Return to Video

O ET (provavelmente) anda por aí — preparem-se

  • 0:00 - 0:02
    Andará por aí o ET?
  • 0:02 - 0:04
    Bem, eu trabalho no SETI Institute.
  • 0:04 - 0:06
    É quase o meu nome: SETI,
  • 0:06 - 0:08
    Procura de Inteligência Extraterrestre.
  • 0:08 - 0:10
    Por outras palavras,
    procuro extraterrestres.
  • 0:10 - 0:13
    Quando digo isso às pessoas,
    num coquetel, geralmente,
  • 0:13 - 0:16
    fitam-me com um olhar
    ligeiramente incrédulo.
  • 0:16 - 0:18
    Eu tento manter uma fisionomia
    relativamente calma.
  • 0:18 - 0:21
    Muitas pessoas pensam
    que isto é um bocado idealista,
  • 0:21 - 0:24
    ridículo, talvez até vão.
  • 0:24 - 0:27
    Mas quero falar-vos um pouco
    do motivo por que penso
  • 0:27 - 0:31
    que o trabalho que tenho é,
    na realidade, um privilégio,
  • 0:31 - 0:33
    e falar-vos um pouco
    do que me motivou a aceitar
  • 0:33 - 0:36
    este tipo de trabalho
    — se lhe podemos chamar assim.
  • 0:36 - 0:38
    Esta coisa... ops,
    podemos voltar atrás?
  • 0:38 - 0:40
    Alô, chamo a Terra.
  • 0:41 - 0:42
    Cá está. Muito bem.
  • 0:42 - 0:45
    Este é o Observatório
    de Rádio de Owens Valley,
  • 0:45 - 0:47
    por trás da Sierra Nevada.
  • 0:47 - 0:51
    Em 1968, eu trabalhava ali,
    recolhendo dados para a minha tese.
  • 0:51 - 0:54
    É um pouco solitário e maçador,
    simplesmente recolher dados,
  • 0:54 - 0:57
    por isso, eu distraía-me,
    à noite, a tirar fotografias
  • 0:57 - 0:59
    aos telescópios ou a mim próprio.
  • 0:59 - 1:04
    Porque, à noite, provavelmente
    eu era o único hominídeo
  • 1:04 - 1:06
    num raio de 50 km.
  • 1:06 - 1:08
    Estas são fotografias minhas.
  • 1:09 - 1:12
    O observatório tinha acabado
    de adquirir um livro novo,
  • 1:12 - 1:14
    escrito por um cosmólogo russo
  • 1:14 - 1:17
    chamado Joseph Shklovsky,
    e depois aumentado,
  • 1:17 - 1:20
    traduzido e editado
    por um astrónomo de Cornell,
  • 1:20 - 1:23
    pouco conhecido,
    chamado Carl Sagan.
  • 1:23 - 1:24
    Lembro-me de ler esse livro,
  • 1:24 - 1:27
    de estar a lê-lo às três da madrugada,
  • 1:27 - 1:30
    e de ele explicar como é que
    as antenas que eu estava a usar
  • 1:30 - 1:34
    para medir a rotação das galáxias,
    também podiam ser usadas
  • 1:34 - 1:36
    para comunicar,
    para enviar informação
  • 1:36 - 1:39
    de um sistema estelar para outro.
  • 1:39 - 1:41
    Às três da madrugada,
    quando estamos completamente sós
  • 1:41 - 1:44
    e dormimos pouco,
    essa ideia parece muito romântica.
  • 1:44 - 1:47
    Mas foi essa ideia
    — o facto de podermos provar
  • 1:47 - 1:49
    que existe alguém fora da Terra,
  • 1:49 - 1:51
    usando esta mesma tecnologia —
  • 1:51 - 1:54
    que me atraiu tanto que,
    20 anos mais tarde,
  • 1:54 - 1:55
    aceitei um emprego no SETI Institute.
  • 1:55 - 1:59
    Devo dizer que a minha memória
    é reconhecidamente porosa,
  • 1:59 - 2:01
    e frequentemente me interroguei
  • 2:01 - 2:03
    sobre se haveria alguma
    verdade nesta história,
  • 2:03 - 2:04
    ou se estaria a inventar.
  • 2:04 - 2:07
    Um dia encontrei o negativo
    duma minha fotografia
  • 2:07 - 2:10
    e devem conseguem ver aí
    o livro de Shklovsky e Sagan
  • 2:10 - 2:12
    debaixo daquele dispositivo
    de cálculo analógico.
  • 2:12 - 2:14
    Portanto, é verdade.
    Muito bem.
  • 2:14 - 2:16
    A ideia de fazer isto não era muito antiga
  • 2:16 - 2:18
    na altura em que tirei aquela foto.
