Karen Bass: Imagens inéditas, natureza indomada

No TED2012, a cineasta Karen Bass compartilha algumas surpreendentes imagens da natureza que ela filmou para a BBC e para a National Geographic -- incluindo imagens de uma filmagem inédita, do morcego nectarívoro, que se alimenta de uma forma bastante rara...

Sou uma pessoa de muita sorte.

Sou privilegiada por poder ver tanto da nossa bela Terra

e as pessoas e as criaturas que nela vivem.

Essa minha paixão foi inspirada quando eu tinha sete anos,

quando meus pais me levaram ao Marrocos pela primeira vez,

na borda do Deserto do Saara.

Agora, imaginem uma pequena britânica

num lugar que não era frio e úmido como no meu país.

Que experiência maravilhosa.

E isso me deixou querendo explorar mais.

Como uma cineasta então,

viajei de um extremo da Terra ao outro

tentando tirar a foto perfeita

e capturar comportamento animal nunca antes visto.

E além disso, tenho a sorte de

poder compartilhar isso com milhões de pessoas em todo o mundo.

Bom, a ideia de obter novas perspectivas do nosso planeta

e, poder na verdade, difundir essa mensagem

me faz levantar da cama todos os dias muito motivada.

Vocês poderiam pensar que é muito difícil

encontrar histórias e temas novos,

mas a nova tecnologia está alterando o modo como podemos filmar.

Ela nos possibilita encontrar novas imagens,

e contar histórias inéditas.

Em ‘Os Mais Espetaculares Eventos da Natureza’,

uma série para a BBC que fiz com David Attenborough,

queríamos justamente fazer isso.

As imagens dos ursos-grizzly nos são bem familiares.

As vemos o tempo todo. Assim pensam.

Existe todo um lado da vida deles que raramente vemos,

e que nunca foi filmado.

Então nós fomos para o Alasca,

que é onde os ursos-grizzly dependem

das encostas das montanhas realmente altas, quase inacessíveis

para as suas tocas.

E a única forma de filmar isso é no ar.

(Vídeo) David Attenborough: Por todo o Alasca e a Columbia Britânica,

milhares de famílias de ursos despertam do seu sono de inverno.

Não há nada de comer aqui em cima,

mas as condições eram ideais para hibernação.

Muita neve para cavar uma toca.

Para encontrar alimento, as mães têm que levar os filhotes para o litoral,

onde a neve já estará derretendo.

Mas a descida pode ser um desafio para os ursinhos.

Essas montanhas são lugares perigosos,

mas, no final, o destino dessas famílias de ursos,

e certamente o destino de todos os ursos em volta do Pacífico Norte,

dependem do salmão.

KB: Eu adoro esta foto.

Toda vez que a vejo fico toda arrepiada.

Esta foi filmada de um helicóptero

e usamos uma câmera giro-estabilizada.

É um equipamento fantástico,

porque é como se eu tivesse um tripé voador, um guindaste e um dolly tudo em um.

Mas só a tecnologia não é o bastante.

Para realmente tirar grandes fotos,

é uma questão de estar no lugar certo e na hora certa.

E esta sequência foi especialmente difícil.

No primeiro ano não conseguimos nada.

Tivemos que voltar no ano seguinte,

àquele lugar nas partes remotas do Alasca.

e ficamos por lá com um helicóptero durante duas semanas.

E eventualmente tivemos sorte.

As nuvens levantaram, não havia vento,

e até o urso apareceu.

E conseguimos captar aquele momento mágico.

Para um cineasta,

tecnologia nova é uma ferramenta extraordinária,

mas a outra coisa que realmente me deixa entusiasmada

é quando novas espécies são descobertas.

Quando ouvi falar sobre um animal,

eu sabia que tinha que tê-lo na minha próxima série,

Américas Indomadas, para a revista National Geographic.

Em 2005, uma nova espécie de morcego foi descoberta

nas florestas de altitude do Equador.

E o que é extraordinário sobre esta descoberta

é que também solucionou o mistério

do que polinizava uma flor única.

Ela depende exclusivamente do morcego.

A série ainda não foi ao ar,

portanto, vocês são os primeiros a assistirem.

Vamos ver o que acham.

(Vídeo) Narrador: O morcego nectarívoro.

Uma poça de néctar delicioso

que fica no fundo do longo tubo de cada uma as flores.

Mas como alcançar isto?

A necessidade é a mãe da evolução.

(Música)

Este morcego de seis centímetros

tem uma língua de oito centímetros,

a mais longa em relação ao comprimento do corpo

de qualquer mamífero no mundo.

Se humano, ele teria uma língua de dois metros e setenta.

(Aplausos)

KB: Que língua!

Parar o filmar nós fizemos um buraquinho na base da flor.

e utilizamos uma câmera que podia desacelerar a ação 40 vezes.

Então imaginem o quão rápido ele é na vida real.

Muitas vezes as pessoas me perguntam: “Qual o seu lugar favorito no planeta?”

E a verdade é que não tenho um.

Existem tantos lugares maravilhosos.

Mas certos lugares nos fascina e lá retornamos repetidamente.

E um lugar remoto –

fui lá pela a primeira vez como mochileira;

voltei várias vezes para filmar,

mais recentemente para o ‘Americas Indomadas’ –

é o Altiplano dos Andes na América do Sul,

e é o lugar mais místico que conheço.

Mas a 4.600 metros, é difícil.

É gelado,

e aquele ar rarefeito realmente nos afeta.

Às vezes é difícil respirar,

especialmente quando carregamos equipamento de filmagem pesado.

E aquele martelar na cabeça é como se fosse uma constante ressaca.

Mas a vantagem daquele ar da atmosfera maravilhoso

é que ele nos deixa ver as estrelas nos céus

com incrível clareza.

Vejam.

(Vídeo) Narrador: Cerca de 2.500 km ao sul dos trópicos,

entre o Chile e a Bolívia,

os Andes se transformam completamente.

É chamado de Altiplano, ou “altas planícies” –

um lugar de extremos

e extremos contrastes.

Onde os desertos congelam,

as águas fervem.

Mais parecido com Marte do que com a Terra,

parece igualmente hostil à vida.

As próprias estrelas –

a 3.700 metros, o ar seco e fino

é perfeito para observar as estrelas.

Alguns dos astrônomos do mundo têm telescópios nas proximidades.

Mas simplesmente olhando para cima a olho nu

realmente não precisamos de mais nada.

(Música)

(Aplausos)

Muito, muito obrigada

por me deixarem compartilhar algumas imagens

da nossa magnífica, maravilhosa Terra.

Obrigada por me deixarem compartilhar isto com vocês.

(Aplausos)