentamos lá, esperando.
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    Como é que chegamos aqui,
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    devotamos centenas de acres e milhares de horas,
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    para esperar?
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    E se nós tivéssemos uma sala de espera
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    onde você não apenas senta quando está doente,
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    mas aonde você vai para ficar saudável.
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    Se os aeroportos podem se transformar em shoppings
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    e o McDonald's pode se tornar um espaço de recreação,
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    certamente nós podemos reinventar a sala de espera.
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    E isto é o que a Health Leads tem tentado fazer,
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    para recuperar aquela propriedade e aquele tempo
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    e usá-los como um portal
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    para conectar pacientes
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    com os recursos que eles precisam para serem saudáveis.
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    Temos um inverno rigoroso no Nordeste,
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    os seus garotos tem asma, o seu aquecedor foi desligado,
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    e certamente você está na sala de espera da emergência,
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    porque o resfriado piorou a asma do seu filho.
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    E se, ao invés de esperar ansiosamente por horas,
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    a sala de espera se tornasse o lugar
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    onde a Health Leads fizesse o seu aquecedor ser ligado?
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    E sem dúvida tudo isto requer
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    uma maior força de trabalho.
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    E se formos criativos, nós já temos isso também.
  • 10:49 - 10:51
    Nós sabemos que os nossos médicos e enfermeiras
  • 10:51 - 10:52
    e mesmo assistentes sociais
  • 10:52 - 10:54
    não são suficientes,
  • 10:54 - 10:56
    que os poucos minutos de assistência médica
  • 10:56 - 10:57
    são muito restritos.
  • 10:57 - 10:59
    Saúde requer mais tempo.
  • 10:59 - 11:02
    Requer um exército não clínico
  • 11:02 - 11:05
    de trabalhadores comunitários de saúde e gerentes de casos
  • 11:05 - 11:06
    e muitos outros.
  • 11:06 - 11:09
    E se uma pequena parte dessa próxima força de trabalho da saúde
  • 11:09 - 11:13
    fosse os 11 milhões de estudantes universitários deste país?
  • 11:13 - 11:16
    Livres de responsabilidades clínicas,
  • 11:16 - 11:18
    relutantes em ter um não como resposta
  • 11:18 - 11:20
    daquelas burocracias
  • 11:20 - 11:22
    que tendem a esmagar pacientes,
  • 11:22 - 11:24
    e com uma habilidade sem comparaçào
  • 11:24 - 11:25
    para a recuperação de informações
  • 11:25 - 11:28
    afiada por anos de uso do Google.
  • 11:28 - 11:31
    Agora para que não pensem que seja improvável
  • 11:31 - 11:32
    que um acadêmico voluntário
  • 11:32 - 11:34
    possa ter este tipo de compromisso,
  • 11:34 - 11:36
    eu tenho duas palavras para vocês.
  • 11:36 - 11:38
    March Madness (Loucura de Março - campeonato de basquete com times de 68 universidades).
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    Em média, o jogador de basquetebol da NCAA Division I
  • 11:42 - 11:45
    dedica 39 horas por semana para o esporte.
  • 11:45 - 11:48
    Nós podemos pensar que isto é bom ou ruím,
  • 11:48 - 11:50
    mas em qualquer dos casos é verdadeiro.
  • 11:50 - 11:52
    E a Health Leads é baseada no pressuposto
  • 11:52 - 11:54
    de que por muito tempo
  • 11:54 - 11:56
    nós temos pedido muito pouco para nossos universitários
  • 11:56 - 12:00
    no que se refere a um impacto real em comunidades vulneráveis.
  • 12:00 - 12:01
    Os times de esportes universitários dizem:
  • 12:01 - 12:03
    "Nós iremos passar dezenas de horas
  • 12:03 - 12:07
    em algum estádio no campus, de manhã muito cedo,
  • 12:07 - 12:10
    e nós iremos medir seu desempenho e o desempenho de seu time e,
  • 12:10 - 12:12
    se você não corresponder ou se não aparecer,
  • 12:12 - 12:14
    vamos cortá-lo do time.
  • 12:14 - 12:16
    Mas nós faremos enormes investimentos
  • 12:16 - 12:17
    no seu treinamento e desenvolvimento,
  • 12:17 - 12:20
    e nós lhe daremos um extraordinário grupo de companheiros".
  • 12:20 - 12:22
    E as pessoas fazem fila na porta
  • 12:22 - 12:25
    apenas pela chance de ser parte disso.
  • 12:25 - 12:26
    Então o nosso sentimento é,
  • 12:26 - 12:28
    se é bom o suficiente para o time de rugby,
  • 12:28 - 12:30
    é bom o sufiiciente para a saúde e a pobreza.
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    A Health Leads também recruta competitivamente
  • 12:33 - 12:34
    treina intensivamente,
  • 12:34 - 12:36
    orienta professionalmente,
  • 12:36 - 12:38
    exige um tempo significativo,
  • 12:38 - 12:40
    constrói um time consistente
  • 12:40 - 12:41
    e mede os resultados --
  • 12:41 - 12:44
    um tipo de Ensino para a América para o sistema de saúde.
  • 12:44 - 12:46
    Agora, nas dez principais cidades nos Estados Unidos,
  • 12:46 - 12:48
    com os maiores núneros de pacientes em tratamento,
  • 12:48 - 12:52
    cada uma delas tem pelo menos 20 mil estudantes universitários.
  • 12:52 - 12:55
    Somente Nova York tem meio milhão de estudantes universitários.
  • 12:55 - 12:58
    E isto não é apenas um tipo de força de trabalho de curto prazo
  • 12:58 - 13:00
    para conectar pacientes aos recursos básicos,
  • 13:00 - 13:04
    é a próxima geração de líderes condutores de assistência à saúde
  • 13:04 - 13:06
    que passaram dois, três, quatro anos
  • 13:06 - 13:08
    na sala de espera da clínica,