  • 2:18 - 2:21
    A ideia data de 1960,
    quando um jovem astrónomo
  • 2:21 - 2:24
    chamado Frank Drake
    usou esta antena, em West Virginia,
  • 2:24 - 2:27
    apontando-a para algumas estrelas próximas
  • 2:27 - 2:30
    na esperança de escutar ETs.
  • 2:30 - 2:32
    Frank não ouviu nada.
  • 2:32 - 2:34
    O que ouviu era a Força Aérea dos EUA,
  • 2:34 - 2:37
    que não conta como
    inteligência extraterrestre.
  • 2:37 - 2:40
    Mas esta ideia de Drake
    tornou-se muito popular,
  • 2:40 - 2:42
    porque era muito apelativa
    — e voltarei a este ponto —
  • 2:42 - 2:46
    e, com base nesta experiência,
    que não foi bem sucedida,
  • 2:46 - 2:48
    temos feito SETI desde então.
  • 2:48 - 2:50
    Não continuamente, mas desde então.
  • 2:50 - 2:52
    Ainda não ouvimos nada.
  • 2:52 - 2:53
    Ainda não ouvimos nada.
  • 2:53 - 2:55
    De facto, não sabemos de vida
    fora da Terra,
  • 2:55 - 2:59
    Mas, o que vos digo, é que isso
    vai mudar muito em breve.
  • 2:59 - 3:02
    A maior parte dos motivos
    por que penso que vai mudar,
  • 3:02 - 3:04
    reside na melhoria do equipamento.
  • 3:04 - 3:07
    Este é o Complexo do Telescópio Allen,
    a cerca de 563 km
  • 3:07 - 3:09
    de qualquer lugar onde
    estejam agora sentados.
  • 3:09 - 3:12
    É o que estamos a usar
    atualmente para procurar ETs,
  • 3:12 - 3:14
    e a parte eletrónica
    também melhorou imenso.
  • 3:14 - 3:17
    Estes são os equipamentos eletrónicos
    de Frank Drake em 1960.
  • 3:17 - 3:20
    Esta é a parte eletrónica
    do Complexo do Telescópio Allen.
  • 3:20 - 3:23
    Um sábio com muito tempo livre
  • 3:23 - 3:26
    calculou que as novas experiências
    são aproximadamente
  • 3:26 - 3:30
    100 biliões de vezes melhores
    que as de 1960,
  • 3:30 - 3:32
    100 biliões de vezes melhores.
  • 3:32 - 3:34
    É um nível de progresso
    que ficaria bem
  • 3:34 - 3:36
    na vossa ficha informativa, não acham?
  • 3:36 - 3:39
    Mas algo que o público ignora é que,
  • 3:39 - 3:41
    de facto, as experiências
    continuam a melhorar
  • 3:41 - 3:44
    e, consequentemente,
    tendem a tornar-se mais rápidas.
  • 3:44 - 3:46
    Este é um pequeno gráfico
  • 3:46 - 3:48
    — quando mostramos um gráfico
    perdemos 10% da audiência.
  • 3:48 - 3:50
    Eu tenho doze destes.
  • 3:50 - 3:51
    (Risos)
  • 3:51 - 3:54
    Mas o que transpus para este gráfico
    são apenas algumas medidas
  • 3:54 - 3:57
    que mostram a velocidade
    a que estamos a investigar.
  • 3:57 - 3:59
    Ou seja, procuramos
    uma agulha num palheiro.
  • 3:59 - 4:01
    Sabemos a dimensão do palheiro.
    É a galáxia.
  • 4:01 - 4:04
    Mas já não estamos a percorrer o palheiro
  • 4:04 - 4:07
    com uma colher de chá,
    e sim com uma pá carregadora,
  • 4:07 - 4:08
    devido a este aumento
    de velocidade.
  • 4:08 - 4:10
    De facto, quem ainda está consciente
  • 4:10 - 4:12
    e é matematicamente competente,
  • 4:12 - 4:15
    notará que este é um
    gráfico semi-logarítmico.
  • 4:15 - 4:18
    Ou seja, a taxa de crescimento
    é exponencial.
  • 4:18 - 4:20
    Melhora exponencialmente.
  • 4:20 - 4:22
    Exponencial é uma palavra
    utilizada em excesso.
  • 4:22 - 4:24
    Estamos sempre a ouvi-la nos "media".
  • 4:24 - 4:26
    Eles não sabem o que
    significa exponencial,
  • 4:26 - 4:28
    mas isto é exponencial.
  • 4:28 - 4:30
    Está a duplicar
    a cada 18 meses e, claro,
  • 4:30 - 4:32
    todos os membros do clube
    dos "digerati" sabem
  • 4:32 - 4:34
    que se trata da Lei de Moore.
  • 4:34 - 4:38
    Isto significa que, no decurso
    das próximas duas dúzias de anos,
  • 4:38 - 4:41
    seremos capazes de analisar
    um milhão de sistemas estelares,
  • 4:41 - 4:44
    procurando sinais que provem
    a existência de alguém no espaço.
  • 4:44 - 4:47
    Um milhão de sistemas estelares
    será interessante?
  • 4:47 - 4:49
    Quantos desses sistemas estelares
    terão planetas?
  • 4:49 - 4:53
    O facto é que não sabíamos a resposta
    a essa pergunta até há 15 anos.
  • 4:53 - 4:57
    E não a sabíamos até há tão pouco tempo
    como há seis meses atrás.
  • 4:57 - 4:58
    Mas agora sabemos.
  • 4:58 - 5:02
    Resultados recentes sugerem
    que cada estrela pode ter planetas
  • 5:02 - 5:03
    e talvez mais do que um.
  • 5:03 - 5:06
    São como os gatinhos.
    Às ninhadas.
  • 5:06 - 5:08
    Nunca nasce um gatinho só.
    Nasce um monte deles.
  • 5:08 - 5:11
    De facto, esta é uma
    estimativa bastante precisa
  • 5:11 - 5:15
    do número de planetas da nossa galáxia.
  • 5:15 - 5:17
    Atenção, só da nossa galáxia.
  • 5:17 - 5:20
    Recordo aos que não são
    especialistas em astronomia
  • 5:20 - 5:22
    que a nossa galáxia é apenas
    uma entre 100 mil milhões
  • 5:22 - 5:25
    que conseguimos ver
    com os nossos telescópios.
  • 5:25 - 5:26
    É muito imobiliário,
  • 5:26 - 5:28
    mas a maioria destes planetas
    ficará desvalorizada,
  • 5:28 - 5:30
    como Mercúrio, ou Neptuno.
  • 5:30 - 5:32
    Neptuno, provavelmente, não é
    muito importante.
  • 5:32 - 5:36
    Portanto, a questão é:
    que fração destes planetas
  • 5:36 - 5:38
    é realmente adequada à vida?
  • 5:38 - 5:39
    Também não sabemos
    qual é a resposta,
  • 5:39 - 5:41
    mas descobriremos
    essa resposta este ano,
  • 5:41 - 5:44
    graças ao telescópio espacial Kepler,
    da NASA.
  • 5:44 - 5:47
    O "dinheiro inteligente", ou seja,
    as pessoas que trabalham neste projeto,
  • 5:47 - 5:51
    o "dinheiro inteligente" sugere
    que a fração de planetas
  • 5:51 - 5:55
    que pode ser adequada à vida,
    é talvez de um em mil,
  • 5:55 - 5:58
    um em cem, qualquer coisa assim.
  • 5:58 - 6:00
    Mesmo aceitando
    a estimativa pessimista
  • 6:00 - 6:03
    de um em mil, isso significa
  • 6:03 - 6:06
    que há, pelo menos, mil milhões
    de primos da Terra
  • 6:06 - 6:08
    apenas na nossa galáxia.
  • 6:08 - 6:10
    Muito bem, dei-vos aqui
    imensos números,
  • 6:10 - 6:13
    mas, na maioria, são números grandes.
  • 6:13 - 6:15
    Tenham-nos em mente.
  • 6:15 - 6:18
    Há muito imobiliário,
    muito imobiliário no Universo.
  • 6:18 - 6:21
    Se nós formos o único pedaço
    de imobiliário onde existem
  • 6:21 - 6:24
    ocupantes interessantes,
    isso torna-nos num milagre.
  • 6:24 - 6:27
    Eu sei que vocês gostam de pensar
    que são um milagre,
  • 6:27 - 6:29
    mas quem se dedica à ciência
    aprende que,
  • 6:29 - 6:31
    quando pensamos em um milagres,
    estamos errados.
  • 6:31 - 6:33
    Por isso, provavelmente não é o caso.
  • 6:33 - 6:35
    Portanto, a conclusão é a seguinte:
  • 6:35 - 6:37
    Devido ao aumento da velocidade
  • 6:37 - 6:42
    e à vastidão do imobiliário
    habitável no cosmos,
  • 6:42 - 6:45
    eu calculo que vamos captar um sinal
    dentro de duas dúzias de anos.
  • 6:45 - 6:48
    Tenho tanta certeza disso
    que faço uma aposta convosco:
  • 6:48 - 6:51
    Ou encontramos ETs
    nos próximos 24 anos,
  • 6:51 - 6:53
    ou pago-vos um café.