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    falando com os pacientes sobre suas mais básicas necessidades de saúde.
  • 13:12 - 13:13
    E eles partem com a convicção,
  • 13:13 - 13:15
    a habilidade e a eficiência
  • 13:15 - 13:19
    de realizar nossas mais básicas aspirações para a assistência de saúde.
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    E acontece que já há milhares desses caras lá fora..
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    Mia Lozada é a Chefe Residente de Medicina Interna
  • 13:26 - 13:27
    no Centro Médico da UCSF (Universidade da Califórnia, São Francisco),
  • 13:27 - 13:30
    mas, por três anos, como uma estudante
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    ela era uma voluntária da Health Leads
  • 13:31 - 13:34
    na sala de espera da clínica no Centro Médico de Boston.
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    Mia diz: "Quando meus colegas escrevem uma receita
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    eles pensam que o seu trabalho terminou.
  • 13:40 - 13:42
    Quando eu escrevo uma receita,
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    eu penso, a família pode ler esta receita?
  • 13:44 - 13:46
    Eles têm transporte para a farmácia?
  • 13:46 - 13:49
    Eles têm alimento para tomar com os remédios?
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    Eles têm seguro para cobrir a receita?
  • 13:51 - 13:53
    Estas são as questões que eu aprendi na Health Leads,
  • 13:53 - 13:55
    não na escola de medicina."
  • 13:55 - 13:57
    Agora, nenhuma dessas soluções --
  • 13:57 - 14:00
    o receituário, o registro médico eletrônico,
  • 14:00 - 14:01
    a sala de espera,
  • 14:01 - 14:02
    o exército de estudantes universitários --
  • 14:02 - 14:04
    é perfeita.
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    Mas eles são nossos para a investida --
  • 14:06 - 14:08
    exemplos simples
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    do vasto recurso subutilizado na assistência em saúde
  • 14:11 - 14:14
    que, se reclamarmos e realocarmos,
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    podem realizar nossas mais básicas aspirações
  • 14:17 - 14:19
    de assistência à saúde.
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    Estive nos Serviços Legais por cerca de nove meses
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    quando esta ideia do Heallth Leads começou a se infiltrar na minha mente.
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    E sabia que tinha que contar ao meu advogado, Jeff Purcell,
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    que eu precisava sair.
  • 14:29 - 14:30
    E eu estava tão nervosa,
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    porque pensava que ele ficaria desapontado comigo
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    por abandonar os nossos clientes por uma ideia maluca.
  • 14:36 - 14:38
    E eu sentei com ele e disse:
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    "Jeff, eu tive esta idéia
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    de que poderiamos mobilizar estudantes universitários
  • 14:42 - 14:45
    para atender as mais básicas necessidades de saúde dos pacientes."
  • 14:45 - 14:47
    E eu vou ser honesta,
  • 14:47 - 14:50
    o que eu mais queria é que ele não ficasse zangado comigo.
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    Mas ele disse isto:
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    "Rebecca, quando você tem uma visão,
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    você tem a obrigação de realizar aquela visão.
  • 14:59 - 15:02
    Você deve perseguir aquela visão."
  • 15:02 - 15:05
    E eu tenho que dizer, eu estava como que " Pare.
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    É muita pressão."
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    Eu só queria uma aprovação.
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    Eu não queria algum tipo de mandato.
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    Mas a verdade é que
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    tenho passado cada minuto desde então
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    perseguindo aquela visão.
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    Eu acredito que todos nós temos uma visão
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    para a saúde neste país.
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    Eu acredito que, no fim das contas,
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    quando medirmos nossa assistência à saúde,
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    não será pelas doenças curadas,
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    mas pelas doenças evitadas.
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    Não será pela excelência das nossas tecnologias
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    ou pela sofisticação dos nossos especialistas,
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    mas por quão raramente precisamos deles.
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    E acima de tudo,
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    eu acredito que quando nós medimos a assistência médica,
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    será, não pelo que o sistema era,
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    mas pelo que nós escolhemos que ele fosse.
  • 15:48 - 15:49
    Muito obrigada.
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    (Aplausos)
  • 16:00 - 16:01
    Muito obrigada.
  • 16:01 - 16:10
    (Aplausos)
Title:
Rebecca Onie: E se o nosso sistema de saúde nos mantivesse saudáveis?
Speaker:
Rebecca Onie
Description:

Rebecca Onie faz perguntas audaciosas. E se as salas de espera fossem um lugar para melhorar diariamente o sistema de saúde? E se os médicos pudessem receitar alimentos, habitação e aquecimento no inverno? No TEDMED, ela descreve o Health Leads, uma organização que faz justamente isto -- e faz com a construção de uma base de voluntários como uma elite, dedicados como um time de esporte universitário.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:34

Portuguese, Brazilian subtitles

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