  • 6:53 - 6:54
    (Risos)
  • 6:54 - 6:56
    Portanto, não é muito mau.
  • 6:56 - 6:58
    Daqui a 20 anos, vocês abrem
    o vosso navegador
  • 6:58 - 7:01
    e ou há notícias sobre um sinal,
    ou recebem uma chávena de café.
  • 7:01 - 7:04
    Vou falar-vos de um ponto a este respeito
  • 7:04 - 7:08
    sobre o qual as pessoas não pensam,
    e que é: o que acontece?
  • 7:08 - 7:10
    Suponham que o que eu digo é verdade.
  • 7:10 - 7:13
    Quero dizer: quem sabe?
    Mas suponham que acontece.
  • 7:13 - 7:15
    Suponham que, a dada altura,
    nos próximos 24 anos,
  • 7:15 - 7:17
    captamos uma linha ténue
    que nos diz
  • 7:17 - 7:18
    que temos companhia cósmica.
  • 7:18 - 7:20
    Qual é o efeito?
    Qual é a consequência?
  • 7:20 - 7:22
    Eu poderia partir da estaca zero.
  • 7:22 - 7:25
    Sei qual seria, para mim, a consequência,
  • 7:25 - 7:26
    porque tivemos falsos alarmes.
  • 7:26 - 7:29
    Esta foto é de 1997,
    tirei-a cerca das 3 horas da manhã,
  • 7:29 - 7:32
    em Mountain View,
    quando estávamos a observar
  • 7:32 - 7:35
    os monitores do computador,
    porque tínhamos captado um sinal.
  • 7:35 - 7:37
    Pensámos: "Isto é a sério".
  • 7:37 - 7:40
    Fiquei à espera que aparecessem
    os Homens de Negro.
  • 7:40 - 7:44
    Esperei que a minha mãe telefonasse,
  • 7:44 - 7:46
    que alguém, que o governo telefonasse.
  • 7:46 - 7:48
    Ninguém ligou.
  • 7:48 - 7:51
    Eu estava tão nervoso
    que não me conseguia sentar.
  • 7:51 - 7:52
    Andava de um lado para o outro,
  • 7:52 - 7:55
    a tirar fotografias como esta,
    apenas para fazer alguma coisa.
  • 7:55 - 7:58
    Às 9h e meia da manhã,
    com a cabeça em cima da secretária,
  • 7:58 - 8:00
    — não tinha dormido
    nada a noite toda —
  • 8:00 - 8:02
    toca o telefone e é do The New York Times.
  • 8:02 - 8:04
    Penso que há uma lição a retirar daí:
  • 8:04 - 8:07
    se captarmos um sinal, os "media"
    estarão em cima do acontecimento
  • 8:07 - 8:10
    mais depressa do que
    uma doninha numa roda.
  • 8:10 - 8:13
    Vai ser rápido, podem ter a certeza.
    Sem segredos.
  • 8:13 - 8:16
    Isso é o que me acontece.
    Vai estragar-me a semana toda,
  • 8:16 - 8:19
    porque, o que eu tenha planeado
    para essa semana, vai pela janela fora.
  • 8:19 - 8:21
    Mas, e vocês?
    O que é que vos vai fazer?
  • 8:21 - 8:23
    A resposta é que não sabemos a resposta.
  • 8:23 - 8:25
    Não sabemos,
  • 8:25 - 8:28
    não a longo prazo, e nem mesmo
    sabemos muito sobre o curto prazo.
  • 8:28 - 8:32
    Seria como perguntar
    a Cristóvão Colombo, em 1491:
  • 8:32 - 8:34
    "Cristóvão, o que acontecerá
  • 8:34 - 8:36
    "se se der o caso de haver um continente
  • 8:36 - 8:39
    "entre a Europa e o Japão,
    para onde vais navegar?
  • 8:39 - 8:43
    "Quais serão as consequências
    para a humanidade, se for esse o caso?"
  • 8:43 - 8:46
    Penso que Cristóvão provavelmente
    nos daria uma resposta
  • 8:46 - 8:49
    que não teríamos compreendido,
    mas que provavelmente, estaria certa.
  • 8:49 - 8:51
    E penso que também
    não conseguimos prever
  • 8:51 - 8:54
    o que poderá significar
    a descoberta de ETs.
  • 8:54 - 8:56
    Mas há algumas coisas que posso dizer.
  • 8:56 - 9:00
    Para começar, será uma sociedade
    muito mais avançada do que a nossa.
  • 9:00 - 9:02
    Não serão extraterrestres Neandertais.
  • 9:02 - 9:03
    Não constroem transmissores.
  • 9:03 - 9:05
    Estará mais avançada,
    talvez milhares de anos,
  • 9:05 - 9:08
    talvez milhões de anos,
    mas substancialmente avançada.
  • 9:08 - 9:10
    Isso significa que,
    se conseguirmos compreender
  • 9:10 - 9:13
    alguma coisa do que disserem,
    seremos capazes
  • 9:13 - 9:17
    de fazer um atalho na história e
    obter informação de uma sociedade
  • 9:17 - 9:19
    que é muito mais avançada do que a nossa.
  • 9:19 - 9:21
    Isto talvez seja um bocado hiperbólico,
  • 9:21 - 9:24
    contudo, é concebível que isso aconteça.
  • 9:24 - 9:26
    Podemos comparar isto a, sei lá,
  • 9:26 - 9:30
    dar a Júlio César aulas de inglês
    e a chave da biblioteca do Congresso.
  • 9:30 - 9:32
    Ia mudar-lhe o dia, não era?
  • 9:32 - 9:35
    Outra coisa que vai acontecer, de certeza,
  • 9:35 - 9:38
    é que isso nos vai calibrar.
  • 9:38 - 9:41
    Saberemos que não somos
    o tal milagre — certo? —
  • 9:41 - 9:43
    que somos simplesmente mais um,
  • 9:43 - 9:45
    não somos os únicos miúdos no bairro.
  • 9:45 - 9:48
    Penso que, filosoficamente,
    é algo de muito profundo a aprender.
  • 9:48 - 9:50
    Não somos um milagre.
  • 9:51 - 9:54
    A terceira coisa que nos pode
    dizer é algo vaga,
  • 9:54 - 9:57
    mas penso que é
    interessante e importante.
  • 9:57 - 9:59
    Se encontrarmos um sinal
    de uma sociedade mais avançada
  • 9:59 - 10:01
    — porque será mais avançada —
  • 10:01 - 10:04
    isso irá dizer-nos algo sobre
    as nossas próprias possibilidades:
  • 10:04 - 10:08
    que não estamos inevitavelmente
    condenados à autodestruição.
  • 10:08 - 10:10
    Se eles sobreviveram à sua tecnologia,
  • 10:10 - 10:12
    nós também o podemos fazer.
  • 10:12 - 10:14
    Normalmente, quando olhamos
    para o universo,
  • 10:14 - 10:16
    estamos a olhar para o passado.
  • 10:16 - 10:18
    Isso é interessante
    para os cosmólogos.
  • 10:18 - 10:21
    Mas, neste sentido,
    podemos olhar para o futuro,
  • 10:21 - 10:24
    nebulosamente, mas podemos
    olhar para o futuro.
  • 10:24 - 10:29
    Portanto, todo este tipo de coisas
    decorreria da deteção.
  • 10:29 - 10:32
    Agora vou falar um pouco
    sobre algo que acontece entretanto
  • 10:32 - 10:35
    e que é, segundo penso,
  • 10:35 - 10:40
    que o SETI é importante
    porque é exploração,
  • 10:40 - 10:43
    e não é apenas exploração,
    é exploração compreensível.
  • 10:43 - 10:46
    Tenho de vos dizer que estou sempre
    a ler livros sobre exploradores.
  • 10:46 - 10:48
    Acho a exploração muito interessante.
  • 10:48 - 10:51
    A exploração do Ártico.
    pessoas como Magalhães,
  • 10:51 - 10:54
    Amundsen, Shackleton, Franklin,
    que veem ali em baixo,
  • 10:54 - 10:55
    Scott, todos esses sujeitos.
  • 10:55 - 10:57
    A exploração é realmente fantástica.
  • 10:57 - 11:00
    E eles estão a fazê-lo apenas
    porque querem explorar.
  • 11:00 - 11:03
    Nós podemos dizer:
    "É uma oportunidade um tanto frívola".
  • 11:03 - 11:05
    Mas não é uma atividade frívola.
  • 11:05 - 11:07
    Pensem nas formigas.
  • 11:07 - 11:09
    As formigas estão programadas
    para seguir as outras,
  • 11:09 - 11:12
    ao longo de uma extensa linha,
    mas há umas quantas formigas,
  • 11:12 - 11:15
    talvez 1 %, que são aquilo a que chamam
  • 11:15 - 11:17
    formigas pioneiras,
    e são as que vagueiam.
  • 11:17 - 11:19
    São as que encontramos
    na bancada da cozinha.
  • 11:19 - 11:22
    Temos que as apanhar
    antes que descubram o açúcar.
  • 11:22 - 11:24
    Essas formigas, mesmo que
    a maioria seja eliminada,
  • 11:24 - 11:28
    essas formigas são as que são essenciais
    à sobrevivência do formigueiro.
  • 11:28 - 11:31
    Portanto, a exploração é importante.
  • 11:31 - 11:35
    Também penso que a exploração
    é importante no sentido
  • 11:35 - 11:39
    de ser capaz de combater
    o que penso ser uma falta crítica
  • 11:39 - 11:43
    da nossa sociedade, que é
    a falta de literacia científica,
  • 11:43 - 11:46
    a falta de capacidade sequer
    para compreender a ciência.
  • 11:46 - 11:50
    Muito tem sido escrito
    sobre o estado deplorável
  • 11:50 - 11:52
    da literacia científica neste país.
  • 11:52 - 11:54
    Já devem ter ouvido falar nisso.
  • 11:54 - 11:56
    Este é um exemplo disso.
  • 11:56 - 11:59
    As sondagens.
    Esta sondagem tem 10 anos.
  • 11:59 - 12:01
    Mostra como cerca de um terço
    do público pensa
  • 12:01 - 12:03
    que os extraterrestres não estão
    apenas fora da Terra,
  • 12:03 - 12:05
    onde os procuramos,
    mas estão aqui,
  • 12:05 - 12:07
    percorrendo os céus
    nos seus discos
  • 12:07 - 12:10
    e raptando pessoas para experiências
    que os pais não aprovariam.
  • 12:11 - 12:14
    Seria interessante, se fosse verdade,
    e garantir-me-ia o emprego.
  • 12:14 - 12:16
    Mas as provas existentes
    não são muito boas.
  • 12:16 - 12:19
    Isto é mais triste do que relevante.
  • 12:19 - 12:21
    Mas há outras coisas
    em que as pessoas acreditam
  • 12:21 - 12:24
    que são relevantes,
    como a eficácia da homeopatia
  • 12:24 - 12:27
    ou que a evolução é apenas
    uma espécie de ideia louca
  • 12:27 - 12:30
    de cientistas sem pernas,
    assim como
  • 12:30 - 12:33
    todo esse tipo de coisas...
    ou o aquecimento global.
  • 12:33 - 12:36
    Que este tipo de ideias
    não tem qualquer validade,
  • 12:36 - 12:38
    que não se pode confiar
    nos cientistas.
  • 12:39 - 12:42
    Temos de resolver esse problema,
    porque é de importância crítica.
  • 12:42 - 12:44
    Vocês podem dizer:
  • 12:44 - 12:47
    "Muito bem, como vamos resolver
    esse problema com o SETI?"
  • 12:47 - 12:50
    Sugiro que o SETI, obviamente,
    não pode resolver o problema
  • 12:50 - 12:52
    mas pode lutar contra ele,
  • 12:52 - 12:56
    levando os jovens
    a interessarem-se pela ciência.
  • 12:56 - 12:58
    A ciência é difícil,
  • 12:58 - 13:01
    tem a reputação de ser difícil,
    e o facto é que é difícil.
  • 13:01 - 13:05
    Isso é o resultado de 400 anos de ciência.
  • 13:05 - 13:07
    Quero dizer, no séc. XVIII,
  • 13:07 - 13:10
    podíamos tornar-nos especialistas
    em qualquer campo da ciência
  • 13:10 - 13:13
    numa tarde,
    indo a uma biblioteca,
  • 13:13 - 13:16
    se conseguíssemos encontrar
    uma biblioteca.
  • 13:16 - 13:18
    No séc. XIX, se tivéssemos
    um laboratório na cave
  • 13:18 - 13:21
    podíamos fazer grandes descobertas
    científicas lá em casa.
  • 13:21 - 13:24
    Porque havia toda esta ciência
    à nossa volta,
  • 13:24 - 13:27
    à espera que alguém a agarrasse.
  • 13:27 - 13:29
    Agora, isso já não acontece.
  • 13:29 - 13:31
    Hoje, precisamos de passar
    anos na faculdade
  • 13:31 - 13:34
    e em pós-doutoramentos,
    só para descobrir
  • 13:34 - 13:36
    quais são as questões importantes.
  • 13:36 - 13:38
    É difícil. Não há dúvidas quanto a isso.
  • 13:38 - 13:41
    Este é um exemplo: o bosão de Higgs,
  • 13:41 - 13:43
    a descoberta do bosão de Higgs.
  • 13:43 - 13:45
    Perguntem a 10 pessoas que virem na rua:
  • 13:45 - 13:47
    "Acha que vale a pena gastar
    milhares de milhões
  • 13:47 - 13:49
    "de francos suíços
    à procura do bosão de Higgs?"
  • 13:49 - 13:52
    Aposto que a resposta
    que vão receber é:
  • 13:52 - 13:54
    "Não sei o que é o bosão de Higgs
    e não sei se é importante".
  • 13:54 - 13:57
    Provavelmente a maioria
    das pessoas nem saberia
  • 13:57 - 13:58
    o valor de um franco suíço.
  • 13:58 - 14:01
    E gastamos milhares de milhões
    de francos suíços neste problema.
  • 14:01 - 14:04
    As pessoas não se interessam pela ciência,
  • 14:04 - 14:06
    porque não percebem do que se trata.
  • 14:06 - 14:08
    Mas a procura de ETs é muito simples.
  • 14:08 - 14:10
    Usamos estas grandes antenas
    e tentamos escutar sinais.
  • 14:10 - 14:12
    Todos conseguem compreender isto.
  • 14:12 - 14:14
    Tecnologicamente, é muito sofisticado,
  • 14:14 - 14:16
    mas todos compreendem a ideia.
  • 14:16 - 14:19
    Outra coisa é que se trata
    de ciência entusiasmante.
  • 14:19 - 14:22
    É entusiasmante porque
    sentimos um interesse natural
  • 14:22 - 14:24
    por outros seres inteligentes,
  • 14:24 - 14:26
    faz parte de nós intrinsecamente.
  • 14:26 - 14:27
    Tendemos a sentir interesse
  • 14:27 - 14:30
    por seres que possam ser concorrentes,
  • 14:30 - 14:33
    ou, se forem do tipo romântico,
    possivelmente até parceiros.
  • 14:33 - 14:35
    Isto é análogo
    ao nosso interesse por coisas
  • 14:35 - 14:37
    que têm grandes dentes.
  • 14:37 - 14:39
    Temos interesse nessas coisas
  • 14:39 - 14:41
    e podemos ver
    o valor evolucionário disso,
  • 14:41 - 14:45
    e também as consequências práticas,
    assistindo ao "Planeta Animal".
  • 14:45 - 14:48
    Reparem que se fazem muito poucos
    programas sobre gerbos.
  • 14:48 - 14:50
    É normalmente sobre coisas
    com grandes dentes.
  • 14:50 - 14:53
    Portanto, sentimos interesse
    por este tipo de coisas.
  • 14:53 - 14:56
    Não somos só nós,
    as crianças também.
  • 14:56 - 14:59
    Isso permite-nos criar uma corrente,
    usando este assunto
  • 14:59 - 15:01
    como isco para a ciência,
  • 15:01 - 15:03
    porque a procura de ETs
    envolve todo o tipo de ciência:
  • 15:03 - 15:05
    a biologia e a astronomia,
  • 15:05 - 15:09
    mas também a geologia e a química
    — diversas disciplinas científicas.
  • 15:09 - 15:12
    Todas podem ser apresentadas
    sob a capa de:
  • 15:12 - 15:14
    "Estamos à procura de ETs".
  • 15:14 - 15:17
    Para mim, isto é interessante
    e importante.
  • 15:17 - 15:22
    Essa é a minha política, apesar de eu
    também fazer palestras para adultos.
  • 15:22 - 15:25
    Se fazemos uma palestra a adultos,
    dois dias depois eles voltam ao mesmo.
  • 15:25 - 15:27
    Mas se fazemos uma palestra a crianças,
  • 15:27 - 15:31
    acende-se uma lâmpada numa delas,
    em cada 50, que pensa:
  • 15:31 - 15:33
    "Nunca tinha pensado nisso!"
  • 15:33 - 15:35
    Vai ler um livro, ou uma revista.
  • 15:35 - 15:36
    Interessa-se por alguma coisa.
  • 15:37 - 15:39
    Esta é a minha teoria
  • 15:39 - 15:43
    — apoiada só na experiência,
    em provas empíricas pessoais —
  • 15:43 - 15:47
    de que as crianças se interessam
    por alguma coisa entre os 8 e os 11anos.
  • 15:47 - 15:49
    É preciso apanhá-las aí.
  • 15:49 - 15:51
    Portanto, faço palestras
    a adultos, tudo bem
  • 15:51 - 15:53
    Mas tento fazer 10 %
    das palestras que faço
  • 15:53 - 15:55
    para crianças.
  • 15:55 - 15:58
    Recordo-me quando um sujeito
    veio à nossa escola secundária.
  • 15:58 - 16:01
    aliás, foi no ensino básico,
    eu andava no sexto ano.
  • 16:01 - 16:03
    Ele fez uma palestra.
  • 16:03 - 16:06
    Dela, só recordo uma palavra: eletrónica.
  • 16:06 - 16:08
    Foi como o Dustin Hoffman
    em "A Primeira Noite",
  • 16:08 - 16:10
    quando ele disse "plásticos".
  • 16:10 - 16:13
    O sujeito disse "eletrónica".
    Não me lembro de mais nada.
  • 16:13 - 16:14
    Não me lembro de nada
  • 16:14 - 16:17
    do que o meu professor do 6.º ano
    disse durante todo o ano,
  • 16:17 - 16:19
    mas lembro-me de "eletrónica".
  • 16:19 - 16:21
    Interessei-me por eletrónica.
  • 16:21 - 16:23
    Obtive a licença de radioamador.
    Fazia ligações com cabos.
  • 16:23 - 16:26
    Este sou eu, aos 15 anos,
    a fazer esse tipo de coisas.
  • 16:26 - 16:28
    Aquilo teve um enorme efeito em mim.
  • 16:28 - 16:31
    É isso que acho que podemos ter
    um efeito enorme nestas crianças.
  • 16:33 - 16:35
    Isto recorda-me uma coisa.
  • 16:35 - 16:39
    Há uns anos fiz uma palestra
    numa escola em Palo Alto,
  • 16:39 - 16:41
    onde havia uma dúzia
    de crianças de 11 anos
  • 16:41 - 16:43
    que tinha vindo para esta palestra.
  • 16:43 - 16:44
    Eu devia falar durante uma hora
  • 16:44 - 16:47
    para crianças de 11 anos,
    todas sentadas em semicírculo,
  • 16:47 - 16:49
    a olhar para mim com grandes olhos.
  • 16:49 - 16:51
    Havia um quadro branco
    atrás de mim, e eu comecei
  • 16:51 - 16:54
    a escrever um 1 seguido
    de 22 zeros, e disse:
  • 16:54 - 16:56
    "Muito bem. Olhem,
    este é o número de estrelas
  • 16:56 - 16:59
    "no universo visível,
    e este número é tão grande
  • 16:59 - 17:02
    "que nem sequer há um nome para ele".
  • 17:02 - 17:05
    um daqueles miúdos
    levantou a mão e disse:
  • 17:05 - 17:06
    "Bem, na realidade há um nome para ele.
  • 17:06 - 17:09
    "É um sextra-quadra-hexa-qualquer coisa..."
  • 17:09 - 17:13
    Aquele miúdo estava errado
    por quatro ordens de grandeza,
  • 17:13 - 17:16
    mas não havia dúvidas,
    aqueles miúdos eram espertos.
  • 17:16 - 17:18
    Eu parei de fazer a palestra.
  • 17:18 - 17:20
    O que eles queriam era fazer perguntas.
  • 17:21 - 17:24
    Os meus últimos comentários
    para estas crianças foram:
  • 17:25 - 17:29
    "Vocês são mais inteligentes
    do que as pessoas com quem trabalho".
  • 17:29 - 17:31
    (Risos)
  • 17:31 - 17:33
    Eles não ligaram nenhuma.
  • 17:33 - 17:35
    O que eles queriam era
    o meu endereço de email,
  • 17:35 - 17:38
    para me poderem fazer mais perguntas.
  • 17:38 - 17:39
    (Risos)
  • 17:39 - 17:40
    Deixem-me dizer:
  • 17:40 - 17:42
    O meu trabalho é um privilégio,
  • 17:42 - 17:44
    porque vivemos um tempo especial.
  • 17:44 - 17:47
    As gerações anteriores
    não podiam fazer esta experiência.
  • 17:47 - 17:50
    Penso que, numa próxima geração,
    conseguiremos ter sucesso.
  • 17:50 - 17:54
    Portanto, para mim isso é um privilégio,
    e quando olho para o espelho
  • 17:54 - 17:56
    o facto é que não me vejo
    a mim próprio.
  • 17:56 - 17:59
    O que vejo é a geração
    que está atrás de mim.
  • 17:59 - 18:01
    Estas são crianças do 4.º ano
    da Huff School.
  • 18:01 - 18:04
    Falei lá, há coisa de duas semanas,
    qualquer coisa como isso.
  • 18:04 - 18:08
    Penso que, se conseguirmos instilar
    algum interesse pela ciência
  • 18:08 - 18:11
    e como ela funciona, bem,
    essa é uma compensação
  • 18:11 - 18:13
    mais do que suficiente.
  • 18:13 - 18:14
    Muito obrigado.
  • 18:14 - 18:17
    (Aplausos)
Title:
O ET (provavelmente) anda por aí — preparem-se
Speaker:
Seth Shostak
Description:

Seth Shostak, investigador do SETI, aposta que vamos encontrar vida extraterrestre nos próximos 24 anos ou, então, ele paga-nos um café. No TEDxSanJoseCA, ele explica porque é que as novas tecnologias e as leis da probabilidade tornam esse avanço tão provável — e prevê como a descoberta de civilizações muito mais avançadas do que a nossa nos pode afetar aqui na Terra.
(Filmado no TEDxSanJoseCA.)

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:40

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